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CAPÍTULO XI



 

 

Emma dormiu mal aquela noite. Perturbada demais com o que tinha acontecido, nã o conseguia relaxar. Ficava apavorada só de pensar que pela manhã teria que enfrentar uma nova tempestade. Sentia-se fraca e vulnerá vel em relaç ã o a Cesare e sabia o que a madrasta poderia tentar fazer para prejudicá -la. A ú nica saí da era deixar o palá cio imediatamente, sem ver Cesare de novo. Levantou cedo, tomou café sozinha e perguntou a Anna se Giulio estaria livre para levá -la até o terminal ferroviá rio. Tinha jogado apressadamente a maioria das suas coisas na mala e tudo que queria agora era fugir.

Si, Giulio está livre, mas nã o entendo, signorina. Por que está indo para o terminal? — perguntou Anna, cruzando os braç os.

— Oh. Anna, por favor, nã o faç a perguntas... Eu tenho que ir embora,

— E o signor conde? Ele sabe de sua decisã o?

— Claro que nã o! Anna, você sabe por que preciso ir.

Si, eu entendo por que está fazendo isso. Nã o sou cega e o signor é muito caro ao meu coraç ã o, també m. Mas tem certeza que é a coisa certa? Pode ser que...

— É a ú nica coisa a ser feita. Sinto muito, Anna, mas nã o consigo aguentar mais. Tenho pouco dinheiro, mas suficiente, creio, para chegar à Inglaterra, e entã o lá... bem... posso retomar minha vida no hospital. Você nã o sabia disso, sabia, Anna? Eu era enfermeira antes de vir para cá.

— Entã o você nã o é a enteada da signora Celeste? — exclamou Anna.

— Sim, eu sou. É que apenas nossas vidas sã o um pouco diferentes e nossas relaç õ es sã o como sempre foram, infelizmente: pé ssimas.

Emma levantou-se, engolindo o resto do café de sua xí cara.

— Estava delicioso, Anna, mas agora preciso ir!

— Delicioso? Que bobagem! Você nem comeu nada!

— Nã o tenho fome. Pode dizer a Giulio que estarei pronta em alguns minutos?

Nã o havia nada a ser feito. Era muito cedo para a condessa ou Celeste estarem de pé. E o conde... bem, o conde, quem poderia dizer quais poderiam ser seus pró ximos movimentos? Suspirou e foi até as arcadas. O sol brilhava em cada torre da cidade, e os canais eram como rios de ouro sob a luz dourada da manhã. Nunca esqueceria a beleza daquele lugar; Veneza sempre teria um canto, especial em seu coraç ã o. Olhou para o canal, abaixo da arcada, vendo o pá tio e alé m dele o ancoradouro e a lancha flutuando suavemente. Essa seria a ú ltima vez que estaria ali, e, antes de partir, já sentia saudade.

Com os olhos cheios de lá grimas, apressou-se para apanhar a mala em seu quarto. Subiu e sem esperar para ver se Anna estava vindo se despedir desceu as escadas correndo, sem olhar para trá s. A penumbra do hall deserto fez correr um arrepio por seu corpo e ela ficou satisfeita por sair novamente para a luz do sol. Lá fora, nã o havia sinal de Giulio. Emma apertou os lá bios, impaciente, e começ ou a procurar por ele. Onde teria ido? Oh, por favor, ela implorava, me leve embora! Tenho que ir! Olhou de novo para a lancha e entã o foi violentamente empurrada por trá s e caiu no fundo do barco. A corda foi solta e o barco empurrado para a correnteza, enquanto dois homens saltavam rapidamente a bordo. Eles deixaram a lancha descer um pouco pela correnteza, antes de ligarem o motor. Quando Emma voltou a si, estava deitada em algum lugar muito duro e sentia doer cada osso de seu corpo. Sua cabeç a doí a horrivelmente e era difí cil identificar qualquer imagem. Entã o, devagar, a memó ria foi voltando e ela virou um pouco a cabeç a, vendo que estava na lancha, mas deitada no chã o de tá buas, que machucavam suas costas. Tentou se levantar, sentindo ná useas, caiu de novo enquanto tudo rodava loucamente ao seu redor.

Uma voz masculina chegou até ela, falando rapidamente em italiano e entã o outra voz disse em inglê s: — Ah, ela está voltando a si. Buon giorno, signorina!

Emma fez novo esforç o, esperando que a tontura passasse e sentou. Viu os dois homens diante dela, um dos quais reconhecia vagamente como sendo o homem da faca, que a tinha atacado dias atrá s. Tremendo, forç ava-se para nã o entrar em pâ nico. Entã o perguntou:

— On... onde estã o me levando?

O homem que ela reconheceu falou em inglê s: — Signorina, nó s usamos você antes como um aviso para seu amigo, o signor conde. Ele nã o ligou para nosso aviso. Entã o somos forç ados a usar você de novo. Só que desta vez nã o haverá enganos. O signor conde vai pagar por todos os seus erros.

Emma mordeu os lá bios. — Você s sabem que eu nã o tenho a mais leve idé ia do que estã o falando?

— Oh, sim, nó s entendemos isso, signorina. Mas você será a isca da armadilha que estamos preparando para seu amigo, e se você vai sair dela, com vida ou nã o, é uma coisa que pouco interessa para nó s. No momento, sua vida nã o está em perigo... ainda. Nã o somos sá dicos, signorina. Nã o temos nada a discutir com você. Mas se o conde Cesare nã o obedecer aos nossos comandos, entã o talvez você tenha que pagar o preç o, tanto quanto ele!

Emma sacudiu a cabeç a. — Eu vou desaparecer?

— Sim, vai desaparecer — concordou calmamente o homem. — essa é a idé ia.

Emma esfregou a cabeç a com cuidado, entã o outro pensamento surgiu. Anna nã o estaria pensando que ela havia decidido ir embora sozinha? — Signore! — ela exclamou. — Isso nã o é assim tã o simples como pensam. Ningué m vai pensar que desapareci.

— Nã o tente fazer nenhum jogo comigo, signorina.

—- Nã o estou brincando. Nã o entende? Eu estava fugindo de lá... Apenas Anna, a empregada, e Giulio, seu marido, sabiam de meus planos. Eu queria sair de lá, ir embora, escapar do palá cio. Tinha decidido fazer isso antes que algué m acordasse. Anna sabia disso. Provavelmente ela vai dizer ao conde que eu decidi retornar à Inglaterra. Eu nã o significo nada para ele. Por que ele ia se importar se eu fosse embora? Ele nã o vai se aborrecer com isso nem me procurar.

Os dois homens trocaram olhares, avaliando a histó ria, pensando se ela dizia a verdade. — É a verdade! — exclamou Emma. — Acham que eu iria mentir sobre uma coisa como essa?

Os homens falavam impacientemente em italiano. O diá logo era rá pido demais para que ela entendesse, alé m disso, sua cabeç a doí a horrivelmente e ela nã o podia se concentrar e tentar entendê -los. Ela queria apenas deitar de novo e fechar os olhos, mas isso era uma coisa que nã o podia fazer, de jeito nenhum. Entã o ficou sentada, olhando fixamente a á gua que batia nas casas nos lados do canal. Estavam passando agora por uma parte da cidade bem pouco agradá vel e Emma pensava se acharia o caminho de volta nessa confusã o de vielas, caso tivesse uma chance de escapar. Alguns minutos depois a lancha virou, passou por um arco baixo e todos tiveram que abaixar as cabeç as, até que saí ram em um porã o, similar ao que havia debaixo do palá cio Cesare. Os homens amarraram a lancha e mandaram Emma sair. Ela fez isso com pernas bambas e esperou, enquanto os homens cochichavam entre si. Depois mandaram que subisse as escadas, até uma porta alta.

Emma subiu, apesar de suas pernas mal terem forç a para mantê -la em pé. Ela nunca tinha sonhado em se ver envolvida numa situaç ã o como essa. Parecia um sonho, mas o pior é que era bem real. Emma estava aterrorizada. Nã o havia dú vida de que o conde e esses homens estavam envolvidos em assuntos ilegais e, assim sendo, tinha todos os motivos para estar alarmada. Alé m disso, os canais de Veneza eram muito ú teis para se fazer desaparecer um corpo.

Na porta, eles pararam, e um dos homens bateu um rá pido có digo, dando um sinal para quem estava lá dentro. Um homem barbudo apareceu e abriu a porta. Emma entrou em um largo aposento, de chã o de pedra. Em cima de uma mesa comprida, no centro da sala, havia pã o, manteiga, carne e vinho. Ao redor estavam sentados vá rios homens, a maioria dos quais de barba, enquanto que na cabeceira estava sentado um gordo de olhos pequenos encravados no rosto rechonchudo, vestindo roupas largas, Ele batia impacientemente seus dedos cheios de ané is na madeira da mesa. Quando viu Emma, seus olhos brilharam. — Esta é a garota?

Os italianos agora falavam inglê s. Parecia que o homem nã o falava a lí ngua deles e em inglê s todos se entendiam. — Sim — disse o homem que tinha falado com Emma. — Esta é a garota. Infelizmente as coisas nã o sã o simples como pensamos.

— Por quê? — O homem franziu as sobrancelhas.

— Parece que ela estava fugindo de lá. Os empregados sabiam que ela estava indo embora e acho que vã o dizer ao conde que ela voltou à Inglaterra.

— Entã o algué m precisa dizer a verdade a ele.

— Sim, mas a idé ia era de que o conde tentaria resgatar a moç a e fazendo isso cairia em nossa armadilha. Honestamente, você imagina que ele vai cair no laç o quando sabe para que é?

O homem bateu com o punho fechado na mesa. Emma deu um pulo, assustada. — Silê ncio! Eu tomo as decisõ es aqui! Nã o sei se você está certo ou nã o. Diabos, mulher! Por que tinha que escolher logo hoje para fugir?

Emma nã o respondeu. Nã o confiava em si para falar uma palavra, e nã o havia nada que pudesse dizer. Estava muito consciente do que podia lhe acontecer. Havia um total de quinze homens ali e se Cesare tentasse vir resgatá -la, nã o teria uma chance sequer. Nem trê s homens, supondo que Giulio e o doutor Domenico o acompanhassem, poderiam contra tantos inimigos! Pelo jeito eles nã o a consideravam um risco. Ela nã o foi amarrada ou trancada, como sempre havia lido nos livros de aventuras. Foi apenas deixada de pé sozinha e tremendo, imaginando o que o destino lhe teria reservado.

— Bem, vamos correr o risco — disse finalmente o homem. — Nã o adianta ficar aqui esperando. O conde Cesare deve saber com quem está lidando. Eu nunca confiei completamente nele. Um homem que vende sua integridade por algumas relí quias velhas, deve ser completamente louco. — Ele riu com desprezo. — Imaginar que ele seria capaz de tomar conta desta organizaç ã o, que eu, Sidi Ben Mouhli, comecei! Isso é ridí culo! — E virou-se para Emma. — O que quer que aconteç a, minha cara, nó s precisamos conhecer melhor um ao outro, nã o acha?

Emma olhou em volta. Se ela pudesse fugir dali! Morrer nas á guas frias do canal seria muito melhor do que ter que enfrentar aquele homem!



  

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