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CAPÍTULO II



 

 

Emma dormia e Julie estava se trocando para o jantar. O chá preparado por Halbird, com biscoitinhos e torta de creme, foi mais que suficiente para deixar Emma sonolenta. Apó s um banho rá pido, ela caiu na cama sem nenhum protesto.

Seus quartos eram ligados pelo banheiro, que dividiam, e, como na sala, os detalhes eram muito elegantes. O quarto de Emma era menor do que o de sua mã e e possuí a um carpete azul e cortinas e cobertas de um azul pá lido, enquanto o de Julie tinha carpete branco e cortinas e cobertas de cor violeta. Ambos os quartos possuí am grandes armá rios para roupas e, durante o chá, Halbird encarregou-se de pendurá -las. As malas contendo o resto de scus pertences ainda nã o haviam chegado, mas Julie as aguardava para os pró ximos dias, pois haviam sido despachadas com antecedê ncia.

Julie examinou-se detidamente no espelho do quarto de vestir enquanto escovava os cabelos. Teria mudado muito? Robert sentira alguma mudanç a nela? Estada parecendo mais velha? Suspirou. Que importava o que Robert pensasse? Embora ainda nada tivesse sido dito sobre a mudanç a que estava combinada, ela percebia que, se teriam de ficar ali alguns dias, era porque Lucy nã o fora completamente sincera ao explicar a situaç ã o. E Julie nã o tinha a menor intenç ã o de permanecer no apartamento de Robert nem um minuto a mais do que o necessá rio. Nem que isso significasse arrumar um emprego e procurar um apartamento para si pró pria.

Levantou-se da penteadeira e ajeitou as pregas da ú nica saia de noite que havia trazido. uma saia leve e justa de crepe de jé rsei azul-escuro, que lhe chegava aos tornozelos, acentuando-lhe a figura bela e esbelta. Penteou os cabelos como sempre, lisos como uma cortina de prata caindo-lhe sobre os ombros.

Quando se certificou de que nã o faltava mais nenhum detalhe, deixou seu quarto, caminhando suavemente pelo corredor em direç ã o à s portas duplas da sala.

Algumas lâ mpadas davam à sala uma atmosfera í ntima, difí cil de ser descrita.  

Julie fechou as portas atrá s de si e caminhou em direç ã o à s janelas trabalhadas. Apesar de estarem no centro da cidade, tudo estava silencioso, isolado e remoto como na cabine de comando de um aviã o. Ningué m deixaria de se julgar importante por viver aqui, con-cluiu Julie amargamente.

Teve um sobressalto ao ouvir uma porta sendo fechada e, ao dar com Robert Pemberton, imaginou há quanto tempo ele estaria ali, observando-a.

Seus olhos fixaram-se nela por um breve momento, notando sua aparê ncia frá gil, e em seguida, com um movimento de ombros casual, dirigiu-se ao bar.

— O que você quer beber? — perguntou.

— Gim-tô nica, por favor — respondeu, cuidando para que sua voz nã o deixasse transparecer seus pensamentos. Robert preparou o drinque e o trouxe. Assim que pegou o copo, Julie resolveu tomar a iniciativa.

— Agora você vai me dizer por que nó s viemos para cá?

Robert hesitou, esfregando as mã os.

— Isso importa? — perguntou. — Posso lhe assegurar que os motivos sã o desinteressados.

— E o que devo concluir disso? — resmungou Julie.

— Exatamente o que disse. Minha mã e está impossibilitada de acomodá -las. E, claro, como viú va de Michael você é bem-vinda aqui.

— Você nã o está parecendo muito acolhedor.

— Nã o estou? — Robert fez um gesto indiferente. — Sinto muito.

— Você nã o está sentindo coisa alguma! — Julie explodiu, arrependendo-se em seguida. Dando outro suspiro, apressou-se em corrigir:

— O que eu nã o consigo entender é por que sua mã e escreveu oferecendo um lar para mim e Emma, já que estava só, e isso nã o está acontecendo.

— Você viria para cá se soubesse que quem lhe cstava oferecendo um lar era eu? — perguntou Robert friamente.

Julie arregalou os olhos.

— Claro que nã o!

— E aqui está você, nã o? — Robert afastou-se para pegar seu copo e Julie engoliu em seco, sentindo-se perdida.

— Você quer dizer que eu fui trazida por um falso pretexto?

— Deixe de dramatizar as coisas, Julie. Era necessá rio que você viesse para cá. Esse foi o ú nico modo.  

— Mas por que era necessá rio? — Julie estava indignada. — Eu... sua mã e nunca me quis quando... quando Michael estava vivo. Por que quereria agora que Michael morreu?

Robert sorveu metade de seu drinque em um gole e entã o olhou-a novamente.

— Minha mã e está se ttocando para o jantar. Nó s nã o temos muito tempo. Eu quero que você me conte o que aconteceu, antes que ela chegue.

— Você está falando da morte de Michael?

— Claro.

— Por que claro. Você nã o estava mostrando muito interesse até agora.

— Eu nã o quero perder tempo discutindo com você, Julie. Apenas apresente os fatos. Nã o poderia falar disso na frente de Emma, nã o acha? Minha mã e é emotiva demais para que tenhamos uma conversa coerente na frente dela.

Julie olhou-o, indignada.

— E eu nã o sou emotiva, claro. Ele era meu marido, apenas isso!

Robert pegou um cigarro, acendendo-o com indisfarç á vel agressividade.

— O que você quer que eu lhe diga, Julie? — perguntou, recompondo-se. — Você queria ouvir banalidades de mim? Acho que nã o. Ambos sabemos que nã o seriam sinceras. Mas eu realmente amava meu irmã o, e gostaria de saber tudo sobre sua morte. E agora, você vai me contar?

Julie voltou-lhe as costas. Nã o toleraria encará -lo enquanto falasse de algo ainda tã o doloroso para ela.

— Você... você recebeu os relató rios do mé dico — alegou com firmeza. — Você nã o foi vê -lo.

— Nã o. E me arrependo amargamente.

— Arrepende-se mesmo? — Julie pareceu cé tica por um momento.

— Bem, eu nã o sei o que mais você quer saber. Eu nã o fiquei sabendo do primeiro ataque, se é o que lhe interessa. Michael forç ou o doutor a guardar segredo. Eu pensei que ele estivesse sobrecarregado, exausto. Nunca suspeitei que o calor tivesse afetado seu coraç ã o. Ele estava engordando, é claro. Bebia bastante, mas todos bebiam, lá. De qualquer forma, acredito que Michael nã o tenha levado a sé rio aquele ataque. Mas quando ocorreu o segundo, logo depois do primeiro, ele nã o tinha forç as para reagir...  

Julie interrompeu-se, procurando lutar para que a emoç ã o nã o tomasse conta dela.

— Michael era muito jovem, um bom homem; nã o merecia morrer.

— Entendo. — Robert serviu-se de outro drinque. — Ele sentia muitas dores, antes de morrer?

— Nã o. Os remé dios prescritos o mantinham quase em coma. À s vezes ele nem me reconhecia. Acho que sabia que estava desenganado.

— Você devia ter me avisado — disse Robert abruptamente. — Você sabia que eu iria imediatamente se soubesse, se suspeitasse.

Julie ficou olhando para o nada atravé s da veneziana.

— Ele nã o me deixaria avisar ningué m. Eu nã o sei por quê. Mas nã o queria contrariá -lo.

— Você é tã o indiferente assim? — perguntou.

Julie sentiu falta de ar de repente.

— Que coisa mais idiota para se dizer!

— Por quê? Estou errado? Você é realmente a viú va inconsolá vel?

Julie encarou-o por um longo tempo, lutando arduamente para manter a dignidade.

— Como você se atreve a falar comigo desta maneira? — perguntou, furiosa. — Eu nã o pedi para vir para cá! Eu nã o pedi para ser apadrinhada pelos poderosos Pemberton! Eu nã o quero nada de você s... e de você menos ainda!

Robert empalideceu e ela sentiu que finalmente havia conseguido atingi-lo.

— Está bem, Julie. Mostre quem é você! Mostre a pessoa egoí sta e barata que você é!

Julie deu um passo em sua direç ã o. Ela queria arrancar aquele ar de desprezo e mofa de seu rosto de uma vez por todas. Mas assim que se moveu a porta se abriu dando passagem para Lucy Pemberton.

Lucy vestia um longo preto de seda pura e alguns colares de pé rola adornavam seu colo ainda jovem. Apesar de ter sessenta anos, a vida nã o a havia marcado tanto e, agora, olhando-a, Julie achou difí cil que ela nã o estivesse bem o suficiente para encontrá -las no aeroporto.

Mas nã o adiantaria lamentar-se. Em poucos dias, uma semana no má ximo, precisaria achar um lugar para viver com Emma. Só assim ficaria livre dos Pemberton.  

— Alô! — disse Lucy assim que os viu. — Você ainda está aqui, Robert? — Havia um tom de reprovaç ã o em sua voz, — Pensei que seu encontro estava marcado para as sete e meia. Já passa disso, nã o sabe? .

Robert pegou o cigarro que estava fumando e o amassou cuidadosamente no cinzeiro.

— Nã o se preocupe, mamã e — disse, reassumindo completamente o controle outra vez.

— Nã o sei se Pamela concordaria com você, querido. — O ar de reprovaç ã o havia desaparecido e ela olhou casualmente na direç ã o de Julie. — Você precisa conhecer Pamela, Julie. Pamela Hillingdon. Você já deve ter ouvido falar da famí lia dela. Ela e Robert se casarã o na primavera.

Julie procurou nã o demonstrar surpresa diante das novidades.

— De fato, mas nã o sei se terei oportunidade de conhecê -la. Nó s duas freqü entamos ambientes diferentes.

Robert estava se encaminhando para a porta, mas, ao ouvi-la, voltou-se abruptamente, encarando-a.

— Eu nã o estou entendendo o que você quer dizer com isso, Julie — afirmou calmamente, enquanto sua mã e, erguia as sobrancelhas, desconcertada.

Julie sentiu-se ruborizada, a despeito de seus esforç os para parecer calma.

— Eu acho que é ó bvio — ponderou. — Eu quero dizer que Emma e eu nã o podemos morar aqui. Nestes pró ximos dias pretendo procurar um emprego e um lugar onde Emma e eu possamos viver,

— O quê? — Lucy colocou a mã o no rosto e afundou-se fracamente na poltrona mais pró xima. — Oh, Julie, você nã o, pode estar falando sé rio!

— Nã o importa se ela quer uma coisa ou outra — retrucou Robert. — Ela ainda nã o foi bem informada sobre os verdadeiros fatos.

— Que fatos? — Julie esfregava as mã os, apreensiva.

Lucy voltou-se para seu filho.

— Você nã o lhe disse?

— Nã o tive oportunidade. — Robert passou a mã o pelos cabelos escuros, muito perturbado.

Julie virou a cabeç a para nã o ter que enfrentar o brilho frio daqueles, olhos cinzentos.

— Você poderia me dizer o que é que eu nã o estou sabendo? — Julie se perguntava quanto suas pernas ainda a agü entariam.  

— Existe alguma razã o que me impeç a de agir como quiser? — perguntou. — Porque, se houver, eu lutarei contra ela.

— Oh, Julie, por favor! — Lucy se abanava com uma das mã os.

— Nã o complique as coisas! Nó s só queremos o melhor para você e Emma.

Robert ergueu bruscamente o punho da camisa para ver as horas em seu enorme reló gio de ouro.

— Nã o se atrase em seu encontro por minha causa. Diga apenas o que tem a dizer e vá embora!

Os olhos de Robert brilhavam. Ela sabia que, se estivessem ambos sozinhos, ocorreriam coisas das quais se arrependeriam mais tarde.

— Michael deixou um testamento — disse afinal.

— Eu sei disso. Ele deixou sua parte na companhia para a famí lia. E daí? Eu nã o preciso de nada.

— Nã o diga bobagens! — Robert perdeu o controle e, voltando-se, serviu-se de outro drinque cuja metade bebeu em seguida sob o olhar de reprovaç ã o de sua mã e.

— Nã o poderí amos manter a calma? — perguntou Lucy, com os lá bios semicerrados.

Robert estava de frente outra vez, copo na mã o.

— Muito bem, eu vou tentar ser breve. Michael deixou sua parte na companhia para nossa famí lia para que seja mantida até Emma completar 21 anos. Até lá, ela foi deixada sob minha guarda.

— Nã o! — exclamou Julie, incré dula.

— Sim — respondeu Robert, inflexí vel. — Eu gostaria de avisá -la de que nã o adianta lutar contra isso!

Julie procurou com as mã os um encosto de cadeira atrá s de si onde pudesse apoiar-se. Nã o podia acreditar no que tinha ouvido. Michael nã o poderia ter feito semelhante pedido. Nã o, nã o em plena consciencia... !

Ela fechou os olhos. Sentiu-se fraca e ainda ouviu Lucy dizer:

— Pelos cé us, Robert, ela vai desmaiar! — As mã os fortes de Robert colocaram-na com absoluta firmeza em uma poltrona. A sensaç ã o de desfalecimento foi passando. Quando abriu os olhos, Robert colocou-lhe nas mã os um copo contendo um lí quido escuro.

— Beba isso — aconselhou —, vai fazer você se sentir melhor.

A respiraç ã o de Julie estava fraca.

— Nada me fará sentir sentir melhor — respondeu infantilmente. Leve Isso embora!  

Robert ignorou-a, apertando o copo em suas mã os de tal maneira que ela se viu forç ada a pegá -lo ou derrubar o lí quido sobre a roupa.

— Nã o seja tola! — disse friamente.

Julie olhava para o copo sem conseguir distingui-lo. Tremia violentamente enquanto seus pensamentos voavam em cí rculos, tentando provar para si pró pria que tudo aquilo era impossí vel.

— Você pode ir, Robert. — Lucy estava um pouco agitada, agora.

— Eu posso cuidar disso.

— Pode mesmo? — Robert mostrava-se cé tico.

— Naturalmente. Julie pode entender sua situaç ã o, como viú va de Michael...

— Oh, parem de falar de mim como se eu nã o estivesse aqui! — gritou Julie, debatendo-se na poltrona.

— Nã o seja dramá tica. Lucy Pemberton estava começ ando a ficar impaciente. — Meu filho teve o bom senso de indicar o irmã o, no caso de vir a lhe acontecer alguma coisa, para criar sua filha. É a pessoa mais indicada.

— Mas eu sou mã e dela! — protestou Julie.

— Sim, e sem nó s o que você poderia lhe dar? — Lucy suspirou.

— Você nunca teve nada...

— Dinheiro nã o é tudo! — gritou Julie, cravando as unhas na poltrona.

— Eu nã o mencionei dinheiro.

— Mas era o que estava querendo dizer, nã o?

— Existem outras qualificaç õ es.

— O que você está insinuando? —, Julie prendeu a respiraç ã o.

— Oh, pelo amor de Deus! — Robert esfregava a mã o na nuca, arrumando o cabelo que lhe cobria o colarinho. — Vamos parar com esta discussã o! Nã o interessa o que levou Michael a tomar esta decisã o. Ela já está tomada e só nos resta cumpri-la da melhor maneira possí vel. — Ele suspirou. — Você pode acreditar que minha mã e lhe escreveu para tornar as coisas mais fá ceis para você, mas acredite, querendo ou nã o, o testamento existe e será cumprido sejam quais forem as circunstâ ncias.

Julie engoliu em seco.

— Eu poderia contestá -lo.

— Poderia — Robert concordou secamente — mas como meu irmã o estabeleceu que você també m será beneficiada, acredito que dificilmente algum advogado aceitaria o caso. — Fazendo um gesto impaciente, acrescentou: — O que é que voce tem para contestar?  

 

 

Julie movia sua cabeç a lentamente de um lado para o outro.

— Deve haver algum jeito — disse, com voz trê mula. — Eu nã o posso ser forç ada a viver aqui.

— Concordo. Você pode morar onde quiser. Mas se quiser permanecer com Emma, entã o terá que fazer o que eu quero que você faç a.

— E o que é? — Julie crispou os lá bios.

— Que permaneç a aqui até que a casa que eu comprei no campo esteja pronta e, entã o, irá morar lá com Emma e uma jovem governanta que eu já contratei para ela.

Julie estava perplexa.

— Você quer dizer que já comprou esta casa e empregou esta mulher, certo de que eu iria consentir?

Robert fez que sim com a cabeç a.

— Com o consentimento do testamento de Michael, Julie.

— E você? Vai casar-se em breve. Como poderá cuidar de Emma?

— Até meu casamento, pretendo passar a maioria dos fins de semana com ela. Mais tarde, sem dú vida podemos, acertar como serã o as fé rias e os fins de semana. Eu nã o estou deixando de ser razoá vel. Você ainda tem sua filha.

Julie gritou, enraivecida:

— Quando você deixar! Nã o é? E o que acontecerá se sua noiva, essa Pamela, nã o gostar da idé ia?

— Pamela já sabe desse compromisso de Robert — explicou Lucy complacente. — Sinceramente, Julie, você está se comportando de uma maneira muito ingrata. Quem a visse teria a impressã o de que Robert está prestes a raptar Emma e privar você de qualquer possibilidade de acesso a sua filha. Eu acho que ele está sendo o mais generoso possí vel.

Julie sacudiu a cabeç a. Ela nã o conseguia admitir o que estava ocorrendo e um sentimento de desprezo começ ou a tomar conta de seu coraç ã o. Ela estava amarrada pelas mã os e pelos pé s e Michael era o responsá vel. Mas por quê? Por que ele fizera isso? Certamente era o primeiro a admitir que ela nã o toleraria sentir-se controlada por Robert...

De repente o telefone começ ou a tocar. O ruí do estridente interrompeu o silê nCio que havia se abatido sobre o ambiente. Robert hesitou um momento e entã o atravessou a sala rapidamente, atendendo ao telefone.  

Julie virou o rosto no mesmo instante em que Halbird entrou na sala, vindo da cozinha, com um avental branco enorme cobrindo-lhe as calç as e o colete escuro.

Ao ver Robert ao telefone, dirigiu-se a Lucy.

— O jantar está pronto, senhora. Posso começ ar a servir?

Lucy levantou-se, imponente.

-— Obrigada, Halbird. Estaremos prontos em cinco minutos.

— Sim, senhora. — Halbird desapareceu outra vez e quanto Lucy voltou-se resignadamente para Julie.

— Você já deve ter percebido que Robert jantará fora esta noite — disse em voz baixa. — Espero que possamos jantar sem mais melodramas.

— Você nunca quis que eu me casasse Com Robert. E agora conseguiu o controle da vida de Emma també m.

— Você estava decidida a casar com algué m desta famí lia — Lucy disse, de estalo. Todos os vestí gios de tolerâ ncia haviam desaparecido — Você nã o conseguiu Robert e por isso teve que se contentar com MichaeL.

Julie abriu a boca, horrorizada, e, sem dizer uma só palavra, passou por sua sogra, desaparecendo rumo a seu quarto.

Na tranqü ilidade do aposento tentou se recompor. Percebeu que precisava de tempo. Tempo para esquecer aquilo tudo; para ajustar-se à s circunstâ ncias; para tentar salvar o que restava de suas espe-ranç as destruí das. Se procedesse agora de uma maneira idiota, poderia perder todas as chances de ter uma vida normal ao lado de Emma. Estava para começ ar a preparar-se para tomar um banho quando a porta de seu quarto se abriu sem nenhum aviso e Robert apareceu na soleira.

— Que diabo você pensa que está fazendo? — perguntou grosseiramente.

— Halbird está esperando para servir o jantar e eu tenho que sair.

Julie segurou as duas partes do vestido já aberto.

— Deixe sua mã e jantar. Eu nã o conseguiria comer coisa alguma.

— Pelo amor de Deus, Julie, seja razoá vel. — Robert esfregou as mã os na nuca como se ela estivesse doendo. — Estou tentando ter paciê ncia. Estou pedindo, nã o ordenando, mas pedindo para você ir jantar com minha mã e e tentar proceder como se nada disso tivesse acontecido.  

Julie permaneceu como estava. Ela nã o poderia permitir que ele a intimidasse. Nã o poderia deixar que isso acontecesse.

— Eu nã o sei ainda. Talvez tenha que aceitar seus planos para Emma, mas nã o pretendo ficar dependendo de você.

Robert suspirou.

— Mas o que você fará?

— Arrumarei um emprego. Se você contratou uma governanta para cuidar de Emma, minha presenç a será desnecessá ria, pelo menos uma parte do dia. O que você quer que eu faç a, Robert? Que cruze os braç os?

— Eu só quero que você aja como a viú va de Michael Pemberton agiria; com respeito e decoro. — Robert concentrou o o olhar nela. — O que você tem feito todos esses anos na Malá sia? Como preenhia seus dias?

Julie parecia incomodada.

— Mas lá era diferente. Eu tinha um lar. Tinha uma famí lia e um marido para cuidar. — Ela ficou de lado, incapaz de enfrentar aqueles penetrantes olhos cinzentos.

— Você ainda tem uma famí lia — murmurou Robert, ainda á spero. E entã o, mais doce: — Por Deus, Julie, como você está magra. Há quanto tempo nã o come uma boa refeiç ã o?

Julie percebeu que seu vestido estava aberto, e com certo embaraç o disse-lhe:

— Você poderia fazer o favor de se retirar e me deixar sozinha? Eu estou cansada e gostaria de repousar.

— Julie... — ele ia dizer alguma coisa, quando foi interrompido por um ruí do. Olhando por trá s de Robert, Julie viu sua sogra parada na porta.

— Robert! — Lucy exclamou, contrariada. — Você ainda está aqui? Eu pensei que você já tinha ido. Só passei para ver o que Julie... estava... — Mudou o tom de voz quando tomou conhecimento de como Julie estava vestida. — Cé us, o que está acontecendo aqui?

— Nã o está acontecendo nada aqui! -gritou Julie, incapaz de controlar-se por mais tempo. — Você s poderiam sair? Os dois? Nã o tenho fome e estou cansada. Só quero ficar sozinha.

Robert girou nos calcanhares e deixou o quarto.

— Estou indo agora — disse para a mã e. — Boa noite.  

— Boa noite, querido. — Lucy acompanhou-o com o olhar enquanto caminhava pelo corredor. Assim que ouviu o ruí do da porta da rua se fechando, voltou-se para Julie. — Acredito que você nã o virá jantar comigo.

— Isso mesmo. — Julie sentiu-se fatigada. — É muito, pedir para ficar sozinha?

Lucy sacudiu os ombros, indiferente.

— Claro que nã o. Mas você nã o está pensando que eu sou uma idiota nã o é, Julie?

— O que você está querendo dizer?

Lucy mediu-a dos pé s à cabeç a, insolentemente.

— Preciso explicar? — perguntou com frieza. — Recebendo Robert nesses trajes?

Julie quase perdeu a voz.

— Eu nã o estava recebendo Robert! — negou, veemente. — Eu... foi ele quem entrou de repente!

— Acho que nã o. Meu filho é educado o suficiente para nã o entrar sem se anunciar no quarto de uma jovem.

— Vá embora, por favor!

Lucy hesitou durante um breve momento e saiu sem dizer uma só palavra.

Julie apressou-se em fechar a porta.

— Oh, Deus, como irei suportar isso? — murmurou.  

 



  

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