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CAPITULO XIV



 

 

No final daquela semana, a velha condessa morreu. Celeste deixara o palá cio e Emma tinha ficado, apesar de seus receios. Cesare voltou para casa a tempo de presenciar o funeral. Seu braç o ainda estava na tipó ia, mas fora isso parecia completamente recuperado. Depois que todos se retiraram e apenas ela e Cesare restaram no grande salã o, ele disse:

— Vamos direto ao assunto, nã o, Emma? Eu nunca quis que você fosse embora. Eu.., nã o posso viver sem você. Agora, nã o mais.

— Você pensou que eu queria ir? — Emma perguntou, trê mula. — Mas Cesare, eu nã o estou disposta a ser uma condessa. Eu nã o posso viver nesse palá cio maravilhoso, esplê ndido como ele é, como sua amante. Eu sou apenas a simples e comum Emma Maxwell.

— Emma, pare com isso! Veja bem, eu nã o tenho dinheiro. Nã o sou rico. O palá cio é minha ú nica propriedade de grande valor. Mas eu possuo uma villa em Ravehna, perto do mar. Se você pode ser feliz lá, entã o será lá que vamos viver. E vai ser a condessa Cesare sim, e eu vou ser seu adorado marido, se me quiser.

— Oh, Cesare! — Emma apertou as mã os no rosto. — Mas e o palá cio? Nã o pode abandoná -lo assim! É sua heranç a!

— Ele é uma pedra nas minhas costas — replicou, fitando-a intensamente. — Eu nã o quero mais viver aqui. Quero ser livre. E quero você.

—- E Celeste?

— Ela nunca foi nada para mim. A idé ia do casamento partiu de minha avó.

— Mas a condessa... Quero dizer... seu maior desejo era que o palá cio...

Cesare sorriu.

— Você parece querer se livrar de mim! — Ele brincou.

— Cesare! Apenas quero... que você esteja certo sobre o que deseja. Eu nã o vou suportar se mais tarde se arrepender de alguma coisa.

— Me arrepender de casar com você? — Cesare alcanç ou-a e puxou-a para ele. — Eu penso que nã o. Na manhã em que foi capturada, a condessa me disse que tinha pensado nisso e tinha decidido que o palá cio era menos importante comparado com a felicidade das pessoas. Ela disse que você a convenceu disso.

— Eu?

— Sim. Creio que ela adivinhou que eu estava apaixonado por você.

— Oh, Cesare, estou tã o contente! — Emma passou os braç os ao redor do pescoç o dele. — Sinto muito se duvidei de você. Foi uma semana tã o terrí vel!

— Mas tudo está acabado — Cesare murmurou, enterrando o rosto na maciez dos cabelos dela. — Agora só importa o que nó s dois sentimos.

— Eu te amo, senhor conde — Emma murmurou, levantando o rosto para receber um beijo.

 

Eles se casaram quatro semanas depois e viajaram para uma prolongada lua-de-mel. Emma estava no sé timo cé u, terrivelmente apaixonada por seu marido, que nã o era um prí ncipe, mas o mais charmoso dos homens.

Uma tarde, quando eles estavam deitados à sombra de um guarda-sol, nas areias prateadas da villa, Emma disse: — Cesare, me diga honestamente: você telefonou para o hotel Daní eli naquela manhã?

Cesare riu.

— Vai acreditar em mim?

— Claro.

— Sim, eu telefonei. — Mas por quê?

— Eu nã o sei. Você me pareceu tã o desamparada e solitá ria que me deu vontade de confortá -la.

— Ah... que alma mais caridosa! — Naquele dia você já sabia dos planos de Celeste?

— Eu tinha acabado de conhecer a condessa, e gostei tanto dela que me senti terrivelmente mal por ter participado de toda aquela farsa. — Bem, eu també m tinha conhecido Celeste naquela noite e receava que sua presenç a e os seus milhõ es de dó lares no meu palá cio pudessem prejudicar minhas chances com o sindicato. Eles pensavam que eu estava arruinado e pronto para fazer qualquer coisa por um dó lar. Entã o eu conheci você, e quando veio ao palá cio, pensei que podia usá -la como um disfarce, ignorando Celeste e tudo o mais. Naturalmente, eu acabei me complicando cada vez mais, pondo tudo a perder.

— Exceto eu.

— Até você. Quase a perdi com minha estupidez. Se Hassan tivesse tocado um dedo em você. . . Bem, nã o vamos falar nisso agora.

— Pensando bem... — ela disse, correndo seus dedos sobre o peito dele. — Eu quase perdi você.

— Mas nã o perdeu — Cesare murmurou docemente.

— Nã o, mas eu sei que teria preferido morrer se nã o tivesse você para amar.

— Com tantos homens bonitos soltos por aí? — ele retrucou, rindo.

— Para mim existe apenas você.

— E é assim mesmo que deve ser. — Cesare a abraç ou com carinho e o beijo que trocaram estava carregado de todo o ardor que só os amantes apaixonados possuem.

 

 

FIM

 

 



  

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