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CAPÍTULO IV



 

 

Para alí vio de Emma, Celeste nã o estava no salã o quando eles entraram, mas a condessa lá estava e sorriu, dizendo: — Ah, vejo que já se conheceram. Cesare, nã o é hora de você mudar de roupa para o almoç o?

O conde estava usando calç a preta e uma camisa de seda branca aberta no pescoç o, que revelava os pê los negros de seu peito, que para Emma parecia tã o atraente como na noite anterior. Ela se repreendia pela pró pria ingenuidade: um homem como aquele jamais se interessaria por ela. Nã o era nenhum rapazinho imaturo, mas sim um homem do mundo, um homem que alé m de tudo, tinha idade suficiente para ser seu pai.

— Como quiser, condessa — ele murmurou.

Emma corou, passando a mã o desajeitadamente pela calç a jeans. — Creio que també m tenho que mudar de roupa — disse.

— O que esteve fazendo, menina? — A condessa se dirigia carinhosamente a ela.

— Estive andando pelo palá cio. Creio que este deve ter sido um lugar maravilhoso no passado. — Sentiu-se horrí vel, percebendo o que suas palavras queriam dizer. — Isto é... nos dias quando se vivia luxuosamente.

— Eu compreendo, filha — replicou a condessa. — Nã o tenha receio de me dizer que o palá cio está caindo aos pedaç os por negligê ncia nossa. Meu neto nã o liga para as coisas do passado; ele vive no presente.    

Ele estava de pé, ouvindo a conversa, e nã o parecia nem um pouco constrangido com o comentá rio da avó. Pelo contrá rio, ele se divertia, — Você deve ter compreendido que minha avó está muito ansiosa para que o palá cio seja restaurado — ele comentou com clara ironia. — Para ela, as coisas sã o muito mais importantes do que as pessoas. Eu considero que um ser humano precisa apenas de um lugar para viver, comida para comer e a luz do sol para se aquecer. — Ele ria, atraente, enfurecendo sua avó.

— E dinheiro? E sobre dinheiro, Cesare? Você é a ú ltima pessoa neste mundo que pode viver sem dinheiro.

Cesare levantou os ombros. — Condessa, na verdade você sabe muito pouco a meu respeito. Os homens mudam, você sabe, amadurecem, tornam-se adultos, ganham experiê ncia.

— Ah! — Entã o a condessa desandou a falar em italiano e, gesticulando com impaciê ncia, saiu intempestivamente da sala, indo para seu quarto.

O almoç o foi servido no terraç o que tinha vista para o canal, com um sol morno batendo sobre eles e o delicioso aroma de comida vindo da cozinha. Emma sentiu-se um pouco mais relaxada. Tinha trocado a calç a jeans por um vestido azul de crepe, que comprara muito antes de Celeste ter reaparecido, e que sabia, ia bem com sua pele clara. Tinha també m escovado seus cabelos até que brilhassem, caindo soltos sobre seus ombros, como fios de ouro.

Mesmo assim nã o podia ser considerada senã o insignificante comparada com a gloriosa beleza de sua madrasta, que estava sentada à esquerda da condessa, na cabeceira da mesa. Celeste usava um vestido amarelo, drapeado na blusa. Um cordã o com um grande brilhante solitá rio descansava no espaç o entre seus seios e brincos de brilhantes pendiam curtos de suas orelhas, faiscando ao menor movimento.

O conde Cesare, sentado do lado oposto, nã o podia deixar de sentir seus olhos irresistivelmente atraí dos por essa jó ia e pela pele acetinada. Emma notava isso, remexendo inquieta o delicioso risotto em seu prato. Ela nunca tinha sentido antes emoç õ es como aquelas que o conde agora despertava nela. Tivera vá rios namorados durante os ú ltimos anos, mas nunca havia se envolvido num caso mais sé rio. Nã o se considerava uma mulher sexualmente madura até aquele momento. Provavelmente o clima româ ntico de Veneza encorajava as pessoas a pensarem continuamente em amor e amantes, pensou. Era um tanto assustador para uma pessoa tã o comum como ela, ser subitamente transportada para esse tipo de ambiente. Embora tentasse resistir, seus olhos nã o a obedeciam e fixavam o conde tã o intensamente que ele de repente virou-se e olhou em sua direç ã o. Ela abaixou logo a cabeç a, traindo-se, e começ ou a juntar os grã os de arroz e cogumelos que ainda restavam em seu prato.

Quando o almoç o terminou, Celeste anunciou que ia fazer sua sesta, como de costume. E como a condessa ia fazer o mesmo, Emma pensou em fazer suas compras, completamente esquecida de que na Itá lia as lojas fecham entre uma e quatro da tarde. Pegou sua bolsa, trocou seus sapatos por sandá lias mais confortá veis e depois de avisar Anna que ia sair um pouco, desceu as escadas, até o hall de baixo.

Ficou surpresa quando uma pessoa saiu das sombras debaixo da escada e disse: — Bene... e agora onde está indo? Ela estremeceu.

— Fazer umas compras, signor conde. Eu gostaria que nã o me assustasse assim todas as vezes.

Ele sorriu e segurou-lhe levemente o braç o.

— As lojas estã o fechadas e está muito quente para ficar andando por aí. Sugiro que venha comigo. Vou lhe mostrar as maravilhas da lagoa.

Emma arregalou os olhos. — Você! Quero dizer, por quê?

— Porque quero e costumo sempre fazer o que quero!

— Realmente eu. . . — Emma o encarava meio encabulada. Podia perfeitamente admirá -lo à distâ ncia, mas nã o podia negar que ficar perto dele era um pouco demais para ela. Tinha medo de nã o ressistir ao magnetismo dele e, acima de tudo, tinha certeza de que Celeste nã o ia aprovar isso. O conde pegou entre os dedos uma mecha de seus cabelos e disse:

— Você está querendo vir. Entã o, por que nã o? Se está preocupada com sua madrasta, prometo nã o contar a ela.

— Em outras palavras, você quer uma saí da clandestina comigo entre um e outro de seus encontros apaixonados com Celeste! É isso?

Ele apenas sorriu e ignorando o comentá rio, empurrou-a de leve em direç ã o à porta. Emma deixou-se levar; era mesmo difí cil resistir.

— Mas que. . . como é que você s dizem?. . . que criatura antiquada você é com essa conversa de " saí das clandestinas" e " encontros apaixonados". Que interesse isso pode ter para nó s, mia cara, nesta deliciosa tarde? Venha, nã o vai se recusar, vai? Afinal de contas, srta. Emma Maxwell, nó s nos conhecemos ontem à noite, nã o foi? Pois hoje eu liguei para seu hotel para expressar de novo minhas desculpas e me oferecer para acompanhá -la, se desejasse sair para conhecer minha cidade.

— Nã o acredito em você! Por que iria fazer uma coisa dessas?

Ele sorriu e nã o respondeu. Cruzaram o pá tio e chegaram aos degraus de embarque.

— É. .. estou mesmo começ ando a me perguntar por quê — ele comentou baixo Entã o Emma olhou para ele e sorriu, incapaz de resistir ao tom brincalhã o.

Era bem alto e Emma, acostumada com homens da sua altura, achou bom ter que levantar os olhos quando olhava para ele.

Um barco a motor balanç ava na plataforma flutuante e ele apontou, dizendo: — Este é meu. Se importa se formos nele em vez de usar uma gô ndola? Eu prefiro sair sem algué m por perto para ouvir a nossa conversa.

Emma ficou tentada a fazer um comentá rio, mas nã o fez. Apenas permitiu que ele a ajudasse a entrar na pequena lancha, e esperou enquanto ele entrava ao seu lado. Ficou ao lado dele na proa do barco, maravilhada com a rá pida mudanç a do cená rio. Cesare apontava os lugares mais interessantes, demonstrando ser excelente conhecedor da histó ria da cidade, o que desmentia os comentá rios de sua avó.

Viram a igreja de Santa Maria delia Salute, o Ca'd'Oro, o Gritti Palace Hotel, que tinha sido um palá cio gó tico e era agora um dos mais luxuosos hoté is de Veneza; ele sabia o nome de todos os palá cios pelos quais passavam e Emma, que nunca tinha sonhado que pudessem ser tantos, apenas olhava e admirava, encantada com o esplendor de tudo. Passaram pela ponte Rialto e Emma viu as lojas alinhadas, com suas finas e exclusivas mercadorias expostas nas vitrines.

— É melhor visitar a ponte a pé — disse Cesare. — As lojas vendem de tudo que atrai os turistas: cristais de Murano, renda de Veneza, jó ias e brinquedos e toda a sorte de souvenirs.

— Tenho certeza que sim, mas admito que as lojas de turistas nã o me atraem muito. Gostaria de ir a lugares menos. . . badalados.

— Está bem. — Cesare sorriu. — Se confia em mim, vou fazer como sugeri antes e lhe mostrar a lagoa.

— Confiar em você? Nã o compreendo.

Cesare virou a lancha para fora do canal principal, para entrar em um outro mais sombreado e estreito, que corria entre as pedras escuras das casas. Ali havia arcos cheios de trepadeiras que levavam até pá tios internos, grades de ferro trabalhadas e portõ es de jardins. Havia uma profusã o de treliç as e passagens e o pequeno barco balanç ava, entre troncos ou colunas caneladas.

— A maioria das ilhas da lagoa estã o desertas agora, desabitadas, você entende? É claro, ainda existem Murano, Burano, Torcello, mas eu penso que vamos deixá -las para outro dia, vó bene?

Emma olhou para seu reló gio de pulso.

— Já sã o mais de trê s horas, signore. Talvez seja melhor deixar també m a lagoa para outro dia, nã o?

Enquanto ele manobrava a lancha, Emma nã o pô de deixar de admirar os mú sculos salientes daqueles braç os fortes. Imaginava por que motivo ele nunca tinha se casado, pois devia haver mulheres em fila atrá s dele e de seu tí tulo. Subitamente eles deixaram o emaranhado de canais para chegar até a á gua brilhante da lagoa, tã o azul quanto o cé u, que ao longe se misturava com o horizonte. Foi uma paisagem tã o inesperada e bonita, que Emma suspirou de admiraç ã o.

Cesare desligou o motor do barco e por algum tempo boiaram na corrente, deixando para trá s as torres e igrejas das ilhas agrupadas de Veneza. Havia poucos barcos nessa hora da tarde e eles pareciam estar sozinhos no mundo azul, em uma solitá ria e silenciosa irrealidade.

— Gostou?

— Como eu poderia deixar de gostar?

Ela foi para a frente do barco e sentou-se nas almofadas macias que cobriam o assento de madeira. O conde seguiu-a e sentou-se també m ao seu lado, oferecendo um-cigarro. Emma recusou, agradecendo.

— Ainda nã o entendo por que você me trouxe aqui.

— Por que nã o? — Ele se recostou preguiç osamente. — Gostei de você.

— Conde Cesare... — ela disse, embaraç adí ssima.

— Cesare, apenas, soa muito melhor... — ele sussurrou.

— Bem... Cesare, entã o. Sei perfeitamente que Celeste é muito mais interessante do que eu. Entã o por que se incomodaria comigo? Por favor, nã o tente me fazer de boba, pois eu nã o sou!

— Nã o estou fazendo isso! Realmente gosto de você e queria ver como reagiria quando visse esta lagoa.

— Por que nã o trouxe Celeste?

— Você faz perguntas demais, menina — ele respondeu com mais firmeza agora. — Aceite os presentes quando os deuses os oferecem.

Emma deu as costas; para ele. Ela simplesmente nã o conseguia acreditar que esse homem, esse conde Vidal Cesare pudesse sentir um interesse repentino por algué m insignificante como ela e que, alé m do mais, pudesse prejudicar suas chances de sucesso com Celeste. Era ridí culo. Tinha que haver alguma razã o, mas ela nã o podia imaginar qual. Ele era muito mais do que atraente para uma mulher, e provavelmente seu convite para um drinque na noite anterior tinha sido uma reaç ã o natural de um italiano desejando mostrar sua amabilidade a uma turista inglesa, apenas isso. Que ele a tenha chamado ao telefone naquela manhã, como disse, era muito pouco prová vel. De repente, e sem saber por que, a tarde se tornou um tanto amarga. Emma sentia-se desapontada e infeliz.

Viu que ele estava distraí do, olhando a á gua como se estivesse perdido em seus pensamentos.

— Quer voltar agora? — ele disse, pouco depois.

— Penso que é melhor.

Ele limpou um pouco de cinza de sua calç a e levantou. Inesperadamente, segurou o queixo de Emma, fitando-a intensamente.

— Nã o se diminua, Emma Maxwell — ele disse suavemente. — Você é uma garota bonita e com os cuidados certos pode ser bastante atraente, sabia disso?

— Nã o sou uma garota! — ela respondeu com certa infantilidade, e ele levantou as sobrancelhas escuras.

— Nã o é mesmo? Talvez nã o, para os rapazes da sua idade, mas para mim parece incrivelmente jovem e ingê nua. Eu nem me lembro de um dia ter sido tã o jovem assim! À s vezes me sinto como se tivesse nascido velho.

— As mulheres amadurecem mais cedo do que os homens — respondeu depressa.

— Está bem, admito isso. Mas como já disse antes, Celeste é muito mais pró xima de mim, em idade.

— Eu nã o falei em idade — disse Emma, com o rosto queimando quando ele a soltou.

— Nã o, mas você é muito sensí vel — concluiu num tom enigmá tico, dando partida no motor.

Emma deu um profundo suspiro, levantou e foi para perto dele. — Diga-me honestamente. Por que me trouxe para cá hoje?

— Porque é uma garota e porque gosto de você.

— Essa é a ú nica razã o?

— O que quer que eu diga? — Ele sorriu. — Eu nã o me envolvo emocionalmente com adolescentes, nã o importa o que você possa ter ouvido de sua charmosa madrasta.

— Você nã o podia ter sido mais claro! — ela exclamou, quase chorando. — Oh, eu queria nunca ter vindo!

Cesare riu. — Você esperava ter um flerte comigo? Em seu coraç ã o, talvez você seja apenas outra turista que veio a Veneza para encontrar o romance de sua vida e depois voltar para a Inglaterra e merguthar na rotina de cada dia?

— É claro que nã o! Fiz uma revisã o de minha primeira impressã o sobre você, signor conde, pois tinha achado que era um cavalheiro.

Em pouco tempo, já estavam de volta aos intrincados e estreitos canais e logo depois chegavam ao ancoradouro do Palá cio Cesare. Emma nã o esperou pela ajuda dele para sair do barco, e pulou para fora, enquanto ele amarrava a corda. Cesare a alcanç ou quando ela já chegava ao pé da escada.

— Notei que está zangada comigo.

— Meus sentimentos por você nã o existem — ela respondeu subindo o primeiro degrau com dignidade, mas a sola de suas sandá lias estavam molhadas e ela escorregou para trá s, perdendo o equilí brio desastradamente. Teria caí do se ele nã o estivesse logo atrá s dela, pronto para evitar um acidente. Ela caiu contra ele, sentindo a firmeza de seu corpo. Os braç os dele a envolveram por um minuto, e suas pernas amoleceram. Nunca em sua vida ela havia experimentado tã o forte excitaç ã o. Emma percebeu pelo aumento do ritmo da respiraç ã o dele que o contato o tinha perturbado també m. Se ela tivesse se virado naqueles braç os, certamente teria encontrado a boca dele, pronta para receber a sua, e entã o teria sido terrivelmente difí cil resistir à tentaç ã o. Mas ela se soltou sem virar e ele se afastou abruptamente. Sem olhar de lado, Emma voou escada acima, e o forte bater de seu coraç ã o ecoava em seus ouvidos.

 

 



  

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