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CAPITULO VI



Passava de meio-dia, quando voltaram a Jamaica Hill.

Apesar da insistê ncia de Kate de que nã o havia neces­sidade, Alex havia esperado, até que ela e Joanne saí ssem da entrevista com o diretor.

Agora, olhando para o rosto pá lido de Kate, ele concluí a que fizera bem. O sr. Coulthard havia se mostrado intratá vel e Kate ficara muito abatida com a decisã o tomada por ele. Alé m disso, culpava-se pelo comportamento da filha e os esforç os de Alex e Joanne para convencê -la do contrá rio nã o haviam surtido efeito.

A reaç ã o de Joanne fora controlada e adulta, embora Alex suspeitasse que ela fosse se comportar de maneira muito di­ferente, quando estivesse sozinha em seu quarto. Era evidente que havia percebido o estado de â nimo da mã e e, por isso, guardara os pró prios sentimentos para si mesma.

Depois de deixarem a menina em casa, Alex esforç ara-se para convencer Kate de que era uma excelente mã e, mas nã o conseguira mostrar-lhe que o diretor nã o tivera alter­nativa, senã o suspender Joanne.

Deu-se conta de que nã o queria levá -la de volta ao es­critó rio, mesmo depois de ela ter afirmado que se sentiria melhor se trabalhasse. Alex concordara com a mã e de Kate, que lhe fora apresentada naquela manhã, em que ela deveria tirar o dia de folga, mas Kate recusara a oferta.

— Almoce comigo — ele convidou, quando atravessavam os portõ es.

— Ah... Nã o, obrigada. Tenho alguns biscoitos no escri­tó rio. Será o suficiente.

— Costuma comer biscoitos, no almoç o?

— Eu... Nã o. Na verdade, costumo comprar um sanduí ­che, quando a perua passa por aqui.

Uma firma de King’s Montford vendia sanduí ches em peruas, que percorriam a cidade e os arredores. Poré m, na­quela manhã, Kate nã o se encontrava em Jamaica Hill, quando a perua passara por lá.

— Entã o, por que nã o almoç a comigo? — Alex insistiu. — A sra. Muir ficará contente em ter uma convidada para sa­borear seus pratos. E você poderá me contar o que o sr. Coulthard pretende fazer com relaç ã o à s outras garotas envolvidas.

Kate suspirou.

— Está mesmo interessado em saber?

— Estou. Para ser sincero, gosto de Joanne.

— E ela gosta de você — Kate murmurou. — Bem, se sua governanta nã o se importa...

— A casa é minha — Alex lembrou-a com um sorriso, estacionando diante da mansã o. — Venha. Acho que uma bebida lhe fará bem.

 Uma vez dentro da casa, Alex notou que Kate olhava em volta com interesse e, pela primeira vez em muitos anos, perguntou-se qual seria a opiniã o de outra pessoa sobre o lugar onde vivia.

Agnes Muir foi recebê -los. Alta e magra, sem qualquer semelhanç a com as governantas gorduchas e bonachonas descritas em livros, a sra. Muir era leal e generosa, e sofrera muito quando Rachel fora levada pelos avó s.

— Ah, o senhor chegou! — exclamou, sem esconder a curiosidade com relaç ã o à presenç a de Kate. — A sra. Sheridan já telefonou vá rias vezes. O senhor nã o prometeu que iria ver o novo potro dela?

— Droga! Eu havia me esquecido. — Percebendo a ex­pressã o de dú vida no rosto de Kate, Alex acrescentou, — Nã o há motivo para preocupaç ã o. Se ela ligar de novo, ex­plicarei que tive de sair.

— Se preferir... — Kate começ ou, mas ele a interrompeu:

— Nã o. — Entã o, segurou-lhe o braç o para conduzi-la até a governanta e ficou profundamente irritado quando Kate retirou o braç o da mã o dele com um gesto brusco. Poré m, nã o poderia esclarecer a reaç ã o naquele momento e, assim, tratou de fazer as apresentaç õ es: — Sra. Muir, esta é Kate Hughes, que trabalhava com Sam. Eu a convidei para almoç ar comigo. Algum problema?

— Nenhum problema — Agnes declarou, deixando claro que gostava de Kate. — Servirei o almoç o dentro de meia hora.

— Obrigado.

O agradecimento foi pronunciado com voz tensa, mas Alex nã o pô de evitar. Até segundos antes, nã o se dera conta de quanto a confianç a de Kate significava para ele, mas a ma­neira brusca como ela se esquivara ao seu toque o atingira como um golpe fí sico.

Tratou de controlar os sentimentos e levou-a para a bi­blioteca, o aposento de que mais gostava.

— O que quer beber? — perguntou, dirigindo-se ao bar.

— Suco de laranja.

Kate permaneceu junto à porta aberta e Alex pergun­tou-se se ela temia que ele a atacasse, caso ficassem sozi­nhos. Disse a si mesmo que seria capaz de fazê -lo, somente para castigá -la pela maneira como o tratara há pouco, mas ao perceber a ansiedade no semblante dela sentiu a raiva se dissipar.

Encontrou a garrafa de suco de laranja, encheu um copo e estendeu-o para ela, tomando cuidado para que seus dedos nã o se tocassem. Se Kate pensava que ele a convidara para tirar alguma vantagem, estava enganada. Sentira pena dela, só isso. Teria feito o mesmo por qualquer outra pessoa.

Como Alicia...

Franziu o cenho ao lembrar-se da mulher que també m o enganara. Nã o queria pensar nas mentiras que ela lhe contara, como a histó ria sobre o marido espancá -la, ou o medo que ela tinha de continuar morando em sua pró priu casa. Agora, Alex sabia que deveria tê -la encaminhado ao serviç o social, ou a uma daquelas instituiç õ es do proteç ã o à mulher, mas nunca ter lhe oferecido acomodaç ã o temporá rias em sua casa.

Tal lembranç a levou-o a encarar Kate com simpatia ainda menor. Perguntou-se se ela també m nã o estaria ali apenas para se aproveitar dele. Afinal, nã o ficara totalmente satisfeito com os motivos que ela havia alegado para trabalhar ali.

— Sua casa é muito bonita — ela comentou, enquanto ele se servia de uma cerveja. — É antiga?

— Algumas partes foram construí das no sé culo dezessete. Felizmente, meu avô decidiu modernizar a mansã o. Do con­trá rio, morrerí amos de frio, aqui dentro.

Kate sorriu.

— Adoro lareiras — disse, apontando para o fogo. — Em nosso apartamento, só temos aquecimento elé trico.

— Você mora com sua mã e e sua filha?

— Sim. Eu nã o teria conseguido... trabalhar, sem a ajuda de mamã e.

Alex teve a impressã o de que Kate estivera prestes a dizer outra coisa, mas logo descartou a idé ia, pois era ó bvio que, quando Joanne era menor, ela precisara de algué m que cuidasse da menina.

— Sente-se — convidou-a, apontando para uma poltrona de couro.

Ela aceitou com certa relutâ ncia.

— Invejo a sua biblioteca. Sempre gostei muito de ler. Espero que Joanne adquira o há bito, també m.

Alex sentou-se no sofá.

— Nã o creio que você deva se preocupar. Talvez a sus­pensã o da escola acabe se tornando algo positivo.

— Como pode dizer isso?

Era evidente que Kate nã o se controlava, quando o as­sunto dizia respeito à filha. Observando o brilho nos olhos dela, Alex perguntou-se se eles també m brilhariam, quando ela fazia amor.

— Eu apenas quis dizer que Joanne terá tempo de re­considerar suas opç õ es — explicou. — E, se Coulthard a colocar em outra classe, no pró ximo ano, ela terá um novo começ o.

— Talvez tenha razã o.

— Ora, ele tinha de tomar uma atitude, Kate! Furto é um delito grave. Se ele nã o a punisse, també m nã o poderia punir as outras meninas.

— Ele nã o sabe quem sã o as outras! Joanne se recusou a delatá -las.

— Pois aposto que ele sabe quem sã o e que vai ficar de olho nelas. As colegas de Joanne nã o vã o escapar ilesas.

— Gostaria de ter a mesma certeza — Kate admitiu. — Mas você está certo. Joanne merecia ser punida. O problema é que nã o sei o que fazer.   

— Pelo menos, você nã o passa noites acordada, imagi­nando que mentiras estã o contando à sua filha, sobre você. Acredite, nã o há coisa pior.

Kate estudou-o por um momento.

— Está falando da sua filha, nã o está?

— Sim. Rachel. Você deve saber que ela vive com meus sogros, mas certamente nã o sabe que eles nã o pretendem devolvê -la para mim.

— " Pretender" é uma palavra estranha, para ser usada em uma situaç ã o como essa. Nã o seria melhor dizer que eles nã o " querem" devolvê -la?

— Nã o. Conrad Wyatt fará qualquer coisa para me im­pedir de ter minha filha de volta. Acho que facilitei as coisas para ele. Depois que Pamela morreu, passei a beber demais.

Kate sacudiu a cabeç a.

— O que é perfeitamente compreensí vel.

Alex lamentou nã o ter conhecido Kate naquela é poca, pois talvez ela o houvesse impedido de destruir o que restara de sua vida.

— Você nã o imagina o que é ser acusado de ter matado a pró pria esposa.

— Nã o.

Kate parecia sincera e, mais importante, parecia disposta a acreditar na inocê ncia dele. Ou estaria Alex sendo ingê nuo demais? Decidiu que já falara demais sobre si mesmo.

— Disse que seu marido morreu em um acidente de au­tomó vel. Deve ter sido difí cil para você.

— Foi — ela confirmou com voz tensa. — Você deve pensar que é por nem sequer se lembrar do pai que Joanna é tã o rebelde, agora.

— Eu nã o disse isso — Alex protestou. — Eatava apenas comparando a sua situaç ã o à minha. Ao menos, ningué m a acusou de ter provocado o acidente que matou seu marido. Kate respirou fundo, antes de declarar;

— Talvez eu tenha sido responsá vel. Se Sean estivesse feliz comigo, nã o teria saí do com outra mulher.

— Duvido que as coisas sejam tã o simples — Alex con­fortou-a, falando com sinceridade

— Deve ter percebido que nã o gosto de falar de Sean, pois isso me faz lembrar de quanto fui tola. Se tivesse dado ouvidos a meus pais... Nã o fosse por eles, eu nã o teria con­seguido meu diploma...

— Diploma? — Alex inquiriu, percebendo pelo rubor que tomou conta das faces de Kate que ela nã o planejara fornecer tal informaç ã o, mas simplesmente deixara escapar. — Es­pero que nã o seja um diploma em jornalismo — acrescentou, tentando nã o soar desconfiado.

— Direito. Sou formada em Direito, mas nã o consegui emprego em nenhuma firma de advocacia e, por isso, fui trabalhar com meu pai.

Alex levantou-se. Formada em Direito, Kate fora traba­lhar no haras! Estaria sendo paranó ico?

Parou diante da janela, mas logo percebeu que ela se aproximara. Tentou concentrar-se na paisagem e ignorá -la, mas nã o foi capaz.

— Espero que me desculpe por ter omitido essa infor­maç ã o — Kate murmurou. — Nã o coloquei em meu currí culo porque muitos empregadores já me recusaram por causa do meu diploma.     

— E achou que eu faria o mesmo? Nã o queria embaraç ar um criador de cavalos ignorante?

— Você nã o é ignorante.

— Como sabe? Kate hesitou.

— Bem, pessoas ignorantes costumam ser insensí veis e você... você já provou o contrá rio.

— Verdade?

Embora soubesse que nã o era sá bio provocá -la, Alex es­tava se divertindo por vê -la esforç ar-se para agradá -lo. Alé m do mais, Kate era uma mulher bonita e ele nã o era imune ao brilho sensual daqueles olhos cinzentos.

— Você foi muito atencioso com Joanne — ela disse, des­viando o olhar. — Eu... fiquei contente por você ter nos acompanhado, hoje.

— Eu també m.

Alex sentiu uma reaç ã o instantâ nea à admissã o de Kate, o reconhecimento de que seus motivos nã o haviam sido tã o im­parciais. Sem querer, pô s-se a imaginar como ela reagiria se a tomasse nos braç os, se a beijasse e lhe acariciasse os seios.

— Entã o, estou perdoada? — Kate perguntou

— Perdoada? — Alex repetiu, ainda atordoada pelas ima­gens eró ticas que haviam tomado conta de sua mente.

— Por nã o ter contado sobre o meu diploma — ela explicou e, corando diante do olhar intenso de Alex, mudou de as­sunto rapidamente: — Por que nã o me fala sobre sua filha? Deve sentir muita falta dela.

Alex respirou fundo, perguntando-se se a mudanç a na expressã o dela indicava culpa ou medo. A ú nica coisa que sabia com certeza era que nã o queria falar de Rachel, no momento. Seria profano usar a filha para afastar os pen­samentos que insistiam em perturbá -lo.

— Tem medo de mim? — perguntou de sú bito.

— Nã o — Kate respondeu de pronto. — Por que deveria?

Afinal, mal o conheç o.

— Pois acho que sabe muita coisa a meu respeito — ele disse com voz aveludada, sentindo a atraç ã o por ela crescer dentro de si. — Talvez esteja começ ando a se perguntar se há alguma verdade nos rumores. Acha que é mulher o bas­tante para descobrir?

Kate recuou um passo, respirando fundo.

— Acho que está se divertindo à minha custa, sr. Kellerman. Que tal voltarmos a sentar? Ainda nã o terminei o meu suco.

— Quer saber o que eu acho? — Alex persistiu, notando que, sem perceber, Kate ficara encurralada contra a pa rede, em sua tentativa de se afastar dele. — Acho que tem medo de mimy srta. Hughes. — Ergueu uma das mã os e acariciou-lhe a face. — Nã o tenha. Nã o sou tã o perigoso quanto pareç o.

Kate esquivou-se à carí cia, empinando o queixo em desafio.

— Nã o o considero perigoso — retrucou. — Se quer a verdade, vejo-o como um homem muito triste. Perdeu a es­posa, a filha e a reputaç ã o. Por que eu deveria temer algué m de desistiu de lutar?

— Eu nã o desisti! — Alex protestou, furioso e magoado, segurando-a pelos ombros. — Você nã o sabe nada sobre mim — declarou, contradizendo o que acabara de afirmar. — Eu deveria quebrar o seu pescoç o pelo comentá rio que fez!

Foi somente depois de ter pronunciado as palavras que Alex se deu conta do que estava dizendo. Provavelmente, Kate associaria a ameaç a ao acidente com Pamela. E, com razã o, acreditaria que ele era capaz de tudo, se perdia o controle com tamanha facilidade. Afinal, todos sabiam que Pamela fora muito alé m de mera provocaç ã o.

Agora, poré m, era tarde demais para retirar as palavras já ditas, para lamentar que aquela situaç ã o houvesse se iniciado, ou para ignorar a mulher ao alcance de suas mã os. Em um impulso, puxou-a para si.

O que foi um grande erro. Alex deu-se conta disso assim que sentiu o corpo dela colar-se ao seu, sem impor a menor resistê ncia.

— Nã o desisti — repetiu com voz dura.

Como Kate nã o reagisse, parecendo hipnotizada por seu olhar faminto, Alex sentiu os ú ltimos resquí cios de seu au­tocontrole se dissiparem. Segurou o rosto dela com as duas mã os, fitando-a nos olhos.

— Você nã o me odeia, nã o é, Kate? Acredite, nã o vou magoá -la.

— Nã o?

Ainda havia um toque de inseguranç a na voz dela, mas os lá bios entreabertos faziam um convite irresistí vel. Kate estava nos braç os de Alex. Ele a desejava. Assim, inclinou-se e beijou-a.

Alex sentiu o mundo girar. Sentir os lá bios sensuais de Kate junto aos seus era como estar no paraí so. Ao mesmo tempo, saber que jamais poderia tê -la era o mesmo que estar no inferno. Por que ela nã o o impedia? Por que nã o lutava com todas as forç as que possuí a? Desesperado, Alex deu-se conta de que encontrava-se tã o vulnerá vel quanto um colegial.

E a esperada resistê ncia dela nã o surgiu quando o beijo tornou-se mais profundo, ou quando as mã os dele deslizaram por seus ombros, derrubando o casaco no chã o, continuando a descer até percorrer a curva de seus quadris.

De repente, Alex nã o conseguia mais respirar e, desco­lando os lá bios dos dela, escondeu o rosto em seus cabelos, aspirando-lhes o perfume suave e sentindo-lhes a maciez. Perguntou-se se Kate fazia idé ia do efeito que exercia sobre ele. Provavelmente, sim, pensou com ironia. Talvez fosse esse o misté rio que o intrigava nas profundezas prateadas daquele olhar.

O som da porta de abrindo trouxe-o de volta à realidade. Agnes Muir, ele calculou, lembrando-se de que ela jamais aprendera a bater antes de entrar.

Endireitou-se e virou-se rapidamente, a fim de encarar a governanta, mas deparou com Lacey Sheridan, a fitá -lo com ar de desprezo.

— Ora, ora — ela disse, escondendo depressa a má goa sob uma má scara de sarcasmo. — Pensei que você havia aprendido a liç ã o.

— Lacey — Alex murmurou, frustrado, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, quase foi atropelado por Kate.

— Desculpe-me — ela sussurrou, ao mesmo tempo em que apanhava o casaco caí do no chã o e saí a da biblioteca, quase correndo.

— Kate! Espere! — Alex gritou, dando um passo na direç ã o na porta, mas foi imediatamente seguro pela mã o firme de Lacey em seu braç o.

— Nã o me parece que a moç a esteja interessada — ela declarou em tom zombeteiro. — Eu o aconselharia a deixá -la ir, querido... se pretende continuar contando com o meu apoio — acrescentou, estreitando os olhos com expressã o maliciosa.

 

 



  

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