Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





Outra vez a paixão 7 страница



Lisa prendeu a respiraç ã o.

— Como se atreve?

— Atrevo-me a quê? — Nikolas chegou mais perto, e Lisa nã o tinha como escapar. — Lisa, nã o se preocupe com os mo­tivos dele. Nã o me importo se você já fez isto antes. Estou contente por você estar aqui. Comigo.

Lisa olhava-o horrorizada.

— Acha que estou habituada a agir assim?

— Assim como, aghapita? — Ele apoiou as mã os na amu­rada, prendendo-a entre os braç os.

— Aceitar convites... — Desconfiada, ela olhou-o fixamente. — Você está pensando que meu pai planejou tudo?

— Se ele fez isso, só tenho que agradecer-lhe. — Os olhos dele nos lá bios de Lisa eram como uma carí cia palpá vel. — Relaxe. Nã o vou magoá -la. Estou encantado com sua doç ura e sua alegria de viver.

Lisa balanç ou a cabeç a.

— Mas nã o com minha inocê ncia — declarou ela num tom amargo, e Nikolas segurou-lhe o rosto entre as mã os.

— Isso també m. Doce Lisa. Você tem idé ia de como é adorá vel?

— Você está brincando comigo.

— Nã o, nã o estou. — A expressã o dele suavizou-se, e, aca­riciando-lhe o pescoç o, avaliou atentamente o rosto dela. — Se você continuar me olhando com esse olhar triste, vou achar que a assustei.

— Mas nã o assustou.

O que Lisa sentia era medo das emoç õ es que Nikolas lhe despertava. Precisava ser cautelosa, nã o confiar nele, por tudo que dissera sobre o pai dela. Poré m, na verdade, ele a excitava de uma maneira tal, como ela nunca experimentara antes.

— Entã o... — O dedo dele se movia sensualmente no pescoç o delicado. — Vai me perdoar?

Lisa sentia as pulsaç õ es descontroladas ecoando na cabeç a.

— Tenho escolha?

— Todos temos escolha. Você quer ficar comigo ou nã o?

Ficar com ele!

A conotaç ã o daquelas palavras tã o simples era apelativa, tentadora. Nikolas nã o perguntara se ela queria ficar no iate, mas sim, com ele.

— E... e se eu nã o quiser? — Lisa prendeu a respiraç ã o quando, inclinando a cabeç a, ele acariciou-lhe a orelha com a ponta da lí ngua.

— Nesse caso, nã o terei escolha, a nã o ser obedecer sua vontade. Mas tenho esperanç as de que isso nã o aconteç a.

Lisa encostou as mã os no peito dele.

— Você nã o tem o direito de acusar meu pai.

— Eu sei.

— Realmente, chegou um fax. Ele nã o queria voltar para Londres e deixar-me aqui.

— Acredito em você.

Lisa olhou-o interrogativamente.

— Entã o por que falou tudo aquilo? Por que fez-me pensar que desconfiava dele? — Ela suspirou. — Se papai soubesse disso, nã o teria permitido que eu aceitasse seu convite.

— É mesmo?! — De novo, o tom incré dulo. — Bem minha opiniã o sobre seu pai nã o tem nenhuma importâ ncia — ele declarou, deslizando a mã o pelo braç o dela. — Estou muito mais interessado no que você pensa de mim.

— O que eu penso... Por favor, nã o faç a isso. — Lisa cruzou os braç os. — Nã o sou boba, sr. Petronides. Nã o precisa tentar impressionar-me.

Certamente, o pai jamais a perdoaria se ela ofendesse o magnata grego. Pensando nisso, disse:

— Eu o considero um homem... agradá vel.

— Um homem agradá vel? — Nikolas repetiu. — Devo in­terpretar isso como um elogio? — Os olhos dele pareciam aca­riciá -la e Lisa rezou para ele nã o descobrir seus pensamentos.

— Kala, nã o me sinto muito agradá vel neste momento. Você faz com que me sinta muito cí nico e muito velho.

— Você nã o é velho.

As palavras saí ram automaticamente, e o olhar dele deteve-se nos lá bios de Lisa.

— Tenho trinta e cinco anos. Quase o dobro da sua idade. E, infelizmente, com muito mais experiê ncia das agruras do mundo.

Lisa movimentou os ombros num gesto nervoso.

— Mais cansado, você quer dizer — disse ela, tentando mos­trar uma seguranç a que nã o sentia. Desconfiava que a conversa tomava um rumo perigoso para algué m inexperiente como ela.

— As aparê ncias enganam, você sabe, nã o?

— Oh, eu sei. — Nikolas olhou-a com expressã o divertida. — Quem diria que uma gatinha tí mida tivesse garras tã o afiadas?

Lisa franziu o cenho.

— Você está se divertindo à minha custa.

— Só um pouco. — Ele sorriu. — Você é tã o encantadora. É difí cil resistir. — A mã o dele acariciou-lhe a face. —Talvez, se me chamasse de Nikolas, eu nã o acharia tanta graç a. Nã o posso fazer amor com uma mulher que me trata por sr. Petronides.

Lisa emudeceu, tomada pela surpresa. Nã o tinha a menor idé ia do que dizer. Talvez uma mulher como Anna teria a resposta na ponta da lí ngua. Mas ela nã o. Só a idé ia de fazer amor com aquele homem já era absurda demais para ser con­siderada. E ainda mais, com ele se divertindo com o constrangimento dela. Confusa, Lisa se voltou abruptamente de frente para a amurada.

— Eu... — Olhando para o nada, procurou desesperadamente por um assunto neutro. De repente, percebendo luzes no ho­rizonte, disse a coisa mais estú pida que passou-lhe pela cabeç a.

— Aquelas luzes... É um navio?

— Como estamos em alto-mar, é natural estarmos rodeados por navios — Nikolas argumentou à s suas costas.

Ele se aproximou mais, e de novo, sentiu-se presa entre os braç os dele.

— Nã o tenha medo de mim, Lisa. — Os cabelos ú midos roç avam o rosto dela enquanto ele mordiscava-lhe a orelha.

— Você entende o que estou dizendo, nã o é, Lisa? — A voz soou enrouquecida. — Você já sabia dos meus sentimentos por você, antes de aceitar meu convite.

Ela nã o sabia, mas admitir, seria como confessar sua inge­nuidade e inexperiê ncia. Por isso, ela ergueu um ombro, como uma confirmaç ã o silenciosa. Fechou os olhos ao sentir que, com os dentes, ele afastava a alç a do top de seda, para que os lá bios acariciassem a pele macia.

Lisa precisava dizer alguma coisa para espantar a sensaç ã o de pâ nico.

— Anna... e Lukos virã o nos fazer companhia?

— Ainda nã o. Só mais tarde,.. Esqueç a minha prima e o noivo dela. Eles tê m coisas melhores para fazer, do que pensar em nó s.

Oh, Deus!

Lisa teve certeza de que ele acreditava que ela estava acos­tumada com aquele tipo de programa. Quando sentiu a mã o dele na cintura, subindo lentamente até acariciar-lhe o seio, ela se conteve para nã o deixar escapar um gemido.

— Quero você, Lisa. E apesar do seu medo, sei que també m me quer.

Ele a queria!

Lisa apertou os lá bios. Com toda sua inexperiê ncia, ela ad­mitia que ele nã o se enganara. Por mais ignorante que fosse em assuntos de sexo, ela nã o tinha a menor dificuldade para identificar as exigê ncias de seu corpo.

Segurando-a pelo ombros, Nikolas fez com que ela se vol­tasse. Ele sabia de tudo. Conhecia todos os movimentos para envolvê -la. E como que enfeitiç ada, nã o conseguia desviar o olhar do rosto dele.

Nikolas era atraente demais. As pulsaç õ es dela se descon­trolaram. Os lá bios entreabriram-se, inconscientemente tenta­dores, propiciando a invasã o da lí ngua dele. Os mamilos se enrijeceram sob a seda do top.

Ele inclinou a cabeç a, os lá bios encostando nos dela, em beijos rá pidos, suaves, provocantes. Nikolas nã o tinha pressa, despertando a ansiedade de Lisa.

Enlaç ando-o pelo pescoç o, beijou-o com ardor.

— Diga o que você quer, Lisa — murmurou ele, ouvindo os dé beis gemidos que lhe escapavam da garganta.

Lisa, poré m, só conseguia pressionar o corpo contra o dele. Nikolas també m gemeu e o beijo tornou-se mais exigente, mais profundo, a lí ngua dele invadindo a boca de Lisa, numa ex­ploraç ã o frené tica.

Razã o e bom senso desapareceram. Um agradá vel entorpe­cimento apossou-se do corpo de Lisa, neutralizando qualquer tipo de resistê ncia. Estavam tã o pró ximos, que ela podia sentir todos os ossos e vé rtebras, a forç a e o calor do desejo dele latejando contra seu abdô men.

Parecia que o sangue se transformara em fogo, queimando-lhe as veias, o corpo inteiro. Lisa ofegava.

As mã os de Nikolas introduziram-se sob o top, tocando os seios intumescidos. Ela tremeu de prazer antecipado. Homem nenhum tivera tanta intimidade com ela, e os temores que sentira momentos antes, dissiparam-se sob a sensualidade dos carinhos que recebia.

Murmurando palavras em grego, ele inclinou a cabeç a para beijar e mordiscar os mamilos enrijecidos. Imediatamente, Lisa sentiu entre as pernas, uma umidade até entã o desconhecida.

— Venha — sussurrou ele. Pegando-a pela mã o, conduziu-a pelo convé s e, descendo alguns degraus, até a cabine dele. — Por mais que eu sonhasse em fazer amor com você sob as estrelas, nã o posso escandalizar o capitã o Stavros. Alé m do mais, quero contemplá -la. Quero ver seu rosto quando, final­mente, eu a fizer minha.

Depois de tantos anos, Lisa percebia que Nikolas lhe dera chance de detê -lo. Ela tinha plena consciê ncia do que estava fazendo, ao entrar na cabine dele. Nã o tinha nem mesmo a desculpa de ter bebido muito, e que ele se aproveitara disso.

 Lisa suspirou. Seria impossí vel esquecer-se de sua primeira experiê ncia. Muitos homens haviam-na beijado, antes. Alguns até quiseram fazer amor com ela. Mas nenhum a afetara tanto quanto Nikolas. Nem antes, nem depois. Ela nã o pensara em mais nada, nem nas possí veis consequê ncias. Felizmente, nã o estava em seus dias fé rteis.

Nikolas nã o tinha idé ia da inexperiê ncia dela. A atmosfera da cabine era propí cia. Româ ntica, aconche­gante e perfumada. Os lenç ó is de seda, frios sob as costas dela. Fascinada, observava os movimentos de Nikolas, despindo-se e tirando as pró prias roupas. Estremeceu ao ver a poderosa rigidez do desejo dele. Guiada por ele, Lisa tocou aquela forç a latente, sentindo-a viva entre os dedos.

Com uma sensualidade que, até entã o, nã o sabia que pos­suí a, ela se rendeu à s exigê ncias dele.

Nikolas, apesar do desejo evidente, permitiu-se a uma longa e lâ nguida exploraç ã o do corpo dela. Ele até beijou-lhe, um a um, os dedos dos pé s, antes de traç ar um caminho de beijos, até seu rosto roç ar nos pê los macios que envolviam a essê ncia de sua feminilidade. Lisa estremeceu, quando com a lí ngua, ele tocou o centro de todas as suas sensaç õ es.

Nikolas també m tremia e gemia. Talvez, fosse justamente aquela evidê ncia de vulnerabilidade dele, que a fizera perder todas as inibiç õ es.

Agora, olhando para trá s, Lisa admirava a coragem que tivera em nã o demonstrar o quanto era inocente, na é poca.

Contudo, Nikolas nã o demorou a descobrir. Só que era tarde demais para ele parar. Levada pelo instinto, ela agira com tanta paixã o, que ele nã o desconfiara de nada. Poré m, no momento em que ele a possuiu, Lisa nã o conseguiu sufocar o grito de dor, prova de que ele era o primeiro homem em sua vida.

As lembranç as ainda machucavam muito. Só agora ela se con­vencia de que aquela fora a ú nica vez em toda sua vida, que acreditara verdadeiramente num homem. Desde entã o, tinha boas razõ es para arrepender-se de tanta credulidade. Na é poca, ela nã o tinha razõ es para nã o duvidar de Nikolas. Ele sempre se mostrara solí cito e carinhoso. E culpava-se pelo acontecido.

Naquela noite, eles fizeram amor de novo. Só porque ela pedira. Ou talvez, para que ela guardasse uma lembranç a feliz de sua primeira vez. Qualquer que fosse a razã o, a segunda vez fora maravilhosa, má gica, perfeita. Lisa lembrava que ficara rí gida, imó vel, esperando pelo momento da dor. Entretanto, nã o houve dor, só sensibilidade, culminando com uma satisfaç ã o tã o intensa, que ela gritou, exultando a beleza do amor deles...

 

CAPÍ TULO X

A sensaç ã o das ondas quebrando nos tornozelos, arrancou Lisa de suas lembranç as. De tã o ab­sorta, nã o percebera a subida da maré, molhando a barra da saia. O tecido molhado grudava nas pernas, esfriando as emoç õ es, lembrando-a de onde estava, e a razã o de tantas recordaç õ es.

Nã o fora à toa que relutara tanto em ir para a ilha. O reencontro com Nikolas desencadeara muito mais do que lem­branç as, do passado. E se quisesse conservar o emprego, teria de esquecer-se de que, um dia, envolvera-se com Nikolas Petronides. Alé m do mais, só atormentava-se recordando de como fora bonito o relacionamento deles.

Bonito, mas breve.

Um dia depois de terem feito amor, Nikolas pedira-lhe perdã o, assumindo toda a culpa pelo que acontecera, e prometendo que nã o aconteceria de novo. E durante os dias seguintes, até o fim do cruzeiro, Nikolas desdobrara-se em atenç õ es, e as dú vidas dela foram engolidas pela imensa ternura que ele lhe dedicava.

Lisa até acreditara que ele gostava dela. Em sua ingenui­dade, pensava que somente um sentimento maior, especial, justificaria tanto carinho e tanta consideraç ã o. Ela se apaixo­nara perdidamente, e tinha certeza que Anna e Lukos acredi­tavam que Nikolas també m se apaixonara por ela.

Cinco dias depois, o pai dela retornou inesperadamente. Ni­kolas recebera um telefonema de Parker Tennant, pedindo-lhe para desembarcar Lisa no porto mais pró ximo. Nikolas, entã o, sugeriu que Parker os encontrasse em Pirineus, e de lá segui­riam para Skiapolis, onde passariam alguns dias na vila.

Parker Tennant aceitou. A partir do momento em que o pai subiu a bordo do Athena, Lisa percebeu que alguma coisa estava errada. Ele alegara estar com enxaqueca, mas Lisa sabia que nã o era só isso. Ela també m notou os olhares rancorosos do pai para Nikolas, quando este nã o estava olhando.

Lisa sentia-se ansiosa para saber o que estava acontecendo.

Era dia claro quando desembarcaram no pequeno porto de Á gios Petros, e Parker Tennant nã o estava bem. A enxaqueca piorara, e assim que chegaram à vila, ele se recolheu à suí te.

Lisa, entã o, teve que adiar a conversa com o pai.

No dia Seguinte, ela e Yanis, que ficara na vila durante a ausê ncia do patrã o, passaram o dia excursionando pela ilha.

Apesar de ter melhorado bastante, Parker Tennant preferira ficar em casa. Uma precauç ã o prudente, segundo Nikolas, mas Lisa acre­ditava que o pai deveria ter outros motivos para nã o querer acom­panhá -los. Nã o imaginava quais seriam esses motivos. Ao mesmo tempo, ponderava que, se o pai tivesse razõ es para nã o confiar em Nikolas, certamente, nã o a encorajaria a sair com ele.

Depois do almoç o, Nikolas e Yanis trancaram-se no escritó rio. Lisa e o pai passearam pelo jardim antes de sentarem-se à beira da piscina. Parker Tennant já nã o parecia tã o tenso, e até sorriu quando, sentados lado a lado, ela ficou segurando a mã o dele.

Lisa deveria ter desconfiado. Desde a morte do pai, Lisa via-se forç ada a acreditar que ele nunca levara em consideraç ã o os sentimentos dela.

Ele começ ou falando da satisfaç ã o de ver que Lisa e Nikolas estavam se entendendo. Revelou que o magnata grego dissera que fora um prazer hospedar Lisa, e que, como pai, ele via com bons olhos o interesse de Nikolas por ela.

Lisa estranhou, pois o pai nã o conseguira convencer Nikolas a investir na Empresa Murchison.

Por fim, com um sorriso de cumplicidade, Parker Tennant confessou que dependia da filha para persuadir Nikolas. Na opiniã o dele, Nikolas Petronides faria tudo que Lisa pedisse, e se ele se mostrasse relutante, ela deveria ser muito gentil e carinhosa, independente das exigê ncias dele.

Lisa ficou horrorizada. O pai estava insinuando que ela deveria até mesmo ir para a cama com Nikolas, em troca de um inves­timento: Lembrou-se, entã o, dos comentá rios dele sobre o pai dela. De repente, tudo ficou muito claro. Nikolas sempre soubera das intenç õ es de Parker Tennant, e por isso, nã o tivera escrú ­pulos em seduzi-la.

A princí pio, Lisa fingiu nã o entender o discurso do pai. Mas nã o se iludia. O pai queria que ela se valesse de qualquer meio para conseguir o intento dele. E quando, relutante, ela confessou o que acontecera, ele a chamara de tola e traidora. As palavras do pai só confirmaram o que ela acabara de descobrir.

Lisa ficou desesperada. Nã o sabia o que fazer. Nã o tinha ningué m a quem recorrer. A ú nica coisa que tinha em mente, era sair daquela casa sem tornar a ver Nikolas.

Foi quando Yanis apareceu em seu socorro. Ela estava no jardim, chorando, tentando encontrar uma soluç ã o. Ele nã o perguntou nada, mas deduziu que a situaç ã o envolvia Nikolas. Yanis providenciou um barco para levá -la até a ilha Mikonos, onde ela pegaria um aviã o para a Inglaterra.

Parker Tennant viajou com a filha. Obviamente, ele sabia que se comportara de maneira abominá vel. E culpava Nikolas, claro, acusando-o de falsas promessas, afirmando que ele nunca tivera intenç ã o de associar-se a ele, e que usara de subterfú gios apenas para aproximar-se de Lisa.

As semanas passaram sem que Nikolas tentasse entrar em contato com ela. Por isso, Lisa chegara à conclusã o de que, afinal, o pai estava certo.

Sua consolaç ã o era ter tomado a iniciativa de partir, antes que Nikolas a mandasse embora da ilha. Tinha certeza de que sua atitude o aborrecera demais. Ele nã o estava acostumado a ser abandonado pelas mulheres. Talvez por esse motivo nã o per­dera a chance de humilhá -la, contratando-a como sua funcioná ria.

Isso també m explicava a repentina fú ria, naquela manhã em que ele a beijara na praia. Apesar de tudo, ainda pairava um clima de sensualidade entre ambos. Nã o que Lisa encarasse isso como uma vantagem a seu favor. Nã o, pelo que ainda sentia por ele. Até reencontrá -lo, nã o sabia como as feridas ainda eram profundas e sensí veis.

Mas ela nã o queria mais pensar no passado.

Anoitecera. As ondas batiam em suas pernas e no corpo esti­mulado por tantas recordaç õ es. Contendo um soluç o, ela caminhou mais para o fundo do mar. O vestido estava ensopado, sensual­mente grudado ao corpo, e os mamilos delineados em alto relevo.

As lembranç as das carí cias de Nikolas despertaram um de­sejo intenso, e quase com reverê ncia, tocou os pró prios seios, temendo as emoç õ es conflitantes que cresciam em seu í ntimo.

Em pâ nico, levantou os braç os sobre a cabeç a, num gesto de angú stia e agonia. A que ponto chegara? Vivendo uma vida que só existia na imaginaç ã o? Nikolas acharia graç a, se a visse naquele momento.

— Perimeno! Lisa! Pelo amor de Deus, volte!

O grito veio da praia. Voltando-se, avistou um vulto ace­nando para ela. Por um insano momento, pensou que fosse o fantasma do pai. Mas Parker Tennant nã o era tã o alto, nem tã o forte, nem movia-se com tanta arrogâ ncia.

A luz do luar iluminou o vulto que entrava na á gua. E Lisa viu o ú ltimo homem que desejaria ver..

— Vá embora — ela gritou, correndo para a praia.

O que ele estava fazendo ali? A sra. Papandreiu informara que ele só voltaria dentro de trê s dias. Lisa jamais tomaria tanta liber­dade, se soubesse que Nikolas Petronides poderia surpreendê -la.

Ignorando o pedido, Nikolas seguiu ao encontro dela.

— Você enlouqueceu? — ele perguntou, parando diante dela. — O que você quer? Morrer?

— Claro que nã o.

— Claro que nã o!? — ele a imitou. — Lisa, eu a vi. Você ia mergulhar. Ningué m nada vestido.

— Eu nã o ia nadar. — Ela cruzou os braç os, tentando es­conder os seios visí veis sob o tecido molhado. — Eu estava apenas caminhando, e a maré subiu. Foi isso.

Nikolas meneou a cabeç a, estranhamente tenso.

— Lisa, já é noite. Você deveria ter voltado para casa antes de anoitecer.

Ela deu de ombros.

— Quem lhe deu o direito de dizer o que eu devo fazer? Se gosto de nadar à noite, o problema é meu.

— Nã o enquanto você estiver em minha casa. — Tirando a jaqueta, ele a colocou nos ombros de Lisa, que tremia. — Enquanto estiver em Skiapolis, você é responsabilidade minha. Por favor, Lisa, diga que estou enganado.

Ela queria devolver a jaqueta. Sentiria um prazer enorme em jogá -la na areia. Mas era tã o quente e confortá vel. Alé m do mais, tinha o cheiro de Nikolas, o calor do corpo dele.

— Estou molhada — ela declarou, e a expressã o dele suavizou-se.

— Eu sei.

— Vou molhar sua jaqueta — Lisa murmurou.

— Nã o me importo — ele respondeu, obviamente sentindo o clima de intimidade que, de repente, surgiu entre eles. — Eu estava no penhasco quando a vi. Nunca desci aqueles de­graus com tanta rapidez.

— Você poderia ter caí do — ela o repreendeu num tom ansioso. Os lá bios dele se curvaram em um sorriso, ante a preocu­paç ã o dela.

— Sim, eu poderia. Isso importa?

— Claro que sim. Você poderia machucar-se. Ou morrer! Com a ponta do dedo, Nikolas acariciou-lhe o pescoç o.

— Você sentiria, se isso acontecesse? Ou diria que eu me­recia? Você choraria no meu enterro?

— Nã o brinque com essas coisas. — Lisa afastou a mã o dele e puxou pela respiraç ã o. — A propó sito, o que você faz aqui? Pensei que só voltaria no final da semana.

— Mudei de idé ia.

Nikolas afrouxou o nó da gravata e desabotoou o colarinho. Lisa imaginou ele chegara e fora direto para a praia. Nã o ouvira o helicó ptero, porque ele vinha pelo outro lado da ilha.

— Quero pedir desculpas — disse ele, repentinamente. Lisa o olhou confusa.

— Desculpas?

— Sim, por tudo que eu disse antes de ir para Atenas. Ela estremeceu.

— Oh, pela acusaç ã o de tê -lo provocado? — Lisa ergueu a cabeç a. — Bem, eu nã o fiquei nem um pouco preocupada, se quer mesmo saber.

— Eu jamais deveria ter dito aquilo. — Nikolas brincava com as mechas molhadas dos cabelos dela. — Acontece, Lisa, que à s vezes penso que sua intenç ã o é destruir minha paz de espí rito.

— Sua paz de espí rito? Isso é o que você faz, nã o eu. — Ela olhou para os dedos dele que, agora, acariciavam-lhe a pele do colo. — Acho que você deve me deixar ir.

— Eu també m acho.

Mas ele nã o se moveu. Lisa sentiu, entã o, os dedos dele em seu braç o, sob a jaqueta. Os olhares se encontraram. Um calor intenso brotou dentro dela, subindo pelo pescoç o, colorindo-lhe as faces. As lembranç as que a chegada dele interrompera, ainda estavam ví vidas, e ela se sentiu assustada e excitada ao mesmo tempo.

Desesperada, sabia que tinha que detê -lo, antes de perder totalmente o juí zo. Deveria ter o bom senso de nã o alimentar emoç õ es e sentimentos que só trariam sofrimento. Nã o sabia o que Nikolas estava pensando, nem que impulsos levavam-no a agir daquele modo. Sabia apenas que nã o queria a humilhaç ã o de estar nas mã os dele novamente.

— Deixe-me ir, Nikolas — pediu, sem muita esperanç a de ser atendida. De repente, descobriu o pretexto perfeito. — Será difí cil justificar seu comportamento a Ariadne.

— Ariadne? — Nikolas, que tinha inclinado a cabeç a para de­positar um beijo no ombro dela, ergueu-a, rapidamente. Estreitando os olhos, fitou-a. — Por que eu deveria justificar-me com ela?

— Parece que você lhe conta tudo, nã o? — Lisa aproveitou a confusã o dele para recompor-se. — Contou até mesmo porque aceitei este emprego.

— Nã o, eu...

— Nã o? — Lisa o interrompeu. — Quais foram mesmo as palavras de Ariadne? Oh, sim! Ela disse que você só me admitiu porque estava com pena de mim.

— Iseh trelos!

Mesmo sem entender o idioma, Lisa percebeu que ele es­bravejara, furioso.

— Nã o negue, Nikolas. Ela me contou tudo. Inclusive que eu estava desesperada para ficar bem longe do homem que me deu um pontapé!

— Then ineh alithia! Nã o é verdade! — Nikolas protestou com rispidez, afastando-se dela.

— Como nã o é verdade? Por que Ariadne mentiria?

— Ela nunca soube de nenhuma palavra por mim. Em nome de Deus, Lisa, o que você pensa que sou?

Lisa franziu a testa.

— Você está afirmando que ela é mentirosa? Nikolas passou a mã o pelos cabelos.

— Eu... nã o. Você deve ter entendido mal.

— Entã o, existe alguma verdade no que ela disse. — O calor desaparecera do corpo de Lisa. Ela respirou fundo. — Talvez você nã o acreditasse que Ariadne poderia trair sua con­fianç a. Mas enganou-se. E isso proporcionou à sua afilhada o imenso prazer de humilhar-me.

— Você está exagerando.

— Estou? — Lisa lanç ou-lhe um olhar decepcionado antes de começ ar a andar em direç ã o ao penhasco. — Mais uma vez, seremos obrigados a discordar, nã o é mesmo? Agora, se me der licenç a... Preciso de um banho e roupas secas.

 

CAPÍ TULO XI

Lisa esperava acordar resfriada, ou no mí nimo, com dor de cabeç a, na manhã seguinte. Qual­quer coisa que a impedisse de ver Nikolas num futuro pró ximo.

Entretanto, acordou muito bem. Fisicamente, apenas. Psi­cologicamente, estava sofrendo, muito mais do que aparentava.

Nem precisava ter se preocupado. Naquele dia, e nos se­guintes, parecia que Nikolas també m evitava qualquer proxi­midade. Fora alguns passeios rá pidos pelos jardins, ou passa­gens pelo hall, ele passava a maior parte do tempo no escritó rio, onde també m costumava fazer as refeiç õ es, sempre com Yanis.

Certamente, ele dedicava algum tempo a Ariadne, també m. À s vezes, a garota desaparecia sem razã o aparente, e quando voltava, trazia no rosto uma expressã o petulante e desafiadora. Se Nikolas repreendera a afilhada pela indiscriç ã o que come­tera, Lisa nunca ficaria sabendo.

De sua parte, Lisa continuava perseverando em sua amizade com Ariadne. Embora ainda tendo alguma coisa que ela nã o gos­tava na garota, sem dú vida seu trabalho ficara mais fá cil. Entre outros progressos, Lisa conseguira com que Ariadne jogasse tê nis e participasse de um programa leve de exercí cios aeró bicos.

Sophie també m estava menos agressiva, e embora, na maio­ria das noites nã o descesse para jantar, Lisa nã o se preocupava, pois a aparê ncia dela era saudá vel.

Uma semana depois da volta de Nikolas a Skiapolis, Lisa descobriu o segredo da irmã.

Apesar de preferir nã o cruzar com Nikolas, Lisa continuou a descer para jantar com Ariadne. As vezes, Yanis jantava com elas e a conversa se prolongava até mais tarde. Lisa nunca se recolhia antes das dez horas. Sophie costumava dormir mais cedo e por isso, Lisa ia direto para seu quarto, sem incomodar a irmã.



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.