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CAPÍTULO III



 

Na manhã seguinte Julie foi acordada por Emma que saltava ao pé da cama. Pouco a pouco as lembranç as da noite anterior afloraramm em sua mente e, por um momento, ela teve vontade de afundar a cabeç a no travesseiro e ficar ali o dia inteiro.

Emma já estava vestida, e seus cabelos, bem penteados. Julie sentou— se na cama.

— Que horas sã o? — perguntou, procurando o reló gio que deixara na mesa-de-cabeceira antes de deitar.

— Cé us! Já sã o mais de dez. Por que você nã o me acordou mais cedo?

— Vovó disse que você estava muita cansada e tio Roberto afirmou que você ficaria melhor depois de um longo repouso.

— Você quer dizer quc eles já acordaram?

— Bem, vovó nã o está vestida ainda. Eu tomei o café da manhã com ela, em seu quarto, e tio Robert foi até lá para me perguntar que tipo de roupa eu visto normalmente pela manhã.

— Entendo. — Julie procurou pelo roupã o — Você se lavou e escovou os dentes?

— Sim. Tio Robert me mostrou onde estavam as coisas todas e aquele homem, Halbird...

— Sr. Halbird, querida — Julie corrigiu automaticamente, enquanto escorregava para fora da cama.

Emma deu de ombros, indiferente.

— Bem, seja lá quem for, ele desfez minhas malas e nó s dois arrumamos as roupas nos armá rios. — Ela sorriu. — Ele disse que eu era muito crescida para a minha idade.

— Eu bem que queria que você me acordasse. Onde estâ o todos, agora?

— Vovó está se vestindo e tio Robert foi tirar o carro. Nó s vamos sair.

— Nó s, quem?

— Tio Robert e eu — respondeu Emma. — Vamos ver a casa nova.

— Você tem certeza de que tio Robert vai levá -la?

— Claro! — Emma saltou da cama, indignada-Ele disse que ia me levar ao palá cio de Buckingham també m.

Julie abriu a porta do banheiro e entrou, ligando o chuveiro. Assim que a á gua tocou seu corpo, sentiu um confuso sentimento de ciú me frente à adaptaç ã o tã o simples de Emma à s novas circunstâ ncias. Ela també m precisava ser uma crianç a para poder aceitar tudo pelo seu valor externo sem ficar escarafunchando motivos por trá s de todas as atitudes.  

 Pouco depois deixou o banheiro, enrolada em uma toalha.

— Quando é que você s vã o sair? — perguntou, procurando evitar qualquer tom possessivo na voz.

— Logo, acho, assim que você estiver pronta.

— Eu? — Julie chegou perto da crianç a. — O que é que eu tenho a ver com isso?

— Você vai també m, nã o vai? — Emma parecia confusa.

— Tio Robert disse isso també m?

— Bem, ele disse para vir acordá -la e perguntar se você queria um pouco de café. — E você?

— Eu o quê?

— Perguntou-me se eu queria café?

Emma deixou cair a cabeç a.

— Eu esqueci.

— Está bem. Agoravá, e nã o volte. Eu també m irei quando estiver pronta.

— Você nã o está zangada, está?

— Claro que nã o. Vá indo. Eu tenho que me aprontar.

Emma correu em direç ã o à porta. Entã o parou, hesitante.

— Você gosta daqui, nã o gosta, mamã e? Eu quero dizer, você gosta do tio Robert e de vovó e de tudo mais?

— Claro! — disse Julie, impaciente. — Vá indo, pare de se preocupar. Tudo está ó timo.

Julie colocou um sué ter creme, cujo decote deixava seu colo à mostra. Seus cabelos caí am macios sobre os ombros e a ú nica maquilagem que usou foi uma sombra clara para os olhos e um batom incolor, dando um brilho nos lá bios.

Quando finalmente se sentiu satisfeita com a aparê ncia, deixou o quarto e caminhou decidida atravé s do corredor em direç ã o à sala. Usando de toda a sua coragem, abriu a portas da sala e entrou.

Emma e a avó estavam sentadas em um pequeno divã perto das janelas, olhando um livro de histó rias que Lucy estava lendo para a menina, enquanto Halbird espanava as estantes de livros que cercavam o equipamento de som, num canto da sala. Ele olhou quando Julie entrou, e seu sorriso compensou a aparente distraç ã o de Lucy, que nã o notou sua presenç a.

— Bom dia, sra. Pemberton — disse, parando o que estava fà zendo. — Se a senhora vier até a copa eu lhe prepararei algo para comer.

— Oh, nã o precisa se preocupar. — Julie olhou insegura para sua sogra e Emma e, desta vez, as duas a olharam.  

— Vovó está lendo uma histó ria — disse Emma inocentemente.

— Bom dia, Julie. — O cumprimento de Lucy nã o chegava a ser amistoso — Dormiu bem?

— Dormi sim, obrigada. — Julie voltou-se para Halbird, que aguardava sua resposta. — Queira me desculpar. Vou tomar um pouco de café.

Lucy voltou sua atenç ã o para o livro e, um momento depois, encarou-a outra vez.

— Seria bom que fizé ssemos compras à tarde — disse, com relutâ ncia. — Emma está muito mal preparada para um inverno inglê s.

Julie respondeu, inflexí vel:

— A maior parte das roupas de Emma está vindo por mar.

— Eu sei disso. A encomenda já deve ter chegado.

— Neste caso, onde estã o as roupas? — Julie parecia desnorteada.

— Elas estã o na nova casa, naturalmente — respondeu Lucy,

— Nã o havia motivo para trazê -las para ca havia? Você nã o ficará muito tempo aqui.

Julie exasperou-se.

— Mas as roupas que trouxe comigo darã o para, no má ximo, dois dias.

Lucy deu de ombros.

— Pode comprar algumas roupas para você. Duvido muito que as roupas que você usava na Malá sia sejam adequadas para cá.

— Alé m da diferenç a de clima, espera-se que você se vista com bom gosto. E, como viú va de Michael... — Olhou estranhamente para Julie.

Julie nao conseguia dizer mais nada; nao tinha autoconfianç a para fazê -lo. Nã o sem provocar outra discussã o. Emma olhava uma e outra com interesse evidente e, alé m do mais, aquela nã o era a hora nem o lugar para se discutir sobre Michael.

Resolveu entã o seguir Halbird até a sala de jantar grande e bem iluminada. A mesa de refeiç ã o era comprida e só havia uma cadeira numa das extremidades, colocada para ela. Havia café, rosquinhas quentes, torradas, gelé ia de marmelo e ovos fritos. JuIie sentiu-se ridiculamente emocionada com as preocupaç õ es de Halbird. Virando-se para ele, disse fracamente:

— Nã o era preciso, você sabe.

O homem sorriu.

— A senhora nã o jantou ontem à noite. Tudo parece melhor com o estô mago cheio.  

 Julie olhou-o imediatamente, mas a expressã o dele era bondosa. Era reconfortante saber que ao menos uma pessoa nã o se ressentia com sua presenç a naquela casa. Tomou um ó timo café. Conversava com Halbird sobre as mudanç as que havia sentido em Londres desde a vé spera, quando Robert entrou na sala de jantar. Parecia grande, poderoso e perturbador e Julie teve que se controlar para nã o fitá -lo.

— Bem — disse abruptamente, interrompendo a conversa — você está pronta?

— Pronta? — E, erguendo as sobrancelhas, continuou: — Pronta para quê?

— Emma nã o a avisou do combinado? — A voz de Robert soava distante.

— Nã o exatamente. Ela falou alguma coisa sobre você s dois irem visitar a nova casa.

— Precisamente. Você gostaria de ir ver també m a casa, nã o?

— Oh, muito obrigada, você foi muito atencioso. — O sarcasmo era ní tido na voz de Julie.

— Pelo amor de Deus, Julie, a gente nã o pode continuar assim. Será que nã o podemos agir com civilidade ao menos na frente de Emma? Eu estou ficando um pouco cansado dessas discussõ es constantes.

— Eu també m! — exclamou Julie.

— Bem, entã o...

— É fá cil Para você, nã o é? Você está fazendo tudo a sua maneira, nã o?

Robert suspirou profundamente.

— Oh, pare com isso, Julie — disse, passando impacientemente a mã o sobre os cabelos. — O que mais você quer que eu diga? . Estou tentando ser tolerante ao má ximo...

— Tolerante! — Julie estava indignada. — O que há que você precise tolerar?

— Você! — Ele foi duro e seco. — Você acha que se houvesse outra escolha, estaria aturando esta situaç ã o?

— Isso é o que sua mã e quer.

— Mas nã o o que eu quero! — A voz de Robert era á spera. — Acredite-me, Julie, eu rezava para nunca mais ter que ver você de novo.  

Robert fez um gesto com os braç os, indicando que nada mais havia a dizer e, chegando-se mais perto dela, colocou a mã o em seu ombro, querendo dar a entender que sentia sua dor. Julie reagiu como se aquela mã o a queimasse e cerrou os dentes, com ó dio. Robert recuou e desapareceu pela porta que dava para a sala.

Julie permaneceu no mesmo lugar tremendo violentamente. Aquele gesto fora tã o inesperado! Ela nã o conseguia aceitar que tivesse um efeito tã o profundo em si pró pria. O má ximo que esperava, até entã o, era sentir saudades, uma espé cie de doce nostalgia, quando visse Robert outra vez. Mas nunca poderia imaginar o estado emocional em que acabou ficando quando Robert se aproximou dela; quando ele a tocou, sua carne derreteu-se sob seus dedos, como antigamente...

De repente, a porta se abriu e Emma apareceu. Seu rosto transfigurou-se assim que pô s os olhos sobre Julie.

— O que é que há, mamã e? Está chorando por causa de papai outra vez?

— Eu nã o estou chorando, querida. Acho que caiu alguma coisa em meus olhos, só isso.

Emma franziu as sobrancelhas por um momento, até que pareceu aceitar a explicaç ã o.

— Nó s estamos esperando por você. Você nã o vem?

— Eu realmente nã o vejo por que Julie precisa ir com você s — Lucy Pemberton disse. — Pensei que você s estavam apenas indo ver as obras, Robert.

— E estamos. Mas como Julie vai morar lá, eu acharia bom que també m fosse conhecer o lugar. — E, voltando-se para a cunhada perguntou: — Você quer ir? Julí e hesitou. É claro que quero ir. Uma manha na companhia de Robert poderia ser desastrosa para a sua paz de espí rito. Contudo uma manhã ao lado de Lucy Pemberton certamente seria muito pior.

— É claro que quero ir — disse, procurando assumir ar casual, mostrando que recuperara seu controle outra, Vez.

— Se você s tivessem me acordado mais cedo eu nã o os faria esperar tanto.

O ú nico casaco de que ela dispunha no momento era um de pê lo de marta, que havia sido sua ú nica extravagâ ncia, comprado a conselho de uma amiga, ainda em Kuala Lumpur.  

 Pareceu ridí cula, entã o, a compra daquele tipo de roupa, mas ela ficou muito contente com o calor que lhe havia proporcionado na vé spera, ao descer do aviã o. Colocou-o sobre a calç a pú rpura que vestia. Quando voltou para a sala, Robert apagou o cigarro que estava fumando e encaminhou-se abrupto para a porta da rua, seguido por Emma, excitadí ssima. Lucy estalou a lí ngua, exteriorizando sua desaprovaç ã o...

— E quando é que você s vã o voltar? Sã o quase onze horas! — Dirigiu para Julie um olhar ameaç ador. — Eu pensei que você queria fazer compras!

Julie foi pega de surpresa. Nã o havia sido ela quem disse que deviam fazer compras.

— Poderemos ir outro dia — respondeu, olhando desajeitada para Robert, querendo observar sua reaç ã o.

Robert segurava a porta, já aberta, e parecia impaciente.

— Você vem conosco, ou nã o? — perguntou com fria polidez.

Julie apertou os lá bios e, com um gesto de ombros, encaminhou-se em direç ã o a Robert.

Depois de dar passagem para Emma, que se escarrapachou no assento traseiro, Julie sentou-se no Aston Martin com um estranho sentimento de alí vio. Ela procurava nã o pensar no que Lucy poderia lhe dizer na pró xima vez em que as duas estivessem sozinhas. Deveria precaver-se contra a sogra, nã o deixar que a intimidasse como ela parecia ser capaz de fazer. Afinal, ela era apenas uma mulher, nã o era um monstro.

Robert escorregou para dentro do carro, batendo a porta e ligando o motor.

Tentando distrair-se, Julie começ ou a pensar no que ele fazia entã o. Logo teria uma esposa com quem se preocupar. Os mú sculos de seu estô mago contraí ram-se. Nã o conseguia pensar em coisas como essas.  

 Mas era praticamente impossí vel deixar de fazê -lo, com Robert sentado a seu lado, tã o perto e, mesmo assim, tã o distante.

Ela nã o estava prestando muita atenç ã o no que conversavam, mas agora conseguia perceber que Emma estava lhe perguntando sobre os lugares por onde passavam e que Robert as levava para um pequeno passeio pela cidade. Olhando em volta, reconheceu as lojas da rua Oxford e, bem nesse momento, Emma disse:

— Nã o é excitante, mamã e? Tio Robert logo vai nos mostrar o palá cio de Buckingham.

— Espero que você nã o esteja querendo ver a rainha — observou, sorrindo. — Ela nã o está esperando você, entende?

Emma riu e Julie abraç ou-a.

Apó s passarem pelo palá cio e Emma gritar para todos os guardas, cruzaram o rio na ponte de Westminster para ver o Parlamento. Entã o o carro ganhou velocidade e Julie voltou-se para o cunhado.

— Poderia saber onde estamos indo? Robert reduziu a marcha assim que encontrou um pequeno engarrafamento, e disse:

— É claro. Estamos na estrada Dartford. Indo para Thorpe Hulme.

— Thorpe Hulme? — Julie estranhou. — Nunca tinha ouvido falar.

— Como poderia? Nã o é um lugar conhecido. Na verdade, mas uma aldeia.

— E é lá que fica a casa?

— É.

Julie observou a paisagem que passava velozmente pelos vidros do carro.

— E por que você escolheu Thorpe Hulme?

Robert hesitou por um momento, seus dedos apertando a direç ã o:

— Quando Pamela e eu nos casarmos, esperamos morar em Farnborough. Os pais de Pamela vivem em Orpington e ela nã o quer morar muito longe deles. Thorpe Hulme dista aproximadamente quinze quilô metros de Farnborough.

Julie foi engolindo a explicaç ã o aos poucos. Quer dizer entã o que quando Robert estiver casado irá morar a apenas quinze quilô metros delas. A idé ia era insuportá vel. Mas, percebendo que Robert esperava algum comentá rio de sua parte, disse:

— Achava que o apartamento era um lugar mais adequado para você morar. Perto do escritó rio, essas coisas. Ou você nã o está mais tomando parte nas decisõ es da companhia?  

O trá fego estava melhorando outra vez e Robert ultrapassou dois vagarosos caminhõ es antes de responder:

— Sim, eu ainda trabalho para a companhia. Tornar-me um sedentá rio pelo resto da vida nã o é uma coisa que me atrai muito. Alé m disso, quando estiver casado, reduzirei meus compromissos no exterior.

Julie fez uma expressã o de surpresa exclamando:

— Nossa! Você mudou!

Robert demonstrou seu descontentamento e nã o fez mais nenhum comentá rio. Julie censurou-se por ter criado outro mal-entendido entre os dois. Por que ela nã o conseguia aceitar a situaç ã o como estava e deixar de torturar-se com desconfianç as ou fosse lá o que fosse?

Voltou-se para Emma, que a abraç ou, espontaneamente. Julie engoliu algumas lá grimas de autocomiseraç ã o. Ela havia escolhido seu caminho na vida. Insistia em recusar a humilhaç ã o de ter que recorrer a Robert justamente na hora em que mais precisava de ajuda. Como podia censurá -lo agora por algo que ele jamais soube? E que ainda iria pagar. Deixaram a rodovia principal, tomando uma estrada tortuosa que seguiram por algum tempo antes de chegarem à aldeia de Thorpe

Hulme. Havia uma fileira de casas tipicamente campestres, dois bares, uma escola, algumas construç õ es religiosas e uma loja que, pela aparê ncia, deveria vender de tudo. Havia á rvores por todas as partes, apesar de estarem desfolhadas, parecendo esqueletos do que deveriam ser no verã o.

Robert fez vá rios comentá rios sobre o local, para alegria de Emma, e entã o atravessou a aldeia rumo aos arredores. No fim da rua principal, dobrou em uma alameda que, por sua vez, ia dar em dois portõ es de ferro trabalhado que levavam a uma casa parcialmente coberta por andaimes.

Era uma daquelas pequenas casas de estilo georgiano, que custavam os olhos da cara. Montes de janelas pequenas, os quartos principais salientando-se um pouco da construç ã o, dando-lhe enorme charme e, como estava pintada de branco e cercada de pinheiros, nã o podia parecer mais atraente. Julie olhava a casa. Parecia ter dificuldade para controlar seus pensamentos.

— É aqui que vamos morar, mamã e? Nã o é fantá stico? — E correu, sem esperar pela resposta, enquanto Julie tomava consciê ncia de que Robert estava a seu lado. Olhando para o rosto enigmá tico dele, fez um gesto desesperado.

— É maravilhosa. Como a encontrou?

Robert enfiou as mã os nos bolsos de seu casaco de pê lo de carneiro.

— Foi posta à venda há cerca de trê s meses, mais ou menos, na é poca em que Michael morreu, para dizer a verdade. Comprei-a porque gostei dela.

— Mas nã o pensando em mim — Julie murmurou.

Robert avanç ou, olhando-a sobre os ombros.

— E isso importa? — perguntou, enquanto se juntavam a Emma.

Julie seguiu-os devagar. Ela queria olhar bem e saborear a idé ia, de que esta seria sua casa, provavelmente para o resto de sua vida!

Mas nã o. Assim que Emma tivesse idade suficiente paç a sair de casa, ela sairia també m. Era estranho como a idé ia de casar-se de novo nã o lhe passava pela cabeç a... Nã o naquela hora. Robert e Emma estavam de pé no vestí bulo. Robert estava falando com dois homens de macacã o. Julie esperou pacientemente até que ele acabasse de perguntar sobre os vá rios serviç os que mandara executar. Quando os dois homens se retiraram, Robert voltou-se para ela.

— Está quase pronta — explicou. — Ainda nã o há mobí lia, naturalmente, mas você pode conhecê -la, se quiser.

Julie concordou.

— Eu adoraria. — Em seguida refreou seu entusiasmo. — Eu... gostaria de agradecer a você.

Robert olhou-a com uma expressã o zombeteira.

— Você está me agradecendo?

— Você mesmo disse que nã o estamos aqui para discutir. — Julie parecia zangada.

Robert suspirou profundamente.

— Está bem, está bem, peç o desculpas. Parece que a gente nã o é capaz mesmo de ter uma conversa normal, nã o é?

Julie caminhou lentamente para uma porta que levava a um quarto do lado direito. Nele, as paredes eram todas brancas, exceto a parede da lareira que fora revestida de azul-escuro. A lareira estava fora de uso, mas haviam instalado um aquecedor na abertura para auxiliar o aquecimento central.  

 Robert seguiu-a, deixando Emma a vontade para explorar a casa à sua maneira.

— Esta é a sua sala, de estar — disse, formal. — Acredito que as cores nã o sejam de seu agrado, mas nã o havia tempo para esperar que você viesse e decidisse por si mesma. Você pode trocá -las, se quiser, mais tarde.

Julie tentou ser igualmente formal.

— E você escolheu os mó veis també m?

Robert vacilou.

— Nã o, na verdade quem os escolheu foi Pamela.

— Foi uma cortesia da parte dela. — Julie tentou sentir-se indiferente.

— Você sabe o que ela escolheu?

— Apenas as coisas necessá rias. Você escolherá sua pró pria decoraç ã o, como quadros e enfeites, mais tarde.

— Compreendo. — Julie caminhou até as janelas que davam para a parte dianteira da casa. — E o que é que você entende por coisas necessá rias?

— Oh! carpetes, televisã o, dormitó rio, essas coisas. Acho que o carpete daqui será cinza e azul, para combinar com o papel de parede.

— Encolheu os ombros. — Acho que o dormitó rio escolhido era em couro, mas nã o estou certo.

— Muito obrigada.

Julie virou-se e saiu do quarto outra vez. Atravessou e entrou em outro, quase idê ntico.

— Esta aqui é outra sala de visitas, suponho.

— Depende de você. — Robert entrou no cô modo e mostrou-lhe como a repartiç ã o central que dividia esse quarto de outro, nos fundos da casa, poderia ser aberta, revelando uma sala de jantar.

Julie atravessou os salõ es. O jardim atrá s da casa era, enorme. Havia á rvores frutí feras e um gramado que no momento estava sendo cuidado pelo jardineiro.

Ela podia ouvir passos no andar de cima e adivinhou que era Emma divertindo-se em explorar a casa. Abriu a porta que levava de volta ao vestí bulo e foi ver os outros cô modos.

— Aqui você tem uma sala para o café da manhã, se quiser, uma cozinha espaç osa e vá rias dependê ncias externas — disse Robert.

Notando seu ar de dú vida, perguntou: — Você quer ir lá em cima?

Os lá bios de Julie crisparam-se. A tensã o entre os dois era tanta que ela percebeu que se nã o risse iria se desfazer em lá grimas. Robert notou que ria e indagou:  

— Alguma coisa engraç ada?

Julie recompô s-se, sacudindo a cabeç a.

— Nã o — respondeu rapidamente — claro que nã o.

Robert dirigiu-se à escada.

— Você pode ir sozinha, se preferir — afirmou, demonstrando imaginar o que havia causado seu sorriso.

— Desculpe, Robert — disse, com voz rouca. — Dê -me um pouco de tempo. Eu... bem, é tudo tã o diferente.

Do meio da escada, Robert encarou-a.

— Você acha que eu nã o sei disso?

Julie estremeceu por um momento, dominada por emoç õ es sobre as quais nã o exercia nenhum controle e, sem dizer uma palavra, dirigiu-se à escada, subindo-a em busca de Emma.  

 



  

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