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um grande sacrifí cio quando tivesse que ir embora.

Ao virar a cabeç a, deu com os olhos cinzentos de Arthur fixos nela, e

lembrou-se da noite em que ele afirmara que ela nã o servia para Robert.

O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear

Sabrina no. 263

Livros Florzinha - 57 -

Será que ele estava pensando naquilo també m? Havia um certo brilho

nos olhos dele. Mas, como sempre, era impossí vel dizer o que Arthur

pensava. Era estranho como seus olhos pareciam inescrutá veis. Será que ele

caç oava dela ou já pensava em Joanna como uma habitante permanente da

fazenda? Ou será que ele olhava assim apenas porque ela caí ra do cavalo?

Joanna acabou o chá e devolveu a caneca a Peter.

— É melhor eu voltar para a sede. Aposto que você s nã o vã o querer

que a bó ia atrase...

— Está começ ando a falar como a gente — comentou o vaqueiro,

rindo.

— Obrigada por dizer isso — respondeu ela. E vendo que Arthur

ainda a observava, continuou: — Mas ainda vai demorar para eu deixar de

ser uma estranha por aqui.

— A gente bem que podia ter mais umas estranhas assim por estas

bandas — comentou Thomas, o rapaz que havia sido pescador de pé rolas, e

que agora ia pegar o cavalo para Joanna montar. Pintado agora estava mais

calmo, com a barriga cheia de capim.

Thomas ajudou-a a montar, mas Arthur nã o estava mais por ali,

observando com olhos que tudo viam mas nada diziam. O Chefe havia se

afastado para falar com o capataz e Joanna saiu trotando na direç ã o

oposta, acompanhada por Thomas, até se distanciar do rebanho.

— Será que à noite eu poderia ir até a varanda conversar com você?

— perguntou o rapaz.

Joanna já ia responder que sim, quando se lembrou de que era melhor

nã o se envolver com nenhum dos homens da fazenda. Arthur nã o ia admitir,

e, apesar de o vaqueiro ser uma pessoa agradá vel, nã o podia pensar em

manter apenas uma boa amizade com ele. As coisas nas Paineiras eram

diferentes da cidade, onde um rapaz podia flertar uma garota sem que

todos achassem que havia compromisso entre os dois. De acordo com as

palavras de Sally, todo mundo ali achava que Joanna estava atrá s de um

marido. E ela nã o queria pô r lenha na fogueira.

— Depois daquele tombo, vou querer um bom banho e cair cedo na

cama — disse por fim. — Desculpe, Thomas.

— Em outras palavras, você nã o quer colocar chifres no outro, nã o é

isso? — perguntou Thomas, meio rí spido.

— Nã o entendo...

— É Robert Corraine, nã o é? Ele é o melhor partido por aqui. Depois

do Chefe, claro. Mas todo mundo sabe que esse é um solitá rio, com o

coraç ã o preso à fazenda.

Joanna sentiu um aperto no coraç ã o ao olhar para o rosto zangado do

rapaz, e acabou desabafando:

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Livros Florzinha - 58 -

— Eu gostaria muito que todo mundo por aqui parasse de imaginar

coisas. Deixe que eu mesma resolvo sobre minha vida e meus

sentimentos. Nã o estou aqui para laç ar ningué m, está entendendo? E se você

quer companhia, por que nã o procura Sally para um bate-papo?

— Ela é orgulhosa demais para o meu gosto — retrucou o rapaz. —

Aquela mocinha nã o ia perder tempo comigo!

— Mas ela é muito bonita, Thomas.

— Claro que é, mas como um arbusto florido cheio de espinhos!

— Ora, nã o exagere... — disse Joanna, rindo. — Talvez ela seja tí mida

com os rapazes. Algumas garotas sã o assim, e criam uma espé cie de

complexo de filha com homens mais velhos.

— Está se referindo ao Chefe?

— É... é isso mesmo.

— Sally Ryan nã o encara o Chefe como pai! — Thomas virou a

montaria, preparando-se para galopar de volta. — O que ela gostaria

mesmo era de se casar com ele, e ser a dona das Paineiras. Talvez ela

consiga isso, apesar de ele ser um solitá rio, como todo mundo sabe. Um

homem que é dono de toda esta terra, e de um dos maiores rebanhos de

Queensland tem que pensar no futuro. O pró prio Adam Corraine já havia se

casado com uma bela mocinha apenas pensando nos herdeiros. E eu? Só

posso oferecer a uma garota um gê nio alegre e um bom coraç ã o. O Chefe

tem o coraç ã o como aqueles olhos dele, frios como aç o!

O rapaz se afastou e Joanna parou o cavalo no alto de uma colina, de

onde se avistavam as mangueiras e o gado gordo. O sol batia forte, mas ela

sentia um frio estranho, " Coraç ã o frio como o aç o", dissera Thomas. Joanna

nã o invejava Sally, se era mesmo verdade que a garota desejava conquistar

o Chefe. Mas talvez ela fosse do tipo de moç a que se satisfaz com coisas

materiais e uma boa posiç ã o na sociedade. Talvez nã o sentisse necessidade

de uma grande paixã o.

Afrouxou as ré deas do Pintado e saiu trotando em direç ã o à sede. Só

agora tinha descoberto que ela mesma precisaria de uma grande paixã o para

ser uma pessoa inteiramente feliz...

Chegou à cocheira, desmontou e tratou do cavalo, e depois entrou

para tomar um banho e se arrumar um pouco, antes de começ ar á preparar o

jantar.

Era bom ter o que fazer, perder-se no trabalho naquela cozinha cheia

de

aromas deliciosos, onde as duas ajudantes conversavam calmamente

enquanto descascavam uma porç ã o de batatas. No instante seguinte, o

sossego acabou: Robert entrava na cozinha batendo as esporas e falando

alto.

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— Preciso de um curativo!

Tinha a mã o direita enrolada num pano, de onde pingava sangue.

— Traga a caixa. Peg — gritou Joanna, levando o rapaz para a pia. Ao

tirar o curativo de emergê ncia que ele fizera, viu um corte feio na palma da

mã o.

— Nossa, Robert! É um corte fundo! Como é que fez isso?

— Arame farpado. Pegue um chumaç o de algodã o para eu apertar no

corte.

— Certo, — Joanna pegou a caixa de primeiros socorros das mã os de

Peg, abriu um pacote de algodã o e deu um chumaç o a Robert, que gemeu ao

apertá -lo contra o ferimento.

Joanna disse a uma das garotas que fizesse um café e logo o rapaz

estava instalado numa cadeira.

— A coisa nã o é tã o feia quanto parece — disse ele. — Nã o há perigo

nenhum — e piscou para Joanna.

— Nã o quero ver você sem braç o, como Matthew. Agora fique quieto

e deixe-me colocar este curativo.

— Dois braç os sã o bem melhores do que um — disse

Robert, passando o braç o esquerdo pela cintura dela.

— Robert, comporte-se! — Sua beleza suave contrastava com a pele

queimada de Robert, que nã o largou sua cintura. Joanna viu uma sombra na

porta e sentiu um arrepio na espinha ao notar que estava sendo

observada: o Chefe estava parado na porta, examinando com um riso

irô nico a bagunç a que reinava na cozinha.

— E entã o, o que aconteceu? Largou um dedo lá no arame ou foi a

mã o inteira?

Joanna levantou a cabeç a.

— Nã o há motivo para riso — estava ofendida por ouvi-lo caç oar de

Robert. — Tivemos trabalho para estancar a hemorragia.

— Foi sé rio assim? — Arthur perguntou ao primo, reparando na mã o

enfaixada e no ar de riso de Robert.

— Uma vaca prendeu o casco no arame e eu me machuquei quando fui

soltá -la. —

E justo na mã o direita — reparou o Chefe, franzindo a testa.

— Talvez com luva para eu trabalhar,

— Nã o, é melhor nã o mexer com essa mã o por um ou dois dias, —

Arthur foi saindo da cozinha. — Vou deixar Peter encarregado de

marcar os bezerros... e, srta. Dowling, se seu paciente se encontrar em

condiç õ es de andar, por favor toque-o da cozinha e adiante o jantar.

— Tudo bem, senhor.

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Livros Florzinha - 60 -

Arthur olhou para ela por sobre o ombro e saiu. Mas Joanna podia

jurar ter visto um ar de riso naqueles olhos cinzentos.

Nos dias seguintes Robert abusou ao má ximo de sua condiç ã o de

ferido. Joanna tinha que trocar os curativos, e depois ele se sentava numa

espreguiç adeira, na varanda, para conversar com tia Carol ou discutir com

Sally.

Joanna os escutava, sentada na mesa da sala, enquanto limpava a

prata da famí lia. Esses objetos tinham uma histó ria diferente, pois foram

trazidos de um barco que naufragara na grande barreira de recifes, e eram

usados para enfeitar a mesa dos Corraine nas ocasiõ es especiais,.

Sally ia fazer dezoito anos, e tia Carol pedira a Arthur para usar as

coisas de prata. Ele havia concordado e a tarefa de polir havia sido confiada

a Joanna. As peç as eram tã o interessantes e diferentes, que ela nã o estava

achando o serviç o nada cansativo.

Adoniah, o professor, havia prometido rosas para o vaso de prata, e

um bolo gelado e outras delí cias deviam chegar de aviã o, na sexta-feira.

Sem dú vida, també m deveria vir um presente especial do padrinho para

Sally.

O Chefe havia dito que Sally ainda nã o estava preparada para ter seu

pró prio carro. A fazenda ficava tã o distante da estrada principal que ela

poderia se perder, ou o carro se quebrar. Nã o, ele era o responsá vel por ela

até que atingisse a maioridade. Mas, mudando radicalmente, Sally havia

desistido de brigar e tocara de leve o rosto dele, dizendo: — Arthur, como

você é mandã o... vai ser um marido difí cil!

A resposta dele fora uma baforada do cachimbo, mas o rubor que

surgira no rosto de sua afilhada parecia indicar que os dois tinham um

segredo. Sally havia dado uma risada nervosa e depois colocara um disco na

vitrola, cantarolando a mú sica, enquanto os outros, reunidos na sala,

conversavam sobre outros assuntos. Mas Joanna sentira um ar tenso

percorrer toda a famí lia, por causa dessa cena, que acontecera na noite da

vé spera.

Agora, enquanto passava uma flanela na prataria. Joanna

escutava Robert provocando a garota:

— Imagino que esteja esperando muitos presentes no sá bado. O que

vai querer ganhar de mim?

— Quer dizer que ainda nã o encomendou nada da cidade para mim?

Nesse caso, nã o quero nada. Nã o vou querer algum velho presente que

você se esqueceu de dar a uma namorada.

— Ei, espere aí, eu nã o tenho uma coleç ã o tã o grande assim de

garotas. Sã o apenas amigas com quem eu me divirto um pouco...

— També m é assim com Joanna Dowling?

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Joanna interrompeu o serviç o ao escutar seu nome, esperando pela

resposta de Robert. Será que ele ia brincar ou revelaria alguma coisa que

ela preferia nã o ouvir? Nã o ia dar em nada o relacionamento dos dois.

Tinham deixado a chance escapar em Baí a das Á guias,

— Acho que você tem ciú mes de Joanna — respondeu ele, por fira.

— Você está a fim dela só porque ela fala macio. Eu acho que ela é

muito convencida!

— Nã o seja crianç a — caç oou Robert — Joanna é uma ó tima moç a,

nã o é ambiciosa e egoí sta como você... ai, se me jogar outra laranja, dou-lhe

uns tabefes no... — De repente escutou-se o barulho de uma cadeira sendo

arrastada, um grito e depois uma risada, enquanto Robert corria atrá s de

Sally pelo gramado.

Um periquito soltou um grito e depois tudo ficou em silê ncio,

enquanto Joanna se relaxava na cadeira, limpando o resto da prataria dos

Corraine.

Foi com alí vio que recebeu um convite para ir à casa de Lenita à noite.

A casinha era tã o engraç adinha por dentro quanto por fora, com enfeites

alegres vindos da Itá lia. Dava gosto ver o casal junto, a morena Lenita e o

louro Peter. Era fá cil perceber como aqueles dois se amavam. Joanna adorou

Carlo, o bebê, e Lenita deixou que ela enxugasse e vestisse o garoto depois

do banho. Quando Joanna se debruç ou no berç o e Carlo agarrou uma mecha

dos seus cabelos castanhos, Lenita comentou:

— Você nã o usa mais os cabelos presos.

— Nã o — disse Joanna, sorrindo para o bebê gorducho. — Mas acho

que vou ter que usar coque novamente... parece que há um desejo oculto no

macho da nossa espé cie de agarrar uma garota pelo cabelo! Carlo, você vai

ser terrí vel quando crescer!

O bebê fez uns ruí dos de satisfaç ã o e Joanna beijou-o, dando

boa-noite:

Buona sera, bello bambino.

Elas saí ram do quarto e foram para a sala, onde Peter as aguardava

com uma bebida.

— O que achou do garoto? — indagou o pai, orgulhoso.

— Ele é lindo — afirmou Joanna, sentando-se numa poltrona. Usava

um vestido simples, cinza azulado, e havia repartido os cabelos ondulados no

meio.

— É muito bom ver que Lenita ficou sua amiga — e Peter fez um

gesto em direç ã o à cozinha, de onde vinha o aroma delicioso de um molho

italiano. — Ela é maravilhosa, mas eu fico preocupado quando tenho que

passar muito tempo trabalhando nas outras fazendas. À s vezes ela fica com

saudades da Itá lia, como você també m deve ter da Inglaterra. A maior

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parte das outras mulheres da colô nia é australiana, estã o acostumadas com

isto aqui. Tenho pena de Lenita, quando fica com saudades do movimento de

um mercado romano, de uma rua com as casas bem juntas, onde uma garota

pode conversar com a vizinha sem sair de casa...

Peter olhou para o copo que tinha nas mã os, e ficou pensativo por um

mo mento.

— Já pensei até em levar Lenita de volta à Itá iia, e ficar morando lá.

Mas este emprego na fazenda foi o melhor que já tive. Nã o existe patrã o

melhor que Arthur Corraine em toda esta regiã o. É justo nos pagamentos e

nas ordens que dá para a gente. E, se dentro de alguns anos eu quiser ter

meu pró prio sí tio, ele vai me ajudar. Esta é a terra da oportunidade. Talvez

nã o tã o linda quanto a Itá lia, mas...

— Entendo o que quer dizer, Peter.

— Verdade? — O vaqueiro olhava ansioso para Joanna. — Acha que

estou agindo bem em manter este emprego? Acha que Lenita

compreende?

— Ela ama você, e nã o acho que sinta tanta falta assim da Itá lia. O

mundo dela é você e Carlo, qualquer um pode ver isso.

— Eu adoro minha mulher. Eu desistiria de viver e de trabalhar aqui

se achasse que era isso o que ela queria...

— Mas eu nã o quero isso! — Lenita havia entrado na sala de repente,

e escutara a frase do marido. — Senhor meu marido, por favor, nã o fique

preocupado só porque à s vezes eu sinto um pouco de saudades da minha

terra, Joanna sabe disso! É uma coisa que logo desaparece. Minha vida é

aqui, junto com você... algumas lembranç as nã o sã o tã o importantes

assim.

— Lenita...

— Vou servir o jantar — e, com um sorriso, sumiu na cozinha,

reaparecendo logo em seguida com uma travessa de espaguete coberto de

molho e queijo. Rindo, assegurou ao marido que aquilo nã o era saudade da

Itá lia, mas vontade de demonstrar como era boa cozinheira. Alé m disso,

Joanna já devia estar enjoada de carne assada e ovos!

— Como é que você adivinhou? — O cheiro da comida dava mais

apetite, e Joanna achou delicioso aquele prato italiano e o vinho tinto.

Depois do jantar, os trê s se sentaram na varanda, onde estava mais

fresco e onde havia o perfume das trepadeiras que subiam pela treliç a. Os

Dawson levavam uma boa vida ali no vale... Peter tocava violã o baixinho e as

duas moç as conversavam. As luzes das outras casas foram se apagando uma

a uma, e eles nã o se animavam a sair dali. Tomaram café, e Joanna se

divertiu com a histó ria do namoro dos dois, e da feroz vigilâ ncia do irmã o de

Lenita.

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— Sabia que eu só pude beijar minha noiva depois do casamento?

— Entã o nã o é verdade que só um beijo pode medir a intensidade de

um amor — disse Joanna rindo.

— Nã o no nosso caso. Bastou um só olhar para esses belos olhos

latinos, e eu estava perdido. Os olhos é que contam a verdade, e um beijo é

mais doce quando é mais difí cil.

— Os australianos també m sã o antiquadas em maté ria de amor, sabia

disso, Joanna? — disse Lenita, fazendo um carinho no rosto do marido. —

Gostam de ter uma esposa caseira e ficam chocados quando uma mulher

quer algo mais que trabalho domestico.

— E você quer mais, Lenita? — perguntou Peter.

— Quero o que tenho agora, caro mio. Mas Joanna vem de um paí s

onde as mulheres dirigem empresas, escrevem livros e entram para a

polí tica. —

Você tem planos desse tipo, Joanna?

— De jeito nenhum — Joanna ria tentando esconder o medo que

, tinha de ser obrigada a deixar o vale. — Por enquanto, meus planos sã o

apenas ir encontrar minha irmã na Nova Zelâ ndia, assim que eu tiver

dinheiro para a passagem.

— Mas é isso o que você quer realmente? — murmurou Lenita.

— É o que preciso fazer.

— Nã o...

— Todas as coisas boas acabam um dia, como jantar hoje aqui com

você s. Gostei demais...

— Vou acompanhar você até a sede, Joanna.

— É muita bondade sua, Peter.

Lenita ficou abanando a mã o, lá da varanda, e Peter ia abrir o portã o

quando escutaram passos no pedrisco da estrada e uma voz grossa, dizendo:

— Estou indo para aquele lado.

Joanna olhou atô nita: lá estava Arthur Corraine.

— Nã o me importo de transferir meu encargo para o Chefe, — Peter

riu. — Boa noite, Joanna. E obrigado por ter vindo jantar conosco.

— Obrigada por me receber. — O coraç ã o de Joanna

batia

descompassado enquanto acenava para a casinha. Depois, começ ou

a acompanhar Arthur.

— Formam um belo casal — disse ele.

— É, e eu gosto demais dos dois.

— Tê m um belo garoto.

— É, um belo bambino...

— Gosta de crianç as, srta. Dowling?

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— Gosto tanto quanto qualquer outra moç a solteira.

— Uma moç a se preocupa mais com romance, nã o é?

— Nã o em todos os minutos do dia. — Um sorriso apareceu nos lá bios

de Joanna. — As vezes, minha maior preocupaç ã o é com a perfeiç ã o de uma

torta de frutas.

— Já notei que as tortas de frutas melhoraram muito.

— Estou pensando num doce especial para amanhã. Na horta de tia

Carol há uma bela abó bora e parece um desperdí cio deixá -la para

semente.

— Por que hoje em dia nã o se fazem mais carruagens encantadas das

abó boras?

— É que Cinderela já pode tomar um tá xi para o baile.

— E até um aviã o...

— Joanna sentiu um aperto no coraç ã o. Fora uma tola ao imaginar que

Arthur estivesse sendo gentil porque a noite estava estrelada... Ela era a

garota que estava pondo em perigo os planos que ele tinha para Robert.

Arthur nã o pretendia deixá -la esquecer que o mesmo aviã o que a trouxera

para o vale poderia, com a mesma facilidade, levá -la de volta.

Quando ele parou para abrir o portã o, Joanna se manteve afastada.

Mas o vento, como uma provocaç ã o, levou uma mecha dos seus cabelos

castanhos no rosto de Arthur. Havia sido um toque inocente, mas ele a olhou

seriamente, como se tivesse levado uma chicotada no rosto.

— Geralmente usa os cabelos presos — disse.

— É, num coque — retrucou Joanna levantando o queixo. — Eu o faç o

quando estou trabalhando, mas no momento estou de folga e posso usar meu

cabelo como quiser. Desculpe por ele ter entrado nos seus olhos.

— É perfumado...

— É do xampu! Acho que as ajudantes de cozinha tê m o direito de

lavar os cabelos para tirar o cheiro de fritura, nã o?

— Srta. Dowling...

O nome soava perigosamente como Darling, e, de repente, a raiva e a

má goa levaram lá grimas aos olhos de Joanna.

— O senhor parece... parece pensar que estou sempre de olho em

algum homem... Imagina que estou tentando conquistá -lo també m, por

acaso?

— E com que propó sito?

— Bem, é o dono das Paineiras... é o melhor partido.

— Ia ser preciso mais do que uma rede de cabelos castanhos para me

pescar... —

O que seria necessá rio, entã o? — perguntou ela meio atrevida. —

Eu arrisco até a me machucar, por algumas coisas.

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Livros Florzinha - 65 -

— E quem a machucou?

— Ora, o senhor e a moita de capim...

— Nã o toquei em você... está sensí vel assim só porque, no dia em que

chegou, eu imaginei que nã o estava preparada para enfrentar o nosso tipo

de vida. —

Está querendo dizer que se enganou a meu respeito?

— De jeito nenhum.

— Entã o ainda faltam aiguns obstá culos para eu enfrentar?

— Certamente nã o existe obstá culo para essa soa lí ngua

ferina. Imagino o que aconteceria se por acaso nã o pudesse retrucar uma

vez...

Enquanto falava, Arthur segurou-a pela cintura, apertando o corpo

frá gil de Joanna contra o seu. Em seus olhos havia um sorriso que caç oava

do susto estampado no rosto dela.

— O que foi, perdeu a lí ngua? — Riu Arthur.

Joanna nã o conseguia falar nada e nem se mexer, presa na forç a

magné tica que emanava daquele corpo má sculo. À distâ ncia, já se notava o

poder que aquele homem possuí a. Mas assim tã o perto, sentindo as ondas de

calor que passavam atravé s do fino tecido do vestido, ela mal conseguia

respirar. " Largue-me, por favor", queria gritar. As palavras, poré m, nã o

saí am.

O apelo era silencioso, mas Arthur percebeu, e, com um riso irô nico,

ele a largou. Agora estavam presos apenas pelo olhar, e Joanna viu que

aquele homem era tã o indó cil quanto o vale e a floresta virgem... Arthur era

parte integrante de tudo aquilo.

Joanna afastou-se dele, na escuridã o, e viu seus dentes muito

brancos quando ele sorriu.

— Você tinha que descobrir como eu posso ser perigoso. E

eu precisava descobrir quã o inocente você é. — Acho que ambos

aprendemos alguma coisa.

— Você pelo menos descobriu que vai ter torta de abó bora

de sobremesa amanhã.

Arthur riu e Joanna se afastou depressa, indo para a casa da fazenda

e deixando-o sozinho. Ele pertencia à quela terra selvagem, como talvez

nunca chegasse a pertencer a mulher alguma.

A quinta-feira foi um dia calmo, como se todos juntassem fô lego para

a movimentaç ã o que viria a seguir. Tia Carol estudava o cardá pio para a

festa com Joanna, aproveitando que Sally nã o estava perto,

— É muito agradá vel para uma garota ter uma grande festa, para se

recordar pelo resto da vida — disse tia Carol cheia de nostalgia. — Eu ainda

me lembro da minha, quando fiz dezoito anos... sorvete de

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Livros Florzinha - 66 -

morangos, um conjunto musical, e elegantes rapazes que flertavam e

danç avam de luvas brancas.

— Joanna sorriu, pensativa, lembrando-se de que estivera em mã os

bem diferentes... Mã os que controlavam um cavalo bravo, que consertavam

má quinas quebradas e que ajudavam um bezerro a nascer... Mã os tã o

á speras que estragariam o pano de um vestido de festa.

— Eu sei o que está pensando — disse tia Carol. Joanna assustou-se.

— Está achando que todo esse refinamento parece deslocado

num lugar destes, onde os homens parecem mais à vontade de botas do que

com sapatos sociais — e tia Carol riu. — Você tem olhos muito

expressivos, Joanna. Eles transformam você de uma moç a modesta numa

feiticeira.

— A gente devia estar pensando no cardá pio da festa...

— Vamos fazer sorvete. Temos essê ncia de baunilha e de morango, e

podemos pô r també m pedaç os de frutas.

— A senhora parece estar mais animada com a festa do que a

pró pria

Sally.

— É, pode ser... as meninas de hoje nã o ligam muito para as coisas

das quais a gente gostava tanto antigamente. Eu acho, Joanna, que ser

jovem no tempo antigo era muito mais agradá vel do que hoje. Havia muito

mais encantamento. A gente acreditava no romance, as moç as usavam o

tipo de roupa de que os homens gostavam, e tinham prazer em

ser femininas, delicadas e protegidas. Diga-me uma coisa: como uma

garota moderna, você nã o sente que falta alguma coisa no seu

relacionamento com seus namorados?

— Eu nã o tenho nenhum namorado.

— Robert gosta de você... e acho que ele precisa de algué m do seu

tipo.

— Por favor, tia Carol...

— É verdade, Joanna. Eu ficaria muito feliz se visse aquele belo

rapaz assentando a cabeç a com uma moç a como você. Acredito

sinceramente que ele vai dar um bom marido.



  

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