Хелпикс

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Outra vez a paixão 5 страница



Pelo menos, foi o que Parker Tennant contou à filha.

E ela acreditou.

Os lá bios de Lisa curvaram-se num sorriso amargo. Depois, ela descobrira que era tudo mentira. Mesmo antes de Nikolas tê -la acusado de cumplicidade no esquema do pai, ela já sabia que as promessas de Parker Tennant nã o tinham fundamento.

Nos anos seguintes, ela perdera a conta das vezes que o pai garantira que estava prestes a realizar um grande negó cio, para terminar o dia ainda mais afundado em dí vidas. Ao mor­rer, ele devia uma pequena fortuna, e Lisa ficara com o encargo de salvar o que podia da bancarrota.

Por isso, a revolta de Sophie. Por isso, Lisa nã o culpava totalmente as atitudes escandalosas da irmã. Ela estava apenas seguindo a tradiç ã o da famí lia. E Deus sabia que Lisa cometera muitos erros em sua vida.

Depois do té rmino de seu affair com Nikolas, Lisa nunca mais concordara em participar dos negó cios do pai. Indepen­dente da verdade, o sofrimento fora muito grande, e ela nã o pretendia correr o risco de magoar-se ainda mais.

Foi assim que envolveu-se com Martin Price.

Ela nã o podia afirmar que apaixonara-se por ele, como acon­tecera com Nikolas. Mas eles se gostavam, havia uma grande camaradagem entre ambos, e ela nunca desconfiara que Martin tinha outros planos.

De tã o feliz por encontrar algué m que tinha aparente afi­nidade com seu pai, ela acreditara em tudo que o noivo dizia, só descobrindo a verdade quando seu mundo começ ou a ruir.

Martin era tã o ambicioso quanto o pai dela, e nã o teve es­crú pulos em revelar sua crueldade quando as coisas deixaram de correr de acordo com sua vontade.

Lisa suspirou. Tudo isso era passado, e somente ao reen­contrar Nikolas, ela percebeu a superficialidade de seu rela­cionamento com Martin. O afeto que lhe dedicara, nem de longe comparava-se à paixã o que sentira por Nikolas. Sentiu um nó na garganta só de pensar no que perdera.

Estremeceu de frio, por conta da emoç ã o e da sombra for­mada pelo penhasco. Procurando o sol, caminhou pela beira da praia até o quebra-mar, de onde via os peixes coloridos nadando nas á guas lí mpidas.

Sem nenhuma razã o aparente, olhou para trá s. Viu Nikolas caminhando na areia, ao encontro dela. Somente quando já estava bem pró ximo, Lisa percebeu que ele carregava a má s­cara de mergulho nas mã os.

— Bom dia — ele a cumprimentou. — Achei que a encon­traria aqui.

Lisa forç ou um sorriso.

— Você recebeu meu recado — murmurou ela, fugindo ao olhar intenso dele.

De camiseta verde e short preto, ele transmitia uma incrí vel sensaç ã o de familiaridade. Depois de todas aquelas lembranç as, teria sido muito mais seguro se eles tivessem se encontrado em casa.

— Recebi, sim — confirmou ele, enquanto Lisa fingia ob­servar um peixe. — Vejo que gosta da nossa fauna marí tima. Você quer acompanhar-me?

— Acompanhá -lo?

Ela se voltou e viu que ele levara duas má scaras.

— Por que nã o? — reforç ou ele. — Tenho certeza de que irá gostar muito. Ainda é cedo. Acho que as meninas nã o acordaram.

Lisa balanç ou a cabeç a como se quisesse clarear as idé ias.

— Na verdade, gostaria de conversar sobre Ariadne. Ontem nã o foi possí vel, talvez possamos discutir agora sobre minhas funç õ es aqui.

Nikolas ficou sé rio.

— Suas funç õ es? Ou talvez, como eu espero que você ad­ministre o comportamento de Ariadne? — Ele franziu o cenho. — Ela me contou que você foi... como posso dizer? Um tanto rude, isso? Sei que nã o é fá cil de acreditar, mas ela é uma crianç a muito insegura.

— Essa é a questã o. Ela nã o é mais crianç a — retrucou Lisa, imaginando o que Ariadne nã o contara ao padrinho. — Creio que nã o serei de grande utilidade, se você contestar todas as minhas ordens. Ontem à noite, durante o jantar, ela se mostrou particularmente... desagradá vel. Você disse que ela precisa de companhia. Na minha opiniã o, ela precisa de um pouco mais do que isso.

Nikolas comprimiu os lá bios.

— Eu disse, por acaso, que contestei suas ordens? Eu apenas quis dizer que, muitas vezes, as aparê ncias enganam. Ariadne pode parecer muito confiante, mas no í ntimo, ela está pedin­do... afeto.

Lisa suspirou.

— Você deve saber melhor do que eu.

— O que você está insinuando? — Nikolas perguntou com rispidez e Lisa conscientizou-se da pró pria inseguranç a.

— Que afeiç ã o é a ú ltima coisa que ela quer de mim.

— Você acha?

— Você nã o? — ela o desafiou.

— Talvez, mas nã o sou a pessoa mais indicada para julgar — respondeu ele num tom frio. — Aos seus olhos, creio que minha opiniã o nã o conta muito.

Lisa teve a ní tida impressã o de que estavam saindo do as­sunto. E pior, entrando num terreno perigoso. Era difí cil manter-se concentrada nos tó picos que queria discutir, quando ele insistia em inverter os argumentos contra ela.

— De repente, Lisa deu-se por conta de que estava suando, e sem sutiã.

— Pensando bem, talvez seja melhor conversarmos mais tarde — disse ela, passando a mã o na nunca e imaginando se conseguiria passar sem esbarrar nele. Com aquelas roupas informais, ele estava ainda mais atraente, e as funç õ es dela com relaç ã o à Ariadne nã o eram tã o importantes, naquele mo­mento, quanto afastar-se rapidamente dele.

— Você está nervosa — observou ele, desconcertando-a ainda mais. — Espero nã o intimidá -la.

— Se você me intimida ou nã o, decididamente é algo irre­levante. O que realmente importa, é chegarmos a um acordo no que diz respeito a Ariadne. Levarei em conta tudo o que você me disse, mas, duvido que ela vá colaborar.

— De minha parte, confio no seu julgamento. Agora... o que você decidiu?

— O que eu decidi? — Ela o olhou confusa. — Sobre o quê?

— Sobre nadar comigo. — Ele tirou a camiseta, revelando os pê los pretos que subiam pelo abdô men, cobrindo o peito musculoso. — Vamos. Você vai adorar.

Constrangida, Lisa lembrou-se que o relacionamento deles mudara. Agora, ela era funcioná ria e ele, patrã o.

— Nã o... Eu agradeç o.

— Por que nã o? Ela estremeceu.

— Creio que você sabe a resposta. Se me der licenç a, vou ver o que Sophie está...

— Você está preocupada por que nã o está de maio. E daí? Eu já a vi nua antes.

De novo, ele tocava em suas antigas feridas! Lisa sentiu um calor queimando-lhe o corpo. Mas tinha que pô r um ponto final naquela situaç ã o. Imediatamente. Antes que ele a ridi­cularizasse de vez. Nã o cederia à chantagem dele.

— Nã o quero nadar. Está muito calor, agora. Prefiro voltar para casa.

— Na á gua, a temperatura fica mais fria — Nikolas rebateu gentilmente.

Era impossí vel nã o lembrar das sensaç õ es provocadas pela á gua fria em seu corpo quente. Quente e nu. Ela desviou o olhar, evitando a sensualidade dos pê los macios sobre o tó rax musculoso.

— Nã o me diga que você se tornou puritana, aghapita. Es­queceu-se de que ningué m a verá aqui.

Lisa respirava com dificuldade.

— Nã o é esse o problema.

— Entã o qual é, pirazi? A inspiraç ã o falou por ela.

— Sou sua funcioná ria. Nã o sua convidada. Nikolas ergueu os ombros.

— Nã o acredito que isso a incomode.

— Deve incomodar a você — respondeu ela.

— E se eu nã o pensar assim?

— Incomoda a Ariadne — Lisa alegou com infantilidade, e somente quanto Nikolas apertou os olhos, ela percebeu que dissera a coisa errada.

— E daí? — Ele se aproximou, e porque estavam no limite do quebra-mar, ela se viu forç ada a permanecer no lugar. — Você está com ciú me, Lisa. — Lisa ficou imó vel, tentando sus­tentar o olhar irô nico dele. — Você está morrendo de vontade de nadar comigo, mas teme aborrecer aquela coisinha teimosa a quem você chama de consciê ncia, ohil

— Nã o! — ela gritou. A percepç ã o daquele homem era es­pantosa. — Apenas nã o vejo razã o para remexermos no pas­sado. Alé m do mais, você está se divertindo à minha custa. O que você quer realmente, Nikolas? Carne? Ou sangue?

— Quero... — Com a ponta do dedo, ele tocou no canto dos lá bios dela. — Oh, eu quero muitas coisas, Lisa. — Os olhos dele pousaram nos seios dela, rijos sob a malha da camiseta. Ele sorriu. — E você nua, sinceramente, nã o estava nos meus planos.

Lisa ergueu o queixo.

— Fico contente por ouvir isso.

— É mesmo? — Ele se aproximou mais, roç ando as pernas nas dela. — Entã o, eu nã o a perturbo? Nem um pouco? Nã o a preocupa saber que estamos aqui, completamente sozinhos?

— Deveria?

A aparente indiferenç a dela provocou-o.

— Ora, a mim preocupa! — exclamou Nikolas num tom caloroso, segurando-a pelos ombros. De repente, o beijo, e a lí ngua dele nã o encontrou dificuldade em penetrar por entre os lá bios famintos dela.

No instante seguinte, Lisa estava nos braç os dele, pressionada contra as exigê ncias do corpo má sculo, consciente da reaç ã o vio­lenta que provocava e que ele nem mesmo tentava disfarç ar.

Instintivamente, ela entreabriu as pernas, querendo que ele a tocasse, querendo que ele soubesse o quanto ela estava ex­citada també m. Poré m, em vez de acariciá -la, Nikolas empur­rou-a, afastando-a rapidamente, num esforç o sobre-humano que o fez praguejar em voz alta.

— Exipnos, Lisa! Poli exipnos. Loucura. Loucura total. E, sem dar-lhe chance de defender-se, Nikolas jogou as má s­caras e a camiseta no chã o, e atirou-se na á gua.

 

CAPÍ TULO VII

Enquanto saí a do banho, Lisa ouviu o ruí do do helicó ptero pousando na ilha. Os nervos se contraí ram só em pensar que Nikolas poderia estar indo em­bora. Mas quando? Naquela noite? No dia seguinte? Logo.

Ela nã o se surpreenderia. Depois do que acontecera pela manhã, no quebra-mar, chegara até a pensar que Nikolas a despediria. Afinal, ela o constrangera e constrangera a si mes­ma, e duvidava de que ele fosse perdoá -la.

Felizmente, Ariadne nã o estava por perto quando Lisa vol­tara da praia. Ela tivera tempo de subir ao quarto e recompor-se antes de assumir suas respohsabilidades.

De volta ao pá tio, Lisa servira-se de uma xí cara de café e a conversa com Ariadne transcorrera em relativa harmonia. A chegada de Nikolas, poré m, perturbara Lisa.

De camisa azul-claro e calç a marinho, cabelos ú midos, ajei­tados atrá s da orelha, e expressã o sé ria, ele praticamente ig­norara a presenç a de Lisa.

Depois, ele convidara Ariadne para acompanhá -lo a uma viagem até o outro lado da ilha, deixando Lisa com a sensaç ã o de inutilidade.

Ningué m fizera menç ã o de levá -la junto, e, na verdade, Ni­kolas e a afilhada conversaram como se ela nem estivesse à mesa. Tudo isso fez com que ela ficasse preparada para ser demitida, o que efetivamente nã o aconteceu.

  Mas lisa passara a tarde toda num estado de extrema tensã o, e, claro, Sophie logo concluiu que fora Ariadne quem tramara tudo.

— Hei, nã o permita que eles a derrubem! — Sophie excla­mara enquanto almoç avam juntas.

Nikolas e Ariadne nã o voltaram para o almoç o e Sophie pensava que a irmã ainda estava preocupada com a discussã o da noite anterior.

— E daí se ela destilar seu veneno para o padrinho? Ele nã o vai acreditar nas mentiras dela. Você precisava demonstrar sua autoridade. Acho que você fez bem.

  Mais tarde, do pá tio, Lisa ouvira quando eles voltaram para casa. Mas ningué m a procurou. Por fim ela voltara ao quarto, a fim de preparar-se para o jantar, sem saber onde Nikolas estava, nem o que ele planejava.

Agora, diante do espelho, ela pensava na noite que tinha pela frente. Se Nikolas a tratasse com indiferenç a, ela pagaria na mesma moeda. Só se...

Lisa suspirou. Talvez fosse melhor tomar a iniciativa de pedir a demissã o. Seria mais simples, sim. Poré m, nesse caso, teria que voltar a Londres e enfrentar todos os problemas que deixara lá. Lisa deixou escapar um gemido. Quando sua vida tornara-se tã o complicada? Quando o pai morrera? Quando Martin ar­ranjara seu encontro com Nikolas? Ou quatro anos atrá s, quan­do, numa festa, conhecera e se apaixonara por um homem cujo interesse por ela fora apenas sexual?

Assustou-se quando ouviu a porta do quarto abrir-se repen­tinamente. Era Sophie, e Lisa irritou-se.

— Nã o pode bater antes de entrar? — repreendeu-a, termi­nando de vestir um longo preto. — Privacidade é bom e eu gosto.

— Calma! — Sophie fez um gesto evasivo com as mã os. — Nã o tenho culpa se você está mal-humorada. Eu já disse. Nã o se preocupe.

A irreverê ncia de Sophie começ ava a passar da conta. Apon­tando para a roupa que a irmã vestia, Lisa perguntou:

— Você nã o está pensando em descer para o jantar as­sim, está?

— E daí? — Sophie olhou para a blusa transparente branca sob o top da mesma cor e a minissaia, e riu. — O que tem demais? Acho que estou ó tima.

Lisa meneou a cabeç a. O piercing no nariz de Sophie fora motivo de discussã o semanas antes do incidente com a droga, e Lisa acreditara ter convencido a irmã a nã o usá -lo de novo. Poré m, decididamente, naquela noite, Sophie procurava con­fusã o. Respirando fundo, Lisa encarou-a.

— O que você quer?

— Um pouco de movimento. Algué m interessante para con­versar. Um baseado — Sophie enfatizou a ú ltima frase com um tom de desafio. — Ora, Lisa. Será que eu preciso de motivo para vir ao seu quarto? Pensei que você estivesse grata pelo meu apoio!

Lisa nã o acreditava! Balanç ando a cabeç a, disse desanimada:

— Nã o vestida assim.

— Entã o, dane-se! — esbravejou a garota, caminhando em direç ã o à porta. Antes de sair, lanç ou um olhar de desprezo à irmã. — Pode dizer ao seu precioso patrã o que nã o estou com fome. — E, fazendo uma careta, continuou: — A propó sito, seu quadril fica enorme com este vestido.

Com um sorriso de satisfaç ã o, Sophie bateu a porta com forç a. Lisa conteve-se para nã o ir atrá s dela. O fato de ter se referido à droga era preocupante, mas como sabia que Sophie nã o se envolveria com esse tipo de problema naquela casa, ficou um pouco mais tranquila.

Sem importar-se com o comentá rio da irmã sobre seu vestido, terminou de arrumar-se, e desceu para jantar.

O salto das sandá lias ecoava pelo piso de má rmore do hall, em direç ã o à sala onde costumavam reunir-se para o drinque antes do jantar. Indecisa, parou na porta da sala ao avistar um desconhecido servindo-se junto ao bar. Nã o viu Arí adne, nem Nikolas. Voltando-se, o homem cumprimentou-a:

— Kalispera, srta. Tennant. Ela olhou-o, meio confusa.

— Desculpe, eu o... Yanis! — Lisa se lembrou dele. — Yanis Stouros. Nã o o tinha reconhecido!

— Then pirazi, — Yanis sorriu. — Nã o faz mal, kiria. Es­tamos envelhecendo. Engordei um pouco e os meus cabelos... — Ele correu os dedos pelos cabelos ralos, antes de ir ao en­contro dela e apertar-lhe calorosamente a mã o. — É bom vê -la novamente. Tudo bem?

— Tudo. —Lisa permitiu que ele apertasse sua mã o entre as dele. — Nã o sabia que você estava aqui. Onde você se escondeu?

— Acabei de chegar — explicou e Lisa lembrou-se do ruí do do helicó ptero. — Soube que você está trabalhando para Ni­kolas. Ambos estamos... qual é mesmo a expressã o que você s usam? Ah, sim, estamos no mesmo barco, ohi?

Lisa sorriu.

— Foi o que ele lhe disse?

— Nã o. — Yanis encolheu os ombros. — Ele me disse que você veio por causa de Ariadne. Isso é bom. Ela precisa de companhia feminina. Essa pobre crianç a está muito sozinha.

— É mesmo? — Lisa conteve-se para nã o manifestar sua opiniã o. Mas nã o escondeu suas dú vidas. — Sinceramente, nã o sei se vai dar certo.

O sorriso de Yanis transmitia confianç a.

— Nã o permita que ela... dificulte as coisas para você — aconselhou-a. — Ariadne pode ser voluntariosa, eu sei, mas é uma menina carente de afeto. Alé m do mais, você tem o apoio e a confianç a de Nikolas. Lembre-se disso.

Tenho? Lisa pensou, mas nã o falou, suspeitando que Yanis enten­dera o pensamento dela,

— E entã o? — Ela mudou de assunto, olhando para a mã o bronzeada que ainda segurava as suas. — Como você está? Casou-se?

— Quem vai me querer?

Yanis fez um trejeito, continuando a fitá -la com intensidade, fazendo-a lembrar-se da gentileza dele por ocasiã o do rompi­mento com Nikolas.

— Nã o acredito — respondeu ela, percebendo que a conversa caminhava para o campo pessoal. Por sua culpa, provavelmen­te. Mais uma vez, tratou de mudar rapidamente de assunto. — Hum.. Onde está Nikolas?

— Estou aqui.

Lisa teve um sobressalto. Nikolas sempre encontrava um modo de desconcertá -la. Sentiu um frio no estô mago. Nã o sabia por quanto tempo ele estava ali parado, e que interpretaç ã o daria à sua conversa com Yanis. Esperava que ele nã o pensasse que ela estava flertando com o assistente dele.

— Vou preparar-lhe um drinque, kiria — ofereceu-se Yanis. Ela recuou, dando passagem para Nikolas entrar.

— A srta. Tennant prefere vinho — disse ele, aproximan­do-se de Yanis.

O coraç ã o de Lisa bateu mais forte. Naquela noite, Nikolas parecia mais bonito e mais elegante, de camisa bege, calç a preta e jaqueta de couro preto que acentuavam os ombros largos.

Talvez ele estivesse de partida. Era possí vel que tivesse algum jantar importante em Atenas. A pulsaç ã o acelerou só de pensar, na possibilidade de ele estar indo ao encontro de outra mulher.

— Estou errado?

A voz de Nikolas arrancou-a daqueles pensamentos.

— O quê? — Por um momento, Lisa olhou-o confusa, mas logo lembrou-se do que ele estava falando. — Ah, o vinho. Sim. — Fugiu ao olhar sardô nico dele. — Obrigada.

— Epharistisi mou — ele respondeu polidamente, antes de voltar-se para Yanis.

Levando a mã o ao pescoç o, Lisa segurou o pingente da cor­rente de ouro, balanç ando-o de um lado para outro.

Nikolas nã o parecia tã o indiferente como se mostrara pela manhã. Talvez suas suspeitas fossem infundadas. A menos que ele estivesse esperando o final do jantar para dar-lhe o ultimato. Determinada a nã o se sentir ameaç ada, nem intimi­dada, aproximou-se dos dois homens.

— Você veio de Atenas? — ela perguntou, dirigindo-se a Yanes, aceitando o copo de vinho que ele lhe oferecia.

— Isso mesmo. — Ele ergueu o copo de retsina num brinde silencioso. — Infelizmente, a visita será curta. Temos que voltar amanhã cedo.

— Amanhã?! — Lisa nã o disfarç ou a decepç ã o. — Tã o rá pido?

— Por isso, você está aqui, nã o é? — interveio Nikolas, pa­rando entre os dois. — Foi por esse motivo que eu a empreguei. Você nã o está com outras idé ias, está, Lisa?

Ela respirou fundo.

— Você está?

Era um risco enfrentá -lo e os olhos dele escureceram ainda mais.

— Meus sentimentos nã o estã o sendo questionados. Eu lhe ofereci um emprego. Poré m... — Ele se calou, provocando um momento de suspense. — Bem, se a situaç ã o nã o for de seu agrado, poderei encontrar outra pessoa.

Lisa sentiu um tremor interno.

— Se você confiar na minha capacidade, estou pronta para continuar — declarou ela, ciente do interesse de Yanes na dis­cussã o. — Você aprova o modo como Ariadne me trata? Você nã o tem queixas quanto ao comportamento dela em relaç ã o à mim?

— Você fala como uma mulher rabugenta. Você nã o é assim tã o inflexí vel.

— Nã o quero que me faç am de boba. Sou inflexí vel quando quero ser. As aparê ncias enganam, você sabe.

— Eu sei — ele resmungou. Depois, como que lembrando-se de que nã o estavam sozinhos, olhou ao redor. — Onde está Ariadne? E sua irmã?

— Sophie nã o jantará conosco. — De repente, Lisa desejou que a irmã estivesse ali, de minissaia, piercing, e todos aqueles adereç os malucos que ela costumava usar. — Ela nã o está com fome.

— Que pena — Yanes disse. — Eu gostaria muito de co­nhecê -la. Ela é mais nova do que você, nã o? — Ele piscou. — Mas nã o tã o bonita, isos?

— Finalmente, Ariadne! — Nikolas interrompeu-o e todos se voltaram.

Ariadne caprichara na aparê ncia. O vestido pink era curto e o decote redondo deixava à mostra a pele macia do colo e do pescoç o. Ela prendera os cabelos no alto da cabeç a e usava brincos de pé rola. Parecia mais velha e sofisticada, e os olhos de Nikolas brilharam de admiraç ã o.

— Theos! — exclamou, indo ao encontro dela. — Você está... muito bonita.

— Você acha? — Ariadne olhava-o com ternura. — Você també m.

— Seus pais ficariam orgulhosos de você, pethi. Como eu. Você lembra demais Leni, quando tinha essa idade.

Os lá bios de Ariadne se contraí ram.

— Você me trata como crianç a, Nikolas. — Ela olhou ao redor, depois franziu o cenho. — Onde está a irmã da srta. Tennant?

— Sophie nã o jantará conosco esta noite — Nikolas antecipou-se.

— Oh! — Ariadne parecia decepcionada. Evidentemente, queria impressionar Sophie, apesar das divergê ncias.

— Ela deve estar cansada — murmurou Lisa, olhando ra­pidamente para Yanes, depois para a garota, de novo. — Seu vestido é muito bonito.

— Bonito?! — A reaç ã o de Ariadne foi de espanto. — Os vestidos de Versace nã o sã o bonitos, srta. Tennant. Sã o ver­dadeiras obras de arte, Criaç õ es originais, no estilo e no...

— Este é um Versace original? — Nikolas interrompeu-a, juntando as sobrancelhas. — Quando você...

— Entaxi, entaxi — O rosto de Ariadne estava rubro. — Tudo bem! Era da minha mã e, ok? Está satisfeito?

— Nã o, thespinis. Quem lhe deu permissã o para mexer nos pertences de sua, mã e? Quem disse que você poderia usar os vestidos de Leni?

— Nã o preciso da permissã o de ningué m. — Ariadne já nã o se mostrava tã o segura. — Os vestidos estavam no closet da casa de Atenas... Sã o tã o bonitos e resolvi trazer alguns para cá.

Nikolas respirava pesadamente.

— Você nã o tem bastante roupa?

— Claro que tenho. — Ela olhava para Lisa com expressã o ressentida, evidentemente culpando-a pelo incidente. — Oh, nã o brigue comigo, aghapitos. Queria ficar bonita para você.

— E precisava usar os vestidos de sua mã e? Nikolas fez uma pausa antes de continuar.

— Conversaremos sobre isso mais tarde. Você me embaraç ou diante dos nossos convidados.

— Você també m me embaraç ou... — Ariadne começ ou, mas logo mudou de atitude. — Desculpe, Nikolas. Você me perdoa?

Nikolas hesitou.

— Vou pensar — afirmou ele, aparentemente mais calmo. — Agora, vamos jantar.

Ariadne pegou no braç o do padrinho, lanç ando um olhar triunfante em direç ã o à Lisa.

O jantar foi servido no terraç o. A conversa transcorreu num clima leve e impessoal, e somente quando saboreavam o café forte da srta. Papandreiu, Nikolas informou:

— A propó sito, vamos embora amanhã cedo, Ariadne. Yanis e eu temos uma reuniã o, e depois, pegaremos um aviã o para Paris. Mas voltarei para o final de semana. Se nã o houver nenhum imprevisto, claro.

— Tantos dias assim? E eu terei que ficar aqui? — chora­mingou Ariadne. — Sozinha?

— Você nã o ficará sozinha. A srta. Tennant e a irmã dela farã o companhia a você — Nikolas lembrou-a num tom seco. — Sugiro que aproveitem o tempo para se conhecerem melhor.

Ariadne balanç ou os ombros.

— Falar é fá cil. Quando você nã o está, fico entediada.

— Entediada? — Yanes indagou. — Você deve estar brin­cando. Bem que eu gostaria de ficar aqui. Quem nã o gostaria de trocar a poluiç ã o e o ruí do da cidade pela tranquilidade e a beleza da ilha?

— Eu nã o — protestou Ariadne. — Sinto falta da cidade, dos meus amigos.

— Procure fazer amigos aqui — argumentou Nikolas com evidente esforç o para nã o perder a paciê ncia. — Ariadne, quero que você se recupere. Quero que nade, que jogue té nis, squash...

— Nã o sou atleta, Nikolas! Gosto de fazer compras, ir ao cinema, de comer fora.

— Já discutimos sobre isso antes, Ariadne — Nikolas re­preendeu-a veladamente. — Se insistir em contestar minhas ordens, serei obrigado a tomar outras providê ncias.

Ariadne endireitou-se na cadeira.

— Que providê ncias?

— Outro tutor, por exemplo.

— Você teria coragem de fazer isso Nikolas? — Ela olhava-o assustada.

Sem pressa, Nikolas sorveu um gole de café.

— Você está me obrigando, pethi. — Ele bebeu mais um gole. — E entã o, o que você me diz?

— Nã o tenho escolha, tenho? — Soltando ruidosamente a respiraç ã o, a garota levantou-se. — Se me der licenç a... — ela pediu e Nikolas inclinou levemente a cabeç a, consentindo.

— Boa noite, crianç a.

Dando a volta na mesa, Ariadne beijou-o nas faces, as hos­tilidades já totalmente esquecidas. Ariadne saiu da sala com arrogâ ncia, mais confiante do que nunca.

Lisa bebeu um gole de café, pronta para retirar-se també m.

— Jovens! — exclamou Yanis, olhando-a com expressã o com­preensiva. — Sempre querendo crescer rá pido demais.

Lisa forç ou um sorriso.

— Os adolescentes sã o todos iguais — murmurou, grata pela solidariedade dele. — Sophie també m resistiu muito quan­do soube que virí amos para cá.

— É mesmo? — Nikolas perguntou com visí vel interesse. — Você nã o me contou nada.

— Bem... Achei que nã o tinha importâ ncia. E só mencionei agora para mostrar que Ariadne nã o é a ú nica a pensar que a ilha pode ser... pode ser enfadonha.

— Você també m pensa assim? — Nikolas apertou os olhos e Lisa suspirou indignada.

— Claro que nã o! Eu estava falando de Ariadne e de Sophie. Em todo caso, meus sentimentos nã o estã o sendo questionados — disse, repetindo as palavras dele. — Nã o seja tã o sensí vel, Nikolas.

Ele encolheu os ombros.



  

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