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Outra vez a paixão 8 страница



Naquela noite, poré m, nem Ariadne, nem Yanis apareceram para o jantar. Depois de jantar sozinha, sem ningué m para conversar, Lisa subiu. Como era cedo, nem nove horas ainda, decidiu bater na porta do quarto da irmã.

Depois de algumas batidas, como Sophie nã o atendia, ela abriu a porta. Imaginava que a irmã estivesse no banho ou no terraç o, e que nã o ouvira as batidas. Acendeu a luz, mas o quarto estava vazio. Sophie també m nã o estava no terraç o. Recusando-se a entrar em pâ nico, Lisa saiu do quarto. Parou no corredor iluminado pela luz indireta, sem saber o que fazer. Respirando fundo, fechou a porta e voltou para sua suí te. Aper­tando as mã os, caminhava de um lado para outro. Precisava pensar. Tinha que haver uma explicaç ã o para o sumiç o da irmã. Nã o. acreditava que Sophie e Ariadne tivessem saí do juntas.

Passou a mã o pelos cabelos. Sophie só podia estar em algum lugar da casa. A menos que tivesse saí do para um passeio. Afinal, ela mesma já fizera isso antes. Mas nã o queria sequer pensar nisso, nem na possibilidade de Sophie estar passeando sozinha. Sentiu a boca seca quando ocorreu-lhe uma idé ia. Seria a pri­meira vez que Sophie saia à noite? Por isso, dificilmente descia para jantar? Suspirou, estremecendo só de pensar que talvez a irmã encontrara algué m na ilha para fornecer-lhe a droga.

Pá ris!

De imediato, o nome do rapaz ecoou em sua mente. Pelo que sabia, Sophie nunca mais o encontrara, desde o dia em que ele pegara-as no porto.

De repente, Lisa lembrou-se que a irmã ficara ao lado de Pá ris, e que os dois tinham conversado durante toda a viagem até a ilha. Talvez, até tivessem combinado de encontrarem-se novamente.

Lisa suspirou. Talvez fosse exagero seu. Só porque Sophie nã o estava no quarto, nã o havia motivo para pensar que ela tivesse saí do de casa. Sua irmã poderia simplesmente ter ido à cozinha. Realmente, ela estava exagerando.

Ou nã o.

Cruzando os braç os, caminhou até à janela. Ao longe, bri­lhavam as luzes de Á gios Petros. Qual a distâ ncia até a cidade? Dois ou trê s quilô metros, no mí nimo. Longe demais para Sophie ir a pé. Ela até gostava de passear, mas era comodista; e nã o do tipo de caminhar longas distâ ncias. Nã o, ela estava dentro de casa. Mas, onde?

Ela balanç ou a cabeç a. Nã o adiantava enganar-se. Tudo in­dicava que a irmã nã o estava na vila. E certamente algué m a ajudara a sair. Quem?

Decidiu esperar no quarto de Sophie. Assim, nã o correria o risco de nã o ouvi-la chegar. Saiu do quarto e atravessou o corredor, em direç ã o aos aposentos dela. De repente, ouviu o som de vozes murmurando palavras em grego. Parou ao avistar Nikolas e Ariadne abraç ados. A garota estava com a cabeç a apoiada no peito dele, e Nikolas a confortava, as mã os moven­do-se gentilmente nos ombros dela.

Lisa encostou-se na parede, esperando nã o ser notada. Com­primiu os lá bios, sufocando um gemido. Era um choque vê -los assim, partilhando um momento de intimidade. O que Ariadne contara, talvez nã o fosse tã o espantoso assim, afinal. Talvez, Nikolas pretendesse mesmo se casar com a afilhada.

Era demais. Lisa achou que ia desmaiar. Primeiro, Sophie. Depois, aquela cena. Quantas surpresas mais teria que enfrentar?

Preparava-se para voltar discretamente ao quarto, quando Nikolas percebeu sua presenç a.

— Lisa! — ele a chamou, afastando Ariadne. — Aconteceu alguma coisa?

— Eu... Nã o.

— Você está tã o pá lida... — Deixando a afilhada de lado, ele se acercou de Lisa. As sobrancelhas se juntaram e a voz era macia. — Você nã o está bem?

— Oh...

Absurdamente, Lisa teve vontade de chorar. Estava tã o aflita, e Nikolas parecia preocupado. Mas nã o poderia pedir-lhe ajuda. Isso acarretaria muitas explicaç õ es que ela nã o queria dar.

— Nikolas! — O tom petulante de Ariadne chamou-lhe a atenç ã o. — Qual o problema? Achei que você ia dormir.

— Vá para o seu quarto, Ariadne — ordenou ele.

— Mas Nikolas...

— Eu disse, vá para o quarto. Amanhã, conversaremos, pethi. Kalinihta sas.

Lisa fez menç ã o de afastar-se, mas ele a segurou pelo braç o. Ariadne retirou-se com relutâ ncia, evidentemente curiosa. Esse era outro motivo para nã o confiar em Nikolas. Nã o poderia dar mais trunfos para Ariadne usar contra ela.

— E entã o? — ele olhou-a interrogativamente. — Vai me contar o que aconteceu? Estava à minha procura? Você me viu confortando Ariadne? Hoje é aniversá rio da morte dos pais dela. Ela estava muito triste, e, entã o, levei-a para jantar fora. — Ele comprimiu os lá bios. — Bem, eu me expliquei. Agora, satisfaç a minha curiosidade. O que aconteceu? Lisa encolheu os ombros.

— Nã o aconteceu nada. Eu estava procurando... o meu quarto.

— Você acha que vou acreditar nessa desculpa?

— Nã o me importo se você acredita ou nã o. — Lisa nã o queria discussã o. — Estou cansada e gostaria de me deitar.

— Ah, mas, você nã o sabe onde fica seu quarto! — Ele riu da expressã o confusa dela. — Vamos. Eu a levarei até lá. É por aqui.

Ele indicou a direç ã o que Lisa seguira momentos antes. Ela soltou ruidosamente a respiraç ã o.

— Ok. Eu nã o estava procurando o meu quarto. Posso ir dormir, agora?

Nikolas olhou-a atentamente.

— Você estava procurando Sophie? Acertei?

— Como você... — ela começ ou, mas calou-se ao perceber que se traí ra. — Muito bem. Sophie nã o está no quarto dela. Achei que ela poderia estar lá embaixo. Na cozinha, talvez.

Nikolas nã o parecia convencido.

— Você perguntou à kiria Papandreiu?

— Nã o.

— Entã o vamos perguntar. — Nikolas segurou-a pelo pulso.

— Nã o é preciso — resmungou Lisa enquanto desciam a escada. Depois, nã o conteve a provocaç ã o. — E se Ariadne quiser saber o que está acontecendo?

Ele a fulminou com um olhar de censura.

— Ariadne é minha afilhada. Nã o minha dona.

— Você é quem sabe.

De novo, um olhar severo. No hall, Nikolas soltou-lhe o pulso.

— Vamos perguntar à minha governanta se ela viu Sophie. Senã o... — Ele apertou os lá bios. — Bem, teremos que pensar com calma.

O apartamento da sra. Papandreiu ficava perto da cozinha. Um corredor dava acesso a uma construç ã o totalmente inde­pendente. Nikolas bateu na porta e quando a governanta aten­deu, eles conversaram em grego e em voz baixa.

— O que foi? — perguntou Lisa, mas Nikolas nã o respondeu.

Simplesmente pegou-a pela mã o e voltaram pelo mesmo cami­nho. Já estavam na cozinha quando Lisa perguntou de novo.

— O que ela disse? Eu sei que ela falou de Sophie. Por favor, Nikolas. Eu preciso saber.

Somente quando entraram no hall, ele parou. Encarando-a, ele explicou:

— Kiria Papandreiu acha que sua irmã foi para Petros. Se ela foi, vou encontrá -la. Vá dormir, aghapita. Amanhã cedo, ela lhe contará tudo.

— Petros? — Lisa repetiu. — Ela foi para Á gios Petros? Nikolas hesitou por um instante, o suficiente para Lisa quase entrar em pâ nico.

— É possí vel — disse ele, evidentemente tentando contornar a situaç ã o. Ele olhou em direç ã o à sala de estar. — Você quer um drinque antes de dormir?

— Um drinque? — Lisa forç ou um sorriso. — Você acha que vou dormir sem saber onde minha irmã está? Sophie nã o conhece o caminho de Á gios Petros. Alguma coisa aconteceu.

— Acho que nã o. — Nikolas refletiu antes de prosseguir.

— É possí vel que nã o seja a primeira vez que ela... desaparece.

— Como assim? — Ela franziu a testa. — O que mais disse a sra. Papandreiu?

Nikolas suspirou.

— Talvez eu esteja enganado — declarou ele, erguendo os ombros. Mas Lisa sabia que ele escondia alguma informaç ã o.

— Poli kala, se nã o quiser ir dormir, tudo bem. Mas prefiro que espere aqui. Voltarei logo.

— Nã o! Eu vou com você. Nã o vou deixá -lo ir sozinho.

— Nã o, Lisa. De repente, ela volta, e nesse caso, será melhor que um de nó s esteja em casa. Estou com o telefone celular. Qualquer novidade, entraremos em contato.

Lisa soltou um suspiro resignado. Ele tinha razã o. Mas nã o seria fá cil ficar esperando, de braç os cruzados.

— Você tem idé ia de onde encontrá -la?

— Em algum bar do cais, talvez. Lá tem mú sica e bebida. E por isso que você está tã o preocupada, nã o? Sophie é menor de idade, ainda.

Lisa sentiu um aperto na garganta e o rosto quente.

— Bem... sim. — Era apenas uma parte da verdade. — Eu queria saber como Sophie foi para a cidade, se é que ela foi para lá. Talvez

— Ah! — Nikolas parecia mais à vontade agora, eu tenho a resposta.

— Você tem?                                                 

— Bem, kiria Papandreiu referiu-se a uma motocicleta, entendeu? Sophie conhece algué m que tenha moto?

— Pá ris, talvez — Lisa respondeu de imediato, percebendo a expressã o intrigada de Nikolas. — Nã o sei o sobrenome dele. É o rapaz que você mandou nos esperar no porto de Pirineus.

— Eu nã o mandei rapaz nenhum — retrucou NikoIas visi­velmente aborrecido. — Eu pedi para Michaelis Gavril ir bus­cá -las. Pá ris é o filho mais novo dele.

 

CAPÍ TULO XII

Lisa apertou o lá bio entre os dentes. Nã o queria acusar ningué m injustamente.

— Foi só uma idé ia. Pá ris pode nã o estar envolvido.

— Mesmo que ele tenha uma Suzuki? — argumentou Ni­kolas. — Você acha mesmo que Sophie está com ele?

— Acho que sim. Eles conversaram tanto no barco que até pareciam velhos amigos. — De repente, ela se sentiu culpada por nã o ter desconfiado de tanta camaradagem. — Desculpe...

— Você nã o tem culpa. Como você podia imaginar que sua irmã ia cair na conversa de Pá ris. — Ele franziu a testa. — Será que o pai dele sabe disso? Duvido.

Lisa apertou nervosamente as mã os.

— Sophie nã o é tã o inocente — murmurou, mas logo arre­pendeu-se por nã o ter escolhido bem as palavras. — Isto é... é astuta, entende?

— Diferente da irmã — afirmou Nikolas. — Você nã o pre­cisava me dizer isso. Nã o esqueci nossa experiê ncia, garanto. Talvez, isso explique porque ela gostou de Pá ris.

— Eu nã o quis dizer...

— Claro que nã o. — Ele era prá tico. — Vamos ao que in­teressa. — Ele hesitou. — Sophie já fez isso antes?

— Isso o quê? — Lisa perguntou, cautelosa. — Ela é ado­lescente, Nikolas. Os adolescentes sempre fazem isso. Ou fazem quando estã o revoltados com alguma coisa.

— E Sophie está revoltada?

Ela deveria saber que Nikolas nã o se contentaria com ex­plicaç õ es superficiais.

— Oh... você entende. O fato de papai ter morrido sem pen­sar... concretamente no futuro dela.

— Ou no seu — Nikolas acrescentou gentilmente, segurando-lhe o queixo para obrigá -la a erguer a cabeç a. — Valeu a pena?

Ela o fitou com olhar confuso.

— Nã o sei do que você está...

— Negar que tí nhamos um futuro Juntos — ele a interrom­peu, e Lisa surpreendeu-se com a afirmaç ã o dele. — Sei que seu pai ficou furioso por eu ter estragado os planos dele, mas pensei que você era diferente dele. — Os lá bios dele se cur­varam num sorriso triste. — Eu me enganei? Você concordava com os mé todos dele?

— Você enlouqueceu! — Desvencilhando-se, Lisa cruzou os braç os. — Nã o sei por que você está tocando nesse assunto. Sophie desapareceu e estou nervosa!

— Eu també m estou — disse Nikolas rispidamente. — Você tem razã o. Agora nã o é hora para desenterrarmos o passado. Mas o momento vai chegar, Lisa. Nã o pretendo deixá -la sair desta casa sem contar-lhe exatamente o que seu pai disse.

Lisa ficou tensa. Lanç ando-lhe um ú ltimo olhar, Nikolas afastou-se em direç ã o à porta.

— O nú mero do meu celular está na biblioteca, ao lado do telefone — informou, abrindo a porta. O perfume dos jasmins invadiu o hall. — Se ela voltar antes, por favor, avise-me.

— Aviso, sim. — Lisa o seguiu até a varanda. — Tenha cuidado — murmurou.

Ele sorriu.

— Terei — disse, entrando no carro que ainda estava es­tacionado no pá tio. — Tente nã o se preocupar.

Ele pô s o carro em movimento, mas nã o tinha andado mais do que alguns metros, quando ouviram o ruí do inconfundí vel de uma moto, Nikolas brecou, desligando os faró is e o motor.

Lisa correu para junto dele. Por entre as á rvores, a motocicleta pegou o caminho para os fundos da casa. Nikolas saiu do carro.

— Espere aqui — ordenou ele, seguindo-os a pé. Girando nos calcanhares, Lisa entrou em casa e fechou a porta. Depois, atravessou a casa fracamente iluminada, até os fundos. Assustou-se quando um vulto surgiu das sombras para, praticamente, cair-lhe nos braç os.

— Deixe-me... Lisa!

O grito da irmã, de certa maneira, era tranquilizador, mas nã o diminuí a o choque de saber que seus temores tinham fundamento.

— Por onde você andou? — Lisa perguntou, notando que os jeans e a camisa preta que Sophie usava, eram dela, e que a irmã os pegara sem seu conhecimento. — Há quanto tempo você tem feito isso?

— Agora nã o, Lisa. — Olhando ansiosamente por sobre o ombro, Sophie tentava desvencilhar-se. — Vamos conversar amanhã, ok? Agora nã o.

— Por que nã o agora? — Lisa nã o a soltava. — Só para você ter tempo de inventar uma mentira? O jogo acabou, Sophie. Eu vi a moto. A moto de Pá ris. Nã o tente negar.

Se ela tivesse dú vidas, estas seriam esclarecidas pelo olhar chocado de Sophie.

— Como você... — começ ou, mas mudou de idé ia, como se nã o tivesse tempo para discutir. — Ok, ok. Estive com Pá ris, sim. Mas acho que algué m mais nos viu. — De novo, olhou por sobre o ombro. — Olhe, vamos dar o fora daqui antes que seja lá quem for apareç a e...

— Oh, nã o, Sophie.

— Certo, certo. Você fica, entã o. — A expressã o dela tor­nou-se dura. — Quanto tempo você acha que vai durar esse seu emprego, se Petronides descobrir minhas escapadelas noturnas para encontrar-me com um empregado dele?

— Ele sabe — declarou Nikolas, vindo pelo mesmo caminho que Sophie. Com passos lentos, ele se aproximou e Lisa notou o olhar assustado da irmã. — Eu acabei de ter uma conversa muito interessante com o seu... como devo dizer? Seu amiguinho?

Com um gesto brusco, Sophie soltou-se dos braç os da irmã.

— Oh, mas que emocionante! — exclamou ela, olhando de Nikolas para Lisa. — Os dois mosqueteiros. Ou trê s? Eu devia ter imaginado que aquela ordinariazinha ia dar com a lí ngua nos dentes.

Lisa apertou os olhos incré dula, mas foi Nikolas quem falou.

— Você está insinuando que Ariadne sabe? Nã o. Nã o acredito.

— Você nã o acredita? — Com as mã os na cintura, Sophie desafiava-os. — Mas ela sabe. O quarto dela dá para o canteiro de oliveiras, onde nó s... onde Pá ris costuma esperar-me. Uma noite, quando voltei, ela estava à minha espera.

Lisa estava perplexa.

— O que ela disse?

— O que você acha? — Sophie encolheu os ombros. — Eu disse que ela estava me espionando porque sentia ciú me de Pá ris, ora! Ela negou, jurando que estava apaixonada por este aqui. — Com insolê ncia, ela apontou o dedo na direç ã o de Nikolas. — Ela me contou tudo. — Sorriu com maldade. — Eles sã o amantes. Bem, foi o que ela disse. Lisa engoliu em seco.

— Sophie...

— É verdade, Lisa. Por que você acha que ela concordou em nã o me delatar? Ela garantiu que, se eu parasse de fazer brincadeiras com o relacionamento deles, ela ficaria de boca fechada. Mas agora...

— Ariadne nã o contou nada — esclareceu Lisa. Ela se voltou para Nikolas, recusando-se a acreditar nas palavras da irmã.

— É verdade? — perguntou num fio de voz, e até mesmo Sophie ficou espantada com tanta ousadia.

E ficou ainda mais espantada com a resposta de Nikolas.

— Você acredita num absurdo desses? Lisa ficou calada.

— Pelo amor de Deus, Lisa! — exclamou Sophie com impaciê ncia.

— Claro que é verdade. Ela me contou tudo, com os detalhes mais só rdidos. Eles sã o amantes há muito tempo. Nã o deixe que ele a faç a de boba, só porque você tem medo de perder o emprego.

— Eu nã o tenho medo de perder o emprego. — A voz de Lisa soou tremula. — Vá dormir, Sophie. Amanhã conversa­remos sobre isso.

— Nã o — Nikolas interveio. — Nã o, Lisa. Quero que ela ouç a a sua opiniã o. Agora. Nã o amanhã. Você realmente acre­dita que eu mantenho um romance com minha afilhada?

Lisa respirou fundo.

— Nunca pensei nisso — ela murmurou e Sophie nã o se conteve.

— Você deveria tê -la ouvido contar tudo, Lisa. O que eles fazem na cama... coisas desse tipo.

— Sophie, qualquer um pode inventar histó rias. Basta pegar uma fita de ví deo, ler um livro. Hoje em dia, essas facilidades estimulam mais ainda a imaginaç ã o das pessoas.

— Tudo bem. — Sophie tentava convencê -la de qualquer maneira.

— Por que nã o pergunta a Ariadne? Posso ir acordá -la agora mesmo. Isto é, se ela já estiver dormindo. — Ela lanç ou um olhar malé volo para Nikolas. — Você deve saber melhor do que eu.

— Sophie! — Lisa estava cansada das provocaç õ es da irmã.

— Você...

Nikolas interrompeu-a.

— Eu mesmo vou conversar com Ariadne. Nã o agora. Ama­nhã cedo. E ao contrá rio das suas insinuaç õ es, Sophie, nã o conheç o os há bitos noturnos de minha afilhada.

Sophie revirou os olhos.

— Até parece.

A paciê ncia de Nikolas estava por um fio.

— Eu, mais do que ningué m, quero apurar a verdade. E o primeiro passo será conversar com Ariadne.

— Pois eu gostaria de presenciar essa conversa — disse Sophie e, surpreendentemente Nikolas concordou.

— Eu quero mesmo que você s duas estejam presentes. Ama­nhã cedo.

— Claro. — Sophie nã o se dava por vencida. — Amanhã, depois de tê -la instruí do sobre o que dizer, nã o é?

— Nã o tenho intenç ã o de instruí -la para nada. Acho que sua irmã sabe que sou um homem honrado. Quando fui no­meado tutor de Ariadne, eu já sabia que, assim que ela cres­cesse, teria que tomar algumas providê ncias. Esse foi um dos motivos de ter admitido Lisa, mesmo sabendo que damas de companhia sã o consideradas fora de moda, hoje em dia.

Lisa meneou a cabeç a.

— Nã o há necessidade de nada disso, Nikolas — declarou ela. — Você nã o tem que justificar-se para mim. — Ela se voltou para a irmã. — Eu acredito nele, Sophie. Sei que Nikolas nã o está mentindo. Por isso, vamos encerrar o assunto. Nã o quero mais ouvir acusaç õ es de sua parte.

— Ah! E como você sabe? — Sophie perguntou num tom irô nico. Lisa enfrentou o olhar de menosprezo da irmã.

— Eu sei, e pronto.

Sophie piscou. De repente, a compreensã o!

— Você quer dizer... Oh, Deus! Entã o é isso! Você está tendo um caso com ele, també m!

— Nã o seja ridí cula...

— Se quer mesmo saber, sua irmã e eu tivemos um romance, cinco anos atrá s — Nikolas interveio com firmeza. — Seu pai e ela foram meus convidados aqui e no iate. Acho que Lisa nã o queria que você soubesse desse fato, mas é a verdade. Creio que ela poderia afirmar que me conhece... intimamente.

Sophie ficou boquiaberta.

— Nã o acredito! Lisa nunca comentou nada.

— E por que comentaria? — A voz de Nikolas soava mais amena. — Seu pai nã o aprovava nosso namoro. Lisa nã o quis... ou nã o pô de... ignorar a vontade dele.

— Entã o papai sabia? — Sophie olhava-o ainda em choque.

— Ele soube depois — explicou Nikolas. — E asseguro que nã o ficou nada satisfeito. Infelizmente, Lisa e eu tivemos pouco tempo para nos conhecermos, antes que ela deixasse a ilha. Eu tentei falar com ela, mas ela nunca retornou meus telefonemas.

Retornar os telefonemas dele?

Foi a vez de Lisa fitá -lo com espanto. Que telefonemas? Ela nunca recebera nenhum recado.

— Imagino que, a exemplo do pai, Lisa tenha me culpado por tudo que aconteceu — continuou Nikolas. — Afinal, meu comportamento nã o foi lá muito exemplar.

Sophie inclinou levemente a cabeç a.

— Por isso você lhe ofereceu o emprego?

— Nã o. — A negativa dele surpreendeu Lisa. — Eu ofereci um emprego para ajudar uma amiga.

— Amiga!

— Uma amiga, sim — ele repetiu. — Ela nunca me pediria ajuda, por mais difí cil que as coisas tenham se tornado depois da morte do pai de você s.

— Entã o, você sabe.

— Nã o foi segredo para ningué m. — Nikolas olhou para Lisa, sem perceber o quanto ela estava confusa. — No meu paí s, em tempos de crise, tentamos nos ajudar mutuamente. Oferecer um emprego a Lisa foi o modo que encontrei de espiar os erros do passado.

Lisa queria que aquela conversa terminasse logo. Queria ir para o quarto e pensar em tudo o que Nikolas dissera. Mas nada poderia mudar os fatos, se ele estava arrependido. Nã o tanto quanto ela, com certeza.

Erguendo os ombros, Sophie voltou-se para a irmã, com olhar cheio de ressentimento.

— Entã o por isso você estava tã o ansiosa para vir? — ela perguntou num tom de acusaç ã o. — Nã o foi por minha causa.

Lisa apertou os lá bios. Sophie sabia como ningué m inverter a situaç ã o a seu favor. Alé m disso, ela era como um franco atirador. Quando abria a boca, era impossí vel saber o que diria a seguir.

Mas ela se esquecera que Nikolas estava ali.

— Por sua causa? — Ele arqueou as sobrancelhas, denotando curiosidade e Sophie percebeu que nã o tinha como virar a mesa contra Lisa.

— Sim, por minha causa. — Ela lanç ou um olhar de desafio para a irmã. — Ela nã o aprovava a turma com quem eu andava. — Depois, encarou Nikolas com petulâ ncia. — Ela nã o lhe disse por que estava tã o aflita para tirar-me de Londres? Lisa tinha medo que eu me tornasse viciada. Só porque nossa tia doida varrida encontrou um grama de cocaí na no meio das minhas roupas.

 

CAPÍ TULO XIII

Lisa já estava quase terminando o desjejum quando Sophie apareceu. Antes de descer, Lisa passara pelo quarto da irmã que parecia adormecida. Mas a garota estava com olheiras e apreensiva.

Ariadne ainda nã o descera. Lisa nã o a culpava pelos acon­tecimentos da noite anterior, mas nã o fossem as fantasias da jovem grega, Sophie nã o teria se atrevido a enfrentar Nikolas. Ou provocar as evocaç õ es do passado. Lisa nã o entendia porque Nikolas confessara a verdade sobre o relacionamento deles. E do espanto, resultara as revelaç õ es maliciosas de So­phie. Lisa duvidava que Nikolas permitiria que ela continuasse no emprego, depois do desagradá vel episó dio da noite anterior. Lisa lamentaria, se tivesse mesmo que ir embora. Apesar das diferenç as, ela e Ariadne até que estavam se entendendo bem, e o trabalho progredia a olhos vistos. Como fora ingê nua! Ariadne en­cobria as escapadas de Sophie, com mentiras envolvendo Nikolas. Na noite anterior, já no quarto de Sophie, Lisa ainda con­versara ela. Sophie jurara que nunca pretendera magoar ou complicar a situaç ã o de Lisa. Alegara que as noites na vila eram monó tonas e que ela queria um pouco de diversã o. Tudo que ela e Pá ris faziam, era percorrer os bares, para danç arem e conversarem. Sem drogas. E que ela nunca bebera mais do que dois copos de cerveja.

Depois, como sempre, Sophie dera um jeito de desviar o assunto, e apesar das insistê ncias, Lisa recusara-se a discutir seu relacionamento com Nikolas.

Agora, na mesa do café, vendo a expressã o de rebeldia da irmã, Lisa sabia que ela bateria na mesma tecla.

— Dormiu bem? — Lisa perguntou, e Sophie torceu o nariz, enquanto servia-se de suco de laranja.

— Nã o precisa ficar aí, puxando conversa — investiu Sophie. — Sei que estou em uma situaç ã o difí cil. Mas a culpa nã o é minha se você me contou mentiras só para aceitar este emprego.

Lisa encolheu os ombros.

— Prefiro nã o discutir.

— Aposto que nã o. — Sophie parou de espalhar gelé ia numa torrada, e balanç ando a cabeç a, encarou a irmã. — Nã o consigo acreditar... você e Petronides tendo um caso.

— Nã o use essa expressã o.

O tom de Lisa era rí spido, mas Sophie parecia indiferente à s sensibilidades da irmã.

— Ok. É difí cil acreditar que ele tenha feito... sexo com uma pessoa como você.

— Por quê? — Era impossí vel nã o perguntar.

— Bem, sabe como é... ele é milioná rio, certo? — O sorriso de Sophie era cí nico. — E você... Ok, você tem boa aparê ncia, mas ele pode ter qualquer mulher que quiser.

— E tem, certamente — concordou Lisa, querendo mudar de assunto rapidamente. — Acho melhor você subir e começ ar a fazer suas malas.

— Fazer as malas? Oh, nã o! Nos vamos ficar aqui.

— É o que você espera, depois de, praticamente, ter assumido que usa drogas?

— Mas nã o é verdade! Eu só usei erva. Nada mais. A cocaí na era de Justine. — Sophie suspirou. — A ú ltima vez que esteve lá em casa, ela me pediu para guardar.

— Justine? — Lisa estreitou os olhos. — Justine Lowery? A filha do juiz Lowery? — A garota era colega de colé gio interno de Sophie. — Imagino a reaç ã o do pai dela se ele descobrir!

— Como ele vai descobrir? Você nã o jogou tudo no vaso sanitá rio? Justine ficou possessa quando eu telefonei contando. Nunca mais ela vai confiar em mim.

— Menos mau. — Lisa revirou os olhos.

No í ntimo, já estava imaginando o que aconteceria quando vol­tasse a Londres. Para começ ar, teria que pedir à tia Ingrid para acomodá -las por alguns dias, até encontrarem uma alternativa.

Mesmo com o salá rio de trê s semanas, nã o seria fá cil alugar um apartamento.

— Que eu saiba, Petronides ainda nã o a despediu, nã o é? — a garota insistiu, mas antes que Lisa pudesse responder, Ariadne aproximou-se da mesa de café.

— Bom dia — cumprimentou ela, sentando-se. — Desculpem o atraso. Eu dormi demais.



  

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