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CAPÍTULO VI



 

Logo que Julie chegou ao apartamento, ouviu uma voz de mulher. Isso fez seu coraç ã o acelerar. Certamente Lucy estava de volta e devia estar esperando alguma explicaç ã o de Julie.

Endireitou a jaqueta e abriu a porta da sala. Para sua surpresa, nã o era a sogra que estava ali, mas uma mulher jovem que a olhou com curiosidade. Robert estava parado de pé, sombrio, com as mã os atrá s das costas, perto das grandes janelas.

— Boa tarde Julie — disse Robert friamente. — Estou contente por você afinal ter resolvido voltar. A srta. Lawson e eu estamos esperando você há quase uma hora.

Ela procurou manter a compostura, pelo menos na frente da srta. Lawson, e acabou fazendo um gesto confuso.

— É mesmo? Desculpe-me, mas por que é que você s estã o me esperando?

O controle de Robert era algo magní fico, mas em seus olhos brilhava algo muito mais malé volo do que mera irritaç ã o.

— A srta. Lawson é a governanta que contratei para Emma — disse, com os olhos fixos nos dela.

Julie sentiu por dentro uma pontada de medo. Desviou os olhos do cunhado e tentou concentrar-se na jovem sentada no sofá. Sua beleza nã o era impressionante, mas tinha uma aparê ncia atraente.

Estava fitando Julie com um olhar avaliador, o que fez com que ela se sentisse um pouco aborrecida. Finalmente percebeu que estava se deixando influenciar pela atitude de Robert. Com um jeito bem amigá vel, disse:

— Perdoe-mepor nã o estar aqui para recebê -la, srta. Lawson. Estendeu a mã o, que a jovem pegou languidamente. — Eu sou

Julie Pemberton, mã e de Emma.

Robert cruzou os braç os. Parecia maior e mais forte do que nunca, principalmente se comparado com o tipo fí sico de Francis.

— Nã o será necessá rio que a srta. Lawson conheç a Emma hoje. Meu objetivo em promover este encontro era o de você conhecer a srta. Lawson e ouvir as suas sugestõ es com relaç ã o à educaç ã o de Emma.

— Eu nã o estava a par de que haví amos tomado alguma decisã o sobre a educaç ã o de Emma — observou, com ar indiferente.

A expressã o de Robert ficou sombria.  

— Ao contrá rio, já está tudo arranjado. A srta. Lawson irá morar com você na semana seguinte à sua mudanç a. Nã o vejo nisso nenhum problema ou seja lá o que for.

— Acho que a gente poderia discutir isso melhor — disse Julie, tentando ser conciliató ria.

— Nã o há nada a discutir. — Seus olhos brilharam.

— Nã o concordo. — Julie dirigiu-se à srta. Lawson com um sorriso fraco. — Eu nã o tenho dú vidas de que a srta. Lawson é uma excelente governanta, mas preferiria ver Emma junto com as outras crianç as durante o dia.

— Nã o pretendo discutir nada com você, Julie. — Robert deixou cair os braç os. — Como já disse, trouxe a srta. Lawson até aqui para que você s se conhecessem.

Julie estava furiosa, mas mesmo assim voltou-se para a srta. Lawson e disse:

— A senhorita já tomou chá? Gostaria de uma xí cara?

— Sim, obrigada.

— Julie encaminhou-se rapidamente para a porta, indicando que a governanta podia sentar-se novamente. No corredor que ia da sala à cozinha Robert a alcanç ou e agarrou com forç a seu pulso, apertando-o como um torno.

— Um minuto! — exclamou selvagemente. — Onde você esteve até agora? Você nã o sabe que já passa das trê s e meia?

Julie olhou-o, indignada. O corredor era mais estreito nesse ponto e, agarrada pelo pulso como estava, foi obrigada a ficar face a face com ele, o mais perto que tinha ficado desde que chegara da Malá sia.

Os dedos que apertavam seu pulso eram frios e duros, mas o ó dio que ela via claramente nos olhos dele era qualquer coisa, menos frio. Robert estava pegando fogo, como se tivesse febre.

— Você nã o é o meu tutor, Robert.

— Eu nã o disse que era. Perguntei onde você esteve.

— Fui almoç ar fora.

— Eu sei disso. Quero saber com quem. — Robert apertou seus dedos. — Você quer que eu quebre seu pulso?

— Você nã o ousaria!

— Experimente duvidar de mim! — Os olhos faiscantes de Robert davam mostras de sua determinaç ã o.

Julie sentiu um aperto na garganta.

— Seu... seu bruto! — Ela praticamente esbofeteou-o com essas palavras. — Se você quer saber, eu fui almoç ar com Francis!  

— Francis? Francis o quê?

— Francis HiIlingdon. Agora você poderia soltar meu braç o?

— Francis Hillingdon! — Robert estava obviamente aturdido, mas soltou o pulso dela. — O pai de Pamela?

— Exatamente— respondeu Julie sarcasticamente. — Deixe-me ir!

— Por que você tinha de ir almoç ar com ele? Você mal o conhece.

— Bem, agora eu o conheç o um pouco mais.

— Sua vagabunda! — Robert encarava-a com uma expressã o de transtorno estampada no rosto. — Como você arranjou para ir almoç ar com Francis?

— Ele me convidou — respondeu Julie. — E o que você está pensando? Nã o houve nada de errado. Ele me telefonou hoje de manhã convidando-me para almoç ar. É tudo. — Riu nervosamente, apreensiva com a expressã o estampada nos olhos dele. — Agora pare com isso, Robert. Nó s estamos perdendo tempo. A srta. Lawson está esperando seu chá.

— Para os diabos com o chá da srta. Lawson!

— Pare com isso, Robert. — Julie debateu-se inutilmente e tanto fez que alguns botõ es de seu casaco se abriram, fazendo com que ela tentasse manter o decote fechado.

Os olhos de Robert passeavam pela abertura de maneira insolente.

— Você está vestindo alguma coisa sob este casaco? — perguntou com vulgaridade.

— Robert, por favor — disse de novo, debilmente desta vez, seus sentidos embotados pela sensualidade dele. O odor masculino dele invadia suas narinas; o calor do corpo de Robert invadia o seu. Ele escorregou a outra mã o que estava livre pelos ombros dela, agarrando seus cabelos e forç ando-a a encará -lo, a enfrentar aquele rosto transtornado.

— Diga-me — murmurou de forma terrí vel, e ela sentiu que estava tentando torturar-se, que à ví tima era ele pró prio, nã o ela. — Diga-me, Julie, como se sentiu casada com Michael? Como podia deixar que ele a tocasse? Como podia ficar abraç ada com ele, deixá -lo fazer amor com você, sabendo que nã o o amava?

Julie tentava mover a cabeç a, tentava mexer-se de um lado para o outro, mas seu rosto estava comprimido contra o peito de Robert e ela mal podia respirar.  

 Afrouxando seu casaco, conseguiu colocar a mã o contra o peito dele, tentando fazer com que se afastasse. Mas, em vez disso, seus dedos escorregaram pelo tecido macio da camisa dele. Com esforç o, acabou com dois dedos entre os botõ es da camisa, tocando seu peito peludo.

— Meu Deus! — Julie o ouviu gemer antes de colar sua boca na dela, fazendo, com uma insistê ncia bruta, com que ela abrisse os lá bios. Seu beijo foi selvagem, violento, apaixonado e demonstrando um certo desprezo, Ela aproveitou para agarrá -lo pelos cabelos; mas ele, em vez de se afastar, enfiou os braç os sob o casaco, dela, enlaç ando-a pela cintura. O beijo tomou-se mais profundo, mais faminto, mais í ntimo, o que deixou Julie fraca e indefesa. Robert era o ú nico homem capaz de reduzir sua resistê ncia a zero.

Quando afinal ele a deixou afastar-se, Julie cambaleou um pouco, incapaz de controlar-se. Robert estava pá lido, esfregando as costas da mã o na boca com desagrado, com uma expressã o mais terrí vel do que nunca.

— Sua, egoí sta! — exclamou, agressivo. — Você nã o mudou nem um pouco, nã o é? Você nã o se importa em machucar algué m?

Julie abotoou á blusa com os dedos trê mulos, sentindo que sua momentâ nea fraqueza se desvanecia diante da raiva dele.

— Eu nã o lhe pedi que me tocasse! — disse na defensiva, mas sabendo que tudo que fazia, fosse o que fosse, a desgraç ava cada vez mais diante de Robert.

Ele cerrou os dentes. Sem dizer uma palavra, passou por ela quase a empurrando e desaparecendo em seu quarto. Julie permaneceu no mesmo lugar, sentindo-se trê mula. Entã o dirigiu-se à cozinha e, num tom surpreendentemente calmo, disse:

— Halbird, poderia preparar chá para trê s, por favor?

Julie bem que preferia ir para seu quarto antes de voltar para a sala, mas a srta. Lawson já havia sido deixada sozinha por um bom tempo e ela nã o queria que a govemanta desconfiasse do que havia ocorrido. Mesmo assim, tinha plena consciê ncia de que seu rosto estava vermelho e que seu batom devia ter saí do todo.  

 Por um momento sentiu uma vontade imensa de entrar no quarto de Robert, bem ali a seu lado, mas logo forç ou-se a ser razoá vel. A srta. Lawson estava sentada no sofá, fumando, e quando Julie entrou na sala parecia um pouco impaciente.

— Oh, desculpe-me pelo atraso, mais uma vez — disse Julie. — Eu... eu pedi que servissem chá. Nã o gostaria de me falar um pouco sobre você enquanto esperamos?

A jovem dirigiu-lhe um olhar um tanto hostil que deixou Julie desconcertada.

— Devo entender entã o que serei a governanta de Emma?

Julie sentou-se em frente à garota.

— Vamos dizer, por enquanto, que eu aceito a situaç ã o.

A srta. Lawson ergueu as sobrancelhas.

— Mas o meu patrã o é o sr. Pemberton, nã o?

— Indiretamente, sim. — Julie suspirou. — Olhe, srta. Lawson, iremos morar juntas. Acho razoá vel que tentemos ao menos nos conhecer um pouco, nã o? — Tentando dar um tom amigá vel, prosseguiu:

— E agora, qual é seu nome, seu primeiro nome? Eu nã o posso chamá -la de srta. Lawson o tempo todo.

— Sandra — respondeu. — Mas eu preferia permanecer srta. Lawson na frente de Emma. Intimidade nã o é muito bom para a disciplina, nã o acha?

Julie tentou fazer com que seu sorriso nã o desaparecesse por inteiro.

— Eu nã o acho que você necessite de muita disciplina com uma crianç a de cinco anos, senhorita... quero dizer, Sandra. Alé m disso, Emma nã o é esse tipo de crianç a.

Halbird aliviou a tensã o quando entrou empurrando o carrinho de chá. Julie tomou um pouco de chá, mas nã o comeu nada. A idé ia de comer naquele momento lhe pareceu repugnante. Sandra Lawson, ao contrá rio, serviu-se bem. Comeu com vontade, o que fez Julie pensar, impiedosamente, que se nã o tomasse cuidado ela ia acabar engordando. Só sua altura a salvava de ser obesa. Ela já estava tomando sua terceira xí cara de chá quando Robert reapareceu.  

 Ele estava recomposto e pelo seu cabelo Julie percebeu que havia tomado um banho. Vestido à vontade e com uma aparê ncia descontraí da, Julie achava difí cil acreditar que há apenas alguns minutos ele havia perdido o controle e avanç ado apaixonadamente sobre ela.

Sandra Lawson pareceu sentir-se aliviada aq vê -lo outra vez. Ela lhe sorriu e, embora os mú sculos do rosto de Robert ainda estivessem tensos. havia algo doce e suave nele enquanto olhava para ela.

Voltando-se para Julie seu comportamento sofreu uma mudanç a brusca, — Bem, está tudo arranjado?

— Eu tenho algo a ver com isso?

— Julie! — Sua voz agora era selvagem e ela percebeu que ele nã o estava tã o indiferente quanto parecia.

Julie estremeceu.

— Oh, muito bem. Faç a o que quiser; minha presenç a parece puramente acidental

Robert olhou-a como se fosse dizer mais alguma coisa, mas o ruí do de uma porta se abrindo fez com que se voltasse, irritado.

Emma entrou na sala. Parou assim que viu Sandra Lawson e olhou curiosa para sua mae.

Julie curvou-se e agarrou-a.

— Oi, querida, teve um bom dia?

— Oh! Foi ó timo, mamã e! — Emma estava exultante. Soltando-se de sua mã e, correu para Robert, pegando-lhe o braç o com as duas mã os e apertando-o, excitada. — Nó s vimos absolutamente tudo, tio Robert, e vovó comprou sorvete, Coca-cola e um montã o de doces!

— Vimos alguns pô neis també m e você sabe o que vovó disse? Que eu ganharei um pô nei quando mudar para o campo. Vou mesmo? Você vai me comprar um, tio Robert?

— Emma! — Julie estava aborrecida e Lucy, que havia acabado de entrar na sala e no momento guardava as luvas na bolsa, disse:

— Nã o agora, Emma, nã o agora!

Estava irritada. Entã o, ao ver Sandra Lawson, sua expressã o tornou-se amigá vel.

— Sandra! Sandra, minha cara. Eu nã o sabia que você viria aqui hoje ou faria questã o de ficar em casa.  

 — A srta. Lawson nã o estava a par do que haví amos combinado até hoje de manhã, quando lhe telefonei! — Robert observou enquanto ajudava Emma a tirar seu casaco. Voltando-se para a crianç a, disse:

— A srta. Lawson será sua governanta. Você sabe o que é uma governanta?

— É como uma ama?

— Nã o, uma ama é uma espé cie de babá. Uma governanta é como uma professora. Ela vai lhe dar aulas. Emma ficou ansiosa.

— Na escola?

— Nã o. Nã o na escola. — Robert agachou-se de maneira que pudesse ficar frente a frente com ela. — A srta. Lawson vai morar com você e mamã e em Thorpe Hulme.

Emma olhou para sua mã e, tentando obter uma confirmaç ã o, e Julie sentiu um aperto no coraç ã o pela menina.

— Mas mamã e disse que quando vié ssemos para a Inglaterra eu poderia ir para uma escola de verdade! — protestou.

— Bem, mamã e estava errada — respondeu abruptamente Robert, erguendo-se outra vez.

— Mas, por quê? — Emma nã o era do tipo que se deixasse levar. Ela puxou Robert pela camisa. — Venha aqui, tio Robert.

— O que é agora?

Emma colocou os braç os em seus ombros e passava a mã o em sua orelha.

— Por que eu nã o posso ir para a escola?

Robert suspirou e Lucy fez um muxoxo enquanto abria a tampa do bule de chá e examinava o seu conteú do.

— Pare de fazer perguntas bobas, Emma. Tio Robert sabe o que é melhor para você.

Robert colocou suas mã os na cinturinha de Emma e quando se ergueu ela estava em seus braç os, enlaç ando-o pelo pescoç o como se ele lhe pertencesse. Vendo-os juntos, Julie imaginou se Emma nã o teria achado Robert uma imitaç ã o de Michael. Ou seria algo mais do que isso? Certamente Robert teve muita paciê ncia com ela e Emma reagiu a isso.

— Ponha-a no chã o, Robert. Ela nã o é um bebê! — disse Lucy com irritaç ã o, mas Robert nã o deu ouvidos. Em vez disso, continuou a falar com Emma que gargalhava, escondendo o rosto em seu pescoç o.

Julie nã o podia ficar ali, olhando para eles. Era uma experiê ncia dolorosa.

— Se me derem licenç a... — começ ou, mas Lucy interrompeu:

— Você e Sandra já se conhecem?

Julie suspirou.  

— Sim, um pouco — admitiu.

— Sandra é uma velha amiga de Pamela — prosseguiu — Freqü entaram a escola juntas. Sandra optou por cuidar de crianç as em vez de casar-se. Estou certa de que você a achará eficiente.

— Estou certa que sim. — Julie cerrou os punhos. Ela devia saber que havia na atitude daquela jovem mais desaprovaç ã o do que simplesmente antipatia. Sem dú vida, ela havia sido colocada como resonsá vel pela casa para se tomar um cã o de guarda, uma espé cie de carcereira! Julie queria gritar. O que eles pensavam que era? O que esperavam que ela pudesse fazer? Respirando fundo, olhou para Emma, que ainda estava nos braç os de Robert.

— Vamos, querida, voce precisa de um banho antes de lanchar.

Emma agarrou-se a Robert da maneira que as crianç as fazem quando sã o obrigadas a alguma coisa que nã o querem, o que foi a gota d'á gua para Julie. Pegando as luvas e a bolsa, dirigiu-se para seu quarto, fechando a porta firmemente atrá s de si antes que suas emoç õ es a fizessem parecer ainda mais tola do que tinha sido.

Mais tarde, naquela mesma noite, Julie jantou com sua sogra. Robert havia saí do para levar Sandra Lawson em casa e, aparentemente, seguira direto para Orpington, ver Pamela. Emma dormia.

Julie estava preocupada com a filha. Ela havia comido pouco e reclamara de dor de cabeç a.

As duas estavam na sala, assistindo televisã o, quando Emma começ ou a tossir, depois a sufocar-se e, finalmente, a chorar alto. Julie ergueu-se na poltrona e correu para o quarto de Emma, seguida de perto pela sogra. Emma tinha ficado enjoada e vomitado muito. Sua cama estava toda suja. A crianç a estava pá lida e chorosa, apertando a boca com os dedos, envergonhada pelo que havia feito.

— Oh, Emma! — Julie sacudiu a cabeç a consternada, mas Lucy estava horrorizada.

— Sua menina nojenta — exclamou Lucy, torcendo o nariz, desgostosa. — Oh, que menina nojenta! Por que nã o foi ao banheiro?

Emma começ ou a chorar ainda mais e Julie voltou-se para a sogra, furiosa.  

— B tudo o que tem para dizer? perguntou, enraivecida: — Nã o está vendo como ela está apavorada e confusa? Você sabe como as crianç as detestam vomitar!

Lucy colocou uma das mã os na garganta.

— Nã o é isso! Se ela sabia que ia vomitar, devia ter corrido para o banheiro. Olhe só o carpete! A roupa de cama! Está tudo estragado.

— Nã o seja ridí cula! — retrucou Julie. — Serã o limpos. Alé m do mais, é culpa sua. Entupindo-a com sorvetes, refrigerantes e doces o dia todo!

— Eu nã o sabia que isso poderia acontecer! — disse Lucy, conservando um certo desagrado com relaç ã o a Emma.

— O que está havendo aqui?

A voz brusca e masculina serviu como um jato de á gua fria nas duas e Julie virou-se, defensiva, preparada para atacar Robert també m se fosse necessá rio. Mas Robert simplesmente afastou-se e foi olhar o quarto de Emma por conta pró pria.

— Oh, Emma! — exclamou enquanto avanç ava para ela. — O que aconteceu aqui? Alguem vomitou em sua cama? — Sua voz se tornou suave enquanto ele olhava em redor, detendo-se afinal em um ursinho com o qual Emma costumava brincar. — Quem foi? Teddy? Ou foi aquela boneca boba sentada na cadeira?

Emma saltou da cama e foi na direç ã o dele, sem se preocupar com o fato de que estava molhada e grudenta, agarrando-se em suas pernas.

— Foi... foi Teddy — disse, aos soluç os. — Ele comeu muitos doces hoje.

— Ah, foi ele? — Robert acariciou aqueles cabelos pretos e embaraç ados.

— Robert, por favor, pare de agradar essa crianç a — disse Lucv.

— Você nã o está vendo? Ela está molhando suas calç as!

Ignorando os apelos de sua mã e, Robert disse-lhe:

— Vá chamar Halbird, diga-lhe que quero vê -lo. E diga para ele trazer alguns baldes de á gua quente, desinfetantes e alguns panos limpos.

Lucy hesitou, mas diante do endurecimento da expressã o de Robert murmurou algo pouco lisonjeiro e se foi. Julie estava apoiada no umbral da porta, abalada com a discussã o que teve com Lucy.

Robert retirou os dedos de Emma de sua calç a e olhou para ela, um sorriso esquisito nos lá bios.  

— Oh, vamos! — disse. — Vamos, que você vai se lavar.

Julie seguiu-os em direç ã o à s luzes suaves e coloridas do banheiro. Robert começ ou a encher a banheira com á gua quente, adicionando uma generosa quantidade de sais de banho, o que deixou o ar perfumado; entã o, tirou o pijama de Emma e colocou-a no meio da espuma.

Com o cabelo molhado e preso no alto da cabeç a com uma fita elá stica. Emma estava adorá vel e Julie observou-os. Robert estava ajoelhado ao lado da banheira. Ele hayia tirado seu casaco de pê lo de carneiro e parecia nã o ligar para suas calç as molhadas.

Halbird chegou-se à porta do banheiro. Piscou para Emma e perguntou:

— Devo começ ar a limpar, senhor?

Robert voltou-se e sorriu. Era a primeira vez que Julie via seu rosto com uma expressã o tã o relaxada e que o deixava perturbadoramente atraente.

— Se você puder, Halbird — respondeu, — Eu lhe darei uma mã o assim que acabar aqui.

— Eu ajudo você, Halbird — disse Julie.

— Nã o. — Robert levantou-se. — Eu ajudo. — Olhou para Emma — Mamã e vai tirar você daí e enxugá -la — disse. — Eu virei vê -la quando estiver deitada, esta bem?

— Ela pode dormir comigo — disse Julie, mas Robert fez que nã o com a cabeç a, outra vez.

— Ela pode ficar com minha cama — disse ele, enquanto enxugava as mã os em uma toalha felpuda — Apenas esta noite, enquanto seu quarto é seco e arejado. Eu posso dormir no sofá da sala.

Halbird se retirara a fim de iniciar a limpeza e Julie fez um gesto de desamparo

— Você nã o precisa fazer isso, Robert. Nã o é necessá rio.

A expressã o de Robert ficou sombria.

— E o que você sugere? Devo ir compartilhar de sua cama? Nã o me pressione muito, Julie, ou poderei fazer exatamente isso, o que nã o traria nenhum bem para nó s, traria?  

 



  

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