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trabalho. 2 страницаmocinha aqui estava tentando ajudar este aleijado, — Joanna...? Joanna olhou para o rosto severo de Arthur, ainda meio trê mula, surpresa em ouvir seu nome saindo dos lá bios dele, Nã o que ele falasse com delicadeza, mas era como se tivesse ficado preocupado. — O senhor foi rá pido, Chefe — dizia Matthew, o dedo no buraco queimado do avental, enquanto o pessoal se juntava à volta, querendo saber o que houvera, olhando espantado para o extintor nas mã os de Arthur. — Foi uma boa coisa ter colocado isto à mã o — disse ele, indicando o paiol de madeira. — Eu estava saindo para pegar alguma coisa para comer e escutei a srta. Dowling gritar. — Eu gritei? — perguntou Joanna espantada, sem saber o que dissera. Um nome, talvez... o nome dele? De qualquer modo. ele viera depressa em seu socorro. — É bom ter reaç õ es instantâ neas assim, sr. Corraine. — É — retrucou ele lacô nico, e virando-se para o pessoal. — Olhe, gente, podem voltar para a festa. Agora está tudo bem, e temos ainda uma hora para danç ar. Alguns cumprimentaram Joanna e entã o Robert apareceu no meio do pessoal, perguntando: — Joanna, o que foi que aconteceu? — A srta. Dowling e Matthew resolveram animar a festa um pouco mais. — Havia um sorriso iró nico no rosto do Chefe, que se afastava, ainda carregando o extintor. — Chefe, nã o vai comer nada? — ainda perguntou Matthew. — Só um churrasco no pã o, Matthew. — Já vou levar. Quer pimenta? Só uma risada irô nica chegou até eles, enquanto Robert indagava, em voz baixa, o que havia acontecido. A mú sica começ ava novamente no paiol. — É, ele vai querer pimenta — resmungou Matthew para si mesmo— Joanna sentia vontade de rir e chorar ao mesmo tempo. Nã o havia nada de calmo ou fá cil em Arthur Corraine. Era o chefã o absoluto da fazenda, um homem que nunca entrava em pâ nico. — O meu vestido — disse a moç a, reparando que o resto da espuma do extintor secara, deixando manchas em sua roupa. — Robert, se você nã o se incomoda, vou para casa agora. — Claro, querida. Vou com você. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 48 - — Eu quero ir andando — de repente Joanna sentia vontade de ficar sozinha. — Fique, e aproveite o resto da festa. — Nã o sem você, Joanna. — Robert! Era Sally que vinha correndo pelo gramado, quase como uma fada. — Robert, Joanna, você s tê m que voltar para o baile. Matthew, o Chefe quer um sanduí che! — Já estou levando — disse o velho, enquanto saí a com um prato nas mã os. A vida dura que ele sempre havia levado nã o o deixara ficar apavorado com o quase acidente. Mas o mesmo nã o acontecera com Joanna, que nã o sentia mais vontade de voltar ao salã o iluminado, onde todos ficariam olhando para ela... e heroí na que queria ficar escondida. — Vá danç ar com Sally — insistiu ela. — Estou precisando dar uma volta para me acalmar, Robert. O ar da noite vai me fazer bem. — Joanna... — Por favor. — Sua voz estava tensa. — Ainda estou meio nervosa. Por favor, nã o insista para eu voltar. — Sabe o caminho? — Robert parecia meio preocupado, ainda impressionado com o que acontecera. — Nã o houve mesmo nada com você? — Foi tudo rá pido demais — disse ela —, como um sonho. Sally, dance com ele... Virou-se sem dizer mais nada e se afastou da bela garota e do rapaz alto. Seria agradá vel desabafar nos braç os de Robert, mas nã o agora. Joanna foi seguindo pela estradinha que beirava as casas da colô nia, até o alto da colina, onde ficava a sede. Dm cavalo sacudiu o arreio, fazendo um ruí do que se misturou com a mú sica que vinha do paiol. O cheiro das flores noturnas també m se misturava com o cheiro do gado, guardado pelos vaqueiros que nã o tinham tido folga. Lenita nã o fora ao baile. Peter nã o tivera folga, e ela era uma jovem esposa apaixonada demais pelo marido, para querer danç ar com outro qualquer. Joanna passou pela casa dos Dawson, viu a luz acesa, mas nã o parou. Continuou o caminho, sorrindo para si mesma. A pequena casinha, de janelas azuis... Deixou as luzes para trá s e continuou andando. Era a ú nica coisa a se mexer na noite calma, sob o claro luar. A silhueta da casa grande apareceu, e Joanna parou perto do portã o, escutando um cachorro latindo ao longe. Recostou-se na cerca, cansada, depois de toda a agitaç ã o da festa e daquele princí pio de incê ndio. Oh, Deus, onde é que havia se metido? Judy, sua irmã, estava a milhares de quiló metros de distâ ncia. E ela estava O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 49 - sozinha naquele lugar, com um coraç ã o sensí vel, despreparada para enfrentar homens atraentes como Robert, ou fortes e dominadores como Anhur Corraine. Joanna respirou fundo e, num impulso, soltou os cabelos presos, deixando-os cair em cascatas sobre os ombros. Subiu na ú ltima trave do portã o, admirando a paisagem do vale, banhado pelo luar. e sentindo a brisa suave no rosto. De repente, algo fez com que se voltasse, e seu coraç ã o disparou, ao notar um vulto alto que se aproximava. — Robert? — perguntou, mas já sabia que só um homem se movia com tamanha deliberaç ã o, como se seu amor pelas Paineiras começ asse nas solas dos pé s. A luz do Suar mostrava o rosto sé rio e iluminava os olhos cinzentos. — O senhor me chamou? — Joanna escutou sua pró pria voz e as palavras que dizia, com surpresa. — Chamei... — Anhur se aproximava, os olhos na mesma altura que os dela. sentada no portã o. — Como você nã o voltou ao baile, tia Carol ficou um pouco preocupada... Alé m disso, nã o gosto muito de danç ar. — Está querendo saber se está tudo bem comigo, sr. Corraine? — Um leve sorriso apareceu no rosto dela, como um apelo tí mido para que ele també m lhe sorrisse, só uma vez. O olhar de Arthur percorreu Joanna. enquanto ele apoiava o pé numa das travessas do portã o e apoiava o braç o na coxa. — Podia ter se queimado e ter fugido como uma gatinha, para cuidar dos ferimentos sozinha. — Acha mesmo que sou uma pessoa assim, sr. Corraine? — É uma pessoa profunda, srta. Dowling. Joanna encarou-o surpresa. Nunca haviam ficado sozinhos antes, e ela baixou os olhos, tentando esconder o sentimento de fraqueza, que a forç a í ntima daquele homem produzia nela. — O senhor agiu depressa demais para que algum mal pudesse ter acontecido, a nã o ser pelo meu vestido. Estes panos leves mancham com facilidade. Foi por isso que nã o voltei para a festa. Apenas vaidade feminina. — Entã o o vestido está perdido? — Era o melhor que eu tinha. Mas acho que depois de lavá -lo bem vou poder usá -lo em casa. — Fui eu que causei o prejuí zo. Quero repor... — Nã o, nã o é preciso. Já fiquei satisfeita por Matthew nã o ter se ferido. Ele se esforç a tanto para ser ú til, só com aquele braç o... — Era um ó timo trabalhador. Meio inconstante quando mais moç o, mas sempre que aparecia por aqui querendo trabalhar, meu avô o contratava. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 50 - — Ele tem uma enorme gratidã o de ter podido ficar aqui depois do acidente. Acho que quem mora aqui se apaixona pelo vale. — Pensei que as mulheres estivessem mais preocupadas em se apaixonar por algum homem... — Na vida de uma mulher existem diversos tipos de amor. Como na de um homem també m. — Já teve algum outro homem alé m do meu primo? Joanna encarou Arthur. A pergunta fora direta, nã o era apenas um tema de conversa. Ele a havia seguido, nã o por estar preocupado com seu bem-estar, mas apenas para voltar ao assunto do começ o da noite, quando ele aparecera na hora em que Robert a abraç ava à forç a. — Bem, houve o rapaz que limpava o curral para nó s, depois o velho Joe, que podava as á rvores, e entã o teve o aç ougueiro, o padeiro... — Joanna soltou um grito, pois repentinamente Arthur havia agarrado seu pulso com forç a. — Nã o banque a engraç adinha comigo! — Ela sentiu a ameaç a de uma tempestade. — Robert nã o serve para você e nem você para ele! — Eu nunca disse... — Você disse que ele a pediu em casamento. — Mas era uma brincadeira de Robert... — Nã o acho engraç ado brincar com esse assunto. Será que nã o considera o casamento um assunto sé rio. srta. Dowling? — Claro que sim! — Entã o, dou-lhe minha palavra que nã o vai se casar com meu primo. Farei tudo para evitar isso. — Mas nã o é possí vel tamanha arrogâ ncia! — disse Joanna engasgada. — Nã o pode querer dirigir gente, do mesmo modo que dirige o gado! — Pelo menos, posso tentar fazer com que as pessoas nã o se desviem do caminho. — O que isso quer dizer...? — Que Robert está se desviando e que eu nã o gosto disso. Joanna ficou sem fô lego diante de tanto atrevimento. — Qualquer um pode notar que o senhor tem um enorme orgulho da sua famí lia e da sua propriedade. Por isso, supõ e que qualquer mulher que se aproxime tenha a intenç ã o de pertencer à sua ilustrí ssima famí lia! Eu apenas quero trabalhar, e só durante o tempo suficiente para que eu possa comprar uma passagem para a Nova Zelâ ndia. Pode lhe parecer absurdo, sr. Corraine, mas só por isso estou aqui, e nã o para encontrar um marido milioná rio! A mã o de Arthur apertou seu pulso com mais forç a. Joanna sentiu o calor do corpo dele tã o perto, que parecia impossí vel ser aquele o homem que planejava friamente os destinos dos moradores da fazenda. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 51 - — També m tenho meus planos, sr. Corraine — continuou ela. — Tenho guardado todo o meu salá rio, para me encontrar com minha irmã Logo que seja possí vel. — Mas teve notí cias dela? — Ainda nã o. Mas escrevi antes de vir para cá, e ela sabe onde estou. Tive a pretensã o de imaginar que seria aceita no emprego. — Srta. Dowling... — Senti que nã o ia com a minha cara desde o instante em que nos conhecemos, sr. Corraine. Primeiro o senhor imaginou que eu andava caç ando marido rico, e agora tem medo de que seu primo se case com uma ajudante de cozinha. Alé m disso, me toma por uma perfeita idiota, ao imaginar que nã o sei distinguir quando um homem flerta apenas por brincadeira. — Joanna nã o conseguiu segurar o riso, que era um misto de humor e de raiva. — Na verdade, o senhor parece nã o me entender nem um pouco. Eu sou apenas uma garota comum, sem nenhuma intenç ã o escusa de atrapalhar seus planos para a famí lia ou para Robert. — Se você fosse tã o comum assim, iria encarar Matthew como um pobre velho aleijado, que vive pensando no passado. — Ele é um homem solitá rio, longe da famí lia, e acontece que eu entendo como ele se sente. — Joanna sentiu que Arthur soltava seu pulso, e, entã o, saltou do portã o e correu para casa. Era triste ser mal interpretada. Apesar de já gostar tanto daquele lugar, ela gostaria de ter a quantia suficiente para ir embora naquele mesmo instante. Sentiu que ia chorar. Era verdade o que dissera sobre estar longe da famí lia, e ainda por cima houve aquela briga com Arhur Corraine. Com os olhos cheios de lá grimas, Joanna acabou dando um encontrã o num eucalipto, antes que pudesse vê -lo. — Oh... — aquilo parecia a ú ltima gota. Ao perceber que Arthur se aproximava gritou: —Nã o encoste em mim! Estou farta! — Está machucada? — A voz dele soava fria e distante. — Nã o — disse Joanna, continuando a correr. Chegou ao seu quarto e se atirou na cama, soluç ando de saudade da famí lia, Por que havia deixado tudo o que amava para trá s? Por que nã o aceitara o conselho da avó, para ir trabalhar na fazenda de criaç ã o de cavalos de Ian MacLean? O rapaz gostava dela, a avó dizia, e uma mulher nã o deve desejar mais do que carinho e gelé ia no pã o... Nã o devia desejar? Joanna pensava nisso ao se sentar- e enxugar as lá grimas. Uma certa seguranç a e um pouquinho de gelé ia pareciam muito pouco. Ela ansiava por um amor tã o grande e vital, que nada exceto ele poderia magoar de verdade uma moç a. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 52 - Estranhos pensamentos... Joanna reparou que tentava distinguir passos no silê ncio da casa. Nada escutou, e entã o ela abriu uma pequena fresta na janela, sentindo um leve aroma de fumo misturado com os perfumes da noite. Arthur devia estar fumando na varanda, admirando em silê ncio a paisagem do vaie. Era mesmo uma coisa notá vel que toda aquela terra, até onde a vista alcanç ava, pertencesse a Arthur. Ele a herdara do avô, e por sua vez a legaria para... Robert havia dito que Arthur era um solteirã o convicto, mas que no fim precisaria achar uma esposa, senã o as Paineiras passariam para um filho dele... Será que ali estava a resposta para a atitude arrogante de Arthur no portã o? Será que ele pretendia continuar sozinho, e tomava para si a tarefa de selecionar uma esposa para Robert? Aquilo parecia medieval demais, mas combinava com a atmosfera das Paineiras. Afinal, a fazenda pertencia a Arthur, que fora criado por um homem duro, o orgulhoso e exigente Adam Corraine. Nã o era tã o estranho assim que Arthur fizesse planos que excluí am a moç a recé m-chegada da Inglaterra. Joanna foi dormir com o coraç ã o pesado. Nunca pensara ser tã o insignificante, que Arthur nã o pudesse tolerar a idé ia de Robert estar apaixonado por ela. Quaisquer que fossem os sentimentos í ntimos de Arhur, ele manteve a promessa de arranjar um cavalo para Joanna. Sempre que ela tivesse tempo para acompanhar Sally, encontraria Pintado pronto e arreado. Joanna adorou Pintado logo de saí da, pois assim que o montou da primeira vez, ele deu uns passinhos, como se lhe dissesse que, apesar de manso, era um animal esperto. A sela que usava era antiga, de Sally, e os estribos estavam uni pouco baixos. O pró prio Arthur se encarregou de encurtá -los e depois disse, olhando seriamente para Joanna: — Agora está bom, assim você fica mais confortá vel. — Obrigada — respondeu ela, com um sorriso tí mido. — Mas eu sei montar... nã o precisa olhar para mim como se eu fosse cair do outro lado da sela. Tanto Joanna quanto Sally usavam calç as de brim e camisas de algodã o, com um chapé u desabado como proteç ã o contra o sol forte. Mas Sally usava també m um lenç o vermelho à volta do pescoç o, como para chamar a atenç ã o sobre o fogo que havia em seu temperamento. — Será que vou precisar cuidar de Joanna? — resmungou Sally. — Sempre achei que isso era obrigaç ã o da dama de companhia. Joanna levantou o queixo, e sob o chapé u seus olhos brilharam em desafio, O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 53 - — Parece meio antigo ser chamada de dama de companhia. Nesse caso, eu devia estar usando uma saia rodada e montar de lado — disse rindo, e sentiu um olhar masculino percorrer seu corpo. — Bem, vã o andando, você s duas. Sally, se entrar na floresta, nã o vá muito longe. — Se a gente se perder, Chefe, você terá que deixar seu precioso trabalho e vir atrá s de nó s, nã o é mesmo? Ou vai mandar Robert no seu lugar! — Você prefere Robert como salvador? — indagou ele, levando o cavalo da afilhada para fora da cocheira. Sally riu baixinho, — Como se eu pudesse preferir algué m a você... Arthur, você é o primeiro homem! Joanna observou os dois, sabendo que nos olhos cinzentos de Arthur havia algo especial, despertado pela atrevida afilhada, que provavelmente já estava um pouco apaixonada pelo padrinho... O sol batia em cheio na terra dos Corraine, transformando as pastagens em planí cies de ouro. Um pouco mais à frente Joanna viu um pequeno grupo de cangurus. Arthur deixava alguns desses animais soltos em sua propriedade, e eles davam um toque diferente à paisagem. Sally virou-se na sela e lanç ou um olhar interrogativo para Joanna. — Quer ir conhecer a floresta? — Eu gostaria de ver, mas é melhor nã o irmos muito longe. — Você tem medo do Chefe? — Nã o, mas se é possí vel a gente se perder lá dentro, entã o é melhor nã o arriscar, — Mas é bom se arriscar, tentar... — retrucou Sally rindo. — É para isso que as mulheres servem. Senã o, é só aquela coisa chata de cozinhar e fazer serviç o de casa. Eu detesto o trabalho que você faz. — Quando você se casar vai ter que fazer pelo menos uma parte. — Deus me livre! As empregadas é que vã o cuidar da casa. Eu é que nã o vou me desgastar toda, e acabar perdendo minha beleza, deixando de ser atraente para... para o homem que for meu marido. — Imagino que ele será rico... — disse Joanna, achando graç a naquela garota, que falava do mesmo jeito que sua irmã, tinha a mesma confianç a que Judy em sua beleza. — Eu nunca vou querer ser pobre. Acho que odiaria isso mais do que qualquer outra coisa no mundo. — E se o homem por quem você estivesse apaixonada perdesse tudo? — Eu nã o me casaria com ele! Uma mulher muito pobre é sempre sem graç a, e eu detestaria ser assim. Quando somos bonitas, as pessoas O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 54 - gostam da gente e fazem o que queremos. Você acha errado uma pessoa gostar de ser apreciada, e ter uma porç ã o de coisas bonitas? — Isso é perfeitamente natural. Sally. Mas uma cara bonita tem que acompanhar um bom coraç ã o, senã o, perde a beleza interior. E é isso o que atraí as pessoas, e que faz uma flor desabrochar à luz do sol. — O nosso sol pode matar uma flor — provocou Sally. — Elas desabrocham muito melhor na sombra da floresta, onde existem enormes orquí deas e outras flores maravilhosas. Mas imagino que você, sendo inglesa, prefira as rosas. — É verdade, adoro rosas — respondeu Joanna, sorrindo com saudades. — Tí nhamos um pé de rosa-chá no jardim da nossa casinha. Quando estava florido, inundava a casa inteira de perfume. — Você fala como se estivesse com saudades de casa. — Sally parecia curiosa. — Por que veio para as Paineiras? Foi para ficar perto de Robert? — Nã o! Cé us, eu precisava de trabalho, só isso! Quando Robert me apanhou em Baí a das Á guias eu estava com pouquí ssimo dinheiro. — Mas você danç ou bastante com ele no baile de sá bado. — Somos muito amigos — afirmou Joanna depressa. — O fato de duas pessoas danç arem nã o indica que estejam apaixonadas. À s vezes, duas pessoas que se amam sentem-se retraí das na presenç a dos outros. Sally encarou Joanna e de repente emburrou. — Você fala como uma professora. Até se parece com uma, com os cabelos presos num coque, desse jeito. Eu acho que você veio mesmo ao Vale das Paineiras para procurar marido. Todo mundo na fazenda acha isso. — Entã o todo mundo na fazenda está enganado. Estou juntando meu dinheiro para ir para a Nova Zelâ ndia. E agora, que tal darmos uma volta pela floresta, antes que eu precise voltar para o meu trabalho? — Entã o é verdade mesmo que você vai para junto de sua irmã? — Mal posso esperar a hora — respondeu Joanna, notando o brilho que apareceu nos olhos da garota. Entã o, havia mais uma na famí lia Corraine que gostaria de vê -la longe!. Agarrou a ré dea e tocou Pintado a galope. Antes que ela percebesse, entretanto, o cavalinho pegou o freio nos dentes e disparou pelo pasto afora, em direç ã o ao rebanho que pastava mais adiante, numa velocidade tã o grande que o chapé u de Joanna voou longe. Ela se firmava nas pernas, para nã o cair. — Pintado... pare! Joanna puxava a ré dea com forç a, mas nã o adiantava. O cavalo nã o queria obedecer e se aproximava cada vez mais dos bois. Um vaqueiro galopava atrá s de um touro, que vinha dtreto em cima dela. Mas antes que o touro pudesse atingi-la, o vaqueiro conseguiu segurá -lo pelo rabo e O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 55 - derrubá -lo no chã o. Joanna viu tudo isso enquanto Pintado continuava no galope desenfreado. De repente, o cavalo tropeç ou e ela se esborrachou no chã o, em cima de uma grande moita de capim. — Ai! Ela se levantou estonteada, batendo com a mã o no traseiro. Viu uma sombra que se aproximava e pensou ser o touro novamente. Mas acabou mais desconcertada ainda ao dar com o Chefe a encará -la. CAPITULO V — Aproveitou o passeio? — perguntou Arthur, de cima do alazã o. — Achei divertido — Joanna, corada, batia na calç a para tirar a poeira. Pintado estava ali perto, mascando capim com um ar inocente. Joanna mordeu o lá bio. Era mais um azar o fato do Chefe ter testemunhado seu tombo. — Como é que você veio parar aqui tã o longe, nessa moita de capim? E onde está Saliy? Claro que ele tinha mesmo que ficar mais preocupado com a afilhada! Joanna encarou-o e se esqueceu da vergonha. — Sally ia me levando para conhecer a floresta, mas o cavalo disparou e veio direto para cá. Como todo mundo nas Paineiras, ele també m me toma por boba. Mas eu já estou aprendendo, sr. Corraine! Os olhos dele percorreram Joanna, o cabelo solto pelo vento, a camisa fora da calç a. O meio sorriso no rosto má sculo demonstrava o jeito como ela estava. — Talvez seja meio tonta, mas també m é durona... — comentou Arthur. J oanna chegou a sentir uma ponta de satisfaç ã o com o que podia ser considerado um elogio do Chefe, quando o vaqueiro que derrubara o touro se aproximou. — Chefe, eu separei aquele touro do resto da boiada. Ele quase atropelou a mocinha aqui... — Era um comentá rio lacô nico demais sobre o que poderia ter acontecido se o peã o nã o tivesse agido rá pido. O rapaz tinha o chapé u jogado para trá s e o rosto coberto de suor. Era moç o ainda, mas já tinha rugas, causadas pelo excesso de sol no rosto simpá tico. — Agradeç o muito o que fez por mim — disse ela, com sinceridade. — O prazer foi meu, senhorita — respondeu o vaqueiro, retraí do. — Nesta parte do mundo, a gente tem que ser firme tanto com gente quanto O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 56 - com bicho. Acho que seu cavalo a enganou, deixando que pensasse que ele era dó cil e mansinho, — Provavelmente ele já ganhou diversos jogos de pó lo — comentou Joanna, percebendo que Arthur continuava ali perto, montado no alazã o, que ele controlava firmemente. — Entã o conhece pó lo? — perguntou o rapaz, visivelmente impressionado. — Uma vez eu vi um jogo no Parque Windsor. — E o prí ncipe Charles jogava també m? — Sim, foi maravilhoso. — Mas que coisa... — e os olhos do vaqueiro brilhavam de entusiasmo. — Espere até eu contar para Lenita... — Peter, é melhor a gente ir com os outros, está na hora do lanche. Imagino que gostaria de uma xí cara de chá, depois de sua pequena aventura, nã o é, srta. Dowling? — Gostaria muito — respondeu Joanna. Arthur desmontou e prendeu a ré dea do alazã o numa á rvore pró xima, perto de onde o Pintado pastava, com o jeito mais inocente do inundo. O danado, sacudindo a crina e o rabo, olhava para ela como se tivesse feito algo muito divertido! Joanna foi andando com Arthur e Peter até uma fogueira, onde o pessoal preparava o chá. O vaqueiro se agachou, fez um cigarro de palha e Arthur se encostou numa á rvore, as pernas cruzadas nos tornozelos, as botas gastas, demonstrando uso constante. Sua figura combinava perfeitamente com a paisagem, com os homens, o gado e a pastagem que se perdia no horizonte. Joanna aspirava o ar, onde havia uma mistura do cheiro do gado com o aroma do capim. Sentia-se como se tivesse só dezesseis anos novamente, pois fora nessa idade que passara a se comportar como uma pessoa adulta, Judy havia fugido da fazenda, e ela assumira a responsabilidade de tocar a fazendola e fazer companhia para a avó, deixando de ir à s festas e ao cinema. Na verdade, nã o sofrera muito com aquilo. Afinal, ningué m liga muito quando o dever é feito com afeto. E Joanna gostava muito da avó. Aquela vida, entretanto, agora parecia pertencer a uma outra é poca. A realidade era aquela, ali. junto com aqueles homens rudes ao redor da fogueira. Ela tomou seu chá com gosto. Nã o falara a verdade quando afirmara a Sally que estava ansiosa por partir. Já gostava muito daquele lugar, c seria
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