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cheirosa,destinada amurchar em poucos dias. E eu que pensava nos belosalmoç os, com carnes e todas as outras delí cias... — Arthur riu por um instanie. — Nã o adianta pensar em carnes agora Vamos quebrar estes cocos e nos divertir com estas maravilhas nativas! Comeram com prazer tudo o que havia, e, por fim, terminaram a refeiç ã o com um pedaç o de bolo. — Nada mal para um casal perdido — disse Arthur, espreguiç ando-se. — Quer mais café? — Só mais um pouquinho. — Você está tã o à vontade, — Ele admirava o jeito dela, recostada num tronco de á rvore. — Parece pertencer a paisagem, como se fosse uma sereia de jeans. Joanna tomava seu café sossegada, mas, no fundo, estava preocupada em saber quando é que iam começ ar a viagem de volta para casa. — Está tã o ansiosa assim para largar tudo isto? — perguntou Arthur. como se tivesse lido os pensamentos de Joanna. — Está com medo de passar a noite comigo, no meio da floresta? Sinto dizer que é isso mesmo o que vai acontecer, quer a gente vá agora, quer descansemos por mais uma hora. Acho melhor descansar, porque a caminhada por dentro da floresta nã o vai ser nada fá cil. É um lugar selvagem, cheio de cipó s, mato fechado e espinhos, sem contar os insetos e os morcegos de frutas. — Desse jeito acho que vou me divertir muito. — Por acaso você nã o tem um daqueles lenç os de seda? Minliu pele já está curtida, mas você vai sofrer demais. Aliá s, acho que quando entrarmos mesmo na floresta, é melhor você usar minha jaqueta para proteger os braç os. Joanna ficou confusa diante de tamanha consideraç ã o, e abaixou-se para procurar um lenç o em sua bolsa. Nela cabiam as muitas coisas que uma garota podia precisar numa emergê ncia, mas ela sabia, O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 86 - entretanto, que nã o encontraria nenhum. Lenç os de seda eram coisas de Sally, ela é quem gostava de usá -los no pescoç o ou nos cabelos. — O que você guarda aí? — perguntou Arthur, dando uma espiada. — Tem cigarros? — Desculpe, eu nã o fumo. Tenho alguns drops de hortelã, se quiser. — Claro que quero — Arthur ficou sentado ali, as pernas esticadas, mastigando as balas com satisfaç ã o. — Descanse mais um pouco. Depois pode usar a minha jaqueta e se sentirá quentinha nela... — Eu me lembro muito bem daquele dia, sr. Corraine... — Nã o quero saber disso, Joanna Dowling. Joanna olhou para ele desconfiada, pois quase dissera Darling outra vez. Nã o podia ver seus olhos, mas seus lá bios firmes e bem delineados sorriam. Sentia a presenç a má scula de Arthur a seu lado, e isso a perturbava. Mas, aos poucos, foi caindo no sono. De repente, acordou sobressaltada: Arthur se levantara e a carregara em seus braç os, largando-a apenas um pouco alé m de onde descansavam. — O que está fazendo? — disse assustada, sentindo as mã os dele, que quase imediatamente a soltaram. — Uma cobra! — Arthur pegou uma pedra e amassou alguma coisa no tronco da á rvore onde ela se recostara. Joanna engoliu em seco. — Mais um minuto e... — É verdade — retrucou ele lacô nico, começ ando a procurar algo no meio das coisas. — Essas cobras sempre andam aos pares... Ele sacudiu tudo, o cobertor, a sacola e até as sandá lias que Joanna havia tirado. A moç a correu para pegá -las. — Obrigada... pelo que fez... Arthur. Ele riu e Joanna sentiu quando ele passou o braç o por seus ombros com naturalidade, enquanto olhavam para o aviã o, do outro lado da praia, meio de lado, como um pá ssaro de asa quebrada. — E o que vai fazer com o aviã o? — ela estava meio tensa com aquele contato mais í ntimo. — Quando chegarmos nas Paineiras, entrarei em contato com um barco que carrega combustí vel. Eles virã o até aqui encher o tanque e levarã o o aviã o para casa. A parte de baixo está um pouco estragada, mas vai poder voar. — Arthur? Ele a encarou, e Joanna sentiu uma estranha confusã o dentro de si. Por O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 87 - que ficava tã o tensa com a proximidade dele, se era apenas proteç ã o o que ele lhe oferecia? Ela percebia que talvez estivesse com medo de gostar dele, coisa que nunca acontecera com relaç ã o a Robert. — E se o pessoal da fazenda entrar em contato com Jeff Brennan e souber que a gente saiu logo depois do café? Nã o vã o ficar terrivelmente; preocupados? — E o que eu posso fazer? Nó s estamos bem e a salvo. Um pouco de preocupaç ã o até que nã o será ruim para eles. E nó s estaremos em casa amanhã. — Será que a gente nã o podia tentar contato pelo rá dio do aviã o? Eles podem pensar que sofremos um desastre.. — A maré está subindo, e terí amos que atravessar aquele pedaç o de mar. Eu poderia nadar, mas, provavelmente, existem tubarõ es por aqui. — Tubarõ es? — Estas á guas estã o cheias deles, e acho bom termos boas pernas para atravessar a floresta. Arthur riu. Mas Joanna. sentindo que ele a apertava, começ ou a tremer como se estivesse com frio. Ele a largou, apanhou a jaqueta, sacudiu a areia e colocou-a nos ombros de Joanna. — Nã o era para você saber sobre os tubarõ es. Alé m disso, sei que está mesmo preocupada com tia Carol... e com os outros. Joanna percebeu o que ele queria dizer, Robert. E també m havia Sally... O que ela diria quando soubesse que Arthur havia passado um dia e uma noite na floresta, com orna moç a? E o que diriam os habitantes da fazenda quando soubessem da aventura do Chefe com Joanna? O rosto de Arthur nada revelava, parecendo calmo e controlado, ele começ ou a enrolar todos os objetos dentro do cobertor de lã, que no fim se parecia com aqueles rolos que os vaqueiros prendem à sela quando tê m que passar a noite no campo. — Há um pedaç o de cordã o no bolso esquerdo da minha jaqueta — disse Arthur. — Passe-o para mim, vou amarrar isto para poder carregar no ombro, — Eu podia levar alguma coisa també m... — Tenho costas largas. Estou acostumado a carregar peso. — Está bem, seja independente — disse ela, entregando-lhe o pedaç o de cordã o. Arthur amarrou a trouxa e fez uma alç a para carregar a tiracolo. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 88 - — Vamos? Olhe, é melhor você prender o cabelo dentro do chapé u ou entã o fazer uma tranç a. Nã o vou querer ver esses fios cheios de insetos. Joanna corou, mas disse a si mesma que era efeito do sol. — Entã o vou tranç á -lo — respondeu, dividindo o cabelo com dedos desajeitados, pois nunca se arrumara na frente de nenhum homem. No fim. amarrou as pontas com um pedaç o de fita encontrado na bolsa, e a tranç a castanha ficou pendurada no meio das costas, aparecendo por baixo do chapé u. Pelo olhar de Arthur, sabia que ficara engraç adinha. — Agora eu sei como você era, quando ia para a escola — brincou ele. — Vamos, garota, vamos em frente... Já pegou tudo? Reparei que carregava muita coisa, dentro dessa sua bolsa. — Você s homens nã o tê m um pingo de cavalheirismo nos dias de hoje. Nã o deixam mais que uma mulher seja meio misteriosa... — Joanna falava enquanto começ avam a subir a encosta í ngreme, que ia da praia até o começ o da mata. — Ao contrá rio, eu encaro algumas mulheres como sendo mais cheias de misté rios do que esta floresta tropical. Um homem se sente inseguro, até conseguir desvendar seus segredos. — Nã o posso imaginá -lo numa situaç ã o dessas. Parece sempre tã o seguro de si, tanto na floresta quanto com qualquer mulher — e Joanna passou por baixo de um cipó que ele levantava para ela —, e isto, desde que você era crianç a. — Entã o já escutou a histó ria de como meu avô me deu uma surra, só para eu nã o ter vontade pró pria? — Robert comentou o fato... — Parece que você e meu primo conversaram bastante sobre a histó ria do Vale das Paineiras. — Nã o... tia Carol foi quem me contou um ou dois fatos sobre os seus antepassados e algumas das suas travessuras quando crianç a. — Foi mesmo? E o que ela lhe contou? — Arthur sorria, os olhos inquiridores c divertidos. — Oh, que Robert sempre preferiu os divertimentos em Baí a das Á guias, enquanto você sempre gostou de explorar o vale e a floresta. — É verdade, ele sempre preferiu o lado mais suave da vida. Eu gostava mesmo era das coisas rú sticas. Nó s nã o somos parecidos, Joanna. — Pois eu acho que há ocasiõ es em que você s dois sã o até bem parecidos — disse ela meio atrevida. Arthur riu, assustando alguns pá ssaros de plumagem colorida, que saí ram voando do alto das grandes á rvores. — Nó s dois tivemos um mesmo avô, mas eu herdei o lado mais rude O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 89 - de Adam Corraine. Joanna ficou tocada com aquelas palavras. Provavelmente Arthur havia se rebelado quando crianç a, pela imposiç ã o do avô para que se tornasse logo homem... chefe... um lí der para os outros homens. Enquanto isso, Robert ficava a vontade, fazendo o que gostava, sendo apenas um dos Corraine do Vale das Paineiras. O atraente e charmoso Robert, nã o tinha necessidade de ser rude, esperto e auto-suficiente, porque nã o cabia a ele a direç ã o das fazendas. Joanna gostaria de dizer a Arthur que, de certo modo, compreendia como ele se sentia, pois sua vida havia sido meio semelhante à dele. Entretanto, a atenç ã o de Arthur estava concentrada na picada, que agora ficava cada vez mais fechada por cipó s de todas as grossuras e de todas as cores, alé m dos galhos baixos de á rvores gigantescas, que surtiam até o sol lá cm cima. Apesar da sombra, fazia calor, e a blusa de Joanna grudava nas costas. O calor tí mido Jazia crescer uma espé cie de trepadeira cheia de flores cor de laranja, que expeliam um estranho perfume quando Arthur esbarrava nelas. A medida que o calor aumentava, e com ele os cheiros estranhos. Joanna se sentia meio intoxicada, como se tivesse bebido um copo de vinho, Estava completamente à mercê de Arthur naquela floresta. Se ele tomasse o caminho errado, ela iria atrá s, e os dois terminariam perdidos. Arthur virou-se para ver como ela estava e a luz esverdeada da floresta iluminou os traç os marcantes daquele rosto. — Você está bem? Nã o está cansada? O caminho era irregular, e ela tropeç ara diversas vezes. Seus tornozelos doí am, e o calor parecia comprimir suas tê mporas. Mas ela disse que estava tudo bem e os dois seguiram em frente, mergulhando num mar de trepadeiras, samambaias e galhos secos. O ar estava cheio de insetos. À s vezes ouvia-se um grito alarmante, vindo do meio da mata. Numa hora viram um í atu escapando na correria, c. em outra, uma ave voou de um esconderijo perto do chã o, quase raspando os dois. Apesar de todo o cansaç o, Joanna estava achando aquilo um mundo diferente, encantado... Perdida nos pensamentos, ela se distraiu e foi de encontro ao chã o. Por sorte, caiu num monte de folhas aveludadas. Arthur ajudou-a a levantar-se, — Está ficando cansada — disse ele, sem larga-la. — Logo vai escurecer. Aqui na floresta fica escuro mais cedo. Vamos achar um lugar para acampar... — Arthur... — o coraç ã o de Joanna ainda batia apressado por causa do tombo — ainda posso andar por mais uma hora. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 90 - — Acho que nã o — insistiu ele, com firmeza. — Nã o quero uma garota esgotada aqui comigo. Nos ú ltimos dez minutos a gente estava seguindo na direç ã o da á gua. — E como é que você sabe? — Por causa do barulho dos passarinhos. Ouç a, logo ali à frente. Já vai anoitecer, e eles se reú nem perto da á gua corrente. Os dois ficaram em silê ncio por um instante, e Joanna escutou os trinados nas á rvores e as batidas do seu pró prio coraç ã o. Olhou para Arthur, e viu que ele a encarava. Parecia mesmo um dos antigos pioneiros, o cabelo caí do na testa suada, a camisa aberta mostrando o peito musculoso, um homem que amava a vida selvagem. — Você parece amedrontada. Nã o vou fazer você se perder, Joanna. Ao ouvir essas palavras, ela sentiu uma estranha confusã o e se afastou dele repentinamente, fazendo com que o sorriso desaparecesse do rosto de Arthur, que ficou sé rio: — As mulheres sempre pensam que um homem fala com duplo sentido. Tem medo de que eu a beije? — E pensa que eu ia deixar, sem armar uma briga? — Palavras ocas, Joanna. Talvez, se eu a beijasse, as coisas ficassem mais fá ceis quando fô ssemos dormir... — O que você está querendo dizer? — perguntou ela nervosa. — Bem, você está apavorada desde já, imaginando quando é que eu vou atacar. Por isso, é melhor resolver tudo de uma vez. Arthur deu um passo em sua direç ã o e ela se encolheu. — Pare, por favor! — Foi você quem começ ou. — Eu? Eu nã o fiz nada... — Ora, ora Joanna, você interpretou mal minhas intenç õ es de cavalheiro. Nã o foi por isso que se afastou num pulo agora mesmo? — Eu... eu achei que era melhor irmos adiante — disse Joanna desesperada. — Estou... estou morta de sede. — Entã o prefere á gua a um beijo? — Arthur, por favor, nã o fale assim... Ele ficou olhando para ela, encostada contra o tronco de uma á rvore, ladeada por uma trepadeira de flores escarlates. As sombras da floresta faziam com que o rosto dele tivesse uma aparê ncia estranha, e Joanna nã o sabia por que era tã o importante evitar que ele a beijasse naquele instunte. — Joanna, sou como qualquer outro homem. Só que como todo mundo, você acha que tenho a obrigaç ã o de agir sempre como um homem O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 91 - de pedra, a imagem severa do Chefe, em qualquer situaç ã o. Será que nã o percebeu como eu estava preocupado com a descida do aviã o? A gente podia facilmente ter batido nos recifes, e eu nã o queria ser o responsá vel por você ficar machucada, ou entã o morrer. Nã o sou feito de pedra? Um beijo meu nã o iria ferir você! — Mas por quê. .. por que quer me beijar? — a voz dela saia apenas num sussurro. — Só para ter certeza de que você está viva mesmo, que eu nã o deixei que se machucasse naqueles malditos recifes, — O sorriso de Arthur era cheio de ironia. — Robert nã o teria hesitado lá na praia, nã o é mesmo? | Mas essa é uma histó ria diferente, Ele acomodou melhor a trouxa no ombro, e, com o cordã o afundando nos fortes mú sculos, continuou: — Vamos andando, garota, e deixe de se preocupar. Vamos achar um bom lugar para acampar antes que fique escuro. Como eu disse, a noite cai depressa aqui dentro da floresta. A folhagem das á rvores aliá s fazia quase uma cobertura por sobre a pequena clareira onde Arthur largou a trouxa e se espreguiç ou com gosto. Joanna ficou admirando as á rvores, parecidas com chorõ es, cujos galhos iam até o regato. Os pá ssaros haviam se calado por um momento, como se estivessem cheios de curiosidade por aqueles dois recé m-chegados. Joanna virou-se para Arthur, os olhos brilhando. — Estou suada e morta de calor, e os meus pé s estã o doendo. Será que posso entrar nessa á gua tã o linda e fresquinha? — Claro, mas nã o sei o que vai usar para se enxugar. Nã o posso deixar que pegue um resfriado, esperando que seque sozinha. — Oh, eu preciso tomar um banho! Nã o suporto ficar assim, grudando, nem mais um minuto sequer! Jeff embrulhou os sanduí ches e o bolo num pano de pratos. Será que nã o posso usá -lo como toalha? — Se nã o se importar com algumas migalhas... — Joanna tinha a impressã o de que ele ria dela, enquanto desenrolava o cobertor e pegava o pano. — E se eu quiser ir també m? — Oh... será que nã o podia esperar até eu sair? — Acho que vou ter mesmo que fazer isso. De qualquer modo, o pano de prato nã o vai dar para eu me enxugar tambem — disse ele, estendendo a toalha a ela com um brilho maroto nos olhos. — Vou acender o fogo, e quando você sair, vai encontrar o café pronto. Pode ficar sossegada, que esses riachos sã o limpos e tranquilos. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 92 - Arthur andou com ela até a margem, onde encheu o cantil. Os pá ssaros já haviam voltado a cantar e Joanna sorriu. De certo modo, a presenç a das aves fazia com que nã o se sentisse tã o sozinha com Arthur. A discussã o de há pouco havia deixado uma certa tensã o no ar, e cada vez que os dois se olhavam ou se falavam era como se uma corrente elé trica fosse ligada entre eles. Se ela o provocasse agora, ou se ele a tocasse agora, ia sair faí sca. — Se você se assustar com alguma coisa, é só me chamar — avisou ele. — Os morcegos sã o meio grandes, mas só seriam perigosos se você estivesse crescendo em alguma á rvore! Antes de se afastar ele olhou pelos galhos do chorã o. — Nã o há nada de perigoso por aqui, nem mesmo espinhos. Aproveite o mergulho. Joanna viu quando ele desapareceu no meio das á rvores e começ ou a tirar a roupa. Um bem-te-vi soltou um grito, como se chamasse a companheira, e o ar estava pesado com o cheiro do mel e o perfume das flores silvestres. A á gua estava fresca. Joanna ficou imaginando o que diriam sua avó e sua irmã., se pudessem vê -la agora, tomando banho de rio numa floresta selvagem, com um rude australiano a apenas alguns metros de distâ ncia. Arthur estava escondido pelas á rvores, ocupado em acender o fogo, mas ela sentia sua presenç a, assim como sentia a á gua acariciando sua pele nua. Tentou lembrar-se de como havia sido, uma moç a calma, viajando desde a Inglaterra para se encontrar com a irmã. Mas a figura que vinha à sua mente era meio borrada, e entã o compreendeu que tinha havido uma mudanç a í ntima, pois ela nã o só se sentia diferente, como també m parecia menos sé ria e reservada. Acabou rindo sozinha. Nos velhos tempos, nem sonharia com a possibilidade de nadar nua daquele jeito... CAPÍ TULO VIII Quando Joanna afinal saiu da á gua, a tarde já estava bem mais fresca. Ela se esfregou vigorosamente com a toalha improvisada. Vestiu as roupas, pensando em acabar de secar o cabelo perto do fogo. Colocou as sandá lias e as estava amarrando, guando um grito horrí vel quebrou o silencio da floresta, assustando-a. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 93 - Por um segundo ou dois, nã o conseguiu nem se mexer. Só os lá bios tentavam formar uma palavra. — Arthur... Correndo em direç ã o à luz da fogueira, viu que o cantil borbulhava. — Arthur... onde você está? — indagou apavorada. — Aqui, Joanna. Ela ge voltou, o rosto branco como cera, e viu quando ele saí a de trá s de alguns arbustos, carregando alguma coisa na mã o. — O que foi aquele... aquele grito medonho? — perguntou ela, ainda meio engasgada. — Nã o fui eu, querida. — Aquela palavra carinhosa saiu dos lá bios dele com simplicidade. Joanna nã o sabia se ria de alí vio, ao ver que ele estava bem, ou se chorava de raiva, diante de tamanha calma. — Eu... eu pensei que você estava sendo assassinado! — Bem, aconteceu mesmo uma coisa semelhante — disse ele, estendendo uma ave grande de pescoç o quebrado, enquanto ria da cara de Joanna, — Eu o escutei por entre as moitas e consegui apanhá -lo. Assim, teremos peru selvagem para o jantar. Vai ficar uma delí cia, assado ali na fogueira. — Bem... — Joanna agora sorria, mas seus lá bios ainda estavam trê mulos. — Acho que ele parecia meio relutante em nos fornecer carne para o jantar. Alé m disso nã o está lá muito gordo... — Que comentá rio mais tí pico de uma mulher! — reclamou Arthur, rindo. — E justo agora que eu trouxe comida, como um homem da idade da pedra! Joanna riu abertamente. Mas, ao se aproximar do fogo que Arthur arrumara dentro de um cí rculo de pedras, sentia ainda as pernas trê mulas. Tinha sentido medo por ele, nã o por si mesma, e descobriu, com a forç a de um soco no estô mago, que se algo acontecesse com aquele homem grande, forte e estranhamente protetor, o sol e as estrelas nã o brilhariam mais para ela. Enquanto olhava para aquele rosto cor de bronze à luz do fogo, ela percebeu que, devagar, mas inexoravelmente. Arthur Corraine havia penetrado em seu coraç ã o. E ali ficaria, mesmo que estivesse a milhares de quiló metros de distâ ncia. Arthur tirou o cantil do fogo e acrescentou mais lenha, de modo que se formasse um bom braseiro para assar o peru, que ele mesmo depenara e limpara. Uma brisa soprava pelas á rvores, e Joanna enfiou a jaqueta de Arthur, sentindo um enorme prazer em usar uma roupa dele. Enquanto o peru assava, os dois tomaram café, recostados contra um tronco, observando as mariposas, atraí das pela luz. O ambiente era de O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 94 - completa calma, e finalmente Joanna encontrou certa paz, depois da espantosa descoberta de que estava apaixonada por Arthur Corraine. Agarrava-se ao seu segredo, aproveitando aqueles minutos ali na companhia dele. Amanhã teria que enfrentar a realidade, mas agora podia sonhar. Iria ter do que se lembrar quando tivesse que ir embora do Vale das Paineiras, pois nã o iria suportar vê -lo casar com outra. — Parece perdida nos seus pensamentos. — Arthur virava o peru na brasa, com um pedaç o de pau. — Dou um tostã o para saber o que é. — Oh, eu só estava me lembrando de que iremos chegar em casa a tempo para a festa de Sally. Ela iria ficar muito desapontada se você nã o estivesse lá quando apagasse as velas e abrisse os presentes. — Eu nã o gostaria de desapontar Sally — concordou ele. — Ela perdeu tudo há apenas alguns anos, e, tanto tia Carol quanto eu, tentamos compensá -la por isso. Joanna percebeu o tom de compaixã o na voz dele, enquanto prestava atenç ã o numa mariposa que se aproximava perigosamente do fogo. — Se ela nã o se cuidar, vai acabar se queimando num instante — disse baixinho. — Evidentemente deve ser uma fê mea... — brincou Arthur. — Chega perto demais do perigo e acaba com as asas queimadas! Por diversas vezes o inseto se arriscou, mas finalmente voou para a escuridã o da floresta, como se adivinhasse o perigo que corria. — Está aliviada? — murmurou Arthur. — Estava com pena de que o pobre bichinho. se queimasse? — Era t ã o linda... Arthur se manteve em silencio e Joanna olhou para ele. Ela estava perdida no seu amor, mas o escondia com orgulho. Parecia frá gil naquela jaqueta, a tranç a caindo pelas costas. Ele encarou-a, mas Joanna nã o conseguiu ler o seu olhar. — Você está muito atraente nessa minha jaqueta — disse ele. Mas logo acrescentou; — Mas nã o fique nervosa só por causa desse pequeno elogio. Neste minuto eu tenho fome apenas de uma bela coxa de peru. Por isso, você nã o corre perigo. — Será que ainda vai demorar? — perguntou Joauna, a garganta apertada, porque tinha que resistir à provocaç ã o dele. Odiava ter que ficar a distâ ncia, quando o que mais desejava era sentar-se bem junto dele. — É melhor a gente ir tomando a sopa. Tome, Joanna. — Obrigada. — Os dedos dela roç aram os de Arthur, ao pegar a caneca com a sopa quente e cheirosa. — Você já acampou alguma vez? — Só com as bandeirantes. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 95 - — É, isso devia ser bem diferente do que partilhar das refeiç õ es e da fogueira com um homem. Escreve contando tudo o que acontece para a sua avó? — Conto apenas as coisas que sei que nã o vã o aborrecê -la... e está se esquecendo de que sou apenas, uma funcioná ria temporá ria. Nã o fiz planos para ficar aqui para sempre. — Quer dizer que planeja voltar para a Inglaterra depois de se encontrar com sua irmã? — É, provavelmente sim. — E se algué m tentasse impedir? Joanna olhou depressa para ele. — Se está se referindo à proposta de Robert, saiba que eu nunca a levei a sé rio. E você mesmo nã o disse que faria todo o possí vel para impedir que ele se casasse comigo? — Faria mesmo. Eu preferiria vê -la voltar para a Inglaterra do que casando com meu primo. — Nã o é nem um pouco sutil, hein? — Porque o amava, ela se sentia tremendamente magoada com o fato de Arthur nã o querê -la na famí lia Corraine. Sentiu que tremia, com uma vontade enorme de dar uma bofetada naquele rosto moreno. Que atrevimento! Como é que podia querer beijá -la se nã o a achava digna de Robert? Levantou-se de um salto. — Você é o homem mais arrogante que já conheci — disse furiosa. — Vive num mundo só seu, um ditador que chega a empalidecer só de pensar em ver o primo casado com uma ajudante de cozinha! Tome cuidado Arthur! Está correndo o risco de ficar igualzinho ao seu avô, que, segundo dizem, perdeu a esposa por nã o lhe dar amor suficiente. Arthur olhava para ela, e, por fim, falou numa voz perigosamente baixa: — Sente-se. Joanna. Você está nervosa demais, por isso nã o vou levar em consideraç ã o o que acabou de dizer. — Mas o que eu disse é verdade, nã o é? A verdade sempre dó i. — Está tentando fazer com que eu fique zangado, Joanna? Ela nã o respondeu. Seu queixo erguido era suficientemente simbó lico. — Agora, sente-se! — ordenou ele. — Está quase na hora de comermos o peru, e nã o quero problemas de digestã o, provocados por uma briga. Veja, já está bom. — Com um pauzinho, Arthur transferiu a ave fumegante para uma folha grande. Limpou as cinzas com a lâ mina do canivete c depois separou as coxas da ave. Entã o olhou para Joanna de tal modo, que ela viu que, se nã o se sentasse logo ao lado dele, Arthur usaria a forç a. Se ele a tocasse, Joanna nã o conseguiria se controlar. Acabaria com a cabeç a no ombro dele. confessando que o amava, apesar de ele ser tã o arrogante e machã o. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 96 - Ela se sentou e, de cabeç a baixa, aceitou uma perna de peru. — Você está com fome — disse ele. — Vai se sentir mais calma quando tiver comido alguma coisa substancial. Joanna piscava, dizendo a si mesma que era por causa da fumaç a. - Está bom? — perguntou ele. depois de ter comido um pedaç o. Joanna assentiu: — É muito melhor do que os biscoitos. — Estou feliz por ser um cozinheiro razoá vel. — Você nã o se atrapalha em nenhuma situaç ã o, nã o é? — A carne do peru estava tostada e saborosa. — Se eu estivesse sozinha, ainda estaria lutando para acender o fogo, provavelmente com madeira verde, e estaria morrendo de medo de todos esses ruí dos estranhos da floresta. — Um homem precisa ser auto-suficiente, Joanna. Esta é uma terra imensa... — Nã o gosto de pensar nisso — murmurou ela. pensando nos milhares de quiló metros que um dia os separariam. Aí, entã o, ela teria apenas a lembranç a do homem amado, igual a Carolina Corraine. — Você nã o gosta da Austrá lia? — perguntou Arthur de repente. Joanna pensou no Vale das Paineiras, que ela havia aprendido a amar, e imaginou todo o resto: o desé rtico centro do paí s, as pastagens, as grandes cidades... Sentiu-se pequena e perdida. — Acho que você se dará melhor na Nova Zelâ ndia. — Havia uma ponta de impaciê ncia na voz dele. — É menor, mais bonita e cheia de carneirinhos peludos. — Nã o... — Joanna estendeu uma mã o para ele, mas parou no meio do caminho. — Arthur, você nasceu aqui, está acostumada com toda esta vastidã o, você mesmo é um homem grande e nã o fica atemorizado. Tem sua famí lia, seus amigos... — É você quer ir para perto da sua irmã. nã o é isso? — Somos gê meas e já faz tempo que nã o a vejo. Ela é tã o alegre e viva, trata a vida como se fosse um jogo divertido! Eu é que sou sé ria. — Vai ter muito o que contar a ela — disse ele, debruç ando-se para colocar mais um pedaç o de lenha no fogo. Por trá s deles e a toda a volta, brilhavam vagalumes, como pontos de luz na escuridã o da tloresta. — Uma aventura como esta nã o iria interessar Judy — lembrou Joanna, sorrindo, — Ela gosta do charme de belos vestidos e restaurantes famosos... Se por acaso estivesse aqui, iria ficar o tempo todo preocupada com os animais selvagens ou esperar que o peru estivesse com um fino recheio no papo. Nunca se acostumaria ao campo. Arthur riu, com sua agradá vel voz de barí tono. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 97 - — Engraç ado, nã o consigo imaginar uma replica sua, Joanna. Seus olhos, esse queixo voluntarioso, o cabelo castanho, parecem pertencer unicamente a você. Nã o consigo imaginar outra garota igual a você. — Oh, mas tudo isso em mim é calmo, comparado com o brilho que Judy cria quando entra num aposento. Nã o somos tã o parecidas assim, apesar de gê meas. Ela é linda. — E isso é tudo na vida? — Nã o aqui, no sertã o de Queensland. Gostaria de saber o que você teria dito se Judy aparecesse por aqui, procurando emprego de ajudante domé stica... — Tenho certeza de que mandaria sua irmã embora correndo. Se ela é tã o bonita assim, os vaqueiros nã o iam sair da porta da cozinha. Aliá s, mocinha... Joanna olhou para ele, que se interrompeu significativamente, e a memó ria da hostilidade do Chefe voltou. — Você nã o me suportava — lembrou ela, sorrindo. — E eu tinha vontade de mandá -lo engolir o bendito emprego... — Joanna... — disse ele. o reflexo da fogueira iluminando as linhas do rosto, causadas pelas preocupaç õ es constantes como Chefe do Vale das paineiras. — Está tudo bom, hoje eu compreendo — respondeu ela, enfiando as mã os nos bolsos da jaqueta dele, mã os que desejavam acariciar as linhas do rosto de Arthur. — O que é que compreende? — indagou ele rá pido. — Que você estava interessado no bom funcionamento da fazenda, e achou que eu seria um risco. Provei que você estava errado e aposto como poucas pessoas conseguiriam isso... — E verdade — disse ele. encarando-a. — O dono de uma fazenda de criaç ã o nã o pode errar, mas vamos esclarecer direito uma coisa... O que quer que ele fosse dizer, foi interrompido por um sú bito bater de asas, e Joanna ficou de pé. alarmada, quando algo voou perto dela. — Nã o é nada! — Ele correu para abraç á -la, atirando um pedaç o de lenha no bicho, que acabou fugindo para longe. — O que foi isso? — perguntou Joanna ainda assustada, afastando-se dele. — Um morcego. Eles fazem um ruí do estranho, nã o é mesmo? Provavelmente foi atraí do pelo cheiro da nossa comida... Joanna, você está tremendo! Era a reaç ã o ao abraç o de Arthur, a alegria que sentira, e a tristeza por O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 98 - ter que se afastar dele. Esforç ou-se por sorrir. — Acho que sou tã o medrosa quanto minha irmã. Acho melhor a gente lavar as coisas do jantar. Nã o gostaria de ver outra vez aquele bicho. — Isso, vamos lavar tudo. Joanna ficou satisfeita quando Arthur disse que só iria entrar na á gua no dia seguinte. Já era tarde e o riacho estava escuro. Talvez fosse perigoso, e ela contava com ele para a sua seguranç a. Depois de lavarem o cantil e as canecas, ele tirou a camisa, lavou o rosto, o pescoç o e os ombros e se enxugou com o pano de prato, que havia secado perto do fogo. — Que coisa boa! — disse, abotoando novamente a camisa e voltando para perto do fogo junto com Joanna. Alguma coisa se mexia perto da sacola, mas se afastou quando os dois se aproximaram. — Deve ser um gato do mato, sã o muito ariscos. Vou aumentar o fogo, e isso vai afastar algum outro bicho que queira nos visitar. Tem medo da floresta à noite? Joanna pensou na pergunta, e acabou respondendo com sinceridade, apesar do doce perigo de ficar a só s com ele; — Você está aqui. Eu estaria apavorada se nã o estivesse. Arthur sorriu devagar, os dentes brilhando à luz da fogueira. — Você també m tem forç a e coragem... e agora vamos arrumar a cama. Uma cama? Houve um silê ncio dramá tico. Joanna nã o se atrevia a olhar para ele e ficou tensa quando ele se aproximou. — Venha — disse ele tocando-a de leve no ombro. — Vou ensinar a você quais as samambaias que deve colher para fazer uma espé cie de colchã o. — Samambaias? — Sim. — E seus dedos apertaram um pouco mais o ombro de Joanna, como se soubesse muito bem o que ela pensava. — Nã o quer dormir no chã o duro, nã o é mesmo? Fica muito frio durante a noite, e a gente precisa do cobertor como coberta. — Coberta? — Sim, srta. Eco — disse ele, chegando mais perto. — Passar a noite aquecido, é mais importante que a cerimô nia, e eu prometo nã o seduzi-la... se você nã o quiser... — Verdade? — falou Joanna afastando-se num pulo. — Acha que isso é brincadeira? — Pode encarar como brincadeira, se quiser. Joanna olhou feio, mas Arthur deu uma gargalhada. — Deixe disso, companheira... Venha, precisamos apanhar umas boas braç adas. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 99 - Com samambaias macias eles forraram o chã o perto do fogo. Arthur só ficou satisfeito quando achou que já estava suficientemente macio. Joanna continuava tensa, enquanto ele verificava se o fogo continuava dentro do cí rculo de pedras. — Está na hora, Joanna. Tire as sandá lias. Seus pé s ficarã o mais quentes enrolados no cobertor. Com o coraç ã o disparado ela fez o que ele dizia e deitou-se na massa verde e cheirosa, levando um choque quando a mã o dele roç ou sua pele, ao arrumar o cobertor à volta do corpo dela. — Está confortá vel assim? — Sim, está uma delí cia — disse, apertando a mã o esquerda contra o coraç ã o, sob o cobertor, para que ele se acalmasse um pouco. — Vou ficar cochilando perto do fogo. Estou acostumado com isso, a gente tem que tocar uma boiada durante diversos dias. — Mas você disse... — Foi entã o que ela captou o brilho maroto nos olhos de Arthur, percebendo que ele estava brincando ao dizer que ia dividir a cama de samambaias com ela. — Você disse que a noite fica muito fria. — Vou me sentar perto do fogo... nã o fique preocupada! Estou habituado a fazer isso sem cair lá dentro! Sou um rude vaqueiro, Joanna, nã o se esqueç a. — Que rude, que nada... é muito mais gentil do que algué m poderia supor. — Menina — avisou ele, levantando uma sobrancelha. — Nunca diga uma coisa dessas para um homem à noite. Guarde para falar durante o dia... é muito mais seguro. — Tenho certeza de que você nã o perderia a cabeç a só por ser chamado de gentil — disse Joanna rindo. — Um homem gosta de ser perigoso... assim como um tigre. — Eu sou perigoso, Joanna? — Terrivelmente... só que nã o tem o pê lo do tigre para mantê -lo aquecido. Tem certeza de que nã o quer o cobertor? — Tenho. — Entã o pelo menos fique com a jaqueta. — Sentou-se, e antes que Arthur pudesse protestar, tirava o agasalho e o estendia para ele. — Por favor, fique com ela. — Uma garota gosta que a chamem de gentil? — À s vezes — Joanna deitou-se novamente no leito de folhas. Por. entre as pestanas viu quando ele vestia a jaqueta e se levantava. Ficou O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 100 - triste. Nunca mais ia ficar tã o perto assim de Arthur. De manhã partiriam para a fazenda, onde chegariam a tempo para a festa de Sally... — Durma bem, Joanna — disse ele. — Vou ficar por perto, tomando conta. — Boa noite, Chefe. Ele se virou um pouco e Joanna viu à luz da fogueira que Arthur sorria de leve. Depois se afastou, enquanto ela se ajeitava sob o quente cobertor. A noite se passou sem incidentes e Joanna acordou com a luz do sol. Espreguiç ou-se, escutando o canto dos pá ssaros no alto das á rvores. Levantou-se, sacudiu o cobertor e deu uma olhada à volta, procurando por Arthur. Ele havia colocado o cantil no fogo e pendurado a sacola num galho de á rvore. Havia um bilhete preso com uma pedra: " Srta. D. Saí para arranjar alguma coisa para o café. Acho que peru frio nã o cairia bem... que tal você? Sr. C". A idé ia de comer peru frio nã o era lá muito boa, mas enquanto observava a floresta fechada à sua volta. Joanna ficou com medo de que Arthur se perdesse na empreitada de achar alguma coisa diferente para comerem. Enquanto esperava, resolveu ir até o riacho se lavar. Admirou novamente a beleza do lugar, que agora estava cheio de pá ssaros de
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