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CAPÍTULO XI



 

 

Julie fixou o olhar nele durante um longo tempo antes de dizer alguma coisa. Estava esperando por isso desde que, involuntariamente, informara o mé dico sobre os tipos sangü í neos e, mesmo assim, ainda nã o estava preparada.

— Você nã o tem o direito de me fazer esse tipo de pergunta — respondeu finalmente.

— Direito? — Robert parecia um selvagem — É ó bvio que tenho esse direito. Se Emma é minha filha, mereç o saber.

Julie tentou libertar-se.

— Como pode dizer isso? Você viajou para a Venezuela sem ao menos pensar em mim — Julie tentou libertar-se.

— Isso nã o é verdade. — Ele apertou-a ainda mais; seus dedos afundavam na carne macia dos ombros de Julie. — A cada segundo meu pensamento estava com você! Mas você se casou com Michael, nã o esperou minha volta, você me fez desprezá -la! E quando eu voltei da Venezuela, eu queria vê -la morta, acredite-me.

Julie sacudiu a cabeç a, tentando ficar calma.

— Eu... eu escrevi para você — gaguejou — Eu... eu pedi que você voltasse, disse que precisava vê -lo.

— Nã o me deu, poré m, nenhuma razã o! — Robert praticamente cuspiu essas palavras — Apenas um relató rio em branco pedindo-me que voltasse para a Inglaterra. Como eu poderia responder a isso? O que poderia fazer? Alguma coisa havia mudado? Eu precisava ir para Guaba. Precisava achar as causas da explosã o. Como eu poderia abandonar tudo e voltar para a Inglaterra, quando tudo o que esperava de você eram mais recriminaç õ es, mais ultimatos? — Seu rosto e sua voz estavam tensos outra vez. — Julie, você nunca vai saber como eu me senti na noite em que você foi embora da casa de minha mã e! Você nunca vai saber a agonia que senti quando fui a seu apartamento e você atirou meu pedido de casamento em meu rosto! Eu queria tanto você que só a convicç ã o de que eu era necessá rio em Guaba me impediu de enlouquecer!

Julie nã o podia olhar para aqueles olhos fixos nos seus sem revelar o que estava sentindo.

— Tudo aconteceu há muito tempo — conseguiu dizer afinal.  

— Nã o para mim — disse ele, enquanto a sacudia. — Posso me lembrar disso como se fosse ontem. Você acha que nã o tenho me torturado com a idé ia de que, se nã o tivesse perdido a cabeç a com você, se nã o tivesse perdido o controle de mim mesmo, se nã o tivesse agido tã o impensadamente naquela noite, você estaria disposta a ver a minha oferta como realmente era: o desejo de mantê -la comigo custasse o que custasse?

Julie sacudia a cabeç a lentamente de um lado para o outro.

— Como posso acreditar em você?

— Mas essa é a verdade!

— Como vou saber se esse nã o é algum truque muito esperto para induzir-me a confessar a paternidade de Emma, para que você possa privar-me dela definitivamente? — Julie começ ou a andar em cí rculos pela sala. Seus olhos estavam assustados e selvagens, seus lá bios, trê mulos.

— Muito bem, Robert. Emma é sua filha, mas você nunca será capaz de provar isso!

Robert deu um longo suspiro.

— Entã o é verdade — disse, aturdido. — Meu Deus! — Ele levou algum tempo para perceber a extensã o disso. Entã o disse: — Por que você quer que eu prove isso?

— Nã o brinque comigo, Robert. Nã o sou crianç a. Sei o que essa imposiç ã o significa para você. Você já me desprezou antê s. Quanto vai me desprezar agora? Nã o acredito que você me consi-dere uma pessoa capaz e apropriada para cuidar de sua filha!

Sua voz falhou e ela virou-se de costas, para esconder a humilhaç ã o que sentia.

Robert ia aproximar-se dela quando subitamente voltou-se e, a passos largos, saiu da sala, deixando-a ali de pé, sozinha, os ombros caí dos, numa atitude de completa desolaç ã o.

Tarde da noite, uma camareira trouxe uma maleta para a enfermaria onde Julie estava com Emma.

Na manhã seguinte, a pró pria sra. Hudson foi ao hospital visitar Emma. Julie dormira na cama estreita do hospital e já estava acordada ao lado da garota quando a cozinheira chegou. O calor da personalidade alegre da sra. Hudson aqueceu Julie, e até mesmo Emma reagiu a essa vitalidade.  

 Ela trouxe alguns quebra-cabeç as e uma caixa com peç as de feltro que podiam ser fixadas em um quadro formando figuras, e logo Emma estava entretida com os jogos.

Emma estava muito melhor naquela manhã e, embora ela nunca tivesse sido do tipo corado, muito da palider já havia desaparecido.

Enquanto se, concentrava nos novos brinquedos, a sra. Hudson aproveitou para observar Julie, a quem logo fez uma reprovaç ã o:

— Mas o que aconteceu à senhora esta noite? Sua aparê ncia está horrí vel!

Julie suspirou.

— Nã o dormi muito bem.

— Mas nã o foi só isso! — A sra. Hudson piscou e estalou a lí ngua.

— A senhora pensa que sou boba? Está preocupada com alguma coisa e o que aconteceu com Emma é apenas parte disso — Retirou e dobrou cuidadosamente as luvas. — E quanto ao sr. Robert! — A cozinheira ergueu os olhos. — Em que mau humor ele estava quando voltou ontem à noite! Eu realmente fico sentida pela srta. Lawson.

— Srta. Lawson? — Julie a encarou surpresa.

— Sim, Sandra Lawson. Ela foi embora esta manhã.

— Ela fez o quê? — Julie estava pasmada — Mas por quê?

— Por vá rias razõ es, acredito. A sra. Hudson mordeu o lá bio. — Mais particularmente pelo fato de Emma ir para a escola da aldeia, eu acho.

Julie engoliu em seco e Emma, que aparentemente estava muito envolvida com seus brinquedos novos, olhou para elas, encantada.

— É verdade? — perguntou, excitada. — Mamã e, é verdade?

Julie sacudiu a cabeç a, confusa.

— Se... se a sra. Hudson disse isso — respondeu, atordoada. — Mas por quê? Robert disse?

— Eu quase nã o pude falar com ele. Consegui ouvir suas vozes enquanto estavam na sala e, mais tarde, a srta. Lawson me contou resumidamente o que ele havia dito.

— E eu vou para a escola! — Emma suspirou,

— Parece que sim — concordou Julie. — Mas ele nã o mencionou o sr. Hillingdon?

— Nã o para mim, sra. Pemberton. Como eu disse, ele nã o estava no melhor dos humores quando chegou e nã o parece ter melhorado muito, a julgar pelo rú í do dos pneus do carro quando deixou a casa. Foi algo violento o que ele fez.  

 A sra. Hudson se foi depois de fazer com que Julie prometesse que telefonaria mais tarde, avisando quando iria para casa. Emma estava bem menos chorosa por ter de dormir sozinha e Julie achou que poderia voltar para casa assim que a crianç a pegasse no sono.

À tarde tiveram uma visita inesperada. Era Lucy Pemberton, que vasculhou a enfermaria como se fosse a dona da casa.

— Oh, minha querida! — exclamou, quando viu as ataduras na cabeç a de Emma. — O que eles fizeram com você, meu bem?

Emma nã o estava acostumada a esse tipo de reaç ã o e, por um momento, pareceu que ia chorar, mas Julie adiantou-se e disse:

— Emma está muito, muito melhor. E o pessoal daqui tem sido maravilhoso, nã o é, querida?

A garota concordou, mas Lucy a olhava obviamente desgostosa.

— Mas isto é tã o pobre! — exclamou. — A menina deveria ser removida para uma clí nica infantil particular, algo mais civilizado, onde haja carpetes no chã o e papel de parede! — Entã o, voltando-se para Emma, perguntou: — E agora, querida como é que você está se sentindo?

— Estou bem — respondeu Emma, olhando para Julie. Ela nunca mais se sentiu à vontade junto com a avó desde aquela noite em que vomitou no apartamento de Robert.

— Robert avisou-me esta manhã pelo telefone — esclareceu Lucy, desgostosa. — Ele deve ter esperado que você, como mã e, me contasse.

Julie apertou os lá bios, sem jeito. Pela atitude de Lucy, era ó bvio que Robert nã o havia dito nada sobre a paternidade de Emma. Mas, até quando faria isso?,

— Desculpe-me, mas nã o quis preocupá -la desnecessariamente.

— Desnecessariamente? — Lucy aprumou-se — Julie, sou a avó de Emma! Tenho todo o direito de saber quando minha neta se machucar seriamente. Emma deixou de lado o trabalho de desembrulhar o pacote e, ao ouvir essas palavras, encarou-as com os olhos arregalados.

— Você está fazendo isso tudo parecer muito pior do que realmente é! — exclamou Julie, de maneira defensiva. — Emma machucou-se, sim; tinha um corte horrí vel na cabeç a e vá rios machucados pelo corpo, mas isso é tudo...  

 — Tudo? — Lucy estava sendo sarcá stica. — Minha cara Julie, transfusõ es de sangue nã o sã o feitas à toa, você sabe.

Julie deu um longo suspiro. Entã o Robert havia contado à sua mã e a transfusã o.

Lucy distraiu-se com Emma. Mas, alguns momentos mais tarde, quando Julie a acompanhou pelo corredor, a caminho da entrada principal, ela disse:

— Eu tomarei as providê ncias necessá rias para que Emma seja transferida para uma clí nica infantil particular que me foi recomendada há alguns anos.

— Por favor! — Julie estava decidida. — Eu nã o quero que ela seja removida. Aqui é perto de Thorpe Hulme e pretendo vir visitá -la hoje à noite.

Lucy estava impaciente.

— Entã o terei que falar com Robert. É inconcebí vel que uma neta minha deva permanecer num ambiente tã o horrí vel e deprimente como este.

— Se é o que quer, nã o posso impedi-la.

— Nã o pode? — Lucy sacudiu a cabeç a. — Robert també m me disse que despediu a srta. Lawson. Você sabe por quê?

— Emma vai freqü entar a escola da vila.

— Uma escola pú blica! — Lucy estava horrorizada.

— Isso mesmo.

— Oh, mas isso está indo longe demais: O que Robert está pensando? — Sua expressã o tornou-se desconfiada. — Isso deve ser coisa sua, naturalmente.

Julie permaneceu impassí vel.

— Emma precisa misturar-se com as outras crianç as — respondeu calmamente. — Na certa isso você pode entender.

Lucy pareceu confusa por alguns momentos e entã o suspirou.

— Oh, Julie! — Havia um tom de tristeza em sua voz. — Eu posso entender tantas coisas. — Tirou um lenç o da bolsa e assoou o nariz fortemente. Entã o, encarou de novo a nora e, agora num inesperado tom defensivo, disse: — Julie, você nã o fará nada para ferir Robert outra vez, fará?

Julie estava surpresa.

— Eu? Ferir Robert?

Lucy sacudiu a cabeç a como se quisesse apagar esse momento de fraqueza... — Eu nã o passo de uma velha idiota — murmurou-Devo ir-me. Halbird está me esperando. Foi ele quem me trouxe. Até logo, Julie.  

 — Até logo. — A expressã o de Julie era de total confusã o enquanto observava a silhueta de sua sogra desaparecer na neblina Vespertina.

Entã o, voltou para junto de Emma. Bem mais tarde, no começ o da noite, Julie tomou um tá xi para casa. A sra. Hudson proporcionou-lhe uma acolhida agradá vel, ajudando-a a tirar o casaco e levando-a para a confortá vel sala de estar.

Lá fora estava ú mido e terrivelmente frio, mas, no interior da casa, tudo era calor e luminosidade. Ainda assim, Julie se sentiu profundamente deprimida.

— A senhora tem comido? — perguntou a cozinheira, parada na porta da sala.

— Nã o, mas nã o tenho fome.

De repente ela teve um sobressalto. Sua atenç ã o foi despertada por um enorme vaso com rosas brancas. Estava sobre uma mesa, no fundo da sala.

— De onde veio isso?

— Chegaram esta tarde, sra. Pemberton. Sã o lindas, nã o?

— Mas quem as mandou?

— Nã o havia nenhum cartã o, sra. Pemberton. Pensei que a senhora soubesse.

— Nã o. Nã o sei — respondeu desconcertada — Você sabe do sr. Robert?

— Nã o. E a senhora?

— També m nã o. Ele deve ter telefonado para o hospital.

— A senhora acha que foi ele quem mandou as rosas, sra. Pemberton?

— Nã o, claro que nã o. Eu apenas queria saber se você sabia onde ele estava.

A expressã o estampada no rosto da sra. Hudson mostrava bem o que estava pensando.

— E como vai a pequena?

— Dormindo. Voltarei ao hospital amà nhã cedo.

— A senhora parece cansada. Por que nã o vai deitar-se? Eu posso levar-lhe um copo de leite bem quentinho.

— Nã o, ainda nã o — respondeu conseguindo esboç ar apenas a sombra de um sorriso. — Para onde a srta. Lawson foi?

— Acho que voltou para Londres, embora possa ter ido antes ver a srta. Hillingdon.

— Oh, sim, Pamela— Julie concordou e afundou-se no sofá.

— Posso preparar-lhe alguma coisa? Vai ficar doente també m se continuar assim.

— Estou bem. Muito obrigada, sra. Hudson.  

Subitamente, rompendo o silê ncio da noite, ouviu-se o ruí do de um carro que se aproximava e que parou com um rangido de freios.

Julie já estava de pé e, nervosamente, passava as mã os pelos cabelos emaranhados

— Seja quem for, eu nã o estou — disse agitada para a cozinheira.

— Nã o conseguiria ver ningué m agora.

— Está bem. — A sra. Hudson foi atender à porta assim que ouviu a campainha e Julie fechou a porta da sala atrá s de si, permanecendo encostada nela, como se assim fosse capaz de repelir quaisquer invasores.

De qualquer modo, sua paz momentâ nea foi interrompida pelo ruí do de passos atravessando o vestí bulo. Julie permaneceu de pé, indefesa, enquanto Robert entrava na sala.

Ele nã o a viu imediatamente e pareceu impaciente até que deitou os olhos sobre ela. Em seguida, fechou a porta outra vez e abriu os botõ es de seu casaco.

Julie afastou-se da porta e dele, atravessando a sala e parando junto à lareira. Queria que ele dissesse alguma coisa, mas Robert permaneceu silencioso. Entã o resolveu arriscar cuidadosamente.

— Se você veio ver Emma, ela nã o está aqui.

— Sei disso. — Robert tirou seu casaco. — Estive no hospital. Esperava encontrá -la, queria trazê -la para casa. Como chegou aqui? Hillingdon trouxe você?

— Francis? — Julie esboç ou surpresa. — Nã o, por quê?

— Ele me disse que ia ao hospital ver Emma. Isso nã o tem nenhuma importâ ncia.

— Entã o você soube que Emma está bem melhor?

— Sim. Eles me deixaram vê -la. Ela estava dormindo, mas respirando normalmente e com uma cor bem melhor.

— Ó timo. — Julie estava nervosa e isso estava começ ando a ficar patente.

— Você nã o vai me perguntar por que estou aqui?

Julie fez um gesto indefeso.

— Está bem. Por que você está aqui?

Robert afastou-se da porta. Na luz fraca do abajur ela pô de ver que ele també m estava cansado e ainda trazia aquelas marcas ao redor dos olhos e da boca. Seu olhar resvalou pelo vaso de rosas na mesa ao lado e, por um momento, ela acreditou que Robert ia fazer algum comentá rio sobre elas quando, de sú bito, ele disse:  

 — Por quê? Eu nã o sei o que mais temos para dizer um ao outro. A menos que você vá me dizer para quando eu posso esperar um encontro com sua mã e, já ciente de Emma ser sua filha.

— Julie! — Sua voz era torturada. — Pare de falar assim. Ningué m jamais vai saber da paternidade de Emma por mim!

— Como posso acreditar nisso?

Robert balanç ou lentamente a cabeç a.

— Você deve pensar que eu sou algum estú pido se pensa que eu tornaria pú blico o fato de meu irmã o ter adotado minha filha! A quem possa interessar, Emma é filha de Michael e tudo perma-necerá desse jeito. É o mí nimo que posso fazer para um homem que amei e admirei.

Julie sentiu lá grimas nos olhos.

— Entã o por que você tinha que saber? Por que me fez contar?

Robert permaneceu imó vel diante dela, encarando-a atentamente.

— Porque sou orgulhoso o bastante para querer ter certeza de que o que a levou a casar-se com Michael nada tem a ver com amor.

Julie estremeceu.

— Michael foi muito bom comigo. Nã o sei o que teria feito sem ele.

— Mas você devia ter dito para mim! — Robert estava nervoso. — Julie, era para mim que você deveria ter-se voltado, e nã o para Michael!

— Como eu poderia? Você nem estava aqui. E dificilmente poderia escrever-lhe depois de tudo o que havia sido dito, e ainda mais para pedir que você voltasse para casa e casasse comigo porque eu estava grá vida! Que româ ntico iria soar!

Os olhos de Robert nã o paravam de passear pelo corpo esguio de Julie.

— Você parece nã o entender — disse, compenetrado. — Eu teria gostado de ouvir isso de você.

Julie sentiu falta de ar.

— Como você pode dizer isso, depois de responder minha carta daquele jeito?

Robert suspirou.

— Eu sei, eu sei. Mas eu estava aborrecido, você nã o vê? Tente entender-me, Julie. Você simplesmente se recusou a ouvir tudo o que eu tinha para lhe dizer. Você se recusou a casar-se comigo, quando eu praticamente lhe implorei que fizesse isso. Você se recusou a entender a minha posiç ã o profissional no projeto Guaba.  

 — Como eu poderia adivinhar o verdadeiro significado por trá s daquela carta estú pida? Acho que, por dentro, nã o conseguia aceitar a idé ia de que tudo estava acabado entre nó s. Acho que em parte eu esperava vê -la outra vez, quando voltasse da Venezuela, para recomeç ar de onde haví amos parado.

— Você deve saber que nã o era bem essa a impressã o que sua carta dava — Julie disse amargamente.

— Eu sei. — Robert passou a mã o pelos cabelos, deixando-a pousada sobre sua nuca. — Sei que, enviando-lhe aquela resposta, eu a levava a procurar outros meios para se manter com a crianç a; mas

você precisava se casar com meu irmã o?

— Nã o foi uma decisã o fá cil, acredite-me. Mas eu estava sozinha e Michael foi o ú nico ser humano que me mostrou um pouco de compreensã o, um pouco de carinho. Pediu-me para escrever a você contando toda a verdade. Sabia que você podia arcar com todas as suas responsabilidades, mas eu nã o queria você dessa forma. — Julie afastou-se rapidamente para a outra extremidade da sala, incapaz de permanecer perto dele sem demonstrar o que estava sentindo.

Mas Robert foi atrá s dela; colocou as mã os em sua cintura, fazendo com que aquele corpo que tentava resistir se colasse ao dele. Entã o Julie sentiu a boca de Robert colada a seu pescoç o e aquele murmú rio agoniado:

— Por Deus, Julie, nã o me mande embora outra vez!

Julie encostou-se nele. Era algo esquisito, febril.

—... Robert — ela tentou protestar — você pode ser o pai de Emma, mas está noivo de Pamela Hillingdon e nã o tem o direito de fazer amor comigo.

— Nã o tenho? — perguntou energicamente, girando-a em seus braç os. — Acho que tenho todo o direito. Eu amo você, Julie: Nunca deixei de amá -la, mesmo quando a odiava. Quando descobri que você havia casado com Michael, eu a odiei. E você també m me ama, nã o. tente negar.

— Eu... eu nã o vou negar que o amo, mas nunca serei sua amante!

— É isso que você pensa que significa para mim? — perguntou, irritado. — Foi por isso que fugiu de mim no ú ltimo fim de semana?  

— O que mais poderia pensar? Como eu disse, você é noivo de Pamela...

— Para o inferno Pamela! — exclamou selvagemente. — Eu nã o amo Pamela. Nunca amei. Eu lhe disse hoje de manhã.

Julie arregalou os olhos.

— Você lhe disse?

— É claro. Você acha que, uma vez que eu e você ainda nos amamos, eu poderia dividir minha vida com alguma outra mulher? Oh Julie, você nã o sabe a agonia que me fez passar.

Julie agarrou-se a ele, suas emoç õ es flutuando, seu corpo grudado ao dele. Quando a soltou, Robert estava pá lido e fatigado.

— Você tem que se casar comigo, Julie — ele disse, respirando profundamente. — Diga que vai ou eu nã o sei o que vou fazer!

— Oh, Robert! — Julie passou as mã os pelo rosto dele, sentindo a aspereza da barba por fazer sob os dedos. — Eu me casarei com você quando você quiser. Mas, primeiro, tenho que me desculpar també m. Fui uma idiota há seis anos. O que aconteceu foi tanto minha culpa quanto sua, você deve saber disso. Mais tarde, quando soube que estava grá vida, comecei a querer a crianç a. Você pode entender? Queria o seu filho!

Robert puxou-a para perto de si outra vez, suas mã os mergulharam nos cabelos dela, os olhos perdidamente apaixonados.

— Você nã o deveria dizer esse tipo de coisas para mim logo agora. Eu desejo você demais e decidi que nã o irei mais tocá -la até que estejamos legalmente unidos.

— Você vai manter o que disse sobre Emma? — Julie gemeu enquanto a boca de Robert passava pelo seu pescoç o.

— Vou. Apenas você e eu saberemos a verdade.

— E sua mã e?

— Se ela descobrir, e hoje eu lhe disse que estava tudo acabado entre Pamela e eu, nunca dirá nada. Nã o é de seu feitio.

— Nã o — Julie concordou. Isso també m explicava o comentá rio estranho e misterioso que Lucy fizera ao deixar o hospital.

— Diga-me uma coisa... se eu nã o tivesse descoberto sobre Emma, você teria me contado?

— E você acha que eu iria me meter entre você e Pamela?  

— Ora, Julie, você devia ter percebido, neste ú ltimo fim de semana, que o que eu sentia por Pamela era uma coisa insignificante comparada com o que sinto por você. Obrigado, meu Deus, por Sandra ter cortado o balanç o. É uma coisa horrí vel de se dizer, mas, se nã o fosse pelo acidente de Emma, estarí amos nos digladiando por mais alguns meses.

— Você teria se casado com Pamela na primavera.

— Você acha? Desde o momento em que você desceu do aviã o, desde que eu soube que Michael morrera, eu vi que mais cedo ou mais tarde teria que lhe contar como me sentia.

Julie tocou seu rosto.

— Mas no dia em que eu saí com Francis você ficou tã o bravo...

— Estava com ciú mes! E se você tivesse um pouquinho de confianç a em mim, teria percebido qual o motivo da minha fú ria.

— Oh, Robert! — exclamou outra vez, passando os braç os em volta de seu pescoç o. De repente, ficou preocupada. — Mas como você soube do balanç o?

— A sra. Hudson me contou.

— É claro. Foi uma sorte você ter chegado. Poderia ter sido bem pior. Por que você veio, afinal?

— Tinha ido visitar os Hillingdon. Almocei lá e, mais tarde, Francis começ ou com uma histó ria sobre o fato de Emma ficar mais feliz se freqü entasse a escola da aldeia.

Julie concordou.

— Eu lhe pedi que falasse com você.

— Sim, eu sei. Eu estava muito nervoso. Tanto que, depois do ú ltimo fim de semana, resolvi tentar isso.

— É verdade? É verdade mesmo? — Julie abraç ou-o. — Oh, querido, estou tã o feliz!

— Bem, era ó bvio que Emma nã o se adaptaria a uma mulher como Sandra Lawson. E alé m disso, nã o gostei da idé ia dela ter-se instalado na casa como um cã o de guarda atento para qualquer deslize.

O rosto de Julie, subitamente, se iluminou.

— As rosas brancas! — exclamou, como se tudo finalmente tivesse entrado nos eixos. — Foi você quem me mandou as rosas brancas?

— É claro! Quem mais poderia ser?

— Mas, depois de ontem à noite no hospital, eu mal podia pensar em você, quanto mais imaginá -lo enviando-me flores!

O olhar de Robert fazia com que a cor voltasse ao rosto de Julie.  

— Nã o queria deixá -la ontem à noite, mas tinha que falar com Pamela antes de me dirigir a você. Como você disse, eu nã o estava livre, e precisava estar.

Julie afastou-se um pouco.

— Você acha que a razã o de Michael ter deixado Emma sob seus cuidados é que ele esperava que isso pudesse acontecer?

Robert ficou sé rio.

— Talvez. Acho até muito possí vel. Ele sabia que sem uma boa razã o você nunca me procuraria e ele precisava saber que você estaria sempre protegida.

— Mas ele nã o poderia saber que você... que eu...

— Nã o poderia? — Robert balanç ou a cabeç a. — Ele deve ter percebido na visita que fez à Inglaterra, quando Emma ainda era um toquinho, que eu estava mais do que simplesmente interessado em você...

Julie deixou que ele a puxasse para perto de si.

— Oh, Robert, sou tã o afortunada!

Por um longo momento pairou um silê ncio na sala pouco iluminada. Mas, de repente, Robert afastou-se com determinaç ã o.

— Preciso ir, ou nã o irei mais.

Julie desabotoou seu paletó possessivamente, apertando-se contra o corpo quente coberto apenas por uma fina camisa de seda.

— Você pode usar o quarto livre, agora que Sandra Lawson se foi — sugeriu, mas Robert fez que nã o com a cabeç a.

— Nã o acredito que isso vá funcionar — observou, decidido. — Julie, eu adoro você, mas tenho que ser razoá vel. Agora que eu sei que você vai se casar comigo, posso esperar.

Julie ajudou-o a fechar o paletó outra vez e sorriu.

— Está bem. Quando você vem me ver de novo?

— Amanhã cedo. Depois iremos ao hospital contar para Emma, hein? Você acha que ela vai gostar?

— Ela adora você!

— E um dia, quando ela tiver idade suficiente para entender, nó s lhe diremos a verdade — disse Robert, enquanto se curvava para beijar o rosto de Julie. — E ela vai entender – concluiu gentilmente — porque é sua filha.

 

 

                                                       FIM 

 



  

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