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CAPÍTULO X
Na manhã seguinte, Sandra irrompeu na cozinha pouco antes das onze. Estava furiosa. — Algo precisa ser feito em relaç ã o à quela crianç a! — exclamou. — Ela simplesmente esparramou todo o vidro de tinta sobre um livro. — Oh, desculpe-me! — Julie procurava ser cordata. — Vou falar com ela. — Nã o se preocupe! Eu mesma já a puni. — Compreendo — disse Julie, cautelosa. — E o que quer dizer essa puniç ã o? — Cortei o balanç o. — Você fez o quê? — Julie estava horrorizada. Correu para a janela e olhou para fora; as cordas presas na cerejeira estavam cortadas. — Era a ú nica maneira — prosseguiu Sandra. — Ou você preferia que eu a surrasse? Julie sacudiu lentamente a cabeç a. — Nã o. Mas o balanç o era seu divertimento predileto. — Precisamente. Nã o há vantagem alguma em privá -la de algo a que ela nã o dê valor. A sra. Hudson fez uma careta, expressando sua desaprovaç ã o, mas Julie continuou tentando ser agradá vel. Afinal, se Emma tinha. derrubado o vidro de tinta de propó sito, entã o ela merecia ser punida. Mas, mesmo assim... — Onde ela está agora? — perguntou Julie, tentando parecer calma. — Em seu quarto, acho. Nã o a vi mais. Ainda há café? — perguntou. — Gostaria de tomá -lo em meu quarto. Tenho algumas cartas para escrever e acho que isso será melhor do que tentar educar uma crianç a que simplesmente se recusa a isso. Julie controlou o Impulso de revldar e tratou ela mesma de entregar a bandeja para Sandra. Depois que a governanta saiu, a sra. Hudson olhou para o balanç o quebrado com um ar de desconfianç a. — Que coisa malfeita, senhora! — exclamou, incapaz de conter sua indignaç ã o. Julie suspirou. — Espero que tenha sido uma atitude justificá vel. Emma tem sido desobediente. — Parece que ela teve prazer fazendo isso. Estou certa de que o sr Hillingdon fará com que o sr. Robert perceba as coisas. Só assim teremos um pouco de paz! Julie encarou-a, surpresa. Era a primeira vez que ela ouvia a sra Hudson ficar esquentada com alguma coisa. — Certo, mas eu nã o seria tã o otimista. Você conhece Robert o suficiente para saber que ningué m o forç aria a fazer nada que nã o quisesse. Vou até o quarto de Emma, pois preciso saber o que está acontecendo. Emma estava deitada na cama, olhando sé ria para o teto. Voltou-se para sua mã e quando ela entrou no quarto, fechando a porta bem devagarinho, evitando despertar a atenç ã o da srta. Lawson para o fato de que tinha ido ver a filha. — E, entã o, o que há? — começ ou Julie, cautelosa. — Eu soube que você cometeu uma desobediê ncia outra vez. Emma suspirou. — Ela cortou o balanç o? — Você esparramou tinta sobre o livro dela. — Nã o, nã o fiz isso! — Emma ficou apoiada em seus cotovelos. — Eu sabia que ela ia dizer isso. Mas nã o fiz de propó sito. Foi um acidente. — Foi? — Sim. Ela bateu em meu braç o e o tinteiro virou. — Mas o que estava fazendo um tinteiro perto de seu braç o? — Está vamos na mesa e ela disse para eu me aproximar e ver o que ela estava fazendo. Eu fui e entã o.. e entã o... o tinteiro virou. — Acho que ela tem todo o direito de pensar que você fez isso de propó sito, nã o? Quero dizer, você nã o estava se comportamento bem, estava? — Nã o, mas havia uma diferenç a. — Como assim? — Eu nã o estava sendo desobediente. Eu me aproximei, como ela havia pedido, e entã o ela esbarrou em meu braç o e a tinta caiu sobre seu livro. Ela ficou muito brava comigo. Disse que eu era um monstrinho desobediente. Eu sou um monstrinho desobediente, mamã e? — Claro que nã o, querida. A srta. Lawson estava um pouco confusa, é isso. Encarando o rostinho indignado de Emma, Julie procurou mudar de assunto. — Que tal se fô ssemos até a cidade amanhã? A gente poderia ver algumas roupas de inverno para você. Emma deu de ombros e, de pernas cruzadas, apoiou o queixo nas mã os de Julie. — Você é capaz de me consertar o balanç o mamã e? — Acho que sim. Mas hoje nã o, querida. — Quando, entã o? — Nã o sei. Em poucos dias, quem sabe. A idé ia de ir até a cidade a atrai? Emma só tinha uma coisa na cabeç a naquele momento, — Você acha que o tio Robert poderá consertá -lo? JuJie conteve sua impaciê ncia, esse era um trabalho para Robert, afinal. — Se ele voltar aqui outra vez. E agora vá lavar seu rosto e suas mã os. Daqui a pouco iremos almoç ar. Naquela tarde Sandra saiu e Julie pô de respirar com um pouco de alí vio. O ambiente na casa modificou-se assim que a governanta se ausentou. Emma correu para seu quarto e Julie sentou-se na sala de estar, esperando inconscientemente o telefone tocar. Estava certa de que Francis ia ligar para dizer qual a opiniã o de Robert. Fazia muito frio, mas estava agradá vel ao lado do fogo e Julie calculou que poderia descansar, sobretudo se Sandra nã o voltasse antes da hora do chá. De qualquer modo, havia outros problemas para perturbar sua paz de espí rito, por isso deixou a sala quentinha e foi ao encontro de Emma. Quando chegou ao quarto nã o a encontrou lá, Preocupada, Julie procurou-a no banheiro, mas també m nã o estava, O terrí vel pressentimento de que a menina tivesse ido ao quarto de Sandra, para levar a cabo alguma terrí vel vinganç a por ela ter cortado seu balanç o, fez com que lulie se precipitasse para os aposentos da governanta, mas també m ali nã o a encontrou. Julie sacudiu a cabeç a e voltou para baixo. Emma devia estar com a sra. Hudson. Mas a sra. Hudson estava descansando e nã o tinha visto a crianç a. Julie começ ou a se sentir nervosa. Onde Emma poderia estar? — Talvez esteja no jardim — sugeriu a sra. Hudson. — Oh, sim, ló gico. — Julie respirou aliviada. — Eu nã o havia pensado nisso. — Emma! — chamou, apreensiva. — Emma, querida! Onde está você? Nã o se ouviu resposta e Julie voltou-se para a sra. Hudson, que acabava de sair da casa. A cozinheira parecia aflita e, sacudindo a cabeç a, perguntou: — Ela nã o está aí? — Nã o, eu... quero dizer. Oh, Deus! Nã o... nã o é ela ali? Julie nã o esperou por uma resposta. Precipitou-se desesperada pelo jardim em direç ã o ao balanç o, cujas cordas se moviam lentamente com o vento gelado. — Oh; Deus! Emma! Emma! — Julie soluç ava de joelhos, com o rosto colado na testinha fria da crianç a. Nem percebeu a chegada da sra. Hudson, que imediatamente passou a mã o sobre o peito de Emma para sentir-lhe o coraç ã o, que batia fracamente. Julie encarou-a com uma expressã o agoniada. — Ela está... está morta? A sra. Hudson fez que nã o com a cabeç a, mas seu rosto, como o de Julie, estava lí vido de susto. — Nã o, senhora, nã o está morta — respondeu, com voz sumida. — Mas perdeu muito sangue e, ainda mais aqui, com toda essa umidade. — Olhou em volta. — Depressa, volte depressa para casa e chame uma ambulâ ncia. Julie hesitou, relutando em deixar sua filha, mas finalmente percebeu que nã o estava ajudando em nada ali e em passos largos atravessou o jardim e dirigiu-se para a sala. Seus dedos tremiam violentamente enquanto discava e, por duas vezes, chamou um nú mero errado, antes de ouvir o ruí do de um carro estacionando em frente a casa. Correu para a janela. Robert estava descendo de seu carro, o rosto sombrio ocultava-lhe o que passava por sua cabeç a. Naquele momento, Julie nã o ligava a mí nima para o que ele pudesse estar pensando. Emma estava ferida, gravemente ferida, e ela precisava fazer alguma coisa para ajudá -la. Correu a seu encontro. Um primeiro olhar foi suficiente para que e1e percebesse que havia algo de grave ocorrendo. Agarrou-a Pelos braç os, sentlu-a fraqueJar. — O que há? — perguntou. — Em nome de Deus, Julie, o que aconteceu? Gaguejando, Julie lhe contou. Robert saiu entã o correndo em direç ã o ao jardim onde a crianç a jazia ferida. Olhou pensativo por alguns momentos para as cordas cortadas do balanç o e, quando parecia que ia perguntar alguma coisa, mudou de idé ia, agachando-se ao lado de Emma e examinando o ferimento em sua cabeç a. — Como isso aconteceu? — perguntou, com voz trê mula de emoç ã o. A sra. Hudson respondeu-lhe: — Pelo estado em que suas roupas estã o, senhor, acredito que ela subiu na á rvore e caiu de um galho, aquele ali. Deve ter machucado a cabeç a na quina da calç ada... Robert concordou, erguendo-se abruptamente. — Vá arrumar um cobertor para agasalhá -la, sra. Hudson. Eu mesmo vou levá -la para o hospital. A sra. Hudson consultou Julie com o olhar e com sua concordâ ncia saiu correndo à procura da coberta. Julie agachou-se outra vez ao lado de Emma e segurou uma de suas mã os entre as suas. Robert pousou as mã os firmemente sobre seus ombros fazendo com que se levantasse. — Nã o faç a isso — disse. — Nã o há nada que possa fazer por ela e você só está se transtornando. Você vai ao hospital comigo? — É claro. — Tinha dificuldade em falar. Ela tremia e Robert tirando o casaco de pê lo de carneiro que vestia, colocou-o sobre seus ombros, olhando em volta impaciente com a demora da sra. Hudson. Julie tentou raciocinar. — Ela pode ser removida daqui? — pergun— tou, com voz trê mula. A sra. Hudson retornou com o cobertor e Robert o enrolou com cuidado em Emma, erguendo sua cabecinha machucada do chã o com a maior atenç ã o e cuidado. Julie virou o rosto para nã o ver a poç a de sangue. Teve o terrí vel pressentimento de que Emma iria morrer sem que Robert soubesse que ela era sua filha. A ida até o hospital nas proximidades de Farnborough foi um verdadeiro pesadelo. JuJie sentou-se com a cabeç a de Emma repousando sobre seu peito e, de quando em quando, retirava o chumaç o de algodã o que servia para cobrir o machucado e o substituí a por outro. Estava atormentada com pensamentos e recriminaç õ es e podia perceber, pela expressã o carrancuda de Robert, que ele estava imerso em pensamentos també m. Eles já estavam sendo esperados no hospital, A sra. Hudson havia telefonado e, imediatamente apó s chegarem, Emma foi atendida. O mé dico que os recebeu era muito amá vel. Levou-os para uma sala de espera e perguntou se ficariam até Emma ser examinada e radio-grafada. Embora Robert tenha dito pouca coisa, Julie estava contente com a sua companhia. Deu-se conta de como se sentiria terrivelmente só se tivesse que vir ao hospital sem, ele. Poucos minutos mais tarde, uma enfermeira apareceu O mé dico que os recebeu era muito amá vel. Levou-os para uma sala de espera e perguntou se ficariam até Emma ser examinada e radiografada. — Embora Robert tenha dito pouca coisa, Julie estava contente com a sua companhia. Deu-se conta de como se sentiria terrivelmente só se tivesse que vir ao hospital sem, ele. Poucos minutos mais tarde, uma enfermeira apareceu na porta, olhando agitada para Julie, que se levantou num impulso. — Sra. Pemberton? — A enfermeira gesticulava. — Poderia acompanhar-me, por favor? Julie olhou para Robert e ele fez que sim com a cabeç a, para tranqü ilizá -la. As duas caminharam por um longo corredor chegando a uma pequena enfermaria onde Emma jazia ainda inconsciente sobre a mesa. O doutor aproximou-se de Julie assim que ela entrou. — Ah, sim, sra. Pemberton — disse-lhe enquanto a segurava pelo braç o. — Há algo errado? — Jutie voltou-se para o mé dico. — O que é? — Nã o é nada, sra. Pemberton, deve acalmar-se. Emma ficará perfeitamente bem outra vez, mas ela necessita de uma transfusã o de sangue. Julie engoliu em seco e colocou a mã o na boca. Ele pros-seguiu: — Infelizmente Emma possui um grupo sanguí neo muito raro. AB negativo. Na verdade, nã o possuí mos este tipo de sangue aqui. Precisamos pedi-lo em um hospital maior... — Robert pertence a este grupo sanguí neo! — exclamou imediatamente Julie, ruborizando-se em seguida, enquanto o doutor a olhava, surpreso. — Robert? Os dedos de Julie apertaram-se em torno da alç a da bolsa à tira-colo que usava. — Sim, o sr. Pemberton. Emma é sua... quero dizer, ele é meu cunhado. — Realmente? — O doutor parecia interessado. — E a senhora acredita que ele doaria seu sangue? — Oh, eu nã o sei, talvez — completou Julie, um tanto desconcertada. Estava quase arrependida de ter-Ihes contado, mas era para o bem de Emma. A vida de Emma era mais importante que tudo. O dr. Miller fez um sinal com a cabeç a para a enfermeira que havia trazido Julie pouco antes. — Peç a para o Sr. Pemberton vir até aqui — disse, enquanto Julie chegava para mais perto da mesa, olhando para o rosto de Emma, que estava pá lido como cera, e para seus cabelos empapados de sangue. Pobre garota, pensou amargamente. E tudo isso por causa do balanç o. Ela nã o tinha dú vidas de que a intenç ã o de Emma fora tentar consertar o balanç o. Robert entrou na enfermaria atrá s da enfermeira; seu olhar foi direto para Emma e só depois para Julie. O mé dico aproximou-se lentamente dele, olhando as anotaç õ es de sua prancheta. Entã o, encarou-o. — Ah, sim, sr. Pemberton — falou — eu estava justamente dizendo para a sra. Pemberton que Emma necessita de uma transfusã o de sangue, mas infelizmente seu grupo sanguí neo é raro e nó s estamos impedidos de realizar essa transfusã o até que esse sangue seja obtido de outro hospital. Robert ficou sé rio. — E você s já providenciaram esse sangue? — Eu estava para fazer isso, sr. Pemberton, quando a sra. Pemberton disse que o senhor era do mesmo grupo sanguí neo do da crianç a. Robert ficou perplexo. Olhou rapidamente para Julie e, em seguida, para Emma. Sua expressã o confusa revelava sua tentativa de assimilar o que significava aquela informaç ã o. — O senhor está querendo dizer que eu poderia fornecer o sangue que ela necessita? — Sim, sr. Pemberton. Se o senhor estiver de acordo. — É claro que estou de acordo. — Robert começ ou a desabotoar impacientemente seu casaco e a soltar os punhos da camisa. — Diga-me apenas o que tenho de fazer. Julie estava começ ando a sentir-se fraca. Aquilo tudo era demais para ela; cambaleou um pouco, mas conseguiu segurar no encosto de sua cadeira, mantendo-se firme. — Nã o há nada que a senhora possa fazer aqui — disse a enfermeira. — Venha. A senhora nã o quer estar em plena consciê ncia quando Emma recobrar a dela? Julie dirigiu um ú ltimo olhar de apelo para Robert mas era impossí vel saber o que ele estava pensando. Era um mestre em ocultar seus pensamentos e, alé m disso, parecia completamente absorvido pelo que o dr Miller estava lhe dizendo Foi deixada na sala de espera por um bom tempo. Quando seus pensamentos se acalmaram, ficou de pé imediatamente, louca para saber o que estava se passando, querendo saber onde Robert estava e se ele já havia doado o sangue. Certamente que sim! Mas onde estava ele? Emma já teria recebido a transfusã o? Abriu a porta e olhou pelo corredor, mas, alé m dos funcioná rios do hospital que se movimentavam para todos os lados, nã o havia ningué m que lhe pudesse dizer alguma coisa. De repente, a mesma enfermeira que se ocupara dela aproximou-se. — Venha comigo, sra. Pemberton — disse, sorridente. — Sua filha recobrou a consciê ncia. Gostaria de vê -la? Julie concordou sem dizer uma só palavra e seguiu a enfermeira pelo corredor outra vez. Emma estava em outra enfermaria. Sua cabeç a tinha sido lavada e envolta com uma bandagem branca que lhe acentuava ainda mais a palidez. Apesar disso, parecia bem melhor. Julie ajoelhou-se ao lado da cama, tomou-lhe a mã ozinha e apertou-a contra seu rosto. — Oh, Emma! — exclamou, quando os olhinhos se abriram e um fraco sorriso desenhou-se em seu rosto. — Oi, mamã e — murmurou fracamente. — Minha cabeç a dó i. — Eu sei disso, querida. Você levou um tombo feio. Mas vai ficar boa logo. Você está em um hospital e todo mundo tem sido muito bom. Emma fechou os olhos e, em seguida, abriu-os de novo. Julie imediatamente olhou à sua volta. Estava tã o concentrada em certificar-se do restabelecimento de Emma que nem tomara conhecimento das outras pessoas que estavam no quarto. Viu entã o o mé dico examinando os boletins pendurados nos pé s da cama e a irmã de caridade que cuidava da enfermaria. Mas de Robert nã o havia sinal. — A enfermeira está preparando uma xí cara de chá para ele — respondeu a irmã, diante da expressã o interrogativa de Julie. — Ele achou que a senhora preferiria ver Emma sozinha. Julie voltou seu olhar para a filha. — Fora sua cabeç a, querida, como se sente? — Tudo bem. — Emma franziu a sobrancelha-Meu braç o dó i e eu cortei a perna. Emma mordeu o lá bio. — Eu caí de uma á rvore? — Sim, querida. — Julie levantou-se e continuou encarando-a — Mas nó s falaremos disso mais tarde. — Sim, está na hora de você dormir mais um pouquinho — disse o mé dico gentilmente — E nã o se preocupe, mamã e estará aqui quando você acordar. Fora, no corredor outra vez, Julie perguntou: — Onde está o sr. Pemberton? — Deve estar de volta ao corredor — disse o dr. Miller. — Como a senhora vai pernoitar aqui, talvez queira explicar a situaç ã o para ele. — Sim, está bem. — Julie estava hesitante, mas sabia que isso teria de ser feito. Caminhou em passos rá pidos para a sala de espera e, empurrando a porta, entrou no salã o. Robert estava sentado em uma cadeira de encosto alto, pernas abertas, braç os repousando nos joelhos. Ao vê -la desviou distraidamente o olhar de uma revista que estava folheando. Pareceu curioso quando Julie fechou a porta suavemente e encostou-se nela. — Eles lhe deram um sedativo e ela agora vai repousar. — Compreendo. — Robert atirou a revista e levantou-se. Seus modos nã o eram encorajadores e Julie hesitou antes de falar: — O mé dico disse que eu posso ficar— aqui esta noite e eu concordei em ficar. Seria possí vel você ir até em casa e trazer algumas coisas? A sra. Hudson as arrumará para você. — Está bem — concordou Robert. — Ela... ela está bem melhor, nã o está? — perguntou Julie. — Bem melhor. — E... e graç as a você, ela nã o teve que esperar para que fossem procurar o sangue. Eu... eu estou muito grata. — Está tudo bem. — Robert desviou o olhar para o chã o por alguns momentos. — Gostaria de saber uma coisa, de qualquer maneira. Como você sabia que eu e Emma tí nhamos o mesmo grupo sanguí neo? Julie ruborizou-se. — Michael me disse. A expressã o estampada no rosto de Robert era de raiva. Entã o, com voz torturada, disse: — Pelo amor de Deus, Julie, por que Emma teria que ter o mesmo grupo sanguí neo que o meu, e nã o o de Michael? Só um nó s possuí a esse tipo raro! Julie teve um gesto de desamparo. — Como... como eu posso saber? Essas coisas acontecem... — Acontecem? Acontecem mesmo? — Robert agarrou-a pelos ombros, forç ando-a a encará -la. — Julie, eu quero saber a verdade. Emma é minha filha?
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