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CAPÍTULO II



 

Na manhã seguinte, Emma dormiu até tarde e foi acordada pelo som de vozes altas, no hall de baixo. Durante alguns minutos ficou lá deitada, ouvindo, imaginando se a sra. Cook estava tendo uma discussã o com o aç ougueiro, mas depois percebeu que aquela era a voz de Victor.

Olhou para o reló gio na mesinha de cabeceira. Já passava das onze e meia. Pulou da cama, pegou um penhoar de ná ilon e vestiu-o por cima da camisola.

Perguntava-se, apreensiva, o que Victor estava fazendo lá, à quela hora, e se a sra. Cook teria lhe contado o que aconteceu na noite anterior.

Logo que abriu a porta do quarto, ouviu Victor dizer, impaciente:

— Mas a que horas ela vai resolver se levantar? Nã o posso ficar aqui o dia todo, nã o sou um vagabundo e o trabalho me espera.

Emma foi para o topo da escada.

— Victor! Nã o sabia que você ia aparecer por aqui, agora de manhã. Sinto muito por nã o ter acordado antes de você chegar. Acho que dormi demais, estava um pouco cansada.

Victor Harrison olhou-a com desaprovaç ã o. Ao lado de seu impecá vel terno de executivo, ela se sentiu um patinho feio, totalmente sem graç a. Victor sempre estava alinhadí ssimo, e, como era um homem alto, suas roupas ficavam-lhe muito bem, tornando-o muito elegante. Embora já tivesse mais de quarenta anos e seu cabelo estivesse bastante grisalho, tinha uma aparê ncia magní fica e Emma sempre o admirara. Estava um pouco fora de forma por causa da falta de tempo para exercí cios, mas sua altura disfarç ava isso muito bem. Quando eles saí am juntos, Emma tentava seguir o elegante exemplo dele.

Mas aquela manhã o contraste entre eles era bastante visí vel e ela se arrependeu de nã o ter escovado o cabelo e trocado de roupa antes de descer.

— Eu vim saber se você quer almoç ar comigo — Victor disse, dirigindo um olhar de despedida para a sra. Cook. A governanta discretamente murmurou alguma coisa a respeito do café e desapareceu do lugar.

— Vamos para a saleta, Victor. Nã o podemos conversar aqui. Dirigiram-se para a porta e atravessaram o hall, onde um fogo agradá vel queimava na lareira, fazendo sombras nas paredes. Embora a casa tivesse aquecimento central, o pai de Emma insistia em manter a lareira. Emma achava o lugar muito confortá vel e româ ntico. Victor acompanhou-a relutante e ela lhe sorriu.

— Desculpe, querido. Nã o costumo aparecer assim na hora do almoç o.

— Espero que nã o... Você foi mesmo a Guildford ontem à noite?

Emma virou-se de lado, para que ele nã o pudesse ver seu rosto, concordando com a cabeç a.

— Fui. Stafford ficou encantado ao me ver. Fiquei feliz por ter ido visitá -lo.

Victor aceitou tudo sem comentá rios. Era ó bvio que nã o tinha ligado o fato de ela ter dormido demais com a visita a Guildford.

— E quanto tempo você leva para se tornar apresentá vel?

— Você espera?

— Acho que devo, nã o é? — Victor parecia irritado.

— Onde iremos almoç ar?

— No Dorchester. — Enfiou as mã os nos bolsos da calç a. — O sr. Malcolm quer discutir o negó cio da Messiter comigo e esta é a ú nica oportunidade. Como a filha dele está passando uma temporada aqui em Londres, sugeriu que fizé ssemos um grupo de quatro e saí ssemos para almoç ar.

— Oh, entendo. Um almoç o de negó cios. — Emma nã o estava nada entusiasmada, muito pelo contrá rio. — E eu tenho que ir?

O rosto de Victor ficou sé rio.

— Você nã o tem que fazer coisa alguma, é claro. Eu simplesmente pensei que, como minha noiva, se interessaria pelos meus negó cios.

— Mas, meu querido, os seus negó cios nada tê m a ver comigo, você sabe disso.

— Muito pelo contrá rio, eles tê m tudo a ver com você. Se a Harrison Interloop conseguir se unir à Tê xtil Messiter, nó s conseguiremos uma tremenda influê ncia.

— Está certo, está certo. — Emma interrompeu-o com um suspiro. Nã o tinha intenç ã o de permitir que Victor fizesse um monó logo acerca das possibilidades do comé rcio tê xtil. — Eu irei com você. A sra. Cook está fazendo café. Portanto, sirva-se, enquanto subo e tomo um banho.

— Muito bem.

Emma esperou alguns segundos para ver se ele agora ia relaxar o suficiente para lhe dar um beijo e mostrar que, de qualquer forma, estava feliz em vê -la. Mas Victor simplesmente sorriu satisfeito e se instalou na frente da lareira, obviamente preparado para esperá -la subir e se aprontar. Com um gesto de impaciê ncia, deixou a sala e encontrou a sra. Cook no hall, que se dirigia para a sala com uma bandeja de café.

— Bem? — disse a governanta, parecendo desapontada com a expressã o desgostosa de Emma. — Você vai almoç ar fora?

— Oh, sim. Sim, claro.

Subiu apressada as escadarias, dirigindo-se para o quarto. Despiu-se com raiva. Será que Victor nunca ia conseguir se soltar e ser um pouco mais sensí vel? Santo Deus. até parecia que ele nunca tinha visto uma mulher de penhoar antes — e tinha sido casado por quase quinze anos. Apesar de sua esposa ser invá lida, devia estar habituado a entrar no quarto e vê -la deitada na cama!

Emma foi para o banheiro com uma insatisfaç ã o visí vel. Embora o conhecesse há cinco anos e estivessem noivos há seis meses, nunca passaram do está gio do amor gentil, com o qual tinha conseguido conquistá -la. E embora també m fosse muito raro Emma sentir que o relacionamento deles nã o era o que devia ser, hoje ela se sentia excessivamente insatisfeita com tudo. Queria que o pai voltasse logo. Talvez por estar tã o sozinha é que se sentia triste, insatisfeita com a vida, e aquilo nã o era bom.

Mas o pai estava se divertindo no Canadá com o filho mais velho e a nora. O velho se aposentara há pouco, a conselho mé dico, e nada podia impedi-lo de passar trê s meses lá, nem seria justo pedir isso. Ele conhecia Emma muito bem e sabia que a sra. Cook cuidaria dela com todo carinho e cuidado. Por outro lado, achava a filha uma garota muito ajuizada.

Durante a semana seguinte, a vida pareceu voltar ao normal. Emma trabalhava meio perí odo para sua amiga Fenella Harding, como secretá ria de uma agê ncia na Oxford Street.

Fenella era mais velha do que ela, tinha quase a idade de Victor. Na verdade, foi atravé s dela que Emma encontrou seu noivo pela primeira vez. No começ o nã o imaginou que o grande e poderoso industrial a considerasse mais do que um simples flerte. Até que ele mesmo se apresentou ao dr. Seaton e, com muita calma e seguranç a, se instalou na vida dela.

Emma sempre fora muito tí mida e introvertida, preferindo a companhia dos livros, e as maneiras recatadas e gentis de Victor lhe chamaram a atenç ã o. Sentia muita admiraç ã o por ele. O fato de ser bem mais velho nã o fez diferenç a. Nunca se considerou o tipo de pessoa particularmente expansiva. Suas roupas eram simples, as outras garotas do escritó rio diziam, e, desde que resolveu usar o cabelo preso, sabia que parecia bem mais velha. Mas o noivo aprovava e, no fim das contas, aquilo era tudo que realmente importava.

Na tarde seguinte ao seu infeliz acidente na neblina, contratou uma garagem na á rea de Guildford para localizar o lugar onde estava o carro. Foi devolvido tã o bom como se estivesse novo e Victor nã o ficou sabendo nada a respeito do acidente, o que para ela era um alí vio.

Ainda assim, nã o conseguia deixar de pensar no homem que a trouxe para casa. A certeza de que já o tinha visto antes continuava e era um quebra-cabeç a difí cil, que a intrigava. Mas, como tais pensamentos nã o levavam a nada, tentou esquecer de uma vez por todas aquilo tudo.

Na sexta-feira, já era quase noite quando Emma deixou a agê ncia. Muita gente faltou por causa do tempo frio e ela se ofereceu para trabalhar até mais tarde. Victor estava fora, em Brighton, num jantar de negó cios, e nã o esperava vê -lo novamente até a tarde de sá bado.

Nevava quando saiu da agê ncia, mas nã o havia neblina. Respirou fundo, olhando as ruas quase vazias. Andou alguns metros até onde o carro estava estacionado e foi para casa sem maiores incidentes.

— Sra. Cook! — chamou. — Estou em casa!

Nã o houve resposta imediata e, dando de ombros, Emma atravessou o hall em direç ã o à sala, desabotoando o casaco. Quando acendeu a luz da sala, um homem se levantou do sofá. Nã o quis acreditar quando viu seu rosto.

— Você? O que está fazendo aqui?

Ele olhou-a de cima abaixo.

— Vim ver você — respondeu, com simplicidade.

Emma levou uma das mã os ao cabelo. Estava liso e elegante como nunca; seu traje azul de tweed, por baixo do casaco, ficava-lhe muito bem, mas era uma roupa muito sé ria. Tinha certeza de que parecia mais velha do que ele, tã o moreno, tã o esbelto, musculoso e atraente num terno creme.

— Eu... bem... Você esperou muito? — perguntou, nervosa. — A sra. Cook deixou você entrar?

— Sua governanta? — Ele ergueu as sobrancelhas escuras. — Sim, ela deixou. Nã o queria, mas quando expliquei quem eu era... Você nã o sofreu nada com o acidente, pelo que posso notar.

— Oh, nã o! Estou muito grata a você por ter me ajudado.

Por que ele teria vindo? Será que esquecera alguma coisa no carro? Mas nã o era isso; se tivesse esquecido, já teria dado pela falta. Seus olhos pousaram no barzinho à esquerda.

— Posso lhe oferecer um drinque?

— Obrigado. — Concordou com a cabeç a e ela foi até o bar, sabendo que o olhar dele a seguia.

— O que você quer tomar? — perguntou, inspecionando as garrafas. — Uí sque? Gim? Conhaque?

— Um uí sque seria ó timo.

Sua jaqueta estava desabotoada e as lapelas afastadas mostravam a camisa azul-marinho e a gravata que combinava muito bem com toda a sua roupa. Os olhos de Emma dirigiram-se para ele quase contra sua vontade, e teve que fazer esforç o para se concentrar no que fazia. Bateu a garrafa contra o copo, fazendo barulho.

— Deixe que eu faç o isso — ele disse. — Serviu-se e tomou um gole. — Salud! — Tomou o resto da bebida de uma vez só.

Emma estava nervosa com a presenç a e a proximidade dele. E se Victor aparecesse de um momento para outro? Sabia que ia pensar o pior.

— Você nã o vai me acompanhar? — ele perguntou, mas Emma balanç ou a cabeç a.

— Nã o, obrigada.

Afastou-se. Sabia que os olhos dele nã o a largavam. Passavam sobre seu corpo, insolentes, intensos, avaliando-a, e isto era uma experiê ncia perturbadora para quem nã o estava acostumada a ser vista como fê mea.

Agora ele examinava a sala: o largo sofá de couro macio, as longas cortinas de veludo verde, o carpete que era uma mescla de sombras de outono. Mas seus olhos demoraram-se no piano e, sem pedir permissã o, sentou-se na banqueta e correu os longos dedos morenos pelo teclado.

Entã o ela ficou sabendo, de repente, quem ele era. Miguel Salvaje! Por isso seu rosto lhe parecia familiar. Tinha visto uma foto dele no jornal The Times, apenas algumas semanas atrá s, quando chegou do Mé xico.

Miguel Salvaje levantou os olhos.

— Espantada, srta. Seaton?

— Você sabe meu nome!

— E você sabe o meu, nã o é mesmo?

Emma concordou.

— Sinto muito. Devia tê -lo reconhecido muito antes.

— Por quê? Gosta de mú sica clá ssica, srta. Seaton?

— Gosto de todos os tipos de mú sica. Nunca assisti a nenhum de seus concertos, mas tenho alguns discos. Minha mã e foi uma boa pianista.

— Você toca?

— Oh, nã o. Ainda estou no quinto ano, nã o tenho talento, senhor. — Ela franziu a testa. — Mas como é que descobriu o meu nome?

Ele se aproximou dela até estarem a um metro de distâ ncia.

— Estava curioso para conhecê -la melhor, queria vê -la novamente.

Emma sentiu o rubor subir-lhe ao rosto. Nã o podia fazer nada para evitá -lo. Ele era muito direto.

— Diga-me! Agora que já fomos mais ou menos apresentados, por que você usa essas roupas tã o sé rias? Sã o suas roupas de trabalho?

Emma foi apanhada de surpresa.

— Nã o sei o que quer dizer.

— Claro que sabe. — Seus olhos escuros eram perturbadores. — Nã o gosto delas. Vá trocar!

Emma estava horrorizada.

— O que você disse?

— Eu lhe pedi que tirasse essas coisas — respondeu, com muita calma. — Suba e troque de roupa! Eu ficarei esperando você.

Emma estava em pâ nico.

— Sr. Salvaje, nã o sei quais sã o os há bitos em seu paí s, mas na Inglaterra uma pessoa nã o pode simplesmente entrar na casa de algué m e exigir que a pessoa troque de roupa apenas por que ela quer.

Miguel deu um sorriso.

— Nã o?

— Nã o.

Emma respirou fundo, sentindo que o ar lhe faltava.

— Escute, senhor, nã o sei por que veio aqui, mas...

— Já disse que vim só para ver você — ele a interrompeu com delicadeza.

As palmas das mã os de Emma estavam ú midas.

— Isso é ridí culo. Vai ter que me desculpar, senhor. A sra. Cook deve estar querendo saber onde estou, se já estou pronta para o jantar.

— Você está fugindo de mim, Emma. Por quê?

A forma como disse seu nome, com aquele sotaque estrangeiro, era um carinho, e o coraç ã o dela bateu apressado.

— Por favor, senhor... — ela começ ou, mas ele balanç ou a cabeç a.

— Convide-me para o jantar — sugeriu. — Sou um estranho, longe de meu paí s natal. Certamente você nã o recusaria um jantar para um pobre homem solitá rio.

Emma olhou-o desesperada. Depois despiu o casaco. Seu corpo já estava mais do que quente, e a temperatura na sala era ó tima.

— Gostaria que fosse embora, senhor. Estou muito cansada.

— Eu també m. Tive concertos quase todas as noites desta semana. Esta é minha primeira noite de folga e gostaria muito de poder aproveitá -la.

Emma fez um gesto de impaciê ncia.

— Nã o consigo entendê -lo, apesar de me esforç ar.

Ele desabotoou os dois primeiros botõ es da camisa e afrouxou a gravata, deixando à mostra o pescoç o moreno. Sua pele era bem bronzeada e por um breve momento ela se lembrou da cor pá lida de Victor, devido ao tempo passado preso em escritó rios e à falta de exercí cios. Miguel Salvaje nã o parecia ter um centí metro de pele flá cida em todo seu corpo e os mú sculos do peito esticavam a camisa azul quando ele se movia.

Sentindo-se culpada, Emma se esforç ou para nã o olhar mais para aquele homem. Com voz muito fraca, disse:

— Por favor, vá embora, senhor.

Miguel fez um gesto impaciente.

— E se eu preferir nã o ir? O que pode acontecer? O que você vai fazer? Vai chamar a polí cia? Seria capaz de me humilhar diante do pú blico, diante da imprensa?

Emma duvidou que algué m ou alguma coisa conseguisse humilha-lo. A humilhaç ã o seria toda dela. Fez a ú ltima tentativa, desesperada para se livrar da sua presenç a.

— Está assim tã o desesperado por companhia, senhor, que teria de coragem de ficar com algué m que nã o o quer por perto?

— Sim — ele murmurou. — Eu preciso da sua companhia. Quero que esquecer um pouco do trabalho, afastar-me das coisas que estã o constantemente em minha mente. Você nã o quer que eu jante aqui com você. Muito bem, aceito sua recusa. Mas, pelo menos, deixe que eu lhe pague um jantar em qualquer lugar. Deve conhecer restaurantes onde nã o precisaremos ser formais, onde ningué m me reconhecerá.

— Acho que isto está fora de cogitaç ã o, senhor.

— Por quê? Por que haveria de estar fora de cogitaç ã o? Eu teria muito prazer em passar a noite com você e acho que você també m nã o acharia de todo ruim, apesar do que acaba de me dizer.

Ela ficou indignada com as palavras dele. Será que estava pensando que sua recusa era uma espé cie de joguinho para aumentar o interesse dele? E aquela sugestã o para que fossem jantar num restaurante afastado, longe dos amigos e conhecidos, era um insulto. O que teria feito para que ele pensasse que aceitaria suas atenç õ es? Será que achava que, por ser uma mulher independente e que já tinha passado da idade do casamento, ia agora aceitar ter um caso com ele? Como podia ser tã o ousado?

Seu peito arfava e sua voz saiu trê mula:

— Eu lhe garanto, senhor, que nã o estou desesperada à procura de companhia. E se meu noivo estivesse aqui, você nã o ousaria falar comigo desta maneira.

— Noivo? Você tem noivo, señ orita? — Ele deu de ombros. — Um noivo? Nã o estou interessado no seu noivo.

— Acha que estou mentindo? E desta forma que trata as mulheres em seu paí s, senhor?

Ele balanç ou a cabeç a devagarinho.

— No meu paí s? Nã o. Mas este nã o é o meu paí s.

Emma suspirou. Onde estaria a sra. Cook? Por que nã o aparecia? Devia ter ouvido quando chegou e saber que ficaria chocada ao encontrar o homem que a esperava.

Miguel Salvaje continuou a observá -la por mais alguns momentos e entã o apertou novamente o nó da gravata. Ela notou que ele usava um anel na mã o esquerda, um antigo anel de ouro com um rubi que brilhava como uma chama.

— Já que insiste, señ orita, devo pedir-lhe desculpas pela intromissã o.

Miguel dirigiu-se para a porta e, logo que saiu, Emma sentiu um terrí vel sentimento de culpa.

— Mas por quê? — ela se perguntava impaciente. Apenas porque, por alguns segundos, ele lhe pareceu completamente indefeso, nã o devia ficar pensando que aquilo era algo mais que uma outra tentativa de fazê -la mudar de idé ia. Precisava se lembrar que ele era Miguel Salvaje, rico, inteligente, famoso, conhecedor da pró pria forç a, pronto para usá -la, como sem dú vida tinha usado com outras mulheres em outras cidades, e nã o apenas um homem solitá rio à procura de uma boa companhia.

Ele nã o olhou para trá s e em seguida ela ouviu o barulho da porta da entrada sendo fechada. Tinha ido embora. Hesitou alguns instantes e depois correu para a janela, afastando a cortina e olhando para fora. Ele estava atravessando o jardim, os ombros curvados. Nã o usava casaco e imaginou que devia estar congelado, acostumado com o clima quente. Onde estava seu carro? Franziu a testa. Nã o se lembrava de tê -lo visto quando entrou em casa. Certamente teria notado um carro como o dele se estivesse parado nas redondezas.

Mordeu os lá bios com forç a, mas ele já tinha desaparecido, escondido pela cerca da casa vizinha.

A sra. Cook entrou na sala.

— Oh, já está em casa, srta. Emma? Nã o a ouvi entrar. Quando ouvi a porta há poucos minutos atrá s... — Olhou em volta. — O sr. Salvaje já foi?

Emma massageou o pescoç o com as duas mã os.

— Parece que sim, nã o acha? — perguntou, com impaciê ncia. — Entã o você sabia quem ele era?

— Claro!

— Eu nã o sabia que se interessava por mú sica, sra. Cook.

A governanta parecia confusa e franziu a testa.

— Interessar por mú sica? O que está dizendo?

— Eu pensei que tinha dito que sabia quem ele era.

— E disse. Ele se apresentou. Entendi que era o cavalheiro que a trouxe para casa ontem à noite.

— Foi ele! Ele també m é um pianista.

— É?

A sra. Cook deu um sorriso sem graç a.

— Nã o sabia disso. Mas, afinal de contas, o que ele queria?

Emma deu de ombros".

— Eu realmente nã o sei. Ele... bem, ele me convidou para jantar.

A velha franziu a testa outra vez.

— Verdade? E o que o sr. Harrison diria, se soubesse disto, é o que me pergunto.

— Bem, você nã o precisa lhe contar, porque eu nã o aceitei o convite.

— Vim só saber a que horas você quer jantar. Está pronta agora?

Emma observou as linhas severas de sua roupa com muita raiva, De pois balanç ou a cabeç a.

— Nã o, eu ainda nã o estou pronta. Primeiro vou subir e trocar roupa.

— Trocar de roupa? — A governanta nã o conseguia esconder curiosidade. — Entã o vai sair de novo?

— Nã o, nã o vou sair de novo, sra. Cook. Quero apenas trocar de roupa. Isso nã o significa necessariamente que pretendo sair.

— Sim, senhorita! —- A governanta estava ofendida. Empertigou-se toda e saiu pisando duro. Emma chutou os sapatos, com visí vel mau humor. O que estava acontecendo com ela? Falar com a sra. Cook daquela maneira!

Entã o, apertando os dentes, saiu da sala e subiu os degraus. Era como ter contato com aquele homem, Miguel Salvaje, pudesse destruí -la. A ú ltima vez que se sentiu assim foi quando ele a trouxe para casa na noite da neblina, e agora estava confusa, apenas porque ele se atreveu a entrar em sua vida novamente.

Estava sendo uma estú pida, muito crianç a. Já nã o era mais uma adolescente; no entanto, estava se comportando como se fosse.

Uma porç ã o de vezes, ela se pegou pensando nele durante aquela longa noite, perguntando onde ele estaria e o que estaria fazendo, e també m se tinha encontrado algué m para lhe fazer companhia.

 

 



  

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