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Outra vez a paixão 9 страница



— Nikolas nã o a incomodou quando se levantou? — Lisa perguntou num tom á spero, para espanto de Sophie. — Kiria Papandreiu disse que ele tomou café bem cedo.

— Como posso saber onde Nikolas está? — Ariadne fitou-a com expressã o cautelosa. — Nã o tenho a menor idé ia da hora que ele acordou!

— Você me surpreende. — Lisa nã o tinha a menor intenç ã o de ser amá vel, e agradecia o silê ncio da irmã. — Parece que você confidenciou a Sophie que está tendo um romance com seu padrinho.

Ariadne ficou vermelha. A expressã o de culpa da jovem grega destruiu qualquer dú vida que Lisa, eventualmente, poderia ter sobre a conduta de Nikolas. — Ela... ela disse isso?

Ariadne empalideceu. Depois, ela pareceu concluir que nã o tinha escolha, a nã o ser blefar.

— O que aconteceu? Você descobriu que ela vai para Á gios Petros todas as noites?

— Ela me contou isso també m. — Lisa, poré m, nã o pretendia explicar como descobrira. — E també m sobre o acordo entre você s. Seu padrinho sabe que você está espalhando essas histó rias?

— Nã o sã o histó rias. Estou contente por ela ter lhe contado, embora esse seja um assunto que nã o lhe diz respeito.

Lisa mordiscou o lá bio inferior.

— Mas nã o é verdade, nã o é mesmo? — perguntou gentil­mente. — Você só inventou porque Sophie estava implicando com o fato de você nã o ter amigos.

— Nã o! — Ariadne voltou-se para Sophie, que a fitava com expressã o insolente. Ela jamais admitiria a verdade na pre­senç a da garota inglesa. — E verdade! Sei que é difí cil acreditar, mas Nikolas e eu somos amantes há muito tempo.

— É mentira!

As trê s mulheres assustaram-se com a voz de Nikolas. Elas nã o sabiam, mas ele estivera o tempo todo numa das espre­guiç adeiras, à beira da piscina. Ele se levantou, e Lisa notou que ele ainda vestia as roupas da noite anterior. Estava sem gravata, o colarinho aberto no pescoç o, e a julgar pela sombra da barba, ele passara a noite em claro.

— É mentira — repetiu ele, subindo os degraus do deque e atravessando o pá tio em direç ã o a elas. — Você está mentindo, Ariadne. Sophie contou-me tudo, mas eu ainda tinha esperanç as de que ela a interpretara mal. Nã o há engano nenhum. Você me decepcionou, Ariadne. Você manchou nossa amizade com comentá ­rios embaraç osos que poderã o, inclusive, destruir minha reputaç ã o.

— Nã o... — Ariadne levantou-se num salto. — Nã o, nã o é verdade. Por favor, Nikolas, nã o fique bravo comigo. Deixe-me explicar. — Ela lanç ou um olhar angustiado para Sophie. — Fui obrigada. Sophie está sempre rindo de mim. Eu tinha que dizer alguma coisa... para ela parar de amolar-me.

Nikolas estava impassí vel.

— Entã o, você escolheu difamar-me.

— Nã o. Ela disse que nã o entendia porque eu deixava você mandar em mim, entã o eu dei a entender que... que é ramos... mais do que amigos.

— Você deu a entender que é ramos amantes — Nikolas corrigiu-a rispidamente. Cruzando os braç os ele a contemplou com o olhar de desprezo.

— Bem... Talvez. — Ariadne fez uma pausa antes de acres­centar num tom de sú plica: — Isso nã o é tã o espantoso, nã o é mesmo? Logo terei idade suficiente para me casar.

— Nã o comigo! — esbravejou ele, e a garota recuou alguns passos, atingida pela fú ria contida na voz dele. — Na verdade, acredito que será mais conveniente mandá -la para o convento, onde você ficará até o final do verã o. E quando as aulas re­começ arem, em setembro, você já estará lá.

Ariadne arregalou os olhos.

— Você nã o está falando sé rio, Nikolas.

— Estou.

— Você disse que eu poderia ficar aqui até o iní cio das aulas.

— Isso foi antes de você revelar esse lado desagradá vel de sua natureza. Como você acha que eu me sinto, sabendo que você alimentou esses pensamentos?

Boquiaberta, Ariadne respirava com dificuldade, lutando contra as lá grimas.

Lisa estava constrangida por assistir a uma cena tã o desa­gradá vel. Até mesmo Sophie parecia pouco à vontade.

Decidida, Lisa colocou as mã os sobre a mesa e levantou-se.

— Se nos derem licenç a... — ela começ ou, mas Nikolas a interrompeu.

— Fique — ele ordenou. Mas, em seguida, contemporizou: — Por favor...

Lisa nã o teve escapató ria. Sentou-se novamente. Livre de qualquer obrigaç ã o, Sophie levantou-se.

— Vou fazer as malas. — Revirando os olhos para Lisa, ela voltou para dentro de casa.

— Você disse que cuidaria sempre de mim! — gritou Ariadne. — Quando meus pais morreram, você disse que eu poderia contar sempre com seu apoio... para tudo. Disse també m que considerava um privilé gio papai tê -lo nomeado meu... meu...

— Tutor — Nikolas completou num tom frio. — Fiquei or­gulhoso por seu pai ter me considerado um substituto à altura dele. Tenho tentado comportar-me como um pai de verdade, Ariadne. Eu a amo com um pai ama sua filha. Nada mais.

As lá grimas começ aram a escorrer pelo rosto dela.

— Você disse que sou bonita. Naquela noite... naquela noite em que usei o vestido da mamã e, você falou que eu parecia com ela.

— E parecia mesmo. — Nikolas parecia mais calmo. — Você parece com sua mã e. Mas, por favor, Ariadne, nã o confunda admiraç ã o com... amor.

A menina soluç ou.

— Você nã o me ama?

— Nunca amei você como um homem ama a mulher com quem pretende se casar.

— E... e você está me mandando embora.

— Eu a estou mandando de volta à escola. — O rosto de Nikolas estava marcado pelo cansaç o. — Eu nã o vou mudar de idé ia, Ariadne. Sugiro que passe o resto das fé rias, pensando nos cursos que gostaria de fazer quando entrar na faculdade.

— Na faculdade?

Os soluç os tornaram-se mais intensos. Lanç ando um olhar desesperado para Lisa, ela correu em direç ã o à casa. Os ombros subiam e desciam, e ela parecia tã o jovem e frá gil, que Lisa sentiu muita pena.

Apesar da expressã o contrariada de Nikolas, ela se levantou.

— Vou falar com ela — avisou-o, mesmo sabendo que Ariad­ne poderia nã o querer a presenç a dela.

— Lisa. — A voz de Nikolas deteve-a. — Quero conversar com você. — Ele passou a mã o pelo queixo onde a barba co­meç ava a despontar. — Depois que eu tomar banho.

— Tudo bem. — Ela podia imaginar o teor da conversa. Se ele ia mandar Ariadne para a escola, nã o haveria mais emprego. Alé m disso, havia o episó dio da noite anterior. — Estarei no meu quarto. — Ela ergueu os ombros num gesto de incerteza. — Ou no de Ariadne, embora eu duvide que ela queira minha ajuda.

Lisa encontrou a garota na escada. Ela diminuí ra consideravelmente os passos e, a julgar pela expressã o esperanç osa, Ariadne imaginava que o padrinho vinha atrá s dela. Apertou os lá bios quando percebeu que era Lisa.

— Você está bem? — Lisa sabia que era uma pergunta tola, ante as circunstâ ncias, mas era difí cil pensar em outra coisa.

Subiram a escada em silê ncio, e quando chegaram no cor­redor, Ariadne respondeu, por fim:

— Estou. — Nã o havia calor na voz dela, nem arrogâ ncia, nem desafio. Aparentemente, ela aprendera a liç ã o. Obviamen­te, acreditara que poderia dizer e fazer qualquer coisa, que Nikolas jamais a repreenderia.

— Todos cometemos erros. Olhe, Ariadne, tenho certeza que Nikolas vai acabar perdoando você. Ele está furioso, mas vai passar. Se você ficar quieta no seu canto, longe do caminho dele, quem sabe, ele volte atrá s e permita que você fique aqui até o iní cio das aulas.

Ariadne apertou os olhos.

— Você acha mesmo?

— Bem, é uma possibilidade — afirmou Lisa, nã o querendo comprometer-se demais. — Vá para o seu quarto, lave o rosto, penteie os cabelos, e depois desç a para tomar seu café. Você se sentirá muito melhor depois que comer alguma coisa.

— Tudo bem. — Ariadne hesitou. Depois, juntou as mã os e agradeceu: — Obrigada.

— De nada.

— Obrigada de verdade. — Ela vacilou novamente, depois acres­centou: — Acho que você entende Nikolas melhor do que eu.

Lisa forç ou um sorriso.

— Eu nã o diria isso.

— Eu digo. — A jovem respirou fundo. — Ele sempre ouve o que você diz.

— É mesmo? — Lisa nã o acreditava nisso, mas, de repente, suspeitou daquela sú bita demonstraç ã o de confianç a. — Nã o se precipite. Nã o tenho a menor influê ncia nas decisõ es dele.

— Mas poderia ter. Se... se você falasse com ele... se contasse que estou tã o arrependida, que foi tudo um terrí vel engano. Que eu nã o queria que ele descobrisse...

— Ariadne — Lisa a interrompeu. — Eu disse o que penso, mas nã o posso lutar as suas batalhas. Cabe a você provar a seu padrinho o quanto está arrependida. E dizer que nã o queria que ele descobrisse, só vai complicar as coisas.

Num gesto de conforto, apertou a mã o da garota. Depois, antes que a conversa se prolongasse, ela se afastou. Foi direto ao quarto da irmã, esperando que ela estivesse cumprindo o que prometera.

Sophie estava no quarto, mas nã o fazendo as malas. Sentada no terraç o, ela se voltou quando percebeu a chegada de Lisa.

— E entã o? — perguntou com displicê ncia. — Você viu só? Pensei que Petronides í a bater nela! Pobre Ariadne. Ela quis morrer quando percebeu que ele ouvira toda a conversa.

— Sim... bem, esse nã o é assunto nosso. — Lisa olhou ao redor. — Pensei que você estivesse fazendo as malas.

— Nó s nã o vamos embora, nã o é mesmo?

— O que você acha, hein? Você ouviu Nikolas dizer que vai mandar Ariadne para a escola.

— Sim, mas isso é fogo de palha. — Sophie jogou os cabelos para trá s. — Ele ouve o que você diz. Por que nã o fala com ele?

— Nã o, de jeito nenhum. — Lisa ressentia-se do fato de as duas garotas pensarem que poderiam usá -la para conseguirem seus intentos. — Mas você nã o estava tã o ansiosa para voltar a Londres?

— Estava. Mas isso foi antes... antes...

— Antes de ir para Á gios Petros todas as noites, nã o? — Lisa foi cá ustica. — Sinceramente, Sophie, você passou dos limites. Você é egoí sta. Nã o pensa em ningué m, só em você mesma.

— Eu estava apenas me divertindo — protestou Sophie, batendo o tê nis contra a grade do terraç o. — Aposto como você se divertia um bocado, na minha idade.

— Quando eu tinha a sua idade, a mamã e estava doente e o papai, desesperado — retrucou Lisa. — Só trê s anos depois, eu conheci Nikolas, se é isso que você está insinuando.

— Você s... namoraram muito tempo?

— Nã o. Papai nos apresentou e creio que ficamos juntos durante duas semanas.

— Duas semanas! — Sophie ficou impressionada. — Que apressada, Lisa. Você se atirou nos braç os de um milioná rio em menos de quinze dias! — Ela sorriu. — Ah, conte-me tudo! Ele foi seu primeiro amante? Como ele é?

A vulgaridade de Sophie era revoltante.

— Pare com isso, Sophie. — Jamais ela revelaria à irmã o quanto fora ingê nua e cré dula. Caminhou em direç ã o à porta, antes que Sophie percebesse seu embaraç o. — Vou arrumar minha mala. Eu... Nikolas quer falar comigo, e nã o preciso de bola de cristal para adivinhar o motivo.

 

CAPÍ TULO XIV

Lisa decidiu dar um hora de prazo. Se nesse í nterim Nikolas nã o a chamasse, ela mesma tomaria a iniciativa de procurá -lo. Nã o poderia partir sem es­clarecer tudo, principalmente, a questã o dos telefonemas dele, quando ela já estava em Londres.

Tirou a mala de dentro do armá rio, colocando-a sobre o sofá. Era terrí vel pensar que o pai poderia ter interceptado as ligaç õ es de Nikolas. Se ele chegara a esse extremo, certamente sua ú nica intenç ã o fora protegê -la. Depois do modo como Nikolas se com­portara, seu pai tivera todo o direito de desconfiar dele.

Ou ele teria...

Lisa fez um meneio de cabeç a. Nã o era justo duvidar do pai. Tirou os pares de sapato do fundo do armá rio. Nem sempre ele usara mé todos escrupulosos nos negó cios, mas sempre fora muito honesto com ela. Afinal, era a filha dele. Ele a amava. E agira como pai amoroso e preocupado, quando descobriu o que Nikolas fizera.

Por outro lado, lembrava-se de como ele lhe pedira para tratar o magnata grego, antes de saber o que acontecera. Na é poca, achara que interpretara mal as intenç õ es do pai. Afinal, nã o era a primeira vez que Parker Tennant pedia-lhe para entreter os clientes. Ele ficara furioso com Nikolas e ela nã o contestara os motivos do pai.

Estava guardando as roupas í ntimas na mala, quando ouviu uma leve batida na porta.

— Beno mesa — disse, imaginando que fosse uma das em­pregadas com um recado de Nikolas.

O sexto sentido, poré m, dizia-lhe que nã o era a empregada. Por isso, nã o ficou surpresa quando Nikolas entrou no quar­to. Surpreendeu-se, sim, quando ele fechou a porta e encostou-se no batente. Sentindo um frio na barriga, ela tentou esconder o nervosismo.

— O que está fazendo? — perguntou ele, olhando para a mala aberta sobre o sofá.

— Nã o sei o horá rio dos vô os para Londres — ela disse, colocando os dedos nos bolsos traseiros do short amarelo. — Eu... eu... Talvez você possa pedir a Yanis para verificar...

— Por que eu faria isso? — Ele acabara de sair do banho, pois gotas de á gua brilhavam nos cabelos negros. De camisa e calç a pretas, ele parecia mais esbelto e má sculo. No rosto, as marcas do cansaç o.

Lisa piscou.

— Eu pensei...

— O que você pensou? — Nikolas caminhou pelo quarto. — Que eu deixaria você fugir de mim novamente? As pulsaç õ es dela aceleraram-se.

— Eu pensei que assim estaria facilitando as coisas para você. — Lisa suspirou. — É sobre isso que você quer falar comigo?

— Em parte. Antes, quero pedir desculpas pelo comportamento de Ariadne. Receio tê -la mimado demais. Eu nã o tinha idé ia que ela confundira meu afeto com algo mais do que... afeto.

Lisa encolheu os ombros.

— As meninas sempre tê m fantasias amorosas envolvendo homens mais velhos. — Ela fez um gesto evasivo com as mã os. — Isso passa.

— Foi o que aconteceu com você? — Nikolas ergueu uma sobrancelha. — Por isso, entende os sentimentos dela melhor do que ningué m.

Por um instante, Lisa o fitou em silê ncio, considerando as palavras dele.

— Você nã o está insinuando que... o que eu senti por você foi fantasia... foi entusiasmo infantil?! — exclamou.

Nikolas balanç ou os ombros num gesto de indiferenç a.

— O que mais poderia ser?

— Você nã o sabe nada sobre os meus sentimentos. — Ela estava indignada, mas prosseguiu em defesa pró pria: — E; por favor, nã o diga que signifiquei alguma coisa para você, porque nã o vou acreditar. Apesar de ter dito a Sophie que você tentou falar comigo, depois que voltei para casa, continuo nã o acreditando. A propó sito, porque falou aquilo? Para salvar o meu amor-pró prio, ou o seu?

Nikolas comprimiu os lá bios.

— Por que eu desejaria salvar o seu amor-pró prio? — observou num tom amargo, e foi a vez de Lisa comprimir os lá bios.

— Realmente — assentiu ela, em voz baixa. — Entã o, o seu amor-pró prio. Eu devia saber. Saiba que, por um momento, eu cheguei a duvidar do meu pai.

— No que fez muito bem — Nikolas afirmou num tom grave. — Eu queria que ele estivesse vivo ainda, para esclarecer todas as confusõ es e maldades que fez.

— Como se atreve profanar a memó ria de meu pai? Ele disse que você era um bastardo sem escrú pulos, e é mesmo!

— Foi isso o que ele disse? — Nikolas fez uma careta. — Como é mesmo aquele ditado? Cada um julga por si.

Lisa nã o se conformava com tanta frieza.

— Você nã o tem o direito de criticar uma pessoa que nã o pode mais defender-se.

— Nã o? Mesmo se essa pessoa tentou desmoralizar-me, des­truir minha reputaç ã o? — Nikolas chegou mais perto dela. — Ele nã o lhe contou realmente nada?

— Contou o quê? — A expressã o de Lisa era de desconfianç a. Nikolas meneou a cabeç a.

— Bem que Yanis tentou me convencer, mas nã o acreditei. Achei que ele estava apenas tentando salvar a pró pria pele.

— Yanis? — Lisa estava absolutamente confusa. — Do que você está falando? O que Yanis tem a ver com meu pai e...

— Nã o foi Yanis quem providenciou tudo para você ir embora da ilha? — Nikolas interrompeu-a rispidamente. Depois, respirou fundo e acrescentou: — Você nunca questionou o fato de eu nunca mais tê -la procurado, depois que você voltou a Londres?

Ela negou com um gesto de cabeç a.

— Eu... Nã o.

— Eu signifiquei tã o pouco para você? Lisa corou.

— Eu nã o disse isso.

— Nã o? — Ele a contemplou com um olhar sú plice. — Theits, você tem idé ia de como me senti quando Yanis contou-me que você tinha ido embora?

— Aliviado, suponho.

— Desesperado — Nikolas a corrigiu, segurando-a pelos om­bros. A angú stia contida no olhar dele, tocou-a profundamente.

— Lisa, você nã o percebeu o que eu sentia por você? Nunca lhe ocorreu que, se eu quisesse apenas levá -la para a cama, eu nã o teria respeitado sua inocê ncia durante todo o tempo que ficamos juntos no iate?

Lisa nã o sabia o que responder.

— Eu... eu pensei... —... que você ficou decepcionado... que, ao perceber minha inexperiê ncia, se arrependeu de ter se en­volvido comigo... Ela estremeceu. — Eu nã o sabia o que pensar.

Nikolas soltou os braç os ao longo do corpo.

— Entã o ouç a: eu tentei entrar em contato com você, depois do seu retorno a Londres. Muitas vezes, na verdade. — Os lá bios dele se curvaram. — Até seu pai me dizer que eu estava perdendo tempo, que havia outro homem em sua vida, e que você sempre agira obedecendo à s instruç õ es dele.

— Nã o... — Lisa tentou afastar-se, mas ele a segurou pelos braç os.

— Sim. Por que você acha que fiquei furioso por ter perdido o controle, naquela manhã, na praia? — ele perguntou, com o rosto quase colado ao dela. — Theus, Lisa, durante quatro anos, acreditei que você me fizera de bobo. Meu ú nico consolo era que Tennant, seu pai, nã o havia conseguido o que queria, apesar de ter negociado sua inocê ncia para...

— Nã o...

O som nã o foi mais do que um dé bil lamento, e quando ele a abraç ou, Lisa tremeu nos braç os dele.

— Eu nã o a traí, Lisa. — As mã os dele acariciavam-lhe as costas. — Eu me apaixonei e queria me casar. Mas seu pai nã o aceitava uma derrota, e a teimosia dele acabou destruindo o que eu mais desejava.

Lisa franziu a testa.

— A morte de papai...

— Eu sei. Você estava certa. Nã o foi por acaso que eu pro­curei a empresa de Martin Price. Esperei durante quatro anos para vingar-me e quando eu soube da morte de seu pai, pensei que minha chance de vinganç a morrera com ele.

Lisa fitou-o com tristeza.

— Por que está me contando tudo isso, agora?

— Quero que saiba toda a verdade, Lisa. Nã o quero que haja mentiras, ou meias-verdades entre nó s. Se você decidir perdoar-me, será por conhecer todos os fatos.

Lisa umedeceu os lá bios com a ponta da lí ngua. Nikolas nã o se conteve. Inclinando a cabeç a, permitiu que as lí nguas se tocassem, se buscassem numa intimidade que provocou tre­mores nos joelhos de Lisa.

Instantaneamente, ela o enlaç ou pela cintura, em busca de apoio enquanto o beijo tornava-se voraz e possessivo.

Dando-se conta de que seduzi-la nã o era a soluç ã o, Nikolas afastou-se.

— Gliko — ele murmurou com voz enrouquecida. — Doce, muito doce. Você tem um gosto delicioso, agape mou. Mas nã o vou fugir do meu intento. Quero confessar todos os meus pe­cados, e persuadir Price foi apenas um deles.

Lisa balanç ou a cabeç a.

— Nã o quero ouvir mais nada...

— Você nã o quer saber a verdade?

Ela queria negar. Queria guardar os ú ltimos resquí cios de confianç a no pai, continuar acreditando que ele sempre tivera as melhores intenç õ es, mas era cada vez mais difí cil recusar-se a abrirmos olhos.

Vendo a expressã o ansiosa de Nikolas, ela sentiu que seria mais importante ser honesta com ele, do que lutar contra as evidê ncias.

— Sim — disse, por fim. — Sim, quero saber a verdade. — E teve a satisfaç ã o de ver o calor da emoç ã o brilhando nos olhos dele.

— Muito bem. — A voz dele tremeu quase imperceptivelmente. — Nã o é segredo que seu pai morreu devendo uma pequena fortuna, e eu acompanhei com muito interesse seus esforç os para salvar alguma coisa do patrimô nio da famí lia.

Nikolas notou o olhar espantado de Lisa.

— Nã o, nã o me olhe assim. Nã o tenho orgulho dos meus atos, aghapita, mas lembre-se que seu pai afirmou que você s agiam de comum acordo.

— Ele nã o diria isso — Lisa protestou.

— Ah, disse sim. E muito mais do que isso. — Com a ponta do dedo, ele acariciava-lhe o rosto. — Tennant deixou bem claro que você fazia parte de um plano, que você fazia tudo o que ele ordenava, e que você fugiu daqui com vergonha por ter falhado.

Lisa piscou.

— Como você pô de acreditar nisso?

— Como poderia nã o acreditar, se você me dava motivos, se você nã o retornava meus telefonemas?

— Eu nã o sabia...

— Agora estou convencido disso. Na é poca, fiquei tã o furioso que nã o raciocinei. Eu nã o deveria ter acreditado nas evidê ncias. Eu deveria, sim, ter ido a Londres para ouvir a verdade da sua boca.

— Nã o teria feito a menor diferenç a. — Ela hesitou. Depois, respirou fundo. — Meu pai disse que você riu quando ele ma­nifestou a revolta pelo... pelo que você fizera. E que, alé m de rir, acusou-o de tolo por ter confiado tanto em você.

Nikolas praguejou em grego, expressando sua frustraç ã o pelo modo como Parker Tennant menosprezara os dois. Ele nã o tivera o mí nimo respeito pela felicidade da filha. Era como se, perdendo a esposa, ele perdera també m os sentimentos mais nobres que certamente tivera, um dia.

Momentos depois, já controlado, Nikolas continuou:

— Bem, nã o vamos mais nos deter no passado. Acho que ambos tivemos razõ es suficientes para nos desprezarmos mu­tuamente, ohi?

Os olhos dele perscrutavam-lhe o rosto pá lido.

— Agora, talvez, você entenda melhor porque eu estava curioso para saber como você lidaria com a situaç ã o na qual seu pai a deixou. O comportamento de Price foi previsí vel. Já era de meu conhecimento que esse rapaz estava de olho... na sorte grande.

— Ele inclinou levemente a cabeç a. — Você o amava? Lisa nã o hesitou antes de responder:

— Você sabe que nã o, do contrá rio nã o perguntaria.

— Eu esperava que nã o. — Incapaz de resistir, Nikolas depositou um beijo no canto dos lá bios dela. — Oh, Lisa, você nã o imagina o tormento em que vivi, temendo que você provasse ser filha de seu pai!

— Como assim?

— Nunca lhe ocorreu que poderia ter resolvido essa situaç ã o tã o difí cil de outro modo? Você deve ter conhecido dezenas de homens ricos ao longo da carreira de seu pai. Com certeza, muitos deles se sentiriam felizes em...

Ela entendeu.

— Comprar-me, você quer dizer? — As feiç õ es de Lisa se anuviaram. — Eu já lhe disse...                                        

— Que nã o está à venda — Nikolas terminou a frase por ela. — Agora eu sei disso. Mas naquela é poca... — Ele suspirou.

— Nã o pude evitar de pensar o pior, agape mou. Quando você tirou Sophie daquele colé gio caro e mudou-se para a casa de sua tia, em Islington, decidi entrar em aç ã o.

— Mesmo sabendo de tudo isso, você ainda acreditou que eu...

— Nã o — Nikolas interrompeu-a. — No fundo, no fundo, creio que sempre soube que a criatura que seu pai pintara para mim, nã o tinha nada em comum com a mulher bonita e sensí vel por quem me apaixonei. — Ele sorriu.

— Oh, Nikolas!

— Você acredita em mim?

— Sim, acredito.

— Sua compreensã o é muito importante para mim. Depois de todas as mentiras que Ariadne inventou, sinto-me arrasado.

— Eu acredito em você — Lisa repetiu.

Nikolas a beijou e Lisa enlaç ou-o pelo pescoç o. Um desejo ardente cresceu dentro dela. O calor que aqueles beijos pro­vocavam, aqueceu-lhe o coraç ã o, a mente e o sangue com uma intensidade incontrolá vel.

A respiraç ã o dele era morna em sua boca, a lí ngua tocava, ex­plorava, invadia, a umidade que se abria para carí cias mais sensuais.

Cerrou os olhos, entregando-se aos prazeres sensoriais, e um gemido abafado escapou-lhe dos lá bios quando Nikolas abandonou-os para beijar a pele sensí vel do pescoç o.

As lembranç as envolveram-na. Dessa vez, poré m, eram lem­branç as agradá veis, que só estimulavam as respostas à vora­cidade dele. As mã os quentes e má sculas corriam sofregamente pelas costas macias de Lisa, fazendo com que ela se amoldasse mais ao corpo dele.

Lisa nã o era mais uma menina inocente. Quando sentiu a forç a do desejo dele pulsando forte entre suas pernas, abriu os olhos e viu o fogo da paixã o estampado no rosto dele. Agar­rando-se nos cabelos de Nikolas, puxou-o, até seus lá bios se encontrarem novamente.

Ela o desejava també m. Sempre o desejara, e era difí cil acreditar que o sonho impossí vel estava prestes a realizar-se.

— Hei, Lisa... Ops!

A entrada intempestuosa de Sophie era tã o inesperada quan­to inconveniente. Sufocando um gemido, Nikolas afastou Lisa.

Seguiu-se um longo e constrangedor silê ncio.

Por um momento, Lisa imaginou que a irmã, demonstrando um mí nimo de discriç ã o, saí sse do quarto sem nenhum comentá rio. Pura ilusã o! Sophie era curiosa demais para permitir que algo tã o intrigante passasse em branco. Por isso, quando ela apoiou o ombro no batente da porta, Lisa sabia que come­ç aria o interrogató rio.

— Isto quer dizer que nã o vamos mais embora? — ela per­guntou com a insensibilidade costumeira, e Lisa queria desa­parecer no ar, tamanho seu embaraç o.



  

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