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CAPÍTULO VIII



 

 

Antô nio ficou para o jantar, que foi bastante informal. E Celeste usou de todo o seu charme para monopolizar as conversas. Ela ainda nã o tinha tido oportunidade de conversar a só s com Emma, mas a garota estava convencida de que a hora logo ia chegar. Celeste nã o ia permitir que ela passasse um dia inteiro na companhia de Cesare sem sofrer as conseqü ê ncias, que seriam, com certeza, extremamente desagradá veis. Mas tinha valido a pena, apesar do infeliz final da tarde. Pela manhã tudo tinha sido delicioso, e eles pareciam estar perfeitamente sintonizados um com o outro.

Emma tomou a deliciosa sopa de peixe que Anna preparou com tanto capricho quase sem sentir o gosto. Nã o melhorou sequer ao comer o filé com salada. A confusã o em sua cabeç a era tanta que lhe roubava o apetite. Ela estava usando um vestido que Celeste tinha comprado, e que a fazia parecer horrí vel. Seu cabelo estava preso na nuca por um elá stico e ela se achou particularmente feia e sem graç a.

Em contraste, Celeste estava linda, viva e excitante, com um belí ssimo conjunto de calç a e tú nica de seda amassada azul.

Quando terminaram de comer, a condessa levantou: — A noite está apenas começ ando, Cesare. — Ela sorriu para Celeste, — Como estã o ambos em trajes de noite, porque nã o vã o até o cassino? O Lido é muito agradá vel em uma noite linda como esta.

Celeste se animou mais ainda.

— Ah, sim, Vidal! Podemos ir? Antô nio ficou desapontado.

— Mas... vovó! Eu nã o estou com roupa de noite e nã o posso ir! Certamente Cesare, em vez disso podí amos ir danç ar um pouco. — Antô nio se dirigiu ao conde.

— Podí amos... — respondeu Cesare secamente, acendendo um charuto. — Mas nã o tenho a menor intenç ã o de fazer isso.

— Antô nio, por que nã o leva Emma? — a condessa sugeriu e Emma ficou irritada.

— Oh, nã o! — ela começ ou a protestar. — Eu... eu... preferia ir outro dia, se ningué m fizer objeç ã o. . .

Antô nio, que obviamente nã o estava nem um pouco interessado em sair com uma garota tã o mal vestida e sem graç a, deu um suspiro de alí vio, mas a condessa insistiu.

— Bobagem, Emma! Você está em fé rias. Nã o quero que vá dormir cedo. Antô nio, você concorda, nã o é mesmo?

— É... — murmurou Antô nio sem nenhum entusiasmo e o rosto de Emma quase pegou fogo, també m por ter percebido o olhar de Cesare. Depois de um longo momento, ele disse asperamente.

— Entã o vamos, Celeste. Antô nio tem sua pró pria lancha. Nó s iremos ao cassino.

Depois que eles saí ram, Emma começ ou a protestar de novo, mas foi inú til. A condessa sabia ser persistente quando queria e Emma nã o teve jeito senã o concordar.

— Eu... entã o eu vou escovar os dentes primeiro — ela disse encabulada e saiu da sala.

Em seu quarto estudou-se no espelho, criticamente. Nã o era à toa que Antô nio hesitava em sair com ela. Seu vestido cor-de-rosa claro chegava aos joelhos e caia reto pelo seu corpo, sem nenhuma elegâ ncia ou graç a. Seu cabelo puxado para trá s, chamava a atenç ã o para sua testa um pouco larga.

Ela bufou irritada e arrancou o elá stico dos cabelos. Nã o ia ficar mais parecendo uma bruxa. Se era idé ia de Celeste fazer sua enteada parecer o mais insignificante possí vel, ela ia ficar desapontada. Afinal de contas, se conseguisse tirar o conde de sua cabeç a, Antô nio Vencare, que era um rapaz muito atraente, podia muito bem ser sua companhia, ajudando a apagar todos os sonhos impossí veis de sua cabeç a. Mas ningué m podia esperar que Antô nio se mostrasse interessado por uma deselegante adolescente, quando era evidente que as mulheres deviam chover à sua volta.

Com decisã o, ela tirou o vestido cor-de-rosa e abriu a porta de seu enorme armá rio. O que poderia haver ali que ela pudesse usar? Algo que nã o fosse muito fora de moda ou muito velho?

Alé m dos que Celeste comprou, havia outros dois. Um azul-escuro que, embora moderno, era mais um vestido para o dia e um de veludo cor de damasco, que ela já tinha usado anos e anos, mas que continuava usando quando ia a alguma festa. Decidiu pelo de veludo. Era simples, mas elegante e ficava muito bem nela: tinha um belo decote, redondo na frente e em vê atrá s, mangas trê s quartos, e justo, na altura dos quadris. Colocou um broche antigo que pertencera à sua mã e, ao lado do decote e escovou os cabelos deixando-os soltos e brilhantes.

Improvisou uma maquilagem leve, sombreando levemente os olhos verdes. Seu rosto estava naturalmente colorido pelo sol que tomou durante o dia e dispensava realces. Pelo menos agora, ela se sentia mais como a Emma Maxwell que tinha sido antes.

Saiu do quarto ligeiramente nervosa e ficou satisfeita ao ver a expressã o admirada de Antô nio.

— Emma... você...

A condessa entã o olhou para ela.

— Ora veja, Emma, você está muito atraente! — A expressã o dela era de espanto, assim como a de Antô nio, e Emma entã o confirmou que realmente deveria ter estado horrí vel antes.

— Estou bem? — ela perguntou, saboreando seu triunfo. Antô nio pegou-a pela mã o.

— Você está encantadora! — disse, sorrindo ternamente. — Agora, onde deseja ir?

Eles foram a um pequeno clube noturno, um lugar relaxante, onde a mú sica era moderna mas suave e o show excelente: um pistonista e uma cantora faziam um dueto. Eles voltaram ao palá cio perto de uma e meia da manhã, cansados, mas contentes e Emma nã o mostrava mais nenhum vestí gio da garota infeliz do jantar.

Era tarde e Antô nio deixou-a ao pé da escadaria que subia para os apartamentos. Beijou-a gentilmente, antes de dizer arrivederci. Emma subia as escadas devagarinho, pensando como seria delicioso cair na cama agora. Seus pé s doí am de tanto danç ar e o vinho que bebeu lhe dava a sensaç ã o de flutuar sobre nuvens. A escada parecia longa e ela se segurava no corrimã o, sorrindo para si mesma. Ouvindo um ruí do leve, olhou para trá s, mas tudo estava quieto. Emma apressou seus passos, inconscientemente, como se algué m estivesse lá embaixo, olhando para ela. Tropeç ou, respirando depressa ao subir os degraus restantes. Chegando ao topo, empurrou a porta de entrada do salã o e encontrou a luz acesa, mas ningué m lá dentro. Fechou a porta e virou a chave na fechadura. Entã o apoiou-se sobre uma cadeira, recuperando o fô lego. Provavelmente estava sendo estú pida, sentindo medo à tola, mas depois do dia que tinha passado, seu nervosismo era mais do que natural. Seguiu pelo corredor e entrou em seu quarto dando graç as a Deus. Olhou ao redor, examinando suas coisas, mas tudo estava como ela havia deixado.

Entã o suspirou aliviada. Tirou o vestido, lavou rapidamente o rosto e caiu na cama. Ainda ouviu por segundos o murmú rio das á guas do canal que batiam suavemente contra as velhas paredes do palá cio e logo suas pá lpebras caí ram pesadamente. Nã o dormiu muito tempo, pois acordou com fortes batidas. Abriu os olhos assustada, imaginando o que poderia estar acontecendo. Entã o se lembrou que tinha trancado a porta de fora e parecia que o conde Cesare e Celeste ainda nã o tinha entrado.

Saiu rapidamente da cama, vestindo depressa um penhoar e sentiu-se meio ridí cula correndo pelo amplo salã o para destrancar a porta.

Um certo pressentimento de desastre fez Emma olhar ao redor e seus olhos se arregalaram de horror. O conde estava ferido; sangue escorria de seu ombro, e toda frente de sua imaculada camisa branca estava ensopada de sangue.

— O que houve? — Emma nã o hesitou. Sua experiê ncia de enfermagem a fez agir imediatamente e ela foi na direç ã o dele, ajudando-o a tirar o paletó com o má ximo cuidado.

Mas o conde nã o queria sua ajuda.

— Chame Giulio — ele ordenou, apertando os dentes quando o movimento fez abrir mais o ferimento. — Nã o brinque com coisas que nã o conhece.

— Mas eu conheç o. . . — Emma começ ou a dizer, mas Celeste a interrompeu com voz cortante.

— Emma, nã o discuta! Faç a o que o conde Cesare manda! Emma apertou os lá bios, olhando desesperada para a ferida, agora visí vel, pois o conde tinha aberto a camisa com cuidado.

Correu até a cozinha. Ela sabia que o ferimento precisava levar pontos e que ele precisava de assistê ncia mé dica, algué m capaz de lidar com aquele tipo de ferimento. Mas tudo o que ele pedia era ajuda de Giulio. O que podia Giulio fazer? Giulio ajudou seu patrã o a ir para o quarto e a porta foi firmemente fechada diante das trê s mulheres, pois Anna tinha se juntado a eles. A velha condessa nã o tinha acordado, o que era ó timo, naquelas circunstâ ncias.

Emma acendeu um cigarro, entã o olhou para Celeste.

— Como... quero dizer... o que aconteceu?

Celeste arrumou sua echarpe cuidadosamente, tragando profundamente seu cigarro. Ela parecia pá lida e perturbada e Emma pensou que era a primeira vez que via Celeste dessa maneira. Ela a tinha visto zangada muitas vezes, mas nã o assim nervosa e apreensiva.

Celeste balanç ou a cabeç a.

— Aconteceu tudo tã o depressa! — ela disse, como se falasse consigo mesma. — Nó s tí nhamos apenas entrado no hall de baixo, quando um homem pulou sobre o conde Cesare por trá s e o esfaqueou. Eu nem consegui gritar, fiquei petrificada! Eles lutaram, mas estava tã o escuro. .. e o homem estava armado enquanto que Vidal... — Ela estremeceu. — Foi terrí vel! É tã o sem sentido uma coisa dessas!

— Um ladrã o! — Anna disse firmemente, cruzando os braç os. — Nã o há nada lá embaixo que um ladrã o possa querer. — Emma comentou, lembrando de sua pró pria sensaç ã o de perigo um pouco antes, quando subiu as escadas. Mas se era assim, se ela havia inconscientemente sentido a presenç a de algué m, o que o homem ficou fazendo? Se fosse simplesmente um ladrã o, ele teria tido tempo bastante para fazer seu serviç o até a chegada de Cesare e Celeste. Isso nã o fazia sentido. O homem devia estar esperando pelo conde. Mas por quê? Sua cabeç a nã o tinha encontrado as razõ es e ela deu um suspiro de desâ nimo. Parecia haver vá rias coisas que ela nã o podia entender, como as inexplicá veis ausê ncias do conde nessa tarde e també m na tarde anterior. Celeste virou-se para Emma e seus olhos estavam gelados. Ela jogou fora seu cigarro, dizendo:

— Venha, Emma. Quero falar com você.

Ela podia adivinhar qual era o assunto. Tinha chegado a hora.

— Mas o conde. . . — ela começ ou, olhando para Anna.

— Anna irá nos avisar se houver alguma coisa que possamos fazer — disse Celeste. — Nã o é Anna?

— Nã o vai haver nada, madame. Giulio pode tomar conta de tudo.

Celeste sorriu para Anna e acenou, despedindo-se.

— Boa noite, signorina... madame... — Anna inclinou a cabeç a e saiu da sala.

Celeste foi andando depressa para o quarto com evidente mau humor, na certa decidida que, tã o logo se tornasse a condessa Cesare, Anna iria embora. Emma a seguiu. Estava muito cansada para enfrentar uma cena com Celeste a essa hora da madrugada. Alé m de tudo, estava muito preocupada com o conde. Um ferimento assim podia infeccionar facilmente se ele nã o tomasse antibió ticos logo. Giulio nã o tinha os conhecimentos necessá rios para isso, pensou ansiosa. O enorme quarto de Celeste estava uma bagunç a total: roupas, sapatos e bolsas cobriam as cadeiras, armá rios estavam com as portas abertas e dentro nã o havia uma peç a em ordem.

— Agora— ela disse, depois de fechar a porta —, sabe sobre o que quero falar com você, nã o sabe?

— Posso adivinhar.

— Nã o seja impertinente, menina. Apenas lembre-se que tenho meios de fazer com que se arrependa de ter me traí do.

— Ah, Celeste! — exclamou Emma. — Eu queria tanto sair um pouco e quando o conde Cesare me convidou... — Sua voz sumiu.

— A verdade é que nã o aguentava de vontade de ir com ele. Nã o pense que me engana, Emma! Eu conheç o você muito bem. Você é transparente, e está bastante claro que imagina estar apaixonada pelo conde Vidal!

— A. .. apaixonada? — repetiu Emma. — Eu? Nã o seja ridí cula1

— Nã o sou eu que estou sendo ridí cula. Tenho visto muitos casos de adolescentes se apaixonando por homens de meia-idade e Vidal ainda está longe disso. Eu nã o culpo você. — Celeste procurou um cigarro. — Ele foi uma surpresa para mim, tanto quanto foi para você. De fato, chego a pensar que mesmo que ele nã o fosse conde, assim mesmo me casaria com ele. Penso que pela primeira vez estou apaixonada.

Emma virou-se para sair.

— Bem. . . isso é tudo?

— Nã o. . diabos, nã o é! Eu ainda nã o terminei. Quero que saiba que se tentar fazer de novo o que fez hoje, vou achar um meio de humilhar tanto você, que vai desejar nunca ter nascido!

— Oh, Celeste — Emma pediu. — Se você sente isso por mim, por que nã o acha um jeito de me mandar para casa?

Celeste sacudiu a cabeç a.

— Nã o, isso nã o funciona. Nã o há razã o vá lida para que eu possa convencer a condessa. Ela acredita que nã o quero me separar de minha querida e doce enteada, mas tanto quanto eu, pode ver que você está indo longe demais. Tenho certeza de que foi por isso que providenciou a vinda de Antô nio, para desviar sua atenç ã o do conde.

— Nã o pode estar falando sé rio!

— Estou sim! A condessa pode ser velha, mas nã o está caduca e está sabendo muito bem que o conde nã o consegue resistir a uma mulher, especialmente quando ela se oferece a ele livremente. .. bem... ele é homem e é també m um ser humano. — Ela sorriu com maldade. — Pobre Emma, você nã o pode estar pensando seriamente que um homem como ele se interessaria por você!

— Você é desprezí vel, Celeste! Nã o posso imaginar o que foi que meu pai viu em você para amá -la!

— O que isso importa agora? Ele era um homem solitá rio e se uma pessoa é solitá ria está aberta a qualquer coisa. E eu posso ser bastante persuasiva, você sabe!

— E como sei! Infelizmente!

Celeste agora se divertia com a situaç ã o. Retomava sua autoconfianç a e sentia-se forte para enfrentar Emma.

— Agora vá! Nã o quero ver mais você. Está começ ando a me aborrecer. E se aquela criatura, Anna, tentar se aliar a você, ela vai saber que a forç a da minha influê ncia nã o deve ser ignorada assim.

Emma saiu, sentindo-se enojada. Suas emoç õ es seriam tã o evidentes assim? Celeste teria adivinhado alguma coisa atravé s de suas reaç õ es, que ela mesma ainda relutava em admitir? Sofria ao se imaginar encarando o conde depois dessa conversa e. .. principalmente depois das palavras odiosas que ele tinha lhe dito na lancha. A vida tinha se tornado de repente muito complicada para Emma, e ela desejava de todo coraç ã o nunca ter concordado em vir para a Itá lia com Celeste. Ela devia saber que Celeste nã o podia mudar do dia para a noite. Fora ingê nua demais e o preç o que pagava por essa ingenuidade já estava pesando demais!

Ela se jogou na cama, pensando no que estaria acontecendo a Cesare; se Giulio estaria com ele ou se tinham chamado um mé dico. Isso parecia pouco prová vel, pois seu sexto sentido lhe dizia que havia razõ es para o incidente ser abafado.

Tudo era muito estranho, mas tivera um dia cansativo e caiu no sono quase imediatamente. Um sono profundo e sem sonhos, do qual nã o acordou antes do meio-dia.



  

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