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Com o Inverno na Alma. WHITE ROSE OF WINTER. Anne Mather. Desconhecida. CAPÍTULO I



Com o Inverno na Alma

" WHITE ROSE OF WINTER"

Anne Mather

 

 

 

 

Ao aceilar o pedido de casamento de Michael Pemberton, Julie sabia que teria de abandonar a Inglaterra e nunca mais ver o irmã o de Michael, Roberts, o homem que ela amava, Agora, seis anos depois estava de volta. Viú va, em companhia de sua filha Emma. Por decisã o de Michael a tutela de Emma tinha ficado a cargo de Roberts. E Julie teve de se aproximar de novo daquele homem. por quem já linha sofrido tanto no passado. Mas Roberts, que a tratava com desprezo, estava de casamento marcado para breve. Será que as frá geis defesas do coraç ã o de Julie poderiam protege-la, se ela ainda amava tanto aquele bruto?

 

 

Digitalizaç ã o e Revisã o:

Desconhecida


Tí tulo original: " WHITE ROSE OF WINTER"

Publicado originalmente em 1977 pela

MiJls & Boon Ltd., Londres, Inglaterra.

Traduç ã o: LUIS ANTONIO SAMPAIO CHAGAS

Copyright para a lingua portuguesa em 1980

ABRIL SA CULTURAL E INDUSTRIAL — SÃ O PAULO

Composto e impresso nas oficinas da

ABRIL S. A: CULTURAL E INDUSTRIAL

Caixa Postal 2372 — Sã o Paulo

Foto da capa: APLA

 

 


CAPÍ TULO I

 

O aeroporto de Londres parecia pobre e miserá vel comparado ao colorido e a vitalidade de Kuala Lumpur. Era tã o frio e distante quanto a Malá sia há seis anos, meditou tristemente Julie, erguendo seus ombros esbeltos sob o casaco de pele macio que havia comprado por insistê ncia de Bá rbara para sua viagem de volta.

A pró pria Londres nã o lhe parecia um lar. Seu lar era um bangalô té rreo à s margens do mar da China que, embora detestasse no começ o, aprendeu a amar com o tempo. Mas voltara a Londres outra vez.

Era necessá rio adaptar-se rá pido a essas novas circunstâ ncias, para que Emma nã o achasse tudo muito doloroso.

Uma atraente aeromoç a encaminhava os passageiros em direç ã o à alfâ ndega, reservando uma expressã o doce para a garotinha que segurava a mã o de Julie.

— Adeus, Emma — disse, curvando-se para pegar sua mã o — e muito obrigada pela sua ajuda durante o vô o. Nã o sei como terí amos nos arranjado sem você.

Emma deu uma olhada travessa para Julie, seus olhos cinzentos brilhavam. Entã o, voltando-se para a aeromoç a, perguntou:

— Eu realmente ajudei? Mamã e disse que eu estava fazendo mais barulho do que devia.

O sorriso da aeromoç a alargou-se.

— Ao contrá rio. Quem mais poderia distribuir todas aquelas revistas se você nã o estivesse por perto?

Julie sorriu, agradecida.

— Foi muito gentil de sua parte deixá -la ajudar. Isso lhe tornou a viagem menos cansativa.

A aeromoç a havia sido gentil, mas a maioria das pessoas era gentil com Emma. Ela era uma dessas crianç as que atraem as atenç õ es onde quer que esteja. Era pá lida, com o cabelo negro e completamente liso, mas mesmo assim ela possuí a alguma coisa que a diferenciava das outras meninas.

Suas bagagens foram liberadas e os passaportes checados. Mas Julie queria retardar o momento em que teria de tomar contato com a famí lia de Michael outra vez.

— Onde está a vovó? Você a está vendo, mamã e? — Emma puxava sua mã o, excitada.

— Ainda nã o, querida — murmurou debilmente, olhando ao redor para verificar se suas malas estavam reunidas.  

Mas você disse que a vovó viria nos esperar, nã o disse, mamã e?

— Emma perguntou, insistente. — Eu esperava que ela estivesse aqui com essas outras pessoas, você nã o?

— Eu també m esperava, querida. — Julie deu um profundo suspiro. — Venha. Vamos procurá -la.

Dispensando o uso do carregador, Julie pegou uma valise em cada mã o e, fazendo Emma carregar sua frasqueira, dirigiram-se para a recepç ã o. Lucy Pemberton, a mã e de Michael, disse que as encontraria no aeroporto, mas nã o se podia confiar em suas promessas, por isso lulie nã o ficou surpresa quando nã o a viu.

— Ela nã o está aqui!

— Oh, mamã e, por quê? Por que ela nã o está aqui como disse que estaria? — Emma estava indignada.

Julie curvou-se em direç ã o à menina, colocando as valises no chã o com um suspiro.

— Nã o se aborreç a, querida. Vovó provavelmente está a caminho neste momento. Você nã o sabe como o trá fego é ruim aqui! Ela pode estar presa em um engarrafamento.

— Mas por que ela nã o saiu cedo para estar aqui quando chegassemos? — Emma era uma crianç a muito racional.

— Você nã o gostaria de ir ao restaurante tomar um refresco enquanto esperamos vovó? Você poderia telefonar para ela do restaurante.

— Nó s nã o vamos perdê -la? E se ela chegar logo depois que a gente tiver ido para o restaurante?

— Nã o. Olhe, se a gente se sentar perto da janela dá para ver todos os que estã o indo e vindo.

Emma nã o estava convencida e Julie subitamente começ ou a ficar impaciente. Nã o seria exigir muito que Lú cy fosse pontual pelo menos desta vez, depois de terem voado tantas horas. Um pensamento a assaltou. E se Lucy tivesse realmente esquecido? Nã o era impossí vel. Se fosse seu dia de bridge, ou de golfe, ou até mesmo de uma das reuniõ es de caridade que ela adorava organizar, era bem possí vel que a chegada de ambas passasse despercebida. Alé m do mais, Lucy nunca gostou de Julie. Já havia mostrado isso claramente.  

 A ú ltima coisa que queria era vê -la casada com um de seus adorados filhos e, quando isso aconteceu, Michael tornou as coisas mais fá ceis aceitando transferir-se para Rhatoon.

E havia Emma, naturalmente. Há trê s anos, quando Michael trouxe a crianç a para a Inglaterra, disse que sua mã e havia ficado louca pela menina, mas provavelmente as coisas fossem diferentes agora, com a vinda de Julie. E Michael morto...

— Julie!

O tom duro e má sculo trouxe Julie rapidamente de volta de seus pensamentos e ela virou-se relutante para encarar o homem que a chamara.

Antes de olhar, ela já sabia exatamente quem era, por isso ficou nervosa. Aquele nã o era o momento ideal para confrontar-se com Robert Pemberton, nã o agora, com ela cansada, confusa e absurdamente vulnerá vel, mesmo depois de todo esse tempo.

Alto e magro, com o cabelo tã o escuro e liso quanto o de Emma cobrindo a gola de seu descontraí do sué ter creme, ele parecia suave, eficaz e muito seguro de si. Nã o era um homem bonito — nenhum dos Pemberton o fora —, mas, como Emma, possuí a aquele charme especial que fazia com que outros homens, mais atraentes, parecessem insí pidos. Ele nã o parecia ter mudado em nada, exceto, talvez, pelas olheiras mais profundas.

— Alô, Robert, como vai?

Ele a cumprimentou brevemente, com mã o fria e desagradá vel, olhando-a como se fizesse um exame minucioso. Ele sempre teve a capacidade de embaraç á -la com seu olhar fixo, mas, desta vez, ela lutou para nã o ficar confusa, lembrando-se de que nã o era mais uma garota e que nã o estava mais à sua disposiç ã o. Nã o podia pensar em tudo o que havfa acontecido antes. Aquilo pertencia ao passado. Deveria viver para o presente e pensar no futuro. No futuro de Emma.

Robert apertou sua mã o e disse, indiferente:

— Estou bem, obrigado. E você? — Era apenas formalidade, nada mais.

Robert observou-a por um longo tempo. Julie chegou a pensar que ele ia mencionar Michael, mas ele se agachou para falar com a crianç a:

— Alô, Emma, lembra-se de mim?

Emma encarou-o, pensativa.  

— Nã o — respondeu honestamente. — Mas você se parece um pouco com papai, por isso acho que você deve ser o tio Robert.

Robert sorriu, dissipando a frieza com que havia falado com Julie.

— Quem lhe disse que pareç o com seu pai?

— Mamã e. — Emma virou-se para Julie. — Você nã o disse?

Julie esboç ou um gesto involuntá rio, mas os olhos de Robert nã o deixavam o rosto da crianç a.

— Entendo. Mereç o um beijo?

Emma hesitou.

— Está bem — concordou e, erguendo-se, tocou seu rosto com os lá bios. Depois franziu o nariz. — Mas por que você se atrasou tanto? E onde está vovó? Mamã e disse que ela estaria aqui. Onde está ela?

Robert ergueu-se, olhando ao redor, e acenou para um carregador vir cuidar da bagagem. Em seguida, voltando-se para as duas, disse:

— Vovó nã o pô de vir. Ela nã o está se sentindo bem.

Julie voltou-se para ele imediatamente, pressentindo algo, mas ele nã o a estava olhando. Falava com o carregador, mostrando a bagagem, apontando para fora, onde seu carro estava estacionado.

Exibia a autoconfianç a pró pria daqueles que estã o acostumados a dar ordens e Julie sentiu-se irritada em pensar que ele tomaria arrogantemente conta da situaç ã o, sem oferecer qualquer explicaç ã o.

— Vamos — disse Robert, para ningué m em particular. — Meu, carro está ali. Podemos falar a caminho da cidade.

O carro de Robert era um Aston Martin cinza-pá lido, macio e potente, como o pró prio dono. Há seis anos, Julie lembrou, ele dirigia um Jaguar. Provavelmente seus gostos tenham mudado desde entà o.

O carregador acomodou a bagagem no porta-malas do carro e, empertigando-se, agradeceu a gorjeta dada por Robert. Emma subiu no banco traseiro e começ ou a pular.

— Nã o é um carro maravilhoso? — exclamou, mostrando que sua preocupaç ã o pelo nã o comparecimento da avó tinha desaparecido com a excitaç ã o.

— Maravilhoso — concordou Julie ironicamente, dirigindo-lhe um sorriso antes de ajeitar-se dentro de seu macio casaco de pele.  

 Robert tomou o assento a seu lado, fechando a porta e ligando o carro com impaciê ncia. Sua coxa estava a milí metros da de Julie que, por sua vez, precisaria apenas de um pequeno movimento de perna para tocá -lo. Isso realmente ocorreu, trazendo-lhe um dilú vio de recordaç õ es que ela se forç ava a esquecer. Mas havia alguma coisa verdadeiramente esquecida?

Robert ligou os limpadores do pá ra-brisa enquanto saí a do estacionamento rumo à cidade. Para Emma, tudo era novidade e excitaç ã o, mas Julie sentia calafrios. Ela sabia quanto Londres podia se tornar fria em novembro.

Robert era um motorista excelente. Suas mã os, de longos dedos, deslizavam suavemente sobre a direç ã o; seus olhos permaneciam fixos na estrada. Subitamente, quando o trá fego diminuiu, ele disse:

— Há cigarros no porta-luvas, se você fuma.

— Raramente fumo — respondeu Julie com delicadeza. — Espero que sua mã e nã o esteja seriamente enferma.

— Um resfriado, nada mais — acalmou-a Robert, olhando em sua direç ã o.

— Para onde está nos levando, tio Robert? — perguntou Emma, debruç ada no encosto do assento.

Robert ultrapassou um caminhã o que transportava madeira, antes de responder. Entã o disse, com um ar casual:

— Estamos indo para a cidade, Emma. Eu moro lá. Tenho um apartamento. Você gostaria de vê -lo?

Julie fitou-o instantaneamente.

— Onde está sua mã e?

A expressã o de Robert endureceu.

— Nã o se alarme, Julie. Ela estará esperando por nó s.

— Nã o estou alarmada! — Julie nã o poderia prever a sutileza da resposta. Ela detestou o clima de tensã o que ele estava deliberadamente criando e, embora Emma nã o pudesse percebê -lo, ressentiu-se.

— Você quer dizer que vovó está esperando por nó s em seu apartamento?

— Isso mesmo. Ela está louca para ver você outra vez.

O tom da voz de Robert modificava-se completamente quando se dirigia a Emma. Jú lie nã o poderia esperar que Robert a recebesse afetuosamente depois de tudo o que acontecera. Mas seria mais fá cil lidar com a raiva do que com essa cortesia, tã o fria, tã o desprovida de sentimento...  

— Entã o sua mã e vive com você? — Julie arriscou, numa ú ltima tentativa.

Robert sacudiu a cabeç a.

— Nã o. Ela nã o mora mais em Richmond; tem um apartamento pró prio aqui na cidade.

— Entendo. — Julie acabrunhou-se. Ela nã o estava suficientemente preparada para isso. Se elas tivessem de morar com Lucy, como ela ccncluiu por suas cartas, um apartamento na cidade nã o era exata-mente o ambiente que Julie escolheria para Emma. Apó s a liberdade dos ú ltimos anos, poderia ser muito difí cil para a menina se adaptar.

Robert nã o estava tornando as coisas fá ceis, portanto teria que esperar para ver o que aconteceria com elas. E ele ainda nã o havia mencionado Michael. Por quê? Pela presenç a de Emma? Ou por alguma outra razã o?

— Poderei ver o palá cio de Buckingham de minha janela? — perguntou Emma.

— Londres nã o é como Rhatoon, querida — respondeu Julie, sorrindo. — Existem montes e montes de pré dios aqui. Arranha-cé us també m. Você sabe o que é isso, nã o?

— O que iremos ver, entã o? O mar? — comentou, amuada.

Julie suspirou.

— Nã o, nã o o mar. Provavelmente veremos muitas casas.

— Pare de aborrecer a crianç a antes mesmo dela saber onde irá morar — reclamou Robert, virando-se para Emma. — Na realidade você pode ver o palá cio de Buckingham das janelas do apartamento.

As faces de Julie queimavam pela reprovaç ã o, mas Emma estava deliciada.

— É mesmo? É tã o alto assim?

— Muito alto — afirmou Robert. — O topo de um arranha-cé u, para dizer a verdade.

— Puxa! — Emma estava impressionada. — Como é que a gente chega lá em cima? Tem um montã o de escadas?

— Tem elevador — disse Julie rapidamente, tentando controlar sua indignaç ã o. Ela percebia que as explicaç õ es que dava para Emma estavam soando rí spidas, mas estava muito cansada. Será que Robert nã o ia desculpá -la por isso?

— Elevadores automá ticos — acrescentou Robert, continuando sua conversa com Emma como se Julie nã o estivesse ali. — Você só precisa apertar o botã o para o andar que você quer ir.  

— Mas o que acontece se você estiver em um andar e o elevador em outro? — perguntou Emma, com sua ló gica minuciosa.

Robert voltou-se para ela sorrindo enquanto Julie olhava para fora do carro.

— Boa pergunta! — Robert elogiou o interesse de Emma. — Bem, você aperta outro botã o e o elevador desce automaticamente. Da mesma forma se você está em cima e o elevador embaixo, ele sobe. E como é um pré dio enorme, há seis elevadores.

Assim que chegaram, o mal-estar de Julie voltou. O centro de Londres havia mudado muito menos do que os arredores e tudo era dolorosamente familiar. Eles passaram pelo fim da rua onde a Companhia

Construtora Pemberton tinha seus escritó rios e ela lembrou-se com clareza de seu primeiro dia ali entre as secretá rias. Era muito nova entã o e só mais tarde progrediu nos escalõ es da companhia, tornando-se secretá ria de Vincent Harvey, por quem foi apresentada ao presidente, Robert Pemberton. Seus nervos ficaram tensos.

Robert chegou a um quarteirã o calmo e logo parou na entrada de um imenso bloco de apartamentos. Apesar da chuva, Julie conseguia divisar sua imponê ncia. Assim que o porteiro reconheceu Robert, saudou-o polidamente.

— Boa tarde, senhor. Posso ajudá -lo com a bagagem?

Robert fez que nã o com a cabeç a; as gotas de chuva brilhavam por entre seus cabelos escuros.

— Obrigado; Morris, eu posso cuidar disso. Que tarde horrí vel, nã o?

— Sim, senhor. — Morris olhou curioso para Julie e Emma, que haviam descido do carro parecendo vagamente perdidas.

Robert percebeu o interesse de Morris e, colocando as valises no chã o, cuidou de fechar o porta-malas.

— Minha cunhada e sua filha ficarã o comigo alguns dias — comentou à guisa de explicaç ã o. — Acabaram de chegar da Malá sia.

Os olhos de Julie se arregalaram diante desta inesperada afirmaç ã o. Elas ficariam com Robert? Mas ela nã o poderia dizer nada com Morris ali perto, limitando-se a encarar seu cunhado. Como sempre, Robert parecia completamente indiferente à sua reaç ã o e, pegando as valises, convidou-as a precedê -lo rumo ao edifí cio.  

 No espaç o exí guo do elevador, que carregava dois adultos, uma crianç a e duas malas, Julie teria que dizer alguma coisa.

— Por que vamos ficar com você, Robert? Pelas cartas de sua mã e entendi que ficarí amos com ela.

Robert estava recostado indolentemente na parede do elevador, as pernas entre as valises.

— Já, já, Julie — respondeu simplesmente e voltou-se para a crianç a, perguntando: — E entã o, Emma? O que está achando?

Felizmente, Emma era suficientemente crianç a para nã o perceber as implicaç õ es presentes na conversa dos dois adultos e sorriu para Robert.

— Demora muito para se chegar ao topo?

— Nem tanto. Estaremos lá em poucos segudos. Olhe, você vê essa luzinha vermelha que se acende atrá s dos nú meros? Ela indica o andar em que estamos. Veja, o nosso é este, bem aqui no alto.

— Emma arregalou os olhos.

— Oh, sim. Olhe, mamã e, nó s estamos quase lá. Puxa, meu estô mago parece vazio, parece estranho.

Houve um breve momento em que o elevador diminuiu a velocidade e Emma pareceu desconcertada com uma sú bita mudanç a em seu metabolismo. O elevador parou e Robert abriu a porta e pegou as valises. Mas, assim que alcanç aram a porta do apartamento, ela se abriu e um homem, todo vestido de negro, esperava por eles. Era de meia-idade, cabelos grisalhos e bigode preto.

— Oh, bem-vindo, senhor — ele saudou Robert entusiasticamente, com seu rosto redondo brilhando. — Ouvi o elevador e disse para a sra. Pemberton: acho que é o sr. Robert... e era!

— Muito eficiente — disse secamente. — Você pode pegar as valises.

O homem adiantou-se; Robert olhou um tanto relutante para Julie e disse:

— Este é Halbird, Julie. Ele vai a todos os lugares comigo. Por algum dinheiro ele é capaz de dar uma mã ozinha no que você quiser.

Julie deu um sorriso frio, que era o má ximo que podia conseguir à quela altura.

— Boa tarde, Halbird.

— Boa tarde, senhora. E para você també m, senhorita — acrescentou, olhando com simpatia para Emma. — Espero que tenham feito uma boa viagem. Nã o é um belo dia para se voltar a Londres, nã o acham?  

— Horrí vel — concordou Julie enquanto Emma, com sua curiosidade natural, perguntava:

— Por que seu bigode nã o ficou cinza como seu cabelo?

— Emma! — Julie estava surpresa, mas tanto Halbird quanto Robert riram da observaç ã o.

— Eu nã o sei, senhorita — respondeu, enquanto pegava as valises.

Os olhos de Robert endureceram ao cruzar com os olhos verdes de Julie. Entã o, sem dizer uma palavra sequer, ele tomou Emma pela mã o e atravessou a porta de cor creme. Julie seguiu-os vagarosamente, seus saltos afundando no carpete macio.

Robert nã o lhes deu tempo para que tirassem seus casacos e abriu a porta da sala de estar com Emma à sua frente. Julie ouviu o grito de alegria de sua sogra ao ver a neta e, em seguida, ela també m entrou na enorme sala. Era imensa, longa como se fosse de um lado ao outro do apartamento; a parede externa era um milagre em vidro trabalhado. Mas, antes que Julie pudesse observar os detalhes elegantes da sala, seus olhos se concentraram na mulher gra-ciosamente reclinada na pequena poltrona, abraç ando Emma.

Julie estava hesitante, sentindo-se ridiculamente jovem e vulnerá vel como sempre ocorria quando estava na presenç a daquela mulher.

Ela podia se lembrar claramente de quando foi apresentada a Lucy Pemberton. Robert a havia apresentado e soubera desde o iní cio que mulher alguma poderia preencher os requisitos exigidos por Lucy Pemberton para a esposa de seus filhos.

Lucy finalmente pareceu recordar-se de sua nora e, segurando Emma com um braç o, estendeu a mã o para Julie.

— Julie, querida! — exclamou. — Desculpe-me! Mas é tã o maravilhoso ver Emma outra vez depois... depois de tudo que acon-teceu...

Julie reagiu imediatamente à emoç ã o contida na voz de Lucy, chegando-se rapidamente e curvando-s, e para beijar o rosto perfumado de sua sogra. Lucy lhe apontou a poltrona a seu lado e Julie afundou-se nela, desabotoando o casaco com dedos trê mulos.  

— Eu deveria desculpar-me por nã o ter ido ao aeroporto esperá -la — prosseguiu Lucy com indulgê ncia — mas peguei um resfriado terrí vel e Robert insistiu para que eu nã o saí sse.

— Nã o faz mal — Julie procurou deixar bem claro que ningué m ficara ofendido — E agora, está melhor?

— Oh, estou bem melhor — Lucy olhou para Robert que permanecia de pé, com uma expressã o desagradá vel no rosto.

— Querido, você poderia pedir para o Halbird nos trazer um pouco de chá? Estou certa de que Julie adoraria uma xí cara, nã o é minha cara? — Julie concordou, procurando nã o encontrar o olhar de Robert.

— Obrigada, seria ó timo.

— Oh, há tanto o que dizer! — exclamou Lucy, agarrando Emma outra vez — Você e eu temos que nos conhecer uma à outra muito bem. nã o é, Emma?

Halbird havia carregado as malas e desaparecido por uma outra porta que certamente devia levar aos outros cô modos do apartamento. Robert saiu à sua procura.

— Você mora aqui, vovó? — Emma perguntou, parecendo maravilhada, e Julie sabia por quê. A vida em Rhatoon nã o a deixara preparada para tanto luxo. Como se nã o bastasse seu tamanho, a sala era ricamente mobiliada, mas, a despeito da elegâ ncia dos mó veis, nã o era um ambiente frio. Havia calor humano ali, algo que atraí a Julie mesmo contra sua vontade. Para a garotinha tudo parecia irresistí vel. Emma estava fascinada com a lareira falsa que delimitava a á rea central, chamando a atenç ã o.

— Nã o, querida — Lucy respondeu — Nã o moro em um lugar tã o grande. Tenho um apartamento num pré dio nã o muito longe daqui. Você o conhecerá na hora certa, espero. Mas tio Robert usa seu apartamento para divertir-se, por isso ele é tã o grande e imponente.

— Divertir-se? — Emma repetiu — Quer dizer que ele dá festas aqui?

Lucy riu e Julie começ ou a sentir-se impaciente. Certamente algué m deveria explicar-lhe o que estava se passando. Por que estavam ali? Por que nã o estavam com Lucy como fora combinado? E por que Lucy nã o dizia nada? Quando começ ariam a falar? Conversar mesmo, sobre coisas que realmente interessavam! Como Michael!  

 



  

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