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CAPÍTULO V
Julie levou um bom tempo preparando-se para o jantar. Entre as roupas que Lucy lhe enviou, havia um vestido de veludo turquesa, macio e carí ssimo, debruado com uma pele clara, que ela suspeitou ser mink. Prendeu os cabelos, deixando apenas algumas mechas prateadas caindo sobre o rosto e a nuca. Sentiu que nunca tinha usado algo mais adequado e isso lhe deu um sentimento de seguranç a. Bem que precisava disso. Assim que saiu para o corredor, ouviu vozes vindas da sala e percebeu que os convidados de Robert já haviam chegado. Ouviu també m a voz de Emma. Lucy havia sugerido que a crianç a ficasse acordada para conhecer a noiva de Robert, e Julie, muito a contra-gosto, concordou. Mas insistiu para que Emma vestisse seu pijama e estivesse pronta para dormir assim que as apresentaç õ es fossem feitas. Foi preciso uma boa dose de coragem para abrir a porta e entrar na sala. Assim que o fez, as conversas cessaram e todos os olhares voltaram-se para ela. Lucy foi a primeira a falar. — Oh, Julie! Está vamos esperando por você. Entre e venha conhecer todo mundo. Julie teve de aceitar que Lucy a tomasse pelo braç o e a conduzisse até o centro da sala. Seus olhos fixaram-se na mulher jovem e alta ao lado de Robert. Pamela Hillingdon nã o era exatamente como Julie a havia imaginado. Sua beleza era, poré m, indiscutí vel. Tinha um ar de suprema autoconfianç a e Julie começ ou a se sentir frá gil diante daquele olhar condescendente. Voltou os olhos para Robert, só brio e má sculo em sua roupa de jantar, e começ ou a sentir uma certa ná usea. Os olhos cinzentos dele estavam quase escondidos sob suas espessas sobrancelhas. Seu rosto nã o trazia expresã o alguma. — Francis, Louise, esta é minha nora, Julie. Julie, estes sã o o pai e a mã e de Pamela. E esta é Pamela. Querida, , esta é Julie! Julie apertou as mã os automaticamente. Os pais de Pamela eram bem mais jovens do que imaginava e Francis Hillingdon a olhava com indisfarç á vel admiraç ã o. Ele até que era um homem atraente, pensou Julie. Mais baixo que Robert, compleiç ã o robusta, cabelos grisalhos e longas costeletas. Quando as apresentaç õ es acabaram, Francis disse: — Acabamos de ser apresentados a sua filha, Julie. Uma senhorita muito charmosa.. Julie retribuiu-lhe o sorriso. Emma gargalhava. — O sr. Hillingdon pensou que o meu pijama e o roupã o fossem uma nova moda para a noite. Julie sorriu. — É mesmo? Espero que você tenha lhe explicado que as senhoritas precisam repousar para manter a beleza. — O que você vai beber, Julie? — Era Robert, frio e indiferente. — Gim tô nica, por favor. — Julie fingiu nã o perceber a expressã o de Lucy, que parecia reprovar o pedido. — Como você está reagindo à sua nova vida aqui, na Inglaterra? — Pamela parecia sentir necessidade de dizer alguma coisa, agora que Robert tinha ido preparar o drinque de Julie. — Deve estar achando bastante frio, nã o? — Louise Hillingdon franziu a testa. — Você morava na Malá sia, nã o é? — É, sim — Julie assentiu. — Oh, muito obrigada. — Pegou o copo que Robert lhe estendia. — Sim, está muito frio. Mas o apartamento tem aquecjmento central, por isso nã o tenho sentido tanto. Louise tomou o que restava de seu drinque e, tirando os ó culos, segurou as pontas de seu vestido negro e aceitou a cadeira que Francis lhe oferecia. Julie tomou uma poltrona para si. Para sua surpresa, Francis sentou-se na cadeira ao lado da sua, deixando Lucy ao lado de Louise. Emma encarapitou-se no braç o da poltrona de Julie e todos começ aram a conversar. Mas, depois de alguns minutos, Julie percebeu que sua filha estava cochilando. Levantando-se, disse: — Vamos, querida. Eu vou colocá -la na cama. Robert e Francis levantaram-se també m e, desculpando-se com um sorriso, Julie disse para Emma despedir-se de sua avó e das outras pessoas e ir depressa para o quarto. Como sempre, a comida estava deliciosa. Francis Hillingdon se portou de maneira divertida e Julie se viu rindo incontrolavelmente enquanto ele falava de uma viagem à Á frica Central. A descriç ã o de suas experiê ncias no aeroporto de Nairó bi fizeram com que até Robert, que estava de cara amarrada, risse. No momento em que voltaram para a sala, para um café, Julie percebeu que o havia adorado. Ele era tã o amigá vel, tã o simples! Embora nem Pamela nem sua mã e tivessem sido abertamente hostis, receberam-na com uma certa reserva, o que fez com que Julie imaginasse o que haveriam dito sobre ela para as duas. Foram servidos drinques novamente e Julie optou por outro gim tô nica. Pamela e Robert dividiam um sofá, enquanto Lucy e Louise pareciam ter milhô es de coisas para conversar. Naturalmente, na qualidade de mã es dos futuros noivos, sempre havia o que discutir sobre o casamento e, assim, Julie se viu a só s com Francis. Nã o que ela se incomodasse. De todos, Francis era o mais fá cil de se conversar. Sentaram-se juntos, falando sobre os livros que tinham lido ultimamente. Como Julie estivera fora de Londres por tanto tempo, Francis parecia disposto a atualizar-lhe a cultura. De vez em quando, Julie sentia o olhar penetrante de Robert sobre ela, mas recusava-se a encará -la. Quando os Hillingdon se foram, Julie sentia-se como se conhecesse Francis há muitos anos. Ficou agradecida a ele por tornar breve e agradá vel uma noite que seria difí cil de passar. Robert acompanhou-os até o carro e, assim que a porta se fechou, Lucy suspirou de felicidade. — Nã o sã o uma famí lia encantadora? — perguntou Lucy, obviamente satisfeita consigo mesma. — Eu quase nã o consegui falar com ningué m, exceto com Francis — respondeu Julie, acomodando-se em uma cadeira. — Francis! — Lucy estava espantada. — Espero que você nã o continue a chamá -lo assim. — Por que nã o? — Bem, minha cara, isso nã o se faz. Você sabe quem ele é? Ele está à frente da Corporaç ã o Hillingdon. Seu pai é sir Arnold Hillingdon. O pai de Pamela herdará seu tí tulo quando ele morrer. — Grande coisa! — Julie nã o estava nem um pouco impressionada. Lucy parecia aborrecida. Esvaziou um cinzeiro em uma lata de lixo. — Eu nã o sabia que você fumava. — Nã o fumo. — Mas hoje você fumou. — Fumo apenas socialmente. — Suspirou. — Posso ir para meu quarto? — Por que nã o? Julie foi irô nica. — Nã o estava certa se tinha permissã o ou nã o. Nisso Robert surgiu na sala. Entrou desabotoando seu paletó e de nariz franzido por causa da fumaç a do cigarro que trazia na boca. De repente, ele parecia igualzinho a Emma: ela també m franzia o nariz. Julie prendeu a respiraç ã o, sentindo sua aproximaç ã o. — Bem? — ele disse friamente, num tom de desafio. — Vejo que você mudou de idé ia. Julie nã o respondeu. Sabia que ele estava se referindo à s roupas. Mas Lucy parecia confusa, e perguntç m: — Mudou de idé ia sobre o quê? Robert fez um gesto nervoso. — Nada. Esqueç a! — Olhou em volta e exclamou: — Que bagunç a! Havia cinzeiros cheios em cima de todas as mesas, copos vazios espalhados, capas de discos encostadas nas pernas das cadeiras, pratos de castanhas e batatas fritas pelas mesinhas. Lucy deu de ombros. — Halbird cuidará disso amanhã bem cedo. — Sem dú vida. — Robert encaminhou-se para o bar para servir-se de outro uí sque. — Você gostaria de outro drinque? — Ele se dirigia a sua mã e, mas Julie resolveu adiantar-se. — Sim, por favor. Você sabe do que eu gosto. Robert nã o disse uma palavra, mas serviu-lhe gim tô nica. — Você bebe demais! — exclamou Lucy duramente, incapaz de controlar-se. — Mas nã o em pú blico — afirmou. — Espero nã o tê -la desagradado esta noite. — Realmente! — Robert tornou seu uí sque de um só gole. — Quanto mais cedo Julie e eu nos afastarmos será melhor — comentou Lucy num tom desagradá vel. Robert encarou-a, pensativo. — Ningué m a está impedindo de voltar para seu pró prio apartamento. Julie sobressaltou-se. Nã o parecia o mesmo Robert de até entã o, falando nesse tom com sua mã e. — O quê? — Lucy parecia horrorizada. — E deixá -lo aqui sozinho com ela? — Por que nã o? — A expressã o de Robert era irô nica — Você acha que isso teria alguma importâ ncia? — É... e claro que tem importâ ncia. — Lucy encarou-o como se tentasse entender o que se passava em sua cabeç a. — Alé m do mais, acho que Pamela nã o gostaria que eu fosse embora. Robert colocou as mã os na nuca como se estivesse cansado. — Por que nã o? Lucy pareceu ressentida. — Nã o seja obtuso, Robert. — Nã o estou sendo obtuso, mamã e. A senhora acredita que, se eu quisesse ir para a cama com Julie, sua presenç a faria diferenç a? — Robert! — Lucy empalideceu. — É a verdade, mamã e. — Mordeu o lá bio. — O fato é que sua presenç a aqui como dama de companhia nã o é nem um pouco necessá ria. Julie era mulher de meu irmã o, por conseguinte sou responsá vel por ela. Mas isso é tudo. Satisfeita? Agora, gostaria de sugerir que todos nó s nos recolhê ssemos. Estou muito cansado. Julie permaneceu de pé, terminando seu gim tô nica. — Você colocou tudo muito bem, Robert — começ ou, irô nica. — Talvez eu devesse esclarecer que a decisã o de você se tornar responsá vel por mim, ou nã o, é inteiramente sua! — Colocou ruidosamente o copo sobre a mesa, ergueu a cabeç a com altivez e deixou a sala. Os dias que se seguiram foram, por comparaç ã o, bem mais calmos. Lucy nã o foi para seu apartamento, como Julie já sabia. Como ambas evitavam se encontrar foram poucas as oportunidades para uma outra confrontaç ã o. Robert també m passou a aparecer menos em casa. Em outras circunstâ ncias, Julie teria perguntado a ele se podia visitar os escritó rios da Companhia Pemberton. Seu antigo chefe, Vincent Harvey talvez ainda trabalhasse para eles e seria agradá vel reencontrá -lo, mas a atitude de Robert nã o a encorajava; o má ximo que sentia por ele era antagonismo e um vago sentimento de submisã o. Apesar de ele ir freqü entemente aos escritó rios, ela nunca foi convidada. Uma manhã o telefone tocou e, como Julie estava sozinha no apartamento, resolveu atendê -lo. Para sua surpresa, era Francis Hillingdon. — Julie? — Sim, sou eu. — Julie passou o telefone de uma mã o para a outra, — É o sr. Hillingdon? — Francis — corrigiu. — Sr. Hillingdon soa como se você me considerasse um velho. Julie sorriu. Francis parecia bem-humorado. — Você está bem? — Sim, obrigada. — Julie olhou para trá s, descobrindo que Halbird estava parado na porta. — Com quem você queria falar? Sinto dizer que Robert está no escritó rio e minha sogra levou Emma ao zooló gico. — Quero falar com você, Julie. — Francis parecia surpreso. — Você quer falar comigo? — repetiu para que o criado pudesse ouvir. Halbird polidamente se retirou. — Sim, gostaria de saber se você está livre para um almoç o hoje. — Para almoç ar? — Julie tentava dominar seus pensamentos. Ela estava repetindo as palavras dele como se fosse um papagaio, o que já estava começ ando a parecer ridí culo. — Mas por quê? Francis riu. — É preciso ter algum motivo? Você nã o consegue aceitar a idé ia de que eu quero almoç ar com você? — Bem, eu nã o sei... — Por quê? Segundo você mesma admitiu, Robert está no escritó rio e Lucy e Emma estã o no zooló gico. O que a impede? A menos que você tenha um compromisso mais importante, e é claro que nesse caso eu lhe envio saudaç õ es e desligo. Julie suspirou. — É que foi inesperado, isso é tudo. — Bem? — Francis aguardava. Julie mordeu o lá bio, afogada por emoç õ es conflitantes. A idé ia de sair para almoç ar com Francis era atraente. Ele era um homem interessante e agradá vel e nã o tinha dú vidas de que iria se divertir a seu lado. Mas havia outras coisas para levar em conta: para começ ar, o que Robert iria pensar? E qual seria a maldosa versã o do caso que Lucy poderia arquitetar? Mas as desagradá veis restriç õ es impostas por sua sogra tinham o poder de estimulá -la a cometer o imperdoá vel crime da desobediê ncia. Julie decidiu-se. — Está bem. Eu adoraria almoç ar com você. Onde podemos nos encontrar? Francis parecia deliciado. — Vou buscá -la no apartamento — sugeriu — Que tal ao meio-dia? — Bem, mas lá embaixo. Eu o espero lá embaixo. — Ó timo, Julie. — Desligou. Julie colocou o fone no gancho com as mã os trê mulas. Bem, ela estava comprometida agora e nã o havia nada que pudesse fazer, mesmo que quisesse. Um calor percorreu-lhe as veias. Já fazia muito tempo que nenhum outro homem, a nã o ser Michael, a convidava para almoç ar, e ela encaminhou-se rapidamente para a cozinha com o intuito de avisar Halbird de que nã o ficaria para o almoç o. Ele nã o perguntou onde ela ia almoç ar, mas Julie sentiu-se na obrigaç ã o de avisá -lo. De qualquer forma, nã o tinha intenç ã o de provocar a fú ria de Robert sem necessidade e era possí vel até que pudesse voltar antes que algué m chegasse ao apartamento. Só quando estava sob o chuveiro é que percebeu que, ao precaver-se contra Robert, admitia que o que ia fazer era errado. Mas, por que deveria ser?, perguntou-se nervosa, enquanto colocava suas meias de seda. Alé m do mais, almoç ar com um homem era uma coisa muito inocente. Francis estava encostado em seu carro, observado atentamente pelo porteiro Morris. Quando viu Julie deixando o pré dio, acenou-lhe discretamente. Julie sorriu enquanto caminhava ao seu encontro. Era uma manhã muito fria e ainda se podia ver a né voa cobrindo a cidade. Julie estava quase se arrependendo de nã o ter colocado seu casaco de pele, mas dentro do Mercedes brilhante de Francis a temperatura era agradá vel. — Acho que aquele homem pensou que eu fosse um sabotador — Francis disse isso fingindo-se de sé rio enquanto tomava o assento a seu lado. — Ele leva suas tarefas muito a sé rio — concordou Julie, rindo. Seu rosto estava rosado pelo frio. Francis observou-a atentamente durante um longo tempo e, quando ela tomou consciê ncia disso, ele se voltou rá pido, dando partida ao motor. — Você está muito linda. Suponho que nã o tenha segundas intenç õ es. — Devo ter? — perguntou, rindo. Francis virou a direç ã o e o carro dirigiu-se rá pido para King's Road. — Nã o de meu ponto de vista — respondeu. — Acho ó timo! — Julie olhou pela janela do carro. — Onde estamos indo? — Achei que poderiamos ir ao Raposa Vermelha — disse, enquanto observava para sentir seu interesse. — Já ouviu falar? — Nã o, mas isso nao é nem uma novidade, nestas circunstancias. Afinal já faz mais de seis anos que ningué m me convida para almoç ar na Inglaterra. Francis sorriu. — Entã o devo sentir-me honrado — falou suavemente. — Teremos champanhe para comemorar. Julie riu muito. Era muito fá cil sentir-se à vontade ao lado de Francis. O Raposa Vermelha merecia sua fama. A comida era deliciosa, o champanhe que Francis insistiu em pedir, forte e excitante. Julie passou momentos tã o deliciosos que se sentiu um pouco triste quando pegaram o carro de volta. A conversa durante o almoç o tinha sido leve e inconseqü ente. Mas, quando estavam nas proximidades do apartamento, Francis disse: — Você sairá comigo outra vez? — Julie examinou seu perfil enquanto ele se mantinha com os olhos fixos na corrente de trá fego à sua frente. — Você gostaria? — Claro! — Sua voz era sé ria agora. — Nã o sei se a gente deveria. — Por quê? — Francis a encarou apó s um momento. — Você se divertiu, nã o? — Sim. Mas nã o é essa a questã o. — Nã o estou entendendo. — Sim, você está, Francis. Quando você me convidou para almoç ar, eu perguntei qual era o motivo e você disse: " Precisa haver algum? " Bem, agora há. Ele ficou sé rio. — É claro que meus motivos eram ó bvios. Gosto de sua companhia. — E sua esposa? — Louise? O que tem ela? — Ela sabe que você saiu comigo hoje? — Por que deveria? Ela nã o tem nada a ver com isso. — Eu acho que tem. — Julie suspirou. — Você nã o percebe onde isso está me levando? Se ela descobrir. que saí mos juntos sem ela saber, o que você acha que ela vai pensar? Francis estava de cara fechada. — Sinceramente, nã o me importo nem um pouco. — Por quê? O carro já estava em frente ao pré dio e Francis estacionou-o na porta antes de responder. Entã o, ajeitou-se no banco, colocando seu braç o sobre o encosto do assento dela. — Preciso explicar? — perguntou, com voz macia. — Nosso relacionamento esfriou há muitos anos. Oh, nó s ainda somos casados permanecemos fazendo o jogo do casal feliz pelo bem de Pamela e pelos meus pais. Mas nã o passa disso. Julie respirou fundo. — Entendo. — Ela desejaria estar a par disso antes de aceitar seu convite. — Isso muda tudo, e muda muito mesmo. Francis abaixou a cabeç a. — Isso me tira do pá reo? — O que você quer dizer? — Estarei certo se disser que você nã o irá mais sair comigo? Você deve achar que estou interessado em algo mais do que um simples relacionamento entre amigos. Julie enrubesceu e Francis deixou-se cair abruptamente sobre o assento. — Você vê? — disse. — Estou certo, nã o estou? — E você está? — perguntou Julie, com voz sumida. — Estou o quê? — Está interessado em algo mais do que um simples relacionamento entre amigos? — Seria um tolo e um mentiroso se dissesse que nã o. Mas, se você está pensando que eu poderia forç á -la a fazer algo que nã o queira; está errada. Eu gosto de você, você me atrai, nã o posso negar isso. Mas se tudo o que você quer é apenas minha amizade, entã o estou preparado para lhe oferecer só isso; — Oh, Francis! — Julie parecia só e fraca. — Nó s ficamos tã o sé rios de repente, nã o? — comentou. — Isso nã o deveria acontecer. — Olhou o reló gio e disse: — Preciso ir. Tinha um encontro, deixe-me ver, há uma hora e meia! Julie teve um sobressalto. — Uma hora e meia! Você está atrasadí ssimo! Devo ir. — Julie abriu a porta do carro e saiu. Francis a imitou dando a volta no Mercedes e vindo em sua direç ã o. — Bem, muito obrigado pela companhia. — Eu é que agradeç o! — respondeu Julie. — Foi maravilhoso. — Ó timo. — Quando se voltou rumo ao carro, ela o segurou. Você nã o vai me convidar outra vez? Francis a encarou com desconfianç a. — Você aceitaria? — Por amizade, sim. Francis tomou a mã o dela entre as suas. — Está bem. Eu ligarei nos pró ximos dias, assim que puder. — Faç a isso. Até logo, Francis... — Até logo, Julie — disse, soltando sua mã o e dirigindo-se para o carro. Enquanto subia pelo elevador, Julie ponderava sobre os motivos que a haviam levado a fazer o que fizera. Mas havia uma sombra de tristeza por trá s dos olhos de Francis enquanto ele falava com total indiferenç a sobre seus afazeres. Ela nã o podia fingir que estava atrá s de um simples relacionamento platô nico. Foi isso o que realmente a fez decidir-se, embora soubesse que nã o poderiam passar desse ponto.
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