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estarse preparando, e as visitas só chegariam dentro de meia hora. A mesa



já estava posta para o jantar: uma toalha de linho adamascado, os talheres

de prata brilhando, e o vaso de prata com as rosas vermelhas do jardim do

professor. Em cada lugar havia um c artã ozinho com o nome, e Joanna viu

que deveria se sentar entre Robert e Adoniah. O lugar de Arthur era na

cabeceira, com tia Carol de um lado e Sally do outro.

Enquanto J oanna admirava o belo efeito da mesa posta, a porta se

abriu, e por ela entrou um homem alto, usando temo escuro. Sorria, a mã o

enfiada no bolso do paletó, e seus olhos azuis percorreram a figura da moç a

à sua frente.

— Você está linda — disse Robert. — Fiquei contente porque meu

primo nã o deixou que você voltasse toda arranhada e picada, depois da

aventura na floresta. Arthur conhece o lugar como a palma da mã o, e é um

perfeito cavalheiro.

— Sim — respondeu Joanna, com um sorriso tí mido. — Junto com ele

as coisas nã o pareceram tã o ruins assim. Ele encontrou comida e á gua para a

gente, eu até achei a floresta um lugar bem bonito. O aviã o nã o ficou muito

estragado, eu acho.

O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear

Sabrina no. 263

Livros Florzinha - 106 -

— Coitado do M agrela... — Antes que Joanna pudesse evitar,

Robert chegou perto e a segurou petos ombros. — Lembra-se da viagem

que fizemos por entre as estrelas? Foi uma delí cia, nã o é mesmo? Parecia o

começ o de alguma coisa sé ria, e de repente descobrimos que serí amos

apenas grandes amigos em vez de amantes...

Joanna reparou naquele sorriso nostá lgico, como se nã o fosse mais

brincar com ela sobre casamento, como se tivesse descoberto que o amor

era uma coisa sé ria e nã o um jogo.

— Fiquei muito preocupado com Arthur e com você — continuou, e

depois começ ando a rir. — A gente nã o queria estragar a festa de Sally, nã o

é?

Joanna riu, mais à vontade.

— Tia Carol deixou a mesa uma maravilha. Olhe só as rosas, Robert!

— Lindas! Sabe, eu gostaria de lhe dar um beijo, só para demonstrar

como estou feliz por você estar viva e morar aqui com a gente, no Vale das

Paineiras.

Ela nã o resistiu, pois sabia que aquele seria apenas um beijo de amigo.

E entã o, quando Robert encostava os lá bios em seu rosto, uma outra pessoa

entrou na sala.

— Perdã o! Vou sair e voltar depois.

— Arthur! — Robert endireitou o corpo, rindo, e virou-se para o

primo

— Tudo o que eu queria — avisou Arthur, com o ar sé rio substituí do

por um sorriso — era ajuda com a minha gravata. Estou meio desajeitado

hoje, nã o consigo dar o nó direito.

— Deixe ver — Joanna se aproximou, sentindo aquela

marcante presenç a masculina ao levantar os braç os e ajeitar a gravata para

ele. Nã o se atreveu a levantar os olhos mais alto do que o nó da gravata.

Sentia ainda mais receio dele, depois que descobrira estar apaixonada. Sua

zanga a magoaria e seu sorriso a deixava de pernas bambas. Ela

estava apavorada de que algué m descobrisse seu segredo,

principalmente o pró prio Arthur.

— Obrigado — disse ele, com certa cerimô nia. — Fico contente em

ver que a encomenda chegou a tempo, Joanna. Hoje você está

completamente diferente da garota de ontem, perdida na floresta.

— Foi muita bondade sua comprar um vestido para mim — Joanna já

havia construí do suas defesas, e, notando que Robert olhava para eles de

modo inquisitivo, disse: — Vou ver se tia Carol precisa de mim para qualquer

coisa.

Ao sair da sala, escutou quando Robert comentava:

— Esta é uma bela moç a... Mas Arthur continuou calado.

O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear

Sabrina no. 263

Livros Florzinha - 107 -

A festa foi um sucesso, desde o momento em que Arthur levantou um

brinde à aniversariante até a hora em que todos foram para a sala de

visitas, arrumada para o baile.

Sally estava lindí ssima, num vestido amarelo-claro, com uma flor

presa nos cabelos escuros. Seus olhos brilharam de alegria quando assoprou

as velinhas e fez um desejo. Sorriu para Arthur, que por sua vez a

encarava com um rosto sé rio, segurando a taç a de champanhe. O olhar dele

era dirigido para o colar de pé rolas que a moç a usava. Sally colocou a mã o no

colar e pareceu ficar meio tí mida.

Algué m ligou o aparelho de som e o pessoal começ ou a danç ar. Thomas

tirou Joanna e os dois saí ram danç ando pelo salã o. Tia Carol, bela no seu

vestido de renda bege, conversava com o professor. També m ela parecia ter

feito um pedido, que hoje estava dando certo.

— Que bela festa — comentou Thomas. — Todos

parecem extremamente felizes, pois levamos um susto e tanto com o Chefe

e você.

O que está achando de ser tã o popular?

Joanna olhou para ele com um sorriso triste. Havia se acostumado

com o Vale das Paineiras, gostava demais do lugar, e a famí lia Corraine a

tratava com consideraç ã o. Mas aquilo já nã o bastava... De onde estava, via

Sally conversando animadamente com Arthur.

Algué m passou pelos pares que danç avam e se aproximou dos dois. Era

Robert, o rosto cheio de alegria, perguntando alguma coisa a Sally.

— A dona da festa está satisfeití ssima — disse Thomas. — Olhe, o

Chefe está levantando a mã o... quer que todo mundo pare e preste atenç ã o.

A mú sica parou, assim como a conversa. Todos os olhares fixaram-se

em Arthur, que ia para o meio da sala, segurando a mã o de Saií y.

— Tenho uma ó tima notí cia para você s todos — disse ele. — Alguns já

devem ter percebido, pelo rosto feliz da nossa Sally... — Ele levantou a mã o

direita da afilhada até seus lá bios, mostrando o belo anel de brilhantes no

dedo anular. Robert estava ao lado de Arthur, enquanto tia Carol sentava-se

mais à frente em sua cadeira, radiante de alegria.

Joanna desejava que Arthur fosse feliz, mas nã o suportava mais

aquela cena. Juntou a saia nas mã os e saiu de mansinho da sala. Passou pelo

corredor e só parou quando chegou aos fundos da casa, onde tudo estava

quieto, a nã o ser pelos ruí dos comuns da noite. Respirou fundo, tentando

segurar as lá grimas.

Queria, de todo o coraç ã o, que Arthur fosse feliz. Mas isso

machucava... machucava muito mais do que ela podia imaginar... vê -lo

beijando a mã o de Sally e anunciando o noivado.

O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear

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Livros Florzinha - 108 -

De onde estava, ouviu a gritaria das congratulaç õ es e entã o a mú sica

recomeç ou. As mã os geladas de Joanna se agarravam ao corrimã o da

varanda, enquanto ela aspirava o delicioso perfume das flores noturnas e

olhava para o cé u estrelado. Era uma noite perfeita para uma declaraç ã o de

amor. E, no entanto, ela estava sozinha.

— Joanna? — Uma voz de homem a chamava, e ela se virou vendo um

vulto de terno escuro. Seria difí cil conversar com Robert naquele momento.

— Joanna, por que saiu da festa?

Ele chegou mais perto e os olhos espantados de Joanna captaram a

imagem de um rosto sé rio, onde brilhavam dois olhos cinzentos como raios

numa tempestade.

— Por que fugiu? — insistia ele.

Joanna deu um passo atrá s, sem entender porque Arthur estava ali e

nã o

junto de Sally.

— Eu... eu precisava de um pouco de ar fresco — disse baixinho.

— Será que nã o foi porque nã o suportava a idé ia de ver Robert ficar

noivo de Sally?

— O quê? — Joanna encarava-o incré dula. — Robert... e Sally?

— Sim, minha menina. Nã o consigo e jamais conseguiria suportar a

idé ia de você amar algué m que nã o fosse eu!

— Arthur...

— É isso mesmo! — Agora ele ria e a abraç ava com forç a, como se

nunca mais quisesse deixá -la ir. — Por que saiu correndo ainda agora?

Pensou que Sally ia ser minha noiva?

— Pensei...

— Foi mesmo, Joanna? — Desta vez ele ria baixinho, e ela ficava

extá tica com o toque daquelas mã os em seus cabelos, e com o que ele a

deixava ver nos olhos, agora expressivos, e nã o mais resguardados como

antes.

— Tanto tia Carol quanto eu desejá vamos que Sally chegasse a amar

Robert, Bem, parece que durante o tempo em que ele ficou em casa,

com

a mã o machucada, os dois descobriram o que sentiam um pelo outro.

Eles

combinam bem, Joanna. Um casal deve ser assim... como nó s

dois

també m sentí amos em relaç ã o à beleza selvagem da floresta,

nã o é

mesmo? Eu queria falar, dizer como você era importante para mim,

mas

O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear

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Livros Florzinha - 109 -

era muito perigoso. Eu nã o queria que nada estragasse o instante em

que

eu lhe dissesse que a desejava tanto...

— Arthur, você tem certeza? — Joanna procurava a resposta no

rosto tã o querido. Tinha que ter absoluta certeza de que aquele homem

rude nã o estava declarando seu amor apenas pelo fato de os dois terem

passado uma noite na floresta. — Eu nã o iria suportar se descobrisse que

você está

sendo apenas cavalheiro...

— Cavalheiro? — Com uma rude ternura ele a abraç ou. — Menina, eu

nunca quis tanto uma coisa na minha vida como agora quero você. Eu dizia

desde o começ o que você nã o ia se casar com Robert nem com nenhum outro

homem. Vai se casar comigo! E se quer tanto ir para a Nova Zelâ ndia

encontrar sua irmã, entã o iremos na lua-de-mel. Gostaria

disso?

— Adoraria! — Vencendo a inibiç ã o, ela enterrou o rosto naquele peito

má sculo. — Amo você, Arthur, amo tanto... Mesmo quando a gente discutia...

mesmo quando pensei que você amava Sally.

— Sally é minha afilhada. Você é a minha garota, desde o começ o,

desde que a obriguei a lutar pelo seu emprego. Tinha que descobrir se sua

coragem combinava com seu lindo rosto, e era isso mesmo. Joanna.

na hora do acidente, com o aviã o passando por cima daqueles

terrí veis recifes, você me animou, e eu descobri que, se a

gente escapasse, você ia ser minha. Se você nã o gostasse de mim, eu iria

descobrir um jeito de fazer com que me amasse.

Joanna sorriu e ofereceu-lhe os lá bios. Era uma experiê ncia

eletrizante entregar seu coraç ã o e toda a sua vida a Arthur Corraine. Era

um sonho transformado em realidade... Os abraç os e beijos de Arthur eram

uma excitante realidade.

— Um padre virá para fazer o casamento de Robert e Sally aqui no

vale — sussurrou ele. — Que tal fazermos um casamento duplo?

— Sim... oh, sim! Adoro você e nã o consigo pensar em nada melhor do

que ser amada por você pelo resto da vida, neste lugar tã o

maravilhoso. — Levantando-se nas pontas dos pé s, Joanna beijou com

ternura aquele rosto queimado de sol. Havia vindo ao Vale das Paineiras para

ficar.

F I M

 



  

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