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CAPITULO IX



 

Na manhã seguinte, Emma saiu para conhecer melhor a propriedade de seu marido. Dormiu pouco depois que Miguel a deixou e já estava acordada quando uma criada í ndia apareceu sorridente, depois das oito horas, com uma bandeja de café e pã ezinhos quentes com manteiga. Ela se esticou um pouco na cama para pegar a bandeja, piscando por causa do sol que entrava pela janela. Apesar de ter certeza de que nã o conseguiria comer nada, os bolinhos tinham um cheiro tã o saboroso que nã o pô de resistir à tentaç ã o de prová -los.

Quando acabou, correu até a janela para ver pela primeira vez como estava o dia lá fora. O sol ainda nã o batia em cheio no jardim. Uma brisa suave balanç ava as magnó lias gigantes e os hibiscos. Havia muitas outras á rvores que Emma nunca tinha visto. Tudo tinha um viç o tropical e selvagem.

O gramado era salpicado de flores coloridas debruç adas para as á guas do lago, que iam do turquesa ao azul profundo. Alé m do lago, havia as altas montanhas da Sierra Madre.

Deixando a janela, Emma foi até o banheiro, maravilhando-se com sua beleza e luxo. Havia uma banheira enorme como uma piscina e uma ducha. Os azulejos eram de vá rios tons de marrom e amarelo e havia espelhos por toda parte, refletindo-a de mil maneiras.

Tomou banho e vestiu uma calç a de algodã o amarelo e uma camisa leve sem manga. Precisou de muita coragem para abandonar a proteç ã o de seu quarto. Mas já que tinha que ser feito, nã o adiantava ficar adiando. Recusava-se a deixar Miguel perceber quanto a havia ferido.

Os tapetes abafaram o ruí do de seus pé s quando cruzou a passagem para a sala onde tinha estado na noite anterior. Mas a sala estava deserta e ela olhou em volta distraí da, sem saber exatamente o que fazer. O assoalho de madeira bem polido era atapetado com peles e toda a mobí lia era de madeira clara. No gabinete do outro lado da sala havia uma grande coleç ã o de prata e porcelana que deveria valer uma pequena fortuna e um quadro muito valioso sobre a lareira.

Onde mais podia ir agora? Nã o sabia como era a distribuiç ã o dos cô modos da casa para poder explorá -la melhor. E entã o, como em resposta a suas preces silenciosas, ouviu passos atravessando o hall e suspirou aliviada. Mas seu alí vio durou pouco, pois encontrou o olhar frio de Carlos Salvaje.

Durante algum tempo ficou observando-a, deliciando-se com o maravilhoso quadro que ela compunha, toda de amarelo, os cabelos avermelhados brilhando ao sol. Entã o ele disse, polidamente:

— Buenos dias, señ orita... señ orita.

— Bom dia, senhor.

— Dormiu bem?

Emma hesitou:

— Muito bem, obrigada. — Olhou de relance na direç ã o do jardim. — Está uma linda manhã.

— Costumamos ter muitas destas lindas manhã s — comentou Carlos, secamente.

— Sim, sim, acredito que tenham mesmo. — Emma esforç ou-se para continuar fria. — Isso me assusta um pouco, pois estou acostumada a um clima menos saudá vel.

Carlos franziu a testa ao ouvir isto, e o olhar dela percorreu o rosto dele. Depois observou suas roupas claras de montaria, suas botas bem polidas, a camisa creme aberta que punha à vista seu pescoç o bem delineado. Provavelmente Miguel seria assim dentro de uns trinta anos. Seu coraç ã o disparou quando pensou no que aqueles trinta anos significariam para ela.

— Você já teve o seu desuyuno? —- perguntou, batendo com o chicote nas botas.

— Café? Sim, uma criada o levou ao meu quarto.

— Ó timo. Sabe andar a cavalo, señ ora?

Emma prendeu a respiraç ã o.

— Por favor, pode me chamar de Emma. E sim. sei andar a cavalo. Embora faç a muitos anos que nã o ando.

— Nã o é uma coisa para ser esquecida, depois que se aprende. Dificilmente se esquece. Muito bem, entã o... Emma. Você se importaria de me fazer companhia? Quero passear esta manhã para visitar... nã o sei como dizer... o mandatá rio.

— Eu acho que nã o tenho roupas de montaria. Mas, mesmo assim, gostaria muito de acompanhá -lo..

— O que você está usando agora serve. Só precisa de sapatos mais fortes. Nã o tem nenhum par de botas?

Emma olhou para suas sandá lias.

— Sim, trouxe uns pares.

— Ó timo. Quando estiver pronta, vá lá para fora. — Virou-se e saiu.

Emma olhou para ele com certa desconfianç a. Se ao menos Miguel estivesse lá para aconselhá -la, ou Juan Castillo. Algué m em quem pudesse confiar e perguntar o que devia fazer Mas nã o havia mais ningué m por lá, e nã o se atreveu a fazê -lo esperar. Alé m do mais, queria ir com ele. Afinal de contas, era o pai de Miguel, e havia algo de excitante em passar a manhã em sua companhia, explorando o magní fico campo alé m das grades da casa.

Calç ou umas botas cor de creme, enfiando as calç as dentro delas, e entã o remexeu na bolsa à procura dos ó culos escuros que tinha comprado na cidade do Mé xico. A imagem da garota que viu refletida no espelho era quase tã o estranha para ela quanto aquele seu sogro, Carlos Salvaje.

Pegou um cardigã branco e dirigiu-se de volta para o hall, atravessando o terraç o cheio de flores que cercava quase a casa toda.

Viu seu anfitriã o a alguma distâ ncia da casa, conversando com um dos criados nativos. Teve a impressã o de que, quando a viu chegando, despediu o homem rapidamente.

— Vamos, o está bulo fica depois destas á rvores. Já pedi que selassem Câ ndida para você. É uma é gua mansa.

Seu rosto estava mais amigá vel, mas Emma achou que era porque ele amava seus cavalos e nã o porque estava gostando mais dela.

O cavalo dele se chamava Nubarro. Era grande e escuro. Tinha um temperamento fogoso, excitante, evidente em seus olhos impacientes. Emma evitou se aproximar muito dele.

Estava muito quente e ela despia o cardigã indesejá vel quando Carlos lhe deu um chapé u cor de creme.

— Ponha isto. Vai protegê -la do sol.

Saí ram do está bulo e seguiram para perto do lago. Emma respirou pela primeira vez aquele ar puro das montanhas e ficou encantada. Ã distâ ncia, do outro lado do lago, podia ver um pequeno barco com dois ocupantes, e Carlos fez com que a é gua dela se aproximasse dele.

Seguiram à beira do lago por mais algum tempo até encontrarem uma trilha. O ar estava impregnado pelos sons de passarinhos e outros animais, e as abelhas voavam de uma flor para outra. A todo instante, Carlos fazia algum comentá rio a respeito do que os rodeava, mas a maior parte do tempo deixou que Emma simplesmente aproveitasse o dia.

Estava esquentando cada vez mais, e ela se sentia feliz por estar usando um chapé u. Carlos nã o usava nada.

— Nunca usa chapé u?

— Só algumas vezes.

Entã o, como sua pergunta tinha quebrado o silê ncio entre os dois, ele continuou:

— Diga-me, o que Miguel lhe contou a meu respeito?

Emma apertou com muita forç a as ré deas de Câ ndida.

— Ele nã o me disse muita coisa.

Carlos observou sua cabeç a baixa.

— Você nã o estava curiosa a respeito da famí lia dele?

— Claro que sim. Por exemplo, onde está a mã e dele, sua esposa?

Carlos mordeu os lá bios.

— Nã o tenho esposa.

Emma engoliu com dificuldade.

— Você nã o tem esposa? Quer dizer que é divorciado?

— Minha esposa está morta.

Emma olhou para ele, muito surpresa.

— Mas... mas Juan disse...

Os olhos de Carlos endureceram.

— Sim? O que Juan disse?

Ela corou.

— Oh, nada.

— Mas sim, eu insisto. O que Juan lhe contou?

Emma respirou fundo.

— Nã o é importante.

Mas era. Juan tinha dito que a mã e de Miguel estava viva; que ele tinha irmã os e irmã s!

Carlos parecia a ponto de discutir com ela, mas depois desviou o olhar.

— Miguel nasceu aqui, em Lacustre Largo, na mesma cama que eu nasci.

Emma estava muito interessada.

— Ele teve muita sorte.

— Sim. Talvez ele nã o pense o mesmo. Nã o é sempre que consigo entendê -lo.

Entã o sã o dois, pensou Emma, mas nã o disse nada.

— Este povoado que estamos indo visitar, como é que se chama?

— Largo.

Passavam debaixo de um jacarandá, suas flores impregnando o ar e caindo pelo chã o como se fossem um tapete.

— Miguel me disse que você s vã o se casar na igreja aqui em Puebla.

— Ele lhe disse isso?

— Sim. Ontem à noite. Depois que você foi se deitar. Peç o desculpas por tê -lo segurado por tanto tempo. Nó s conversamos até de madrugada.

Aquilo explicava por que Miguel ainda estava vestido quando o encontrou no terraç o, pensou Emma, olhando para os cachos de flores acima de suas cabeç as. Perguntava-se o que eles teriam conversado. O que Miguel teria contado ao pai a respeito deles, a respeito de seu primeiro encontro e as razõ es do casamento? Será que tinha explicado os ferimentos de seus dedos? Será que Carlos fazia idé ia da dificuldade que ela encontrava para descobrir o que Miguel pensava?

Agora, podia ver algumas casas à distâ ncia, rolos de fumaç a saindo pelas chaminé s, apesar do calor do dia. Apontando em direç ã o delas, perguntou:

—- Largo?

— Sim, este é o povoado. Sem dú vida você vai achá -lo muito primitivo depois de viver tanto tempo em Londres. Infelizmente, o povo aqui nã o quer e nã o pode se desenvolver mais.

Era sim, era muito primitivo. Emma tentou nã o deixar que Carlos percebesse a aversã o que sentia pelas casas que eram pouco mais do que um simples telhado e paredes de barro. Podia ver atravé s de algumas portas o fogã o com poucas panelas, enquanto crianç as semi-nuas brincavam na maior sujeira. Havia poucos homens e Emma imaginou que fosse porque estavam trabalhando no campo. Todas as mulheres pareciam usar o mesmo tipo de blusa e saia rodada.

— Vê? — disse Carlos, apontando para um dos casebres. —- Eles vivem como animais. Ou talvez pior, porque os animais geralmente tomam mais conta de seus filhotes.

Emma ficou indignada com a indiferenç a na voz dele, e ao mesmo tempo reconheceu que o que estava dizendo era a verdade crua e nua.

— Mas como eles dormem?

Carlos indicou os colchõ es de palha jogados pelo chã o dos casebres.

— Eles dormem naquelas coisas. Aquilo é chamado petates. É tudo que conhecem.

Emma estava surpresa. Nunca poderia acreditar que seres humanos, tã o perto da civilizaç ã o moderna, vivessem de um jeito tã o primitivo, como se estivessem na Idade Mé dia.

Limpando a garganta, ela disse:

— Onde mora esse homem que vamos visitar?

— Nã o fica muito longe daqui. Um pouco depois do povoado. Emma estava aliviada de sair da vila, e agora podia ver, a alguma distâ ncia, as paredes brancas de uma casa de dois andares, cortinas nas janelas, que contrastava violentamente com as do povoado. Emma olhou surpresa para Carlos.

— Alfaro Dí az é um bom trabalhador. Trabalha para mim há muitos anos.

— E ele toma conta da propriedade?

— Mais ou menos isso. Mas dou emprego para muita gente, Emma, um capataz só nã o seria suficiente.

Quando se aproximaram da casa, algumas crianç as apareceram e saí ram correndo pelo caminho para encontrá -los. Eram trê s. O mais velho devia ter uns dez anos; o mais novo nã o tinha mais do que cinco ou seis. Carlos desmontou, de muito bom humor e sorridente.

— Ah, chiquillos!

Deixou cair as ré deas e pegou o caç ula nos braç os, rindo e falando com ele em espanhol.

Muito hesitante. Emma també m desmontou, percebendo o olhar curioso das crianç as. O caç ula era um menino, mas as outras eram meninas, cabelos e olhos escuros. Nã o pareciam nativas. Os pais deviam ser descendentes de espanhó is.

Carlos olhou para ela, colocando o garoto no chã o novamente.

— Venha conhecer os meus pequeninos. Vê, esta é Rosita, esta outra, Cecilia, e este, Clemente.

Emma sorriu para as crianç as.

— Buenos dias!

— Buenos dias, señ orita — eles disseram, em coro.

Carlos voltou ao espanhol e perguntou à s crianç as onde estavam seus pais. Emma ia aos poucos entendendo algumas palavras e frases.

Havia um pequeno jardim em volta da casa. A porta estava aberta para entrar um pouco mais de ar. Dentro, estava mais fresco e todas as portas do andar de baixo estavam abertas. Uma escada de madeira no fim do corredor levava para o andar superior e Emma viu como tudo estava limpo, a madeira polida brilhando, os azulejos claros.

As crianç as entraram na frente deles e quando Emma e Carlos chegaram à porta um homem apareceu no hall.

— Dom Carlos! Que surpresa!

— Buenos dias, Alfaro! — disse Carlos, deixando que Emma entrasse na frente. — Esta bien?

— Si, si.

Alfaro nã o estava preparado para esta intromissã o, e Emma começ ou a pensar que nã o devia ter concordado em vir.

Entã o apareceu uma mulher alta e magra, com feiç õ es serenas e bondosas. Quando viu Carlos, ela sorriu e convidou-os a entrar na cozinha, um cô modo grande e claro, que provavelmente servia també m de sala de jantar. Havia uma grande mesa de madeira e um imenso fogã o aceso com muitas panelas.

A mulher, que Emma imaginou ser a sra. Dí az, afugentou uma porç ã o de crianç as por uma porta que dava para o quintal e entã o convidou-os a sentar. Já tinha olhado para Emma uma porç ã o de vezes, rá pidos olhares sem hostilidade, mas mesmo assim parecia preocupada. Por quê?

Carlos segurou seu braç o e disse, em inglê s:

— Maria, Alfaro, gostaria de lhes apresentar Emma Salvaje, a esposa de Miguel.

O espanto no rosto deles era visí vel e Emma, indecisa, ficou em pé, nervosa, esperando que algué m dissesse alguma coisa. Podia-se ouvir o barulho do tique-taque do reló gio antigo sobre a lareira. A gritaria das crianç as no quintal parecia distante e irreal. Um gato que estava deitado junto do fogã o levantou-se como que incomodado pelo silê ncio repentino. Era como se eles fossem atores que tivessem esquecido suas falas.

Maria Dí az foi à primeira a se recuperar do susto. Percebendo que alguma coisa era esperada dela, estendeu a mã o e Emma apertou-a

— Muito prazer em conhecê -la — disse, num inglê s afetado.

Emma forç ou um sorriso, embora a tensã o na sala fosse quase palpá vel. Entã o, Alfaro Dí az seguiu o exemplo da esposa, acrescentando que Miguel era um rapaz de sorte.

Mas aquilo tudo foi muito sé rio e desconfortá vel. E Emma desejou que Carlos dissesse que estava na hora de partir. Por que aquela notí cia havia causado tanto impacto no casal? Será que tinham na famí lia algué m que esperavam casar com Miguel? Aquilo tinha alguma coisa a ver com o sorriso de zombaria que bailava nos lá bios de Carlos Salvaje?

Houve mais algum tempo sem que ningué m dissesse nada e entã o Carlos assumiu o comando. Era como se ele tivesse sentido prazer em provocar aquele mal-estar.

— Maria, você nã o vai nos oferecer uma xí cara daquele café delicioso que só você sabe fazer? Podem ter certeza, foi tanta surpresa para mim como deve ter sido para você s.

Emma afundou-se na cadeira e percebeu o olhar estranho que Alfaro Dí az dirigia para Carlos. Havia desgosto e frustraç ã o em seus olhos. Depois, dirigiu-se para a porta, dizendo:

— Desculpe-me, señ ora, mas tenho muito trabalho para fazer.

E saiu sem falar com Carlos, batendo a porta logo em seguida.

Emma tremeu. Isso era muito complicado para ela entender. Num impulso, levantou-se e foi até a porta dos fundos, saindo para o quintal. Ali, sentia-se mais aliviada. Carlos e Maria estavam conversando, podia ouvi-los, mas a conversa era muito rá pida e nã o conseguia entender. Percebeu que Maria estava se queixando de alguma coisa.

Havia cinco crianç as no jardim. Dois meninos mais velhos tinham se juntado aos mais novos e jogavam futebol, rindo. Pararam quando a viram. Emma apontou para a bola, gesticulando, pedindo permissã o para participar da brincadeira.

Houve alguns minutos de hesitaç ã o, e entã o um dos garotos mais velhos riu e jogou a bola para ela. Teve que se esquivar para nã o ser atingida mas, percebendo a brincadeira, atirou a bola e dentro em pouco estava se sentindo como uma crianç a no meio deles.

Fazia muito calor e nã o agü entou a correria por muito tempo. Finalmente foi forç ada a procurar a sombra de uma á rvore. Ao passar pela cozinha, acenando para os garotos, Carlos chamou:

— Venha, o café está na mesa. Estive contando a Maria o modo româ ntico como você e Miguel se conheceram.

Emma virou-se relutante, mas havia um olhar tã o divertido no rosto de Maria Dí az que ela acabou por sorrir, aceitou uma cadeira e tomou uma xí cara do saboroso café. Escolhendo as palavras cuidadosamente, elogiou Maria, percebendo que aquela mulher devia gostar muito de Miguel. Era evidente pela maneira que falava dele e pelo interesse que demonstrava por tudo que Emma dizia. Será que desaprovava o fato de Miguel ter se casado com uma inglesa, da mesma forma que Carlos desaprovara?

Na verdade, nã o tinha certeza de que ele desaprovara. Nã o entendia o pai mais do que entendia o filho. De qualquer forma, de manhã ele tinha sido tã o humano, tã o adorá vel. Só depois que chegaram à casa dos Dí az pareceu haver alguma contradiç ã o.

Observando Maria num momento em que estava distraí da conversando com Carlos, Emma se perguntou quantos anos ela teria. Nã o se podia dizer ao certo pela aparê ncia dela. Talvez uns cinqü enta e cinco. Devia ter sido uma linda moç a, porque ainda tinha traç os bonitos. A pele era lisa e, embora usasse um vestido simples de algodã o, tinha um ar de nobreza, de gente fina. Parecia uma espanhola da melhor linhagem.

Finalmente Carlos disse que tinham que ir embora e Emma levantou-se ansiosa. Durante um par de horas conseguira adiar os problemas de seu casamento, mas agora eles lhe voltaram à mente e ela se viu impaciente para voltar para Lacustre Largo.

Maria saiu para lhes dar adeus, os filhos agarrados na barra da saia. Gritaram para os dois alegremente e Emma ficou contente por ter tido a oportunidade de passar algum tempo com eles. As crianç as eram uns amores.

A volta para casa foi silenciosa. Carlos parecia absorto com os pró prios pensamentos e, como Miguel, acabava se esquecendo de que havia algué m por perto.

Emma nã o se importou. També m tinha muito em que pensar. Por exemplo: como ia enfrentar o marido, depois de seu comportamento de adolescente na noite anterior?

Lacustre Largo brilhava ao sol. Havia muita tranqü ilidade no ar. Quando se aproximavam da casa, Carlos sugeriu que Emma desmontasse, que ele levaria os cavalos para o está bulo. Gostou da idé ia. A viagem de volta nã o tinha sido tã o confortá vel e seus mú sculos reclamavam contra tanta atividade.

Subiu correndo os degraus do hall, mas parou de repente, quando Miguel apareceu, segurando seu braç o com muita forç a.

— Onde você esteve?

Emma se debateu, tentando se soltar, mas foi inú til.

— Se é que é da sua conta, estive passeando a cavalo... com seu pai!

— Andando a cavalo? Com meu pai? — Miguel olhava para ela, furioso. — Onde você s foram?

— Nã o acredito que isso seja da sua conta...

— Onde ele a levou? — Miguel a sacudia violentamente, machucando seu pulso.

— Solte-me e eu lhe direi!

— Diga-me agora! — Estava muito irritado e ela sentiu medo dele.

— Nó s fomos até o povoado.

— Que povoado?

— Largo. Fomos visitar um homem que trabalha...

— Dí az! — murmurou Miguel, violentamente. — Alfaro Dí az!

— Sim, esse mesmo — disse uma voz irô nica atrá s deles.

Virando-se, Emma viu Carlos que acabava de entrar no hall.

— Tenho certeza de que sua esposa gostou do passeio.

Miguel olhava fixamente para o pai agora e havia muito rancor em seu olhar.

— Por que você... — Parou na metade da frase e Carlos franziu a testa, irô nico.

— Miguel! Lembre-se de que nã o estamos sozinhos. Isto sã o modos de um filho falar com o pai?

Miguel soltou o braç o de Emma tã o de repente que ela quase perdeu o equilí brio. Ficou parada, massageando o pulso, observando os dois homens se encarando.

— Você nunca desiste, nã o é mesmo, padre? — Miguel quase nã o conseguia falar.

— Nã o sei do que você está falando, Miguel. Nã o consigo entender o que fiz para deixá -lo tã o irritado. Certamente que depois de conhecer seu pai, era justo que Emma també m conhecesse sua mã e, nã o acha?

 

 



  

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