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Outra vez a paixão 6 страница



— Você acha que estou sendo muito tolerante com Ariadne? Lisa meneou a cabeç a.

— Nã o cabe a mim dizer isso.

— Entã o você acha? — insistiu ele.

— Eu nã o disse isso.

— Nem precisava. Percebi sua expressã o quando está vamos discutindo sobre o vestido.

De novo, Lisa tocou no pingente da corrente de ouro. Nikolas era perceptivo demais, e ela precisava ser mais cautelosa.

— Eu nã o ousaria questionar seu comportamento — disse, por fim, terminando o café. — E agora, se me derem licenç a, també m...

— Você já vai dormir? — Yanis ia se levantando para ser­vir-se de mais café, mas parou com a xí cara na mã o.

— Sim. — Lisa lamentava desapontá -lo, mas preferia evitar novo confronto com Nikolas. — Foi bom revê -lo, Yanis. Espero que o pró ximo encontro nã o demore tanto.

Yanis sorriu.

— Durma bem. Estarei ansioso para vê -la quando voltar. E para conhecer sua irmã. Cumprimente-a por mim, sim?

— Claro.

Com um gesto de cabeç a, Yanes afastou-se em direç ã o ao bufe, onde estava o bule de café. Lisa fez menç ã o de levantar-se, mas Nikolas impediu-a.

— O que você pensa que está fazendo comigo? — ele per­guntou em voz quase inaudí vel e expressã o furiosa.

Perplexa, Lisa sentou-se novamente.

— Desculpe, nã o entendi.

— Você está me provocando — acusou-a com rispidez, in­clinando-se na direç ã o dela. — Nã o contente por fazer-me de idiota hoje cedo, você tentou humilhar-me a noite toda.

— Humilhá -lo? — O olhar de Lisa refletia sua incredulidade.

— Nã o sei do que você está falando! — Ela sussurrava, temendo que Yanis pudesse ouvir a conversa. — A bem da verdade, eu queria pedir-lhe desculpas. O que aconteceu hoje de manhã...

— Nada aconteceu esta manhã — ele a corrigiu secamente. — Nem por um momento, pense que significou algo para mim.

— Nã o penso. — Ela estava assustada com a fú ria estam­pada no rosto dele. — Eu esperava que você tivesse esquecido... Eu... eu estou tentando fazer o mesmo.

— Aposto que sim. Diga-me, Lisa, Você acha que isto é um jogo?

— Um jogo? — Ela continuava confusa. — Nã o estou en­tendendo. Você fala coisas sem sentido.

— Nã o, Lisa. Eu só quero preveni-la. Se for um jogo, saiba que haverá um ú nico vencedor. Entendeu, agora?

 

CAPÍ TULO VIII

Já passava das dez, quando Ariadne apareceu no pá tio, na manhã seguinte.

Lisa acordara antes mesmo do helicó ptero levantar vô o, e nã o entendia como ningué m acordara com o ruí do ensurdecedor do motor. Na verdade, era ela quem estava com sono leve e dificuldade para relaxar. Desde a morte do pai, parecia viver num constante redemoinho, e nada do que fazia, saí a conforme esperava.

Mas aquele era outro dia, repetia a si mesma. Nikolas par­tira e só voltaria no fim de semana. Ela teria tempo suficiente para organizar sua vida e estabelecer uma rotina de trabalho. Para tanto, teria de enfrentar Ariadne numa luta ferrenha. Mas estava disposta a empenhar-se ao má ximo para vencer a resistê ncia da afilhada de Nikolas.

Depois de tomar café, Sophie tomou seu lugar à beira da pis­cina. As empregadas limparam a mesa, e Lisa começ ou a andar pelo pá tio, esperando por Ariadne. Ao vê -la saindo da casa, Lisa parou e verificou as horas no reló gio de pulso. Dez e quinze.

De short e camiseta brancos e cabelos presos numa tranç a jogada no ombro, Ariadne parecia muito mais jovem e extre­mamente vulnerá vel.

— Bom dia — Lisa cumprimentou-a, colocando as mã os nos bolsos do vestido azul. — Perdeu a hora?

Apesar do brilho de hostilidade nos olhos, a garota respondeu num tom cortê s:

— Nunca levanto cedo, a menos que eu queira fazer al­guma coisa.

— Ok. Entã o, você nã o tem nada para fazer. — Ela apontou para a mesa. — Você quer comer, ou isso é algo sem importâ ncia?

— Oh, eu já tomei café. — Ariadne protegeu os olhos com a mã o e olhou para a piscina. — E, ao contrá rio de você e de sua irmã, nã o preciso torrar minha pele ao sol para ganhar um pouco de cor.

— Você nunca diz nada agradá vel para as pessoas? — per­guntou Lisa, contendo-se para nã o perder o controle.

— Claro que sim. Quando me interessa. — Soltando os braç os ao longo do corpo, ela suspirou. — Acho que vou buscar meu livro...

— Nã o. — Lisa nã o a deixou terminar a frase e Ariadne olhou-a surpresa.

— Nã o? — repetiu. — Desculpe, nã o entendi.

— Foi isso mesmo que eu disse. Nã o. Você nã o vai buscar seu livro.

— Vou, sim.

— Nã o, nã o vai. — Lisa mostrou-se irredutí vel. — Enquanto seu padrinho estiver fora, sou responsá vel pelo seu bem-estar. E apesar de você ter dito que nã o é atleta, acho que um pouco de exercí cio só lhe fará bem.

— Se você pensa que vou perder tempo naqueles aparelhos...

— Quem disse isso? Um passeio será suficiente por hoje. Mais tarde, você me mostrará a academia. De repente, eu mes­ma vou querer usá -la.

Ariadne colocou as mã os nos quadris.

— Você nã o pode me obrigar.

— Pode apostar que sim.

Elas se encararam por um longo momento.

— Vou telefonar para Nikolas e contar tudo a ele — Ariadne, resmungou, por fim.

Lisa nã o se alarmou. Já sofrera ameaç as de pessoas me­lhores e maiores do que a jovem grega. Nada poderia magoá -la mais do que o amargor e a indiferenç a de Nikolas.

— Pode contar. Mas esteja preparada para uma resposta desfavorá vel. Ele me admitiu, lembra-se? Seu padrinho tem... um grande respeito pelo meu trabalho. Agora, chega de con­versa. Vamos andando.

Ariadne respirou fundo.

— E sua irmã?

— Vou perguntar se ela quer nos acompanhar.

Sophie recusou o convite, alegando que preferia nadar. Lisa nã o insistiu, pois queria ganhar a confianç a de Ariadne, e com a irmã por perto, isso seria praticamente impossí vel.

— Aonde vamos? — perguntou a jovem num tom desanimado seguindo Lisa pelos jardins. — Nã o me diga que à praia! Eu odeio a praia e nunca vou lá embaixo.

Lisa olhou-a por sobre o ombro.

— Como você faz para nadar?

— Nado na piscina — explicou Ariadne, indignada. — Odeio a areia. Ela gruda em todas partes. Nos sapatos, nos cabelos, na pele...

— Pare de comportar-se com uma crianç a temperamental, Ariadne. — Lisa balanç ou a cabeç a. — Nã o acredito que você passe muitos meses do ano num lugar como este, sem nadar no mar. A piscina é muito... sem graç a.

Lisa começ ou a descer os degraus de pedra. Ariadne ainda falava com petulâ ncia, mas ela estava um pouco mais otimista. Pelo menos, a garota estava conversando. Lisa conteve um sorriso. Era só uma questã o de paciê ncia.

Assim que chegaram na praia, Lisa descalç ou as sandá lias. Ariadne, poré m, andava cuidadosamente na faixa mais firme, umedecida pela maré.

— E entã o? — Lisa nã o queria perder a oportunidade de iniciar uma conversaç ã o. — Você frequenta a escola em Atenas?

— Sim. — Ariadne olhou-a desconfiada. — Por que quer saber? Lisa encolheu os ombros.

— Por nada. Imagino que você more com seu padrinho.

— Com Nikolas? Sim. — A voz da menina suavizou-se, — Ele tem uma casa muito bonita perto de Plaka. No ano que vem, serei sua dona.

Lisa nã o entendeu muito bem a intenç ã o de Ariadne. Dona da casa? Ou dona de Nikolas? Mas nã o fez nenhum comentá rio, e continuou no mesmo tom:

— No pró ximo ano, você irá para a faculdade, nã o? Creio que Nikolas tem planos para o seu futuro.

Ariadne riu e o som de seu riso ecoou no cé rebro de Lisa.

— Nikolas sabe o que eu quero, srta. Tennant.

Lisa nã o contestou. Talvez por nã o acreditar no que a garota dizia, ou por nã o saber o que dizer. De qualquer forma, nã o tinha que preocupar-se com o assunto. Afinal, estaria com eles apenas durante o verã o.

— Você fez faculdade, srta. Tennant?

— Nã o. — Depois, apontou para o mar. — Olhe! Sã o barcos de windsurf, nã o?

Ariadne olhou rapidamente para os barcos, sem nenhum interesse.

— Por que nã o fez faculdade, srta. Tennant?

Ela suspirou. Mesmo contrariada, tinha que dar uma explicaç ã o.

— Minha mã e morreu quando eu estava com dezessete anos. Meu pai ficou muito mal, e eu nã o tive coragem de deixá -lo sozinho.

— E a sua irmã?

— Sophie era muito crianç a ainda. Ele precisava de algué m que assumisse o papel de... anfitriã, quando necessá rio.

— Como eu faç o com Nikolas — concordou Ariadne num tom de triunfo. — Eu també m tenho dezessete anos e nã o sou mais crianç a, srta. Tennant. Eu acho que, à s vezes, Nikolas se esquece disso. — Ela deu um sorriso malicioso, misterioso, que incomodou Lisa. — Mas só à s vezes, ofii?

A jovem nã o perdia uma chance de enfatizar sua intimidade com o padrinho. Nã o era fá cil, mas Lisa precisava mostrar-se impassí vel e transmitir à garota a impressã o de que ela en­contrara uma confidente.

— Você deve ter muitos amigos em Atenas, nã o? O que você faz no seu tempo livre?

— Depende do que Nikolas estiver fazendo — Ariadne res­pondeu de pronto. — O que você faz, srta. Tennant? Você é triste por que nã o tem homem em sua vida?

— Há homens em minha vida — declarou Lisa, ainda deter­minada a nã o se deixar irritar. — E há coisas mais importantes na vida do que um namorado, Ariadne. — Ela abriu os braç os. — Este lugar nã o é lindo? Você tem sorte. E a vista? Maravilhosa.

— Nã o precisa fingir para mim, srta. Tennant. Acho que Nikolas tem razã o. Você aceitou este emprego porque seu... seu noivo abandonou-a.

Lisa arregalou os olhos e seus braç os caí ram ao longo do corpo.

— O que você disse?

— Você s iam se casar, nã o? — Ariadne indagou com ar ino­cente. — Tenho certeza de que foi o que Nikolas contou. Alguma coisa aconteceu. O noivado acabou. Por isso sua pressa de deixar Londres. Ficar bem longe do homem que feriu seu coraç ã o.

Lisa tinha dificuldade para respirar normalmente.

— Nikolas? — Chocada, tentava nã o demonstrar sua an­gú stia, — Foi isso que Nikolas lhe contou?

— Claro! — Ariadne mostrava-se complacente. — Nikolas me conta tudo, srta. Tennant. — Ela inclinou a cabeç a para o lado. — Você ficou aborrecida, mas deve perdoá -lo. — O sorriso dela era quase triunfante. — Ele traiu sua confianç a, mas nã o se preocupe. Nã o contarei a ningué m.

Lisa respirou fundo. A garota poderia estar mentindo. Du­vidava que Nikolas discutiria os motivos particulares dela com a afilhada. Como descobrir a verdade?

Qualquer que fosse a verdade, Lisa nã o pretendia alimentar o ego da garota.

— Ele deve ter entendido mal — murmurou ela com admi­rá vel calma.

— Como assim? — Ariadne ficou alerta.

— Bem, eu nã o tinha certeza se ele acreditara em Martin. Mas agora, vejo que acreditou.

— Martin? Quem é Martin?

— Pensei que você soubesse. Martin é meu ex-noivo. Foi meu pai quem nos apresentou e eu imaginei que daria certo. Com o tempo, poré m, descobri que nã o tí nhamos nada em comum. Ele é imaturo. Foi um alí vio quando terminamos o noivado.

Ariadne refletiu por alguns segundos antes de perguntar:

— O que esse Martin tem a ver com seu emprego?

— Ah! — Lisa, entã o, concluiu que, mesmo que Nikolas tivesse contado alguma coisa, ele nã o fora totalmente indis­creto. — Bem, Martin conhece seu padrinho, e quando soube que ele precisava de uma pessoa para passar o verã o aqui em Skiapolis, ele sugeriu meu nome.

  Ariadne encolheu os ombros.

— Eu pensei...

— Nã o importa o que você pensou. — Lisa tentou agir com naturalidade, escondendo a frustraç ã o. — Se Nikolas preferiu contar que ele me salvou de uma situaç ã o desesperadora, nã o posso fazer nada. Foi só uma questã o de interpretaç ã o dos fatos. Lamento se você me considera ingrata, mas nã o quero que pense que estou desiludida, sofrendo por causa de um homem.

Nã o por aquele homem, pelo menos, Lisa admitiu com amar­gura. Ressentia-se por Nikolas ter partilhado uma parte de sua histó ria com a afilhada. Martin decepcionara-a, isso era verdade. Mas nada se comparava à dor que Nikolas lhe causara.

Ariadne parecia satisfeita com a explicaç ã o e Lisa conven­ceu-se de que deveria ser mais cuidadosa em suas conversas com Nikolas. Nunca imaginara que ele trairia sua confianç a.

Já era quase hora de almoç o quando voltaram para casa. Depois da refeiç ã o, Lisa aproveitou para relaxar à beira da piscina. Ariadne nã o era propriamente uma companhia amis­tosa, mas já conseguiam manter uma conversa cordial sobre vá rios assuntos, sem que a garota a provocasse.

Talvez, por nã o encarar Lisa como uma rival.

Depois do almoç o, Sophie desapareceu, e sem seus comen­tá rios mordazes, o clima tornou-se quase cordial. E Ariadne parecia até mais amá vel.

Mais tarde, Sophie voltou com o rosto vermelho e suado. Jogou-se na espreguiç adeira ao lado de Lisa.

— Você precisa ver a academia — declarou ela ofegante. — Está equipada, com todos os aparelhos que você possa imaginar. Dê um pulo até lá. Vale a pena, Lisa. — Ela riu. — Você está sempre dizendo que precisa perder alguns centí metros de quadril.

Lisa nã o se lembrava de ter feito tal comentá rio, o que nã o a impedia de irritar-se com a irmã.

— Por que você implica tanto com meu corpo, hein? — recrí minou-a com expressã o sé ria. — Pelo menos, nã o sou como você. Só pele e osso.

— Eu nã o sou assim! — Se havia algo que Sophie detestava, era ser chamada de magé rrima. — Credo, Lisa! Você está tã o ranzinza! Qual o problema? Ariadne tirou-a do sé rio de novo?

— Nã o...

— Por que nã o vai tomar um banho? — a jovem grega inter­rompeu-a num tom de desprezo. — Nã o é nada feminino... cheirar.

— Como você sabe? — Levantando-se, Sophie encarou-a com ar de desafio. — Duvido que alguma vez você fez algum esforç o fí sico em toda sua vida.

— Você é tã o... tã o...

Ariadne nã o encontrava as palavras, e Sophie desandou a falar:

— Você só sabe ficar sentada por aí, criticando todo mundo. Quando nã o está gravitando ao redor de Petronides, claro. — Ela colocou dois dedos na boca, num gesto afetado. — Nã o é à toa que você nã o tem amigos da sua idade. Cresç a, garota!

Lisa soltou um gemido. Todo progresso que conseguira, ia por á gua abaixo, graç as à insolê ncia de Sophie.

— Sophie... — começ ou, mas Ariadne foi mais rá pida.

— Eu nã o... O que você disse? Gravitar? Que eu gravito ao redor de Nikolas? Nã o é verdade.

— É verdade, sim. — Sophie nã o percebia que estava pas­sando dos limites. — Pensa que nã o vi como você olha para ele? Se nã o for motivo de riso, é simplesmente paté tico.

— Nã o é verdade — repetiu Ariadne já inflamada. — Você nã o sabe nada sobre meu relacionamento com Nikolas. Sou amiga dele, confidente. Sua irmã pode confirmar isso. Você nã o pode nem imaginar o que compartilhamos, o que temos enfrentado juntos. Você é crianç a! O que sabe de um homem como ele?

— Muito mais do que você — retrucou Lisa, ignorando as tentativas de Lisa para fazê -la calar-se. — Caia na real, garota! Ele nã o está interessado em você. Pelo amor de Deus, ele tem idade para ser seu pai. Para ele, você nã o passa de uma filha postiç a. Se espera dele algo mais do que amor paterno, você vai se machucar.

— Você nã o sabe o que está dizendo. — Ariadne estava ver­melha de raiva, gesticulando nervosamente com as mã os. — Nã o sou crianç a como você. Sou uma moç a. Logo, farei dezoito anos, e entã o, ficaremos juntos. Juntos, entendeu? Ele me disse. Ele me ama. Ele só está esperando eu completar a maioridade, para anunciar ao mundo. No ano que vem, eu serei esposa dele!

 

CAPÍ TULO IX

Era fim de tarde. De uma tarde bonita. Mas todas as tardes eram bonitas na ilha, e Lisa nunca se cansava de contemplar o sol forte, magnificente.

Os pé s descalç os afundavam na areia e a saia do vestido de algodã o esvoaç ava ao vento. Nã o costumava ir à praia no final da tarde, mas como Ariadne estava com dor de cabeç a, ela resolveu fazer uma caminhada antes de jantar.

Sophie estava na piscina, como sempre. Sem dú vida nenhuma, era muito mais fá cil lidar com Ariadne quando Sophie nã o estava por perto. Felizmente, nã o houvera mais confrontaç õ es violentas entre ambas, como acontecera no começ o da semana. Mesmo assim, as duas garotas pareciam sentir a necessidade premente de competirem entre si. Lisa cansara-se de agir como mediadora, e era sempre muito agradá vel passar algum tempo sozinha.

Ariadne ainda se mostrava prepotente e resistente, mas, à s vezes, conseguia até ser simpá tica. Realmente, era uma garota solitá ria, e era ó bvio que adorava Nikolas. O que nã o era sur­presa. Lisa sabia por experiê ncia pró pria que era muito fá cil apaixonar-se por ele.

Os comentá rios de Ariadne sobre Nikolas e um eventual ro­mance entre eles, Lisa levava na conta da fantasia. Tinha quase certeza de que Nikolas nã o sabia dos planos de casamento da afilhada. Ariadne era jovem demais para pensar em casamento, ainda mais com um homem que a considerava como filha.

Se ao menos ela se comportasse como Sophie. Nã o na re­beldia, claro. Mas nos pensamentos, nas aç õ es, nas perspecti­vas... Naquela semana, durante os passeios pela ilha, elas fo­ram muitas vezes ao Á gios Petros.

Sophie flertará abertamente com os garç ons no café, e com os rapazes que assobiavam quando as trê s garotas passeavam pelas ruas.

Ariadne permanecia indiferente aos gracejos, ignorando qualquer abertura para novas amizades.

Isso era compreensí vel, até certo ponto. Provavelmente, Ni­kolas nã o aprovaria a amizade da afilhada com os habitantes da ilha. Talvez ele a encorajasse a fazer amigos somente entre os filhos de pessoas conhecidas.

Fora exatamente o que o pai de Lisa fizera. Só que os homens que Parker Tennant apresentara à filha, eram todos bem mais velhos, homens com quem ele mantinha algum tipo de interesse comercial. Os mais jovens nã o eram suficientemente influentes para ele.

Lisa suspirou. Por que os negó cios tinham que ser sempre conduzidos daquela maneira? Será que as pessoas nã o conse­guiam frequentar jantares ou coqueté is sem transformar os salõ es em imensas salas de reuniã o?

Desde a primeira vez em que acompanhara o pai a uma recepç ã o, ela estivera bem consciente do papel que deveria desempenhar nos negó cios dele.

Na é poca em que conhecera Nikolas, Lisa já começ ava a fazer restriç õ es à s exigê ncias do pai. Poré m, como ele ainda nã o se recuperara totalmente da dor pela morte da esposa, Lisa escondia seus sentimentos.

Ela e Nikolas conheceram-se num coquetel, em Monte Carlo. Era maio, e naquele noite, Lisa sentia-se particularmente satisfeita com sua aparê ncia. Passara o dia na piscina e a sua pele adquirira um atraente tom dourado. Os cabelos, compridos na é poca, caí am-lhe suavemente pelos ombros, como uma cas­cata bege. Usara pouca maquilagem e o vestido cinza-claro, apesar de elegante e de grife, nã o era sofisticado.

O pai queria que ela projetasse a imagem de juventude e inocê ncia, pois sabia que esse efeito seria particularmente no­tado naqueles ambientes.

Nikolas chegara à festa, acompanhado da prima Anna. A prin­cí pio, Lisa nã o sabia que eram primos. Eram as pessoas mais bonitas e atraentes que ela já vira, e invejou a sofisticaç ã o deles. Obviamente, o pai a encorajara a conversar com eles. Como Nikolas era simpá tico, foi mais fá cil do que Lisa imaginara. Num certo momento, desculpando-se, Parker Tennant afastara-se para conversar com outra pessoa, deixando-a sozinha com Nikolas. E, entre outras coisas, ele contara que estava em seu iate, Athena, ancorado na baí a.

A noite fora má gica. Pela primeira vez, ela se divertira, falando mais sobre sua vida, suas ambiç õ es, seus planos. Nikolas parecia realmente interessado nas opiniõ es dela sobre os mais diversos assuntos. Só muito tempo depois, Lisa começ ou a suspeitar que ele a usara muito mais do que o pai pretendera usá -lo.

No dia seguinte, juntamente com um buque de rosas, chegou o convite de Nikolas para Lisa e o pai jantarem no iate, naquela mesma noite. Exultante, o pai cumprimentou-a pela oportuni­dade de conversar a só s com o magnata grego. Lisa, poré m, preferia nã o ver o convite sob aquele prisma.

Logo, poré m, percebeu que o pai tinha razã o. Assim que su­biram a bordo, a conversa tomou o rumo dos negó cios e Nikolas ouviu atentamente tudo o que Parker Tennant tinha para falar.

Lisa nã o teve dú vidas de que ele estava mais interessado nos negó cios do que nela. Isso de certa forma, nã o era surpresa, pois, no fundo, ela achava impossí vel que um homem como Nikolas pudesse sentir-se atraí do por ela.

No dia seguinte, seu pai teve que voltar a Londres.

Um problema com o inventá rio de um cliente antigo exigia a presenç a dele, e Lisa pensava resignada que nunca mais veria Nikolas. Seria melhor assim, dizia a si mesma. Um ho­mem como Petronides nunca se envolveria seriamente com al­gué m como ela. Para começ ar, ela era jovem demais para ele, nã o deveria confundir gentileza com algo mais.

Mas as coisas nã o transcorreram como ela imaginava.

Quando o pai telefonou para despedir-se, Nikolas sugeriu que Lisa talvez gostasse de passar alguns dias navegando pelo Mediterrâ neo.

— Anna estará conosco — dissera ele, evidentemente ten­tando tranquilizar o pai dela.

Lisa sabia que tal explicaç ã o nã o seria necessá ria. A partir do momento em que Nikolas fizera o convite, Parker Tennant jamais permitiria que a filha o recusasse.

Assim, no fim daquele mesmo dia, Lisa já estava instalada numa cabine luxuosa do Athena. Com Anna, estava o noivo, Lukos Panagia, fato que Nikolas convenientemente escondera do sr. Tennant.

Lisa estremeceu. Tanto tempo já se passara desde aquele dia em Monte Carlo, e as lembranç as ainda provocavam-lhe tremores.

Ela se lembrava nitidamente daquela primeira noite. Como poderia nã o lembrar, se fora o começ o de algo tã o importante em sua vida? Como num filme, as imagens desfilavam em sua mente, despertando emoç õ es e temores.

Com a brisa balanç ando a superfí cie da á gua e as luzes da cidade ficando cada vez mais distante, tudo parecia um sonho, ou talvez, o iní cio de um pesadelo. Sonho ou pesadelo, nã o importava. Lisa estava feliz e determinada a divertir-se.

No convé s, uma mesa arrumada para quatro pessoas. Mas ela avistou somente Nikolas, parado junto a amurada, bebericando um drinque.

Ele se voltou e os olhos negros brilharam ao vê -la no alto da escada que vinha do convé s inferior.

— Parece nervosa — disse, lanç ando um olhar avaliador para o top preto e a calç a de crepe que ela usava. — Você preferia ter voltado com seu pai?

Lisa respirou fundo.

— Nã o — admitiu, com sinceridade. — Sou muito grata pelo seu convite.

— É mesmo? — Nos olhos dele, um brilho de impaciê ncia.

— Talvez, eu nã o queira sua gratidã o. Eu a convidei para nos conhecermos melhor. — Ele sorriu. — Sem a interferê ncia direta de seu pai.

Lisa sentiu um aperto na garganta.

— Tenho certeza de que nã o está falando sé rio. — Ela pousou a mã o na amurada. — Bonita noite, nã o? — Esforç ando-se para mostrar-se natural, perguntou: — Onde estã o Anna e Lukos?

Nikolas nã o respondeu. Apó s um breve silê ncio, ele indagou:

— Por que você acha que eu nã o falo sé rio? Ela passou a mã o nos cabelos compridos.

— Nã o precisa fingir, sr. Petronides. — A voz dela soou fraca e insegura.

— Nã o estou fingindo, Lisa. E gostaria que me tratasse por Nikolas. — Depois de algum tempo em silê ncio, ele perguntou:

— Por que pensou que nã o a quero aqui?

— Eu nã o disse isso. — Ela escolhia as palavras com cuidado.

— Suponho que teria sido constrangedor para você, com sua prima e o noivo a bordo.

— Você acha que a convidei por algum motivo escuso?

— Os nú meros... — ela murmurou automaticamente. — Por causa dos nú meros. — Ela umedeceu os lá bios. — Tenho certeza de que entende o quero dizer. De qualquer modo, apreciei o convite.

— Você nã o sabe de nada. — Nikolas caminhou na direç ã o dela. — Você acredita mesmo que eu faria uma coisa dessas? Fazer de você uma... conveniê ncia, ne? — Ele parou ao lado dela, moreno e atraente sob a luzes que pendiam entre a an­tepara e a ponte de comando. — Nã o sou seu pai, Lisa.

Ela prendeu a respiraç ã o.

— O que você está insinuando?

Mas ela sabia. Sabia e, apesar de indignada, nã o podia cul­pá -lo pela interpretaç ã o dos fatos. Sobressaltou-se quando Ni­kolas afastou-lhe os cabelos do rosto.

— Desculpe-me — pediu ele. — Nã o quero aborrecê -la. — E, com um sorriso encantador: — Na pari i oryi, Lisa, nã o vamos falar do seu pai. Por favor, acredite em mim quando digo que a convidei porque quero passar uns dias, sozinho, com você.

Lisa espantou-se.

— Mas Anna e Lukos...

— Estã o aqui para lhe fazerem companhia. — De novo, Nikolas brincava com os cabelos dela. — Será que seu pai permitiria que você ficasse no iate se... — Ele se calou por um segundo, depois, erguendo as sobrancelhas, acrescentou: — Bem, talvez ele permitisse. Mas eu nã o.

— Lá vem você de novo. — Recuando, Lisa afastou-se dele, batendo contra a amurada. — Eu ouvi você dizer ao meu pai que sua prima ficaria conosco. — Um rubor cobriu-lhe o rosto. — Ele... ele nã o é meu... meu... Bem, ele nã o me usa como isca, se é isto que você está insinuando.

— Por que você está dizendo uma coisa dessas? — Os lá bios dele se curvaram num sorriso sensual, e apesar de nã o a estar tocando, Lisa podia sentir o calor das mã os dele em sua pele.

— Você sabe como seu pai é, nã o sabe, aghapita? Talvez, você tenha motivos para suspeitar de que eu disse a verdade.



  

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