|
|||
trabalho. 1 страница— Gosta de montar, srta. Dowling? — perguntou o Chefe, de repente. Joanna nã o pô de deixar de reparar no modo como ele olhava para suas pernas. A palavra mimosa passou por sua mente, uma flor frá gil e pá lida... — Aprendi quando era crianç a e sempre gostei. Mas seu primo Robert me avisou que eu iria achar os cavalos daqui menos dó ceis. — Tenho certeza que sim. — Arthur mexia com o cachimbo, sem acendê -lo, enquanto tia Carol escutava a conversa entre os dois, o pé engessado apoiado num banquinho. No rosto da velha senhora nã o havia arrependimento, apenas orgulho daquilo que ajudara a construir. — Tenho diversos cavalos de pó lo nas cocheiras, e estã o bem treinados. — Cavalos de pó lo? — exclamou Joanna. — Sim. temos um clube de pó lo em Danabarra. Eu e Robert, à s vezes, jogamos lá. Os cavalos sã o levados de caminhã o, e tia Carol e Sally costumam ir com a gente para ver os jogos. — Um leve sorriso de ironia iluminou os olhos dele. — Danabarra é a coisa mais pró xima da civilizaç ã o que temos por aqui. Há um pequeno hotel, um banco, uma loja e o clube. Para um estranho pode parecer pouco, mas a gente gosta. Joanna sorriu para tia Caro!. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 38 - — O sr. Corraine meteu na cabeç a que vou achar difí cil me acostumar num lugar tã o distante dos cabeleireiros. Mas eu já disse a ele que é minha irmã Judy quem gosta de vida movimentada. — Pois eu acho você bem viva e alegre. Parece uma abelha atarefada, lidando na nossa cozinha. Arthur, sabia que a nossa tí mida Joanna canta, quando acha que nã o há ningué m escutando? — Tia, você está fazendo com que ela fique vermelha... " É você quem me deixa sem jeito, você com esses olhos cinzentos que nã o perdem coisa alguma", pensou Joanna. — Existe algum cavalo especial que eu possa montar? — perguntou ela. — Acho que o Pintado serve. Ele é sossegado, e será bom para Sally ter algué m que monte com ela. Gosta da minha afilhada, srta. Dowling? — Ela é muito bonita. — É verdade —-disse ele pensativo. — Virou uma bela moç a. — Você está estragando Sally com mimos — avisou tia Carol. — Ela está aprendendo bem depressa o que um certo olhar consegue de um homem. Se nã o tomar cuidado, você vai ter problemas... — Quer dizer com os rapazes? — Sim, se até você já reparou como ela é bonita! — A senhora fala como se eu andasse por aí de olhos fechados. — De jeito nenhum, Arthur. Você tem uma ó tima visã o, mas tem uma sé ria tendê ncia em dirigi-la apenas para as vacas, as má quinas e o pasto... — A senhora está sugerindo que eu nã o enxergo o que está debaixo do meu nariz? — Arthur franziu a testa, o ar meio arrogante. — Os vaqueiros me conhecem e sabem que nã o vou tolerar paquera alguma com Sally. Ela é quase uma crianç a ainda. — Vai fazer dezoito anos. A sua mã e já era casada nessa idade — lembrou tia Carol. — Está sugerindo que eu encontre um marido para Sally? — indagou ele mais sé rio ainda. — Estou dizendo que ela tem tempo demais sobrando. E você sabe como isso é perigoso. — Acha, entã o, que eu deveria deixar que Sally fosse trabalhar como enfermeira? — Que enfermeira, que nada! — Tia Carol quase bufou. — Ela que me ajude um pouco mais aqui em casa! Podia ajudar Joanna, aprender como se cozinha ou como se faz um simples bule de chá. É sua obrigaç ã o fazer com que ela entenda que aqui cada um faz uma parte do serviç o, e que agir como uma princesa nã o vai ajudá -la quando quiser arranjar um bom partido. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 39 - — Um bom partido? — perguntou Arthur, levantando a sobrancelha. — Será que já existe algum em vista? — Desconfio que sim. — Mas nã o vai contar... — Solteironas româ nticas como eu adoram segredos, Arthur. — Solteirona, você? — Arthur levantou-se e beijou a testa da tia. Ali, alguns fios de cabelo vermelho ainda apareciam por entre os brancos, como para afirmar que naquela cabeç a sempre haveria juventude e que Carolina, apesar de ter perdido o homem que amava tanto, nunca seria uma pessoa amarga. Em vez disso, havia amado e se dedicado aos Corraine. A velha senhora gostaria que o Chefe das Paineiras arranjasse uma esposa. Será que ela pensava em Sally como a moç a escolhida? Sally era tã o linda, e se encaixava tã o bem sob os braç os protetores de Arthur! Ele era indulgente com a garota... talvez as fagulhas do amor ainda nã o tivessem se acendido, mas tia Carol era sá bia. Havia sugerido que Sally gostava de algué m, e Arthur fizera uma cara arrogante, como se ningué m pudesse se atrever a amar a linda Sally Ryan. A manhã de sá bado despontou em toda a sua beleza, com um sol radiante. Naquele dia. Robert devia chegar de Solidã o. Era també m naquele dia que haveria o baile no velho paiol, construí do ainda no tempo de Adam Corraine. Era lá que se realizavam reuniõ es e assemblé ias, e onde se encontrava també m o Clube Feminino, fundado por Carolina. Joanna sabia que era motivo de muita curiosidade entre as mulheres da colô nia. Nã o apenas porque era estrangeira, mas també m porque era solteira, e todos ficariam observando com quem ela iria danç ar. Nã o poderia mostrar preferê ncia por ningué m... muito menos por Robert, que era um Corraine! Joanna sorriu para si mesma, e com as mã os enfarinhadas saiu pela porta da cozinha, para dar uma olhada no vaie. Estava com saudades de Robert, e esperava que ele tivesse pelo menos sentindo um pouco de falta dela. Robert, tã o agradá vel, tinha uma semelhanç a tã o leve com o primo que à s vezes mal se notava. De repente, ela se viu pensando em Arthur. Será que ele iria ao baile? Sendo o Chefe, deveria pelo menos aparecer na festa, mas Joanna nã o conseguia vê -lo danç ando no meio dos outros. Ele combinava muito mais com um cavalo alazã o, galopando no meio do pasto. Nesse momento, vindo da horta, apareceu uma moç a vestida com uma saia rodada e blusinha de renda, carregando uma cesta. Os olhos negros brilharam quando, num sorriso, ela se dirigiu a Joanna: — Buon giorno, stgnorí na. Sou Lenita, esposa de Peter Dawson, e achei que já era hora de nos conhecermos. Eu vim da Itá lia, antes de me O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 40 - casar com Peter, e, lá, sempre costumamos trazer uma lembranç a quando vamos cumprimentar uma pessoa recé m-chegada. Estendeu a cesta para Joanna. e ali dentro estava um vasinho de violetas... violetas tratadas com muito carinho, pois naquele clima aquilo era uma tarefa quase impossí vel. Joanna pegou o vaso e cheirou as flores, os olhos cheios de lá grimas. — Quanta bondade sua! — disse meio rouca. — Nada podia me agradar mais... — Que as violetas possam crescer como a nossa amizade — disse a moç a, os olhos escuros demonstrando franqueza. — Desde aquele primeiro dia em que a vi, achei que gostaria de conhecê -la. Eu queria ler vindo antes, mas meu marido disse que talvez você fosse embora logo. — Será que todo mundo pensou que eu ia embora? — indagou Joanna. um sorriso triste no rosto. — O pessoal contou que o sr. Corraine ficou abismado quando a senhorita chegou no aviã o. Eles achavam — e Lenita deu uma risada — que ele ia mandar Robert levá -la de volta na mesma hora, e arranjar algué m mais forte e robusto para o lugar. — Eu tinha vindo de Sí dnei, e ele nã o ia se livrar de mim assim tã o fá cil — disse Joanna, ainda admirando as violetas. — Faz tempo que eu ando querendo conhecer o seu bebê... Será que agora que o sr. Corraine já me aceitou, eu posso visitá -la, Lenita? — Mas claro! — Lenita demonstrava satisfaç ã o. — Gostaria muito que você viesse conhecer Carlo. É um bê bê tã o lindinho! Ele está crescendo depressa e Peter está muito orgulhoso do filho. Todo homem gosta de ter um filho, e você precisava ver o olhar no rosto do meu marido, quando pegou o menino pela primeira vez... Parecia ter o mundo inteiro nas mã os! Essas palavras provocaram um estranho arrepio em Joanna. Subitamente a imagem de Arthur Corraine lhe veio à mente, e ela nã o tinha motivo nenhum para pensar nele naqueles termos familiares. Falou depressa para Lenita: — Eu estava na cozinha, preparando as tortas para a festa de hoje. Tia Carol e Matthew estã o no paiol, enfeitando tudo com papel crepom. — Você está ansiosa pelo baile? — perguntou a outra. — Estou. Acho que vai ser uma coisa bem divertida. Entre um pouco, Lenita. Vou preparar um pouco de chá. Ou você prefere café? — Café, por favor — respondeu a moç a italiana, seguindo Joanna cozinha a dentro e tirando o chapelã o de palha que usava, deixando à mostra a bela cabeleira negra. Era uma moç a linda, cheia de colorido. Joanna sentiu-se meio pá lida e desbotada em comparaç ã o à s outras garotas que moravam na fazenda. O que ela nã o sabia é que també m chamava a O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 41 - atenç ã o com sua beleza suave. Como agora, quando, com o rosto corado e os cabelos em desalinho, andava atarefada de um lado para o outro da cozinha, Lenita a observava com interesse e Joanna acabou perguntando: — Há quanto tempo você está na Austrá lia? — Vim para cá há uns cinco anos, com meu irmã o e minha cunhada. Eles tem um pequeno restaurante em Sí dnei. perto do teatro. Eu trabalhava lá quando conheci Peter. — Lenita baixou os olhos de pestanas. negras. — Na mesma hora descobrimos que nos dois está vamos apaixonados... já no primeiro olhar... À s vezes isso acontece. Nó s nos. casamos depressa e ele me trouxe para morar aqui no vale. Isto se parece um pouco com a Itá lia, com as, limeiras carregadas de frutos e os ví nhedoo. Mas, junto dele, eu seria feliz em qualquer lugar. Temos uma bela casinha, e o sr. Corraine é um ó timo patrã o. Joanna colocou uma xí cara de café e um pratinho com um pedaç o de bolo na frente da moç a. Sentou-se també m, para descansar um pouco, tomando seu café. — Tenho a impressã o de que esta deve ser uma das melhores fazendas, de criaç ã o de Queensland — disse Joanna. — É moderna, limpa e eficiente, mas nã o perdeu suas caracterí sticas nativas. O sr. Corraine é um homem de recursos, mas ele també m deve ser um homem interessado, e que usa a imaginaç ã o. Lenita olhava para Joanna por cima da xí cara. — Acho que você ainda nã o sabe como ele é exatamente... — É que nó s ingleses somos sempre cautelosos quando se trata de julgaras pessoas. — Nã o sã o impulsivos como os italianos, nã o é? Joanna riu. — Podemos ser impulsivos em nossas atitudes, mas somos basicamente retraí dos quando se trata de externar nossos sentimentos. Provavelmente lutarí amos contra um amor á primeira visí a. — Ah, mas o amor é a melhor coisa da vida. Nã o se pode fugir dele, Joanna. — Nã o, se for mú tuo. Mas deve ser terrí vel amar algué m que nã o nos queira, e nó s ingleses já vamos com um pé atrá s. — Mas nã o fica uma coisa meio desagradá vel? — Uma covinha aparecia no rosto de Lenita. — Muito mais desagradá vel é entregar o coraç ã o a algué m que nem sequer reparou que você existe! — Mas suponha que o homem també m pense assim. Entã o ficam os dois com o pé atrá s, sem fazer nada? Mesmo quando o que os dois querem é cair um nos braç os do outro? O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 42 - Joanna caiu na risada, sentindo nascer uma grande afeiç ã o por aquela garota morena, que també m viera de um paí s distante para levar uma vida nova na Austrá lia. — Quando é que eu posso ir ver Carlo? — perguntou. — Quando quiser. A nossa casinha tem janelas azuis, é pintada de cor creme, e tem um balanç o preso nas á rvores, no jardim da frente. Depois que Lenita saiu, Joanna ficou segurando o vaso de violetas nas mã os, escutando o canto dos pá ssaros, e pensando no que a outra lhe dissera: " Nossa casinha tem janelas azuis... " CAPÍ TULO IV Anoitecia. Andorinhas voavam para seus ninhos nas á rvores, e no cé u surgiu a silhueta de uma á guia sobrevoando o vale. O ar estava fresco, e Joanna, já vestida para a festa, andava ao lado da cerca, onde estavam os potros que deviam ser amansados. Um deles fungou e ela estendeu a mã o, tocando de leve aquele focinho macio. Ela sorriu. Entã o os cavalos dali eram bravos demais para ela? De repente, os potros se excitaram, orelhas de pé, e um ar de expectativa nos corpos tensos, por causa do ruí do de um cavaleiro que se aproximava a galope. Joanna virou-se e viu quando o cavalo passou a porteira. O rapaz que o montava fez um aceno com o chicote, e ela escutou uma risada conhecida: — É você, Joanna? Voltei para levar você ao baile! — disse ele, saltando da sela. Joanna sentiu urna onda de alegria ao ver que Robert a abraç ava e a beijava, antes que ela pudesse escapar. — Oh... — disse ela. — Precisa fazer isso? — Sentiu falta de mim, nã o é, srta. Darling? — indagou ele, ainda rindo, — Andei ocupada demais para isso — retrucou ela. Mas era bom vê -lo novamente, os olhos alegres e atrevidos, o jeito agradá vel de sempre. — Ah, garota... — As mã os dele desceram dos ombros de Joanna para sua cintura, numa carí cia. Quando ela tentou se afastar, Robert a apertou mais um pouco. — O que é, está com medo? — Nã o, e que nã o quero chegar à festa parecendo... parecendo ter sido beijada — disse ela, com os olhos cintilando. O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 43 - — Entã o nã o vamos ao baile — Robert fez um gesto em direç ã o ao vale. — A lua está despontando e logo ali, adiante, há uma ponte sobre o rio, feita especialmente para os casais que querem se beijar. — Calma, nó s nã o estamos nesses termos, Robert! — disse Joanna meio amedrontada, porque se sentia atraí da por ele. Os dois ainda lutavam, rindo, quando uma figura alta apareceu das sombras, em direç ã o à casa da fazenda, e fez um cumprimento: — Olá, Robert! Precisa me contar como estã o as coisas lá na fazenda Solidã o... quando nã o estiver tã o ocupado... Arthur seguiu seu caminho, passando pelo portã o lateral. Seu rosto duro nada revelara, mas Joanna tinha certeza de que ele a vira colada a Robert. — Olhe só o que você fez! — reclamou ela, conseguindo se afastar. — Seu primo nã o gosta de ver você paquerando a criadagem. — Ele nã o pode impedir que eu namore fora das horas de expediente. Nem todos nascem com o autocontrole que ele tem. Arthur é um solteirã o convicto, que vai ter que se casar, ou entã o irá ver as Paineiras passar para um filho meu! As mã os de Joanna tremiam quando ela procurou ajeitar os cabelos, e Robert falou baixinho ao seu ouvido: — Olhe, estive viajando durante dois dias para ver você, e nã o ligo a mí nima para o fato de Arthur nos ter visto abraç ados. É uma coisa que faria bem a ele, de vez em quando, abraç ar uma garota... Diga-me uma coisa: você nã o fica intrigada quando encontra um homem tã o distante como meu primo? — O que você está querendo dizer com isso? — perguntou ela espantada, vendo que ele sorria. — Nã o tem vontade nenhuma de penetrar naquela armadura dele'? — De jeito nenhum! — E por que nã o, Joanna? Acha que Arthur poderia ficar perigoso se alguma garota acendesse a centelha e derretesse aquele homem de ferro? — O sr. Corraine é meu patrã o — retrucou ela com firmeza. — Nã o sei o que aconteceria com ele se " pegasse fogo", e nem quero saber! — Ah, Joanna. deixe disso! Nã o existe uma mulher solteira, num raio de centenas de quiló metros, que nã o esteja louca para descobrir o que existe debaixo da armadura do Chefe das Paineirtas. Para as mulheres, ele representa o mesmo desafio que um garanhã o selvagem, para um peã o. Arthur nã o quer ser apanhado, mas todo mundo gostaria de ver algué m conseguir dobrá -lo. — Você fala como se nã o gostasse nada dele — disse Joanna, achando isso meio estranho. Era como se descobrisse um defeito, no fato de Robert se ressentir com o primo. — Você gostaria de vê -lo de O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 44 - joelhos? Robert olhou para os picos distantes, que formavam uma silhueta contra o cé u, e sacudiu a cabeç a: — Acho que ele me irrita à s vezes, por ser o que eu nunca serei, um homem com um objetivo só. Acho que nã o é certo um homem ser assim... de certo modo essa situaç ã o nã o permite que ele desfrute do grande amor de alguma mulher. Acho que eu nã o suportaria uma vida dessas. Ele é como o meu avô. para quem os negó cios vinham sempre em primeiro lugar. Dizem que minha avó morreu de solidã o, de tristeza, por ficar sempre em segundo plano. — O velho Matthew diz que Arthur nã o é exatamente igual ao avô; que ele se preocupa com as pessoas de um modo como Adam Corraine nunca fez... — É, pode ser — retrucou Robert, encarando Joanna sob o luar. — Você está defendendo Arthur, Joanna? — Bem, é que eu sei como dó i quando se faz mau juí zo de algué m. — Foi o que meu primo fez, quando disse que você nã o daria conta do serviç o. — Você mesmo disse que ele passa o tempo todo cuidando da fazenda. Imagino que saiba julgar uma boa ré s quando a vê! Robert deu uma gargalhada. — Foi disso que eu també m senti falta, Joanha Darling. Desse seu senso de humor inesperado... — tocou de leve a mã o dela e continuou: — Solte-se, Joanna, mande tudo para o diabo! — Nã o... — Ela se afastou. — Estou escutando mú sica, está vindo do paiol. O baile já começ ou. Vamos chegar atrasados. — Iremos ao baile no meu fogoso corcel... — disse ele, fazendo um gesto na direç ã o de Rebelde, o garanhã o cinzento, cujo pelo brilhava à luz da lua. Montou, depois ensinou como Joanna devia fazer para subir també m, e, dando-lhe a mã o, fez com que ela se acomodasse à sua frente. Robert passou um braç o pela cintura de Joanna e ambos foram descendo a colina num galope suave, até perto do paiol todo iluminado. — Aqui estamos, Cinderela — riu ele, parando a montaria e ajudando Joanna a desmontar. Joanna ficou parada um instante, meio confusa, ao ver que o pessoal na varanda da frente do paiol os observava. — Estou achando que aquele serviç o lá na Solidã o foi muito chato — gritou um dos vaqueiros. — Você parece feliz por ter voltado para casa, Robert. O rapaz amarrou o cavalo, e Joanna subiu à frente dele os degraus em O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 45 - direç ã o ao grupo de homens, achando que tinha sido otimista demais ao imaginar que talvez pudesse passar desapercebida. Os rapazes logo se adiantaram, querendo ser apresentados, mas Robert foi avisando que ela nã o ia danç ar com mais ningué m. — É o meu prê mio, depois de ter trabalhado daquele jeito lá na fazenda Solidã o. Você s, que ficaram por aqui, que arranjem outras garotas, já que tiveram bastante tempo para isso. — Mas é que ela nã o tinha certeza... — De que ia ficar? — Robert tirou o chapé u, e o cabelo castanho caiu-lhe sobre a testa. — Podem se esquecer desses rumores. A srta. Dowling veio para ficar. Foi o Chefe quem disse. — Oba! — disse Thomas, um dos vaqueiros mais moç os, que, alguns dias antes, viera procurar Joanna com um corte no braç o. Ela limpara e desinfetara o ferimento, e o rapaz contara que antes de ser peã o fora pescador de pé rolas, acostumado a mergulhar fundo. Ela sorriu para ele, que retribuiu com uma piscada de olho, sabendo que provavelmente danç aria com ela antes do fim da noite. O paiol estava todo iluminado, enfeitado com papel crepom e flores vermelhas. As moç as també m usavam vestidos de cores vivas. Tia Carol levantou o braç o, dando iní cio ao baile. Joanna sentiu como se tivesse sido atingida por um raio, ao dar com os olhos cinzentos de Arthur, fixos nela. Começ ou a danç ar com Robert, mas tropeç ou e ele precisou ampará -la, apertando-a mais. Ela desviou os olhos, mas ainda sentia o olhar do Chefe à s suas costas. Havia ficado impressionada com a mudanç a na sua aparê ncia. Ele agora usava um terno escuro e camisa clara, contrastando com o pescoç o queimado de sol. Logo depois, Joanna olhou mais uma vez em direç ao a Arthur, e descobriu que ele danç ava com Sally, que estava mais linda do que nunca, com um vestido cor-de-rosa e os cabelos enfeitados por flores. A garota tinha um sorriso radiante, como se tivesse acabado de fazer uma conquista. — Milagres acontecem — comentou Robert. — O Chefe geralmente aparece nos bailes, mas raramente danç a com algué m. — Sally está irresistí vel — comentou Joanna sorrindo. — E ele adora a afilhada. Qualquer um pode notar. — Você acha? — Robert seguiu o outro par com os olhos. — É verdade, hoje Sally está parecendo uma moç a... e orgulhosa por estar junto com o Chefe. — Seguiram danç ando até perto dos dois, e Robert disse: — Sally, você está linda esta noite... quase a mais bela da festa... Sally ergueu a cabeç a e encarou Joanna, observando a sua beleza, seu O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 46 - charme calmo, o vestido branco, estampado de folhinhas verdes. Joanna retesou-se nos braç os de Robert, e foi um alí vio quando o ritmo da danç a mudou e eles se afastaram. Nos intervalos das mú sicas, o pessoal saí a para comer churrasco e tomar chope e refrigerantes. Joanna tornou-se o centro das atenç õ es. Era pessoal que queria notí cias de lugares e pessoas que eles conheciam na Inglaterra, lugares que na maior parte das vezes nem ela mesma sabia onde era. — Fui criada no campo — explicou rindo. — Nunca estive na Torre de Londres... nã o, nã o é sempre frio, a gente tem ó timos verõ es... sim. as mulheres també m podem entrar nos bares, os homens nã o se incomodam! Foi um alí vio quando um dos vaqueiros pegou um violã o e começ ou a tocar e a cantar mú sicas locais. — Está sozinha, srta. Dowling? Joanna virou-se e deu com Thomas Jennings. — Robert precisou ir falar com a tia — respondeu ela. — Será que todas as canç õ es dos vaqueiros sã o tristes assim? — É que tocar a boiada à noite é uma coisa muito solitá ria, e isso acaba aparecendo nas mú sicas. Nã o está achando o churrasco uma delí cia? J oanna fez que sim. com a cabeç a. A alegria da festa a deixara esfomeada e ela perguntou: — Você nã o quer roais? Acho que vou pegar mais um. Ele concordou e foram juntos até perto do braseiro. Pegaram pã o e carne, e Thomas perguntou: — Algué m viu a pimenta por aí? — E precisa disso, rapaz, com uma garota dessas ao seu lado? — indagou o velho Matthew, rindo de sua pró pria piada. — Está ali em cima daquela mesa. Matthew era o churrasqueiro e, nesse mesmo instante, ao se debruç ar sobre as brasas, seu avental cheio de gordura pegou fogo. fazendo com que Joanna entrasse em aç ã o com um pulo. O velho mal tivera tempo de dar um berro, e Joanna já estava atrá s dele, tentando desamarrar o avental. Mas nesse mesmo instante, eles foram encharcados por um jato de espuma gelada. Um homem alto estava ali perto, segurando um extintor. — Oh, cé us! — disse Joanna, tentando limpar a espuma, enquanto Matthew tinha uma risada nervosa. — É a primeira vez que vejo uma moç a arriscar seu pescoç o por mim. A senhorita está bem? O destino de Joanna (Raintree Valley) Violet Winspear Sabrina no. 263 Livros Florzinha - 47 - — Sim., acho que sim... isto está saindo... — Você s dois podiam ter virado churrasco como o resto da carne — dizia a voz zangada de Arthur. — Que brincadeira foi essa, Matthew? — Chefe, nã o foi culpa minha. Uma fagulha pulou no meu avental e a
|
|||
|