Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





CAPÍTULO IV



 

Estava muito abafado na sexta-feira e havia uma promessa de tempestade no ar. Luana estava muito alegre naquele dia.

— Parece que você gosta de chuva — comentou Kay, uma moç a que també m trabalhava na loja de antigü idades.

— É. — Luana estava desempacotando algumas peç as que o dono da loja tinha comprado num leilã o. — Espero que chova de tarde, pois à noite vou ao teatro.

— É a estré ia de Hamlet hoje, nã o é mesmo? — perguntou a moç a.

— Sim. — Luana sorriu e seu coraç ã o bateu mais depressa.

A manhã passou calmamente. Na hora do almoç o Luana ficou na loja, vendo revistas enquanto comia um sanduí che. Estava lendo uma histó ria de amor numa ilha tropical quando soou a campainha da loja e ela levantou os olhos, esperando ver um freguê s. Era um rapazinho com uma cesta enorme de violetas.

— Srta. Perry?

— Sim.

— Entã o é para a senhorita. — Ele colocou a cesta no balcã o, pondo ao lado um pacote muito bem embrulhado. — Felicidades!

— Hoje nã o é o meu aniversá rio! — Ela estava espantada.

Mas o rapazinho já tinha ido embora. Procurou um cartã o na cesta, mas nã o encontrou. Depois abriu o presente e descobriu que era um vidro de perfume de violetas, muito caro. Junto com o perfume havia um cartã o com algumas palavras româ nticas: ''Para a moç a cujos olhos sã o mais bonitos do que um jardim de violetas. Vejo-a esta noite, ninfa querida. Tarquin".

Ela ficou com os olhos cheios de lá grimas. Era bem dele!

Como Tarquin era delicado lembrando-se dela naquele dia, enquanto se realizava o ensaio final de Hamlet, seu papel mais importante naquela temporada, sua despedida de Avendon. Ele representaria seu papel por trê s noites; depois, na manhã de segunda-feira, iriam os dois para o aeroporto, pois tudo já estava preparado para a partida. Só faltava contar para o padrasto e ir embora.

— O que é isso? — Kay tinha voltado e olhava espantada para as violetas.

— Um amigo me mandou. — Luana sorriu, pois a outra moç a parecia espantada. — Sã o lindas, nã o é mesmo?

— També m ganhou um perfume? — A moç a o cheirou. — Hum. . . de Hamlet?

— Sim.

— Você está apaixonada, nã o é, Lu? Será que fez bem em se encontrar com ele? Você vai sofrer muito quando ele for embora.

Ela tinha avisado o patrã o de que ia deixar o emprego, mas nã o tinha contado a razã o para ningué m. Poderia ter dito naquele momento a Kay, mas alguns turistas entraram na loja e as duas moç as ficaram ocupadas até as quatro horas.

— Vou buscar chá e alguns bolinhos no Lemon's — disse Kay. — Puxa, já vai começ ar a chover! — Um trovã o soou enquanto Kay saí a correndo da loja, para nã o pegar chuva.

A tempestade começ ou a cair, tornando mais forte o cheiro das violetas. As violetas enviadas pelo homem que ela amava. Luana sabia que a peç a ia ser um sucesso, desde o momento em que Tarquin aparecesse no palco, já usando o traje de Hamlet, transformando-se imediatamente diante de seus olhos no prí ncipe estranho, atormentado por um fantasma.

A chuva caí a com mais forç a e o cé u estava escuro.  

Os raios iluminavam a loja e os trovõ es faziam trepidar as vitrines. Luana resolveu acender a luz. Provavelmente Kay estava esperando a chuva melhorar para voltar com o chá e os bolinhos.

Quando Luana estendeu a mã o para o interruptor, soou um trovã o fortí ssimo e um raio iluminou a rua. Parecia que uma bomba tinha caí do e ela levou as mã os aos ouvidos, assustada. A terra estremeceu; depois tudo ficou em silê ncio, interrompido apenas pela chuva.

Ela estava tremendo. Pelo barulho, o raio devia ter caí do na cidade. . . em algum lugar perto do rio. Pelas vitrines embaç adas, pô de ver que as pessoas saí am à rua, com impermeá veis na cabeç a, olhando para o lugar de onde tinha vindo o clarã o intenso e o barulho.  

Hesitou um momento, reprimiu um tremor repentino, depois abriu a porta da loja de antigü idades.

— Será que o raio atingiu alguma coisa, sr. Lyons? — perguntou ao livreiro vizinho.

— Acho que sim, pois foi muito forte. Aposto como pegou algué m. Ouç a, menina! Um carro de bombeiros.

A sirene soou juntamente com um outro trovã o e todo mundo parecia assustado. O cé u ainda estava escuro, embora a chuva tivesse melhorado.

O pior da tempestade tinha passado, mas todo mundo sabia que tinha acontecido alguma coisa terrí vel perto do rio. O raio tinha atingido um pré dio e os bombeiros estavam se dirigindo para o local do desastre.

— Luana. . . — Kay veio correndo pela chuva fina, sem chá nem bolinhos, com um ar preocupado. —- Minha querida, estavam dizendo no Lemon's que o Mask foi atingido!

— O Mask? — Luana olhou para a amiga sem poder acreditar. — Nã o. . . nã o pode ser. Tarquin está lá... a companhia está ensaiando. Nã o é possí vel!

— Olha — Kay entrou na loja, saindo logo depois com um impermeá vel na mã o —, ponha isto na cabeç a e vá ver o que aconteceu. Você sabe como sã o esses boatos. . . De qualquer maneira, o raio pode ter caí do do lado de fora do teatro. . .

— O teatro nã o. . . Por favor, meu Deus! — Luana estava tremendo quando vestiu o impermeá vel. — Cuide da loja, Kay.

— Nã o se preocupe com isso. . .

Luana começ ou a correr em direç ã o ao teatro, com o cabelo voando ao vento, a chuva no rosto. . . ou eram lá grimas de medo?

 

O gramado em frente ao teatro estava cheio de gente e havia bombeiros no telhado do edifí cio, mexendo na balaustrada de pedra que estava quebrada; pedaç os de pedra estavam espalhados pela rua, juntamente com estilhaç os de vidro. Outras pedras caí ram, depois ouviu-se a sirene de uma ambulâ ncia que se aproximava.

— Como na guerra — murmurou um homem. — Parece que algué m está gravemente ferido. . . coitado!

Luana ouviu isto enquanto atravessava a multidã o, desesperada para encontrar Tarquin. Chegou diante do teatro juntamente com a ambulâ ncia, o que a deixou aterrorizada. Era o sí mbolo dos ferimentos e da dor. Ficou parada em silê ncio, entre o povo, querendo entrar correndo no teatro, mas retida como todos os outros pelo braç o da lei.

— Por favor. . . — Luana pegou no braç o de um policial. — Tenho amigos no teatro. . . Nã o posso entrar?

Ele olhou para ela, reparando no rosto pá lido e preocupado, mas sacudiu a cabeç a com pesar.

— Lamento muito, moç a. É perigoso. Parte do telhado esta caindo e ningué m pode entrar enquanto nã o for seguro.

— Quem. . . quem ficou ferido?

— Nã o sei, moç a.

Ele virou de costas para ela porque outras pessoas espiavam, excitadas, pois os enfermeiros estavam trazendo algué m numa maç a. Algué m que permaneceu  imó vel enquanto os enfermeiros colocavam a maca na ambulâ ncia. Luana prendeu a respiraç ã o quando trê s pessoas saí ram do teatro. Uma delas era Valentinova, que foi levada até a ambulâ ncia por um rapaz, noivo da atriz principal da companhia, Ann, que apareceu logo depois.

Ann hesitou alguns segundos, depois viu Luana na multidã o e correu a seu encontro. Ela estava muito pá lida, abalada. Pegando Luana pela mã o, dirigiu-se ao policial.

— Minha amiga precisa vir comigo. O noivo dela está ferido.

Luana já sabia. . . talvez desde o momento em que o raio caiu. Sentia com o coraç ã o e com os nervos que havia acontecido uma catá strofe em sua vida e, enquanto se dirigia para o carro de Ann, o chã o fugiu de seus pé s.

— Por que teve que acontecer isto a Tarquin? – Luana falava, desesperada. — Por que justamente com ele, que é incapaz de fazer mal a uma mosca?

— Tudo aconteceu muito depressa. — Estavam paradas ao lado do carro, olhando a ambulâ ncia que se afastava. — Quin e Vai estavam no corredor da platé ia, bem debaixo da cú pula do teatro e daquele lustre de cobre. Estavam estudando o palco para uma cena. De repente houve aquele clarã o horrí vel, uma explosã o e todos nó s nos jogamos no chã o, cobrindo nossos ouvidos enquanto a cú pula e à parte do telhado caí am no auditó rio. — Ann respirou fundo e seus olhos se encheram de lá grimas.

— Quin é ó timo ator por causa das reaç õ es rá pidas, porque percebe as coisas antes dos outros. Quando o raio caiu, ele se jogou sobre Vai, protegendo-a enquanto caí am o vidro, as pedras e aquele lustre pesado.

Quin foi atingido na cabeç a e na espinha. Val cortou-se e está muito abalada.

Elas entraram no carro em silê ncio e se dirigiram para o hospital.

Luana estava atordoada com o choque. Tarquin estava gravemente ferido; poucas horas antes de sua estré ia como Hamlet, ele havia sido atingido pela " fú ria das alturas".

— Nã o fique preocupada — disse Ann gentilmente, enquanto estacionavam no hospital. — Quin é muito forte, tem uma vitalidade incrí vel. Ele já interpretou Petrú cio com febre alta e você nã o pode imaginar como foi aplaudido. Vamos procurar Buck. Ele já deve ter falado com o mé dico e vai poder nos informar se Quin ficou muito ferido.

Luana estremeceu ao ouvir estas palavras. Parecia que estava tendo um horrí vel pesadelo. Tarquin jazia inconsciente numa mesa de operaç ã o, à mercê dos bisturis, parte de um drama que envolvia a vida dele e també m a dela.

Buck estava na sala de espera, muito pá lido e preocupado.

Valentinova, muito abalada, ia passar a noite no hospital. Tarquin tinha sido o mais atingido.

— Ele vai ser operado o mais depressa possí vel — Buck explicou. — Mandaram chamar o melhor neurocirurgiã o de Londres. . . Strathern. — Como Luana começ asse a tremer, ele a animou: — Coragem, querida. Vai correr tudo bem.

— Eu sei. — Depois ela continuou, com voz rouca: — Há uma capelinha aqui no hospital... vou ficar lá. Acho que nenhum de nó s pode vê -lo agora.

Buck confirmou com a cabeç a.

— Nã o vou demorar. — Luana saiu silenciosamente, dirigindo-se para a capela onde tinha ido muitas vezes rezar para que Catarina nã o morresse. . .

A operaç ã o começ ou à s nove horas e só à meia-noite uma enfermeira veio informar que Tarquin tinha sido levado para o quarto e que permaneceria inconsciente durante toda a noite e possivelmente no dia seguinte. Ela recomendava que fossem para casa, pois nã o havia mais nada que pudessem fazer. Só podiam esperar que o trabalho do cirurgiã o operasse seus milagres.

Chegando em casa, Luana foi imediatamente para o quarto, onde Taffy a esperava. Pegando o cachorrinho no colo, ela se sentou perto da janela com a imagem do homem cheio de curativos, deitado muito quieto numa cama de  hospital. Era insuportá vel pensar nisto, pois naquela mesma noite ele devia ter triunfado no papel que queria tanto interpretar. . . o de Hamlet.

— Boa noite, prí ncipe adorado — murmurou. — Que Deus o proteja.

No dia seguinte, Luana pô de ver Tarquin por alguns minutos. Ele já estava melhor e reinava a esperanç a no quarto tranqü ilo. Uma enfermeira acompanhou-a até a cama do doente, com um sorriso um tanto espantado.

— Ele é tã o bonito. . . — comentou a enfermeira.

Luana logo imaginou o que ela estava pensando: um homem como ele devia estar noivo de uma mulher lindí ssima. A ansiedade havia acentuado os contornos de seu rosto e ela estava tã o pá lida que um beijo deixaria uma marca. Seus olhos pareciam pisados como flores depois de um dia de chuva.

Ela se sentou numa cadeira ao lado da cama, sabendo que nã o devia tocar nele, embora quisesse dar um beijo no rosto cavado, envolto em curativos. Pouco depois Tarquin abriu os olhos. Fitou-a diretamente, demorando-se em cada traç o de seu rosto, como se nã o a reconhecesse.

Luana tentou nã o ficar alarmada. A enfermeira tinha avisado que Tarquin podia levar vá rios dias para reconhecer as pessoas e até para se lembrar de sua pró pria identidade. Ele tinha sofrido uma fratura no crâ nio e, embora a pressã o tivesse sido suprimida, ainda estava em estado de choque.

— Alô, querido — ela murmurou, mas ele continuou a fitá -la com os olhos inexpressivos e pouco depois adormeceu de novo.

Quando saiu do hospital, Luana foi dar uma volta pelo rio. Era triste olhar o Mask, com uma lona cobrindo o que restava do telhado e avisos enormes anunciando que o teatro estava fechado para reforma. Enquanto isso, a companhia ficaria de fé rias. Alguns atores iam voltar para Londres.

Luana foi até a loja para se encontrar com Kay. Nã o puderam conversar muito, pois Leonard Wells, o patrã o, estava atendendo um freguê s.

Entretanto, Kay conseguiu sussurrar que outra moç a viria substituir Luana na segunda-feira.

— Nã o sabia que você ia embora -— ela acrescentou, com ar magoado. — Podia ter me contado.

— Eu ia contar. . . — Luana lembrou-se de seus planos de ir embora com Tarquin para Roma, que os esperava com a promessa de uma vida nova. Agora ia levar algumas semanas até que ele pudesse viajar e ela estava sem emprego. Bem, ainda tinha o correspondente a duas semanas de fé rias e um pouco de dinheiro economizado. E seria bom estar livre para ver Tarquin quando quisesse.

— Srta. Perry! — Leonard Wells aproximou-se, entregando-lhe um envelope com o salá rio, mais o correspondente a quinze dias de fé rias. — É uma pena que você vá embora.

— Muito obrigada, sr. Wells. Gostei muito de trabalhar aqui. . .

Ambos hesitaram, como se ele quisesse detê -la e ela esperasse as palavras que a manteriam no emprego. Mas ele continuou, com um pouco de pesar:

— Já contratei outra moç a. Ela parece inteligente e se interessa por antigü idades.

— Que bom! — Luana sorriu. — Tenho certeza de que vai se dar muito bem aqui. Até logo, senhor!

Saiu rapidamente, encerrando um capí tulo de sua vida. A moç a que tinha sido ficou entre os enfeites de cobre e a figura de porcelana. Algué m um pouco mais velha pisou na calç ada para ir se encontrar com Ann, no Lemon's.

Enquanto tomavam chá, Ann falou de seus planos, que incluí am a representaç ã o de uma tragé dia grega.

— A Gré cia deve ser um lugar maravilhoso — comentou Luana. A Gré cia, Roma, o mundo inteiro. Esses lugares eram a arena de Tarquin e Luana sentiu de repente que nunca se tornariam realidade para ela. Era um sonho, como talvez fosse també m o amor de Tarquin. E se ele se esquecesse completamente da mocinha de Avendon, tã o inocente que mal conhecia a vida que ele levava com pessoas como Ann?

— Atenas — continuou Ann —, fora as ruí nas do templo e o teatro clá ssico, é o lugar mais barulhento do mundo. Nó s gostamos de mú sica animada e das danç as, mas nã o achamos ruim fugir do trá fego agitado e das buzinas. Em comparaç ã o, Londres é um lugar muito tranqü ilo. O pessoal de teatro gosta das luzes, mas há ocasiõ es em que darí amos nossas almas por um pouco de paz.

— O que acontece quando você s se cansam da tranqü ilidade? — Luana sorriu, mas havia um tremor nervoso em seus lá bios.

— Voltamos para as luzes brilhantes, como mariposas. — Ann deu uma risada, depois olhou para Luana com ar sé rio. — Você parece muito preocupada, mas garanto como ele vai ficar bom. — Deu um tapinha na mã o de Luana, tocando o anel. — Foi Quin que deu para você?

— Sim. Por causa da nossa amizade.

— Amizade? — Ann parecia divertida. — Você é humilde demais, querida. Você seria uma pé ssima atriz. Acho que o amor tem que ser mais desfrutado e nã o tratado como se o homem fizesse um grande favor para uma moç a, amando-a. Tenho a impressã o de que você tem medo. Ele é apenas um homem, querida.

— A enfermeira me olhou de um modo tã o estranho. . . — Os olhos de Luana encontraram-se com os de Ann. — Acho que ela ficou chocada por eu nã o ser fascinante.

— Quin vê diariamente uma porç ã o de mulheres fascinantes. — Ann acrescentou. — No fundo, ele é muito sé rio... e depois, há Nina. A famí lia dela nã o devia deixar que se casassem. Deviam saber que ela tinha uma doenç a nervosa e que podia piorar.

— Talvez esperassem que o casamento a curasse.

— O casamento com um ator jovem e ambicioso? Ele sempre teve muito ê xito, desde que pisou no palco. Foi muito azar Quin ter encontrado essa moç a e nã o ter percebido que ela nã o servia para ele. É muito estranho. . . A vida pú blica de Quin nã o tem um senã o, mas ele tem sido tã o infeliz na vida particular. . . Você pode ser muito boa para ele, Luana.

-— E se eu piorar tudo com o meu amor? — Luana perguntou, muito

sé ria. — Ele pertence a Nina. Nada altera isto. Sou uma intrusa.

— Você é introspectiva demais — Ann argumentou. — Nã o deve

achar que traz azar para ele com seu amor. Quin precisa de algué m como

você.

— Eu. . . eu nã o sei. . . — Luana tocou no anel que ele tinha dado. — Hoje no hospital ele nã o me reconheceu. Olhou para mim como se eu fosse uma estranha.

— Ele pode nã o nos reconhecer por algum tempo. Você tem que estar preparada para isto, Luana. Diga-me, que idade você tem? Nã o estou querendo ser indelicada, mas Buck acha que você tem dezessete anos.

— Oh, nã o! — Luana deu uma risada. — Vou fazer vinte anos em setembro. Você acha que eu me comporto como se tivesse dezessete anos? Sempre me achei um pouco antiquada, porque nã o gosto de mú sica moderna nem dos cantores populares.

— Você parece tã o jovem, tã o pura — Ann comentou. — Esse seu ar de juventude eterna vai fazer com que seu marido um dia pareç a muito mais velho.

— Meu. . . marido? — O olhar de Luana passou de Ann para a janela e foi um alí vio quando outras pessoas da companhia entraram no

restaurante.

Localizando Ann, elas foram perguntar de Tarquin e conversar com animaç ã o sobre o teatro atingido pelo raio e sobre seus planos para o resto da temporada.

Luana ouviu por algum tempo, depois, sentindo-se uma intrusa, afastou-se silenciosamente e ningué m do grupo percebeu que ela tinha ido embora.

Chegando em casa, ligou para o hospital e lá a informaram de que o sr. Powers estava apresentando melhoras satisfató rias.

—- Obrigada. — Ela se afastou do telefone para encontrar Charme, que a olhava da escada, pronta para sair.

— Ouvi uma histó ria engraç ada — disse ela, como por acaso. — Simon soube por um repó rter do Avendon Herald. Parece que o seu TarquinPowers é casado. Você sabia, queridinha, ou ele estava escondendo isto de você?

— Sim, sabia — respondeu Luana com um suspiro. Na manhã seguinte Avendon inteira iria saber da novidade, e ela estremeceu ao pensar na etiqueta de " a outra" que seria pendurada em seu pescoç o.

— Você puxou sua mã e, nã o é mesmo? — comentou Charme. — Pronta para se envolver com qualquer homem bonito que apareç a. Espero, minha querida, que se lembre do que eu lhe disse no outro dia: papai e eu nã o queremos escâ ndalos aqui em casa.

— Nã o se preocupe! — Luana retesou o corpo esbelto, a luz do poente fazendo brilhar o cabelo avermelhado em redor do rosto muito pá lido. — Pretendo me mudar daqui. Posso arranjar um quarto no Hotel BardandHarp. . .

Charme levantou uma sobrancelha, depois caminhou até a porta com ar de dignidade ofendida.

— Faç a o que quiser! Você nã o é crianç a, pois de outro modo aquele ator nã o ia querê -la. Reconheç o que você tem peito, Luana. Nã o sabia que papai e eu poderí amos ter arranjado um casamento muito mais conveniente para você?

Luana olhou espantada para Charme e seu coraç ã o começ ou a bater insistentemente.                                     

— De. . . de quem você está falando?

— Você o conhece, querida. Ele passou muitos anos fora do paí s e perdeu o contato com as pessoas que conhecia, com as moç as que podia namorar. Agora que está morando na Cornualha, quer se casar. . .

— Você está se referindo a Eduard Talgarth?!

— Por que nã o?

— Mas eu pensei. . .

— O quê? Que eu ia desistir de Simon para tomar conta de uma velha mansã o na Cornualha? Nunca! Como disse para Eduard, você é quem gosta de penhascos, cavernas e castelos cheios de correntes de ar. Acho que concordou comigo, e a teria pedido em casamento se você nã o tivesse mostrado tã o claramente que nã o gostava dele.

— Ele. . . é muito arrogante. — Luana estava chocada com a idé ia de ser pedida em casamento por aquele homem moreno, com ar de pirata. Se soubesse o que os St. Cyr tinham em mente, teria saí do de casa vá rias semanas atrá s. Eles queriam entregá -la para aquele estranho como se fosse um fardo que ele pudesse levar para um de seus navios! — Ainda bem que ele já foi embora!

Charme olhou para Luana.

— Estou espantada com as suas conquistas! Você parece só atrair os homens mais velhos! Meus amigos nunca a acharam bonita, embora seu cabelo nã o seja dos piores. Se ao menos você mandasse fazer um corte elegante e o penteasse direito. . .

— Gosto dele assim. — Luana jogou o cabelo para trá s com um movimento de desafio, e o brilho que havia em seus olhos provocou a curiosidade de Charme.

— E o ator també m, imagino. Ele está separado da mulher?

— Sim. Ela é doente.

— Oh, estou entendendo.

— Nã o, Charme, você nã o está entendendo nada. Tarquin e eu gostamos um do outro, mas nã o fomos alé m disto.

— Você era a sua musa, entã o, até que um raio o atingiu? E agora, Luana? Na minha opiniã o, você devia arranjar um marido e nã o um namorado casado.

— Algué m como Eduard Talgarth, que acha que o amor pode ser comprado?

— Poderí amos ser amigas, Luana, se você nã o fosse tã o sonhadora, como um personagem de Lewis Carroll que nã o consegue pô r os pé s na terra. Você é como Alice, que entrou no espelho e encontrou gente que falava coisas que ela nã o entendia. No fim, ela fugiu!

A porta fechou-se.

Charme tinha ido embora, mas as palavras permaneciam no ar, como seu perfume: " No fim, ela fugiu. . . ela fugiu. . . "



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.