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Paixão Fatal. Título original: Her guilty secret. RESUMO: Ela não planejara se apaixonar. CAPITULO IСтр 1 из 27Следующая ⇒ Paixã o Fatal (Anne Mather) Tí tulo original: Her guilty secret Copyright © 1999 by Anne Mather Originalmente publicado em 1999 pela Harlequin Mills & Boon Ltd., Londres, Inglaterra EDITORA NOVA CULTURAL LTDA. Copyright para a lí ngua portuguesa: 1999 EDITORA NOVA CULTURAL LTDA. Digitalizaç ã o: Polyana Revisã o: Simone Ribeiro RESUMO: Ela nã o planejara se apaixonar... A vida de Alex Kellerman havia desmoronado por ocasiã o da morte prematura de sua esposa, o que acabara lhe custando à custó dia da filha. Agora, lutando para tê -la de volta, ele nã o precisava de novos rumores para estragar suas chances. Por isso, estaria certo em desconfiar de sua nova funcioná ria? Kate Hughes aceitara o emprego sob falsos pretextos. Um misté rio pairava sobre o passado de Alex, e Kate queria a verdade. Mas até onde estaria disposta a chegar para ganhar a confianç a de Alex? E que perigos correria, caso ele descobrisse que fora enganado? CAPITULO I O homem sentado do outro lado da mesa limpou a garganta. — Está acostumada a lidar com esse tipo de situaç ã o, nã o está? — perguntou. — Perfeitamente — Kate respondeu, mexendo nos papé is sobre a mesa, como se cada um deles estivesse relacionado a um caso diferente. A verdade era que, desde a morte de seu pai, os casos eram poucos. Nã o era qualquer pessoa que se dispunha a confiar seus segredos a uma mulher, que parecia bem mais jovem que seus trinta e dois anos. — Dê -me os detalhes sobre a ú ltima vez em que viu sua esposa — continuou. — Farei o possí vel para obter resultados satisfató rios. O homem hesitou, evidentemente duvidando de que ela fosse capaz de resolver o problema. Ora, Kate pensou, qual seria a grande dificuldade de encontrar uma esposa desaparecida? — Tem certeza de que conseguirá manter sigilo? — ele persistiu. Kate estudou-o por um momento. Vestindo um terno surrado e sapatos ainda mais velhos, o cliente parecia nem sequer dispor do dinheiro necessá rio para pagar seus honorá rios. — Qualquer informaç ã o que me dê será totalmente confidencial — assegurou-o. — Seus honorá rios sã o negociá veis? — Receio que nã o. Sã o cem libras por dia, mais despesas. Costumo exigir pagamento adiantado. — Adiantado? — ele repetiu, arregalando os olhos. — É comum, no mercado — Kate explicou, esforç ando-se para usar um tom bastante profissional. — Afinal, se eu nã o conseguir encontrar sua esposa, o senhor pode decidir nã o me pagar. Alé m disso, o trabalho gera despesas, mas costumo manter um registro diá rio de todas elas. O homem considerou a informaç ã o de cenho franzido e Kate começ ou a se sentir profundamente perturbada. Se tivesse somente a si mesma para sustentar, nã o pensaria duas vezes antes de dispensá -lo. Infelizmente, apesar do diploma em Direito, que demorara anos para obter, aquele fora o ú nico trabalho que conseguira. Evidentemente, se houvesse se mudado para Londres, poderia ter encontrado um emprego em uma firma de advocacia, mas em uma cidade pequena como King’s Montford, já existiam advogados demais para atender o reduzido nú mero de habitantes. O homem enfiou a mã o no bolso do paletó e retirou um envelope, contendo um grosso maç o de notas. — Dois mil sã o suficientes para começ ar? — inquiriu. Kate ficou chocada. Duas mil libras? Ora, poderia pagar o aluguel do escritó rio e, ainda, dar a Joanne o dinheiro para a tã o cobiç ada excursã o da escola a uma estaç ã o de esqui. — Sim, está bem — respondeu, mas nã o tocou no dinheiro. Seu pai a treinara para saber exatamente o que o caso envolvia, antes de se comprometer com um cliente. — Imagino que queira saber o nome dela e quando foi a ú ltima vez em que a vi. — Por favor. Ele nã o deveria perceber o alí vio que tal contribuiç ã o financeira representava para ela. Alé m do mais, Kate ainda nã o decidira aceitar o caso. — O nome dela é Alicia Sawyer — o homem informou. Kate apanhou um bloco e anotou o nome da mulher. — Ela desapareceu há mais ou menos dois meses — ele acrescentou. Tal informaç ã o era um tanto curiosa. Teria o marido esperado dois meses para, só entã o, tomar providê ncias? Ou estaria a polí cia trabalhando no caso, sem sucesso? — E qual é o seu primeiro nome, sr. Sawyer? — É mesmo necessá rio? — ele indagou, desconfiado. — Sim, para os meus registros, claro. Ele hesitou por um instante. — Henry — falou, afinal. — Henry Sawyer — Kate repetiu, enquanto escrevia o nome no bloco. — Poderia me dar a descriç ã o de sua esposa, ou uma fotografia? — Ah, sim — ele murmurou, aparentemente irritado e retirou do bolso uma foto trê s por quatro. — Esta serve? Kate estudou a fotografia desbotada de uma mulher loira e bonita, cujos traç os nã o eram mostrados com a nitidez que ela esperava. — Qual a idade da sra. Sawyer? — perguntou, surpresa que uma mulher tã o atraente fosse casada com um homem como Henry Sawyer. — Trinta e nove. Kate anotou a informaç ã o. — O senhor informou a polí cia sobre o desaparecimento dela, nã o? — Claro! Contei a eles minhas suspeitas, mas nã o deram a menor atenç ã o. — Nã o deram atenç ã o? — Kate repetiu, incré dula. — Disseram que eu nã o tinha evidê ncias. Foi entã o que decidi que eu mesmo teria de encontrá -la. — Está dizendo que informou a polí cia sobre o desaparecimento de sua esposa e que eles nã o fizeram nada para encontrá -la? Ele deu de ombros. — Mais ou menos... Sim, foi isso. — Mas... . — Ela nã o estava morando comigo, quando desapareceu — ele acrescentou em tom rude. — Ela nã o vivia com o senhor? — repetiu. — Nã o. Ela me abandonou há seis meses. Mulheres! Aquela mulherzinha nem sequer deixou um bilhete! Kate manteve os olhos fixos no bloco. — Se sua esposa o abandonou há seis meses... Bem, nesse caso, o paradeiro dela nã o lhe diz respeito, sr. Sawyer. Se ela nã o quer que o senhor saiba... — Eu sei para onde ela foi — ele a interrompeu, furioso. No mesmo instante, Kate sentiu uma pontada da alarme. Estava sozinha no edifí cio, pois decidira ficar até mais tarde porque o sr. Sawyer insistira em que nã o poderia visitá -la antes das seis horas. — Se o senhor sabe... — começ ou, pensando no revó lver de seu pai, guardado na ú ltima gaveta. — Até Alicia desaparecer, eu sabia exatamente onde ela estava vivendo — ele a informou com impaciê ncia. — Como já disse, ningué m a viu nos ú ltimos dois meses. Quero saber onde ela está. — Certo — Kate concordou com um suspiro. — Importa-se de me dizer por que ela o deixou? — O que acha? Aquele patife a seduziu! Ele roubou minha esposa, srta. Ross. Agora, ela desapareceu e ele se nega a dizer para onde ela foi. Kate nã o o corrigiu. Embora seu sobrenome nã o fosse Ross, à s vezes era mais fá cil deixar que as pessoas pensassem assim. Tal condiç ã o garantia sua privacidade, alé m de permitir que ela usasse o nome verdadeiro, quando lhe convinha. Bem, tudo começ ava a ficar bastante claro. Alicia Sawyer abandonara o marido para viver com algué m que ele conhecia. No entanto, era ó bvio que já nã o se encontrava na companhia do outro homem. Se fosse assim, nã o haveria qualquer motivo para nã o aceitar o caso. — O senhor conhece esse homem? — perguntou. — É claro que conheç o — Sawyer respondeu com um arremedo de sorriso. — Chama-se Alex Kellerman. Já ouviu falar dele? É dono de um haras, pró ximo à estrada para Bath. Kate ficou boquiaberta, mas tratou de se recompor depressa. Era difí cil acreditar que um homem como Kellerman fosse se envolver com a esposa de Sawyer. Disse a si mesma que nã o tinha o direito de pensar assim. Pelo que vira na fotografia, Alicia era uma mulher muito bonita. O fato de Alex Kellerman ter tido... problemas, nã o significava que era imune à s mulheres. Afinal a vida era cheia de surpresas, como Kate bem sabia. Sua pró pria vida nã o se desenrolara exatamente conforme fora planejada. — É claro que já ouvi falar do sr. Kellerman. O haras Jamaica Hill é muito conhecido, em King's Montford. Como sua esposa conheceu o sr. Kellerman? — Ela trabalhou para ele! — Sawyer respondeu irritado. — Bem, isso explica muita coisa — Kate murmurou, pensativa. — O que ela fazia, lá? — Era secretá ria. — Sua esposa trabalhou lá por muito tempo? — Tempo suficiente para aquele patife persuadi-la a me deixar. Viví amos felizes, até Alicia começ ar a trabalhar lá. — E para onde ela foi, quando o deixou? — Para Jamaica Hill, é claro! Foi viver com Kellerman, há mais ou menos seis meses. — Certo... E o senhor acredita que os dois tinham um caso? — Nã o acredito. Eu sei! Ela me deixou, nã o? Por que mais faria isso? Kate poderia fazer uma lista de motivos, mas decidiu guardá -los para si. — E, agora, o senhor diz que ela nã o está mais lá. — Ela desapareceu — Sawyer corrigiu. — Eu... eu amava aquela mulher! Mantive-me informado sobre tudo o que ela fazia, desde que me deixou. — E o senhor quer saber onde ela trabalha, agora — falou com cuidado, recusando-se a dar cré dito a uma possibilidade mais sinistra. — Se é que está trabalhando — ele declarou em tom sombrio. — Minha esposa desapareceu há mais de oito semanas e ningué m teve notí cias dela desde entã o. Kate engoliu em seco. — Ela deve ter ido embora de King's Montford — murmurou, ignorando as pró prias dú vidas. — Talvez nã o queira que ningué m saiba onde está. — Nã o acredito nisso! Aquele patife está escondendo alguma coisa. A senhora deve se lembrar do que acontoctru à esposa de Kellerman. Kate respirou fundo. — Nã o está sugerindo... — Que ele a matou? — Sawyer interrompeu-a. — Por que nã o? Ele já fez isso antes, nã o fez? Os olhos de Kate arregalaram-se. — A morte da sra. Kellerman foi acidental — protestou. — Foi mesmo? — Sim — ela insistiu, embora suas convicç õ es estivessem abaladas. — Alé m do mais, a sra. Sawyer era apenas uma funcioná ria. Se ele quisesse se livrar dela, bastaria demiti-la. — E se Alicia tivesse se recusado a sair quieta? Quem sabe que tipo de escâ ndalo ela nã o poderia provocar? Todos sabem que os negó cios de Kellerman nã o resistiriam a mais publicidade negativa. Kate sacudiu a cabeç a. O que havia começ ado como uma simples busca, tomava proporç õ es de uma grande investigaç ã o. Isso, se ela desse cré dito à s insinuaç õ es de Sawyer. Ora, o homem devia estar louco! Alex Kellerman nã o era um monstro. Sua esposa morrera em circunstâ ncias suspeitas, mas ele fora absolvido do suposto crime. Ainda assim... Embora nã o quisesse considerar os antecedentes, Kate nã o pô de evitar a lembranç a das manchetes dos jornais, alguns anos antes, quando Pamela Kellerman quebrara o pescoç o. Aparentemente, ela havia montado um cavalo que o marido sabia ser perigoso. Na ocasiã o, estava grá vida de trê s meses, esperando, o segundo filho do casal. Kate també m se lembrava dos rumores e especulaç õ es. Apesar da gravidez de Pamela, todos sabiam que Alex Kellerman e sua esposa enfrentavam uma crise conjugal. Diziam que fora somente por causa da filha, com dois anos na é poca, que nã o haviam se divorciado. Haviam até mesmo insinuado que a crianç a que Pamela esperava nã o era do marido. Que vinha mantendo um relacionamento com outro homem, o que teria provocado a tragé dia. Bem, tudo nã o passara de especulaç ã o. E os jornais haviam tomado o cuidado de nã o publicar nada que pudesse dar a Kellerman motivo para um processo judicial. Poré m, era fato que Pamela nã o deveria ter montado aquele cavalo em particular e nunca ningué m encontrara uma explicaç ã o satisfató ria para o fato de que dois animais, fisicamente muito parecidos, mas de temperamentos completamente diferentes, ocupassem baias vizinhas. O inqué rito fora dramá tico, com o pai de Pamela acusando o genro, no tribunal, mas ningué m encontrara evidê ncias suficientes para culpá -lo. A morte de Pamela fora considerada acidental e, embora os rumores persistissem durante algum tempo, acabaram morrendo. — A morte da sra. Kellerman foi um acidente — insistiu com firmeza. — Nã o é de admirar que a polí cia nã o o tenha levado a sé rio, se o senhor fez alegaç õ es infundadas. — A senhora garantiu que tudo o que eu dissesse seria confidencial — Sawyer lembrou-a. — Vai aceitar o caso, ou nã o? Nã o tenho tempo a perder. Kate perguntou-se se o aluguel do escritó rio e a excursã o de Joanne valiam o risco que o caso envolvia. Até entã o, só trabalhara em investigaç õ es de divó rcios e de companhias de seguro. O que mal dava para viver. Se ignorasse as insinuaç õ es exageradas de seu cliente, o caso nã o passaria de uma busca simples. Alicia trabalhara para Kellerman. Outros empregados do haras se lembrariam dela. Seria fá cil descobrir por que partira e para onde fora. — Vou precisar de mais alguns detalhes — declarou por fim, na esperanç a de que nã o fosse se arrepender da decisã o que acabara de tomar. — Quando suspeitou de que Alex Kellerman estava interessado em sua esposa? Falou com ela depois que ela o deixou? Ela levou todos os seus pertences, quando se mudou? Já passava das oito horas, quando Kate entrou no apartamento que partilhava com a mã e e a filha, em Milner Court. A noite fria caí ra por completo, enquanto ela dirigia o antigo Vauxhall de seu pai, pelas ruas desertas de King's Montford. O apartamento, poré m, estava quente e agradá vel. A sala, onde sua mã e e Joanne, de doze anos, assistiam à televisã o, oferecia grande aconchego. — Você demorou! — a mã e exclamou ao vê -la, levantando-se do sofá. — Deixei seu prato no forno, já faz quase duas horas. Nã o creio que a comida ainda esteja saborosa. — Nã o se preocupe. Comi um sanduí che, à s trê s horas da tarde. Por isso, nã o estou com fome — Kate replicou com um sorriso para a filha. — Olá, querida. Espero que tenha feito a liç ã o de casa, antes de começ ar a assistir à televisã o. — Eu fiz — Joanne garantiu. — Ela fez os deveres antes do jantar — a avó confirmou. — Quando você telefonou, avisando que se atrasaria, decidimos esperar, mas hã o imaginei que fosse demorar tanto. — Nem eu — Kate admitiu, tirando o casaco. — Meu cliente se atrasou e quando foi embora, decidi passar nos escritó rios do Herald's, para fazer uma pesquisa preliminar sobre alguns detalhes do caso. Sei que deveria ter ligado, mas nã o pensei que fosse demorar. Desculpe se a deixei preocupada, mamã e. — Susie estava com você, nã o? — Ellen Ross perguntou. — Nã o. Ela tinha um encontro esta noite e eu a dispensei. Susie era apenas uma adolescente, que atendia telefonemas e cuidava do trabalho de datilografia. Ellen sacudiu a cabeç a. — Acho uma grande tolice receber clientes fora do horá rio comercial. Seu pai era homem e sabia se defender. — També m sei me defender, mamã e. Francamente! À s vezes, você é muito machista! — Realista — Joanne corrigiu-a. — Você sabe muito bem que seu curso de artes marciais nã o faria a menor diferenç a diante de um homem armado. Você nã o tem a menor chance diante de um bandido, mamã e. — Nã o costumo lidar com bandidos — Kate retrucou com impaciê ncia. — Você tem assistido à televisã o demais. Meus casos sã o os mais comuns. — Até agora... —Joanne replicou. — Quem era o homem que você atendeu depois do expediente? Um sujeito comum? Kate sentiu uma pontada de culpa ao pensar nas duas mil libras que tinha na bolsa, mas tratou de afastar o pensamento. — Muito comum — mentiu. — E você sabe que nã o discuto meus casos com você. Foi somente depois de se certificar de que a filha dormia profundamente, que Kate se permitiu voltar a pensar naquele caso. Ainda nã o estava certa de ter tomado a decisã o correta ao aceitá -lo. Bem, tinha apenas a palavra de Henry Sawyer de que Alicia havia desaparecido e a idé ia de que isso era suspeito nã o passava de suposiç ã o. Seu cliente nã o inspirava confianç a e, com um marido como ele, era possí vel que Alicia estivesse apenas se protegendo. Provavelmente, ela havia, se mudado para outra cidade e conseguido um novo emprego, decidida a nã o deixar que o marido conhecesse seu paradeiro. Kate nã o acreditava que Kellerman estivesse envolvido no desaparecimento daquela mulher. Se Alicia realmente tivera um relacionamento com Kellerman, o que teria de ser comprovado, qual o problema? Nã o existia lei alguma que impedisse um homem de se relacionar com uma funcioná ria. O ú nico aspecto desagradá vel seria o fato de ele ter levado outra mulher para viver na casa que havia partilhado com Pamela. Ele deveria saber que tal atitude provocaria fofocas. Bem, talvez ele nã o se importasse. Os Kellerman estavam casados havia apenas trê s anos, quando Pamela morrera, segundo os arquivos do Herald's. Kate també m soubera que a filha do casal nã o presenciara o acidente por pouco. Com um suspiro profundo, desejou que o pai estivesse vivo, para que ela pudesse discutir com ele suas idé ias. A experiê ncia do pai a ajudara muito, antes. O problema era que haviam trabalhado juntos apenas uns poucos meses, quando um ataque cardí aco o matara. Sua mã e estava convencida de que o ataque fora provocado pela tensã o do trabalho. Kate gostaria muito de poder contar com a sabedoria dele, agora. Na verdade, aceitaria o conselho de qualquer homem, pensou, consciente de que sua vida deixava muito a desejar, naquele departamento. Desde a morte de Sean, ela fugira de envolvimentos sé rios e, embora dez anos houvessem se passado, Kate raramente permitia a entrada de um homem em sua vida. No iní cio, usara Joanne como desculpa e, na verdade, apegara-se muito à filha, logo apó s o acidente. Abrira mã o de muitas com a morte de Sean Hughes e, por mais que a morte dele a houvesse devastado, ele a decepcionara. Seus pais haviam sido maravilhosos, oferecendo-lhe ajuda e conforto, apesar de nunca terem aprovado seu relacionamento com Sean. Haviam recebido Kate e Joanne, quando a casa que ela partilhara com Sean tivera de ser vendida. E, ainda, sustentaram as duas, até que Kate conseguisse encontrar um emprego e dar continuidade à pró pria vida. Kate cursava o primeiro ano da faculdade, quando conhecera Sean. Trabalhava no supermercado, nos feriados da Pá scoa, quando ele se mostrara interessado. Kate ainda se lembrava da emoç ã o que sentira. Todas as outras garotas estavam fascinadas pelo jovem e atraente sub-gerente e ela nã o teria sido humana, se nã o houvesse ficado lisonjeada com a atenç ã o. Começ aram um relacionamento um tanto casual, a princí pio, mas quando chegou o Natal, o envolvimento já se tornara muito sé rio. Sean pedira que ela ficasse em King's Montford e se mudasse para a casa dele, em vez de voltar para a universidade, em Warwick, em janeiro. Dizia ser louco por ela e que nã o saberia o que fazer, se Kate o deixasse sozinho. O que Sean realmente queria dizer era que, se ela voltasse à universidade, ele nã o esperaria pelo seu retorno. Haveria outra mulher, quando Kate voltasse no verã o. E, por acreditar que estava apaixonada por ele, Kate abandonara a faculdade e se casara com Sean. Entã o, fora viver na casinha minú scula que ele possuí a, na Queen Street, e passara a trabalhar no supermercado em perí odo integral. Haviam sido felizes, ao menos, por algum tempo. Até mesmo os pais de Kate, tã o desapontados pela decisã o da filha em abandonar a faculdade, haviam deixado o orgulho de lado e ajudado o jovem casal a comprar um carro. Quando Joanne nascera, haviam recebido a neta, deliciados. Entã o, alguns dias antes do segundo aniversá rio de Joanne, o mundo de Kate desabara. Sean lhe dissera que viajaria a Bristol, a trabalho, mas quando os policiais haviam batido em sua porta com a terrí vel notí cia do acidente, haviam sido forç ados a lhe contar que havia uma mulher no carro. Os dois haviam morrido instantaneamente. Mais tarde, Kate soubera que Sean se relacionava com a mulher que morrera com ele, desde quando Kate estava grá vida de Joanne. Só entã o ela se dera conta de que já suspeitava da traiç ã o havia muito tempo. Sean passara tempo demais fora de casa, e as desculpas de horas extras de trabalho haviam se tornado excessivas. Kate recusara-se a encarar a verdade por tanto tempo, que haviam sido necessá rios muitos meses para que ela fosse capaz de olhar para o futuro com algum otimismo. Ainda assim, nã o se arrependia de nada do que fizera. Joanne era uma constante fonte de felicidade e realizaç ã o. Quando a filha completou seis anos, Kate decidiu que já era tempo de retomar sua vida. Assim, matriculara-se na Universidade de Bristol, onde terminara o curso iniciado em Warwick. No entanto, quando saí ra em busca de um emprego, descobrira nã o ser tã o fá cil quanto imaginara. Eram poucas as vagas e ningué m queria contratar uma viú va de trinta anos, com uma filha, quando tantos jovens, sem compromissos, estavam disponí veis no mercado de trabalho. Depois de meses tentando, sem o menor sinal de sucesso, seu pai oferecera uma soluç ã o temporá ria. Alegara estar precisando de uma assistente, uma vez que sua secretá ria havia se aposentado. O diploma de Kate lhe seria muito ú til. Kate acreditara que o pai estava apenas sendo generoso, que nã o precisava realmente de uma assistente. Poré m, à medida que foi se dedicando ao trabalho, descobriu-se ú til, encarregando-se de todo o trabalho de pesquisa, enquanto o pai concentrava-se na real soluç ã o dos casos. Formavam uma boa dupla, ela pensou, com um nó na garganta. E Kate começ ara a se interessar pelo trabalho e esforç ara-se para aprender tudo o que podia. Infelizmente, seu pai fora ví tima de um ataque cardí aco fulminante e, imediatamente, espalhou-se a notí cia de que Kate ficara sozinha no escritó rio. Por algum tempo, nenhum caso aparecera e ela chegara a pensar em encontrar outra ocupaç ã o. Poré m, lentamente, ela fora conquistando a confinç a de pessoas e, devido a vá rios resultados positivos, o escritó rio voltara a apresentar movimento. Fora por isso que Kate nã o hesitara diante do pedido de Henry Sawyer, para ser atendido apó s o expediente. Afinal, nã o estava em condiç õ es de recusar um cliente. Mas... Um raio de luar iluminou a bolsa que Kate levara para o quarto, com medo de que a filha, ou a mã e, pudesse encontrar o dinheiro. De onde viera aquele dinheiro? Era legal? Por quê, exatamente, Henry Sawyer queria que Kate encontrasse sua esposa?
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