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CAPÍTULO XI



 

 

Havia, poré m, mais um obstá culo a sua espera: James Kingdom. Rachel deveria vê -lo e dizer exatamente o que pretendia fazer. A perspectiva era pouco ani­madora, mas James tinha o direito de conhecer seus planos. E mais tarde, quando recebesse alta no hospital, tomaria as devidas providê ncias para sair de Londres.

James, contudo, só tornou a aparecer dois dias depois. Neste meio tempo, Sara visitou-a de novo, dessa vez acompanhada por uma das enfermeiras do hospital, e Rachel sentiu-se mais confor­mada ao notar que ela estava muito feliz e animada. Pelo visto, Joel fazia todas as suas vontades, e a menina só queria conversar sobre seu novo papai. No momento em que Sara saiu do quarto, Rachel estava com os nervos à flor da pele.

Na manhã seguinte, a irmã anunciou a visita de James. Rachel estava com a mesma blusa, calç a comprida e colete de veludo que usava no dia do acidente. James demonstrou surpresa diante de sua transformaç ã o. Apesar de sua seguranç a habitual, a juventude dela o desconcertou.

— Olá, Rachel! — exclamou ao vê -la. — Você está outra, com essa roupa!

Rachel nã o contou que passara algum tempo diante do espelho, aquela manhã, e que o rosado do rosto era devido mais à pintura do que à cor natural de saú de.

— Fico contente por saber que você já está completamente res­tabelecida — disse James. — Tomei todas as providê ncias e po­demos nos casar dentro de dois dias.

— Eu queria mesmo conversar com você sobre isso — disse Rachel, com uma certa hesitaç ã o na voz. — A situaç ã o mudou completamente, nestes ú ltimos dias, James. Eu queria lhe dizer que nã o vamos nos casar mais.

James fitou-a boquiaberto.

— Como? — exclamou, com as sobrancelhas franzidas no alto do nariz. — O que Joel contou a você?

— Eu nã o vi Joel ultimamente, como prometi a você. — Franziu os lá bios. — Por que você fez isso, James? Como você pô de pensar que eu nã o ficaria sabendo?

O rosto dele refletiu sua consternaç ã o.

— Nã o sei do que você está falando — disse com impaciê ncia.

— Claro que você sabe, James. Você nã o foi operado. Você estava na Alemanha, no momento do transplante. Sara recebeu o rim do menino que foi atropelado.

James apertou os punhos.

— Eu disse por acaso que havia sido operado?

— Mas você nã o negou quando lhe agradeci.

— Nã o se esqueç a de que Joel continua com a intenç ã o de adotar Sara!

— Eu sei disso. Eu vou deixá -lo adotar.

— O quê?

— Nã o adianta, James. Eu já lutei demais com Joel.

— Rachel, você nã o sabe o que está dizendo...

— Eu sei perfeitamente. Pensei muito nisso, nos ú ltimos dias. Nã o posso privá -lo da filha, se ele deseja realmente adotá -la.

— Rachel, isso é uma loucura!

— James, depois que Sara veio me ver...

— Sara? Sara esteve aqui? — indagou James perplexo. — Como é possí vel? Joel está na Franç a. Como ela pô de ter vindo aqui?

— Veio com o dr. Lorrimer.

— E foi ela quem contou...

— Sim. Você devia ter previsto. Sara nã o é boba. Ela presta atenç ã o a tudo o que acontece à sua volta.

James andou impacientemente de um lado para o outro do quarto.

— Nã o posso acreditar que você esteja falando sé rio, Rachel. Já imaginou o que pode acontecer? Você vai perder a afeiç ã o de sua filha...

— Eu já pensei a respeito, mas nã o creio que isso vá acontecer. Joel deseja adotá -la, mas Sara nunca vai se voltar contra sua pró pria mã e, eu tenho certeza!

James balanç ou a cabeç a.

— Você vai se arrepender amargamente, um dia, de ter tomado essa decisã o.

— Pode ser. — Rachel abaixou a cabeç a. — Nã o foi uma decisã o fá cil. E nã o queria torná -la ainda mais difí cil. Eu sei que nã o cumpri o acordo até o fim, mas você també m nã o o cumpriu, quando ocultou a verdade de mim. Você sabia, naturalmente, que isso fazia uma grande diferenç a. Eu sei que, se me casasse com você, Joel jamais poderia adotar Sara. Mas nã o posso fazer isso, James. Simplesmente nã o posso.

— Joel vai levar Sara consigo...

— Muito provavelmente.

— Ele comprou uma casa na Franç a e pretende morar lá.

— Isso nã o me diz respeito — comentou Rachel, procurando ocultar a má goa que sentia. — Espero que ele seja feliz.

James fixou-a com impaciê ncia.

— Você está decidida, pelo visto. Nada a fará mudar de idé ia?

— Nã o, nada.

— Nunca vou perdoar a Joel pelo que ele me fez! — exclamou James, saindo do quarto com a fisionomia perturbada.

Somente entã o Rachei percebeu que estava tremendo incontro-lavelmente. A conversa fora muito cansativa; estava exausta e sem â nimo para nada. Felizmente tudo terminara bem. Restava agora convalescer e sair da cidade. Nã o diria a Sara que pretendia viajar. Essa seria a melhor soluç ã o. A despedida, no momento, seria insuportá vel. Deixaria um bilhete para Joel e ele explicaria tudo a Sara. A filha dele, e nã o mais sua filha, como antes.

Trê s dias depois Rachel saiu do hospital sem consultar o mé dico, e com a desaprovaç ã o visí vel da enfermeira.

— Por que você nã o fica mais uns dias, meu bem? — perguntou a irmã, com a fisionomia preocupada. — Você ainda nã o está com-pletamente restabelecida...

Rachel voltou-se, apó s vestir o casaco e apanhar alguns objetos no armá rio.

— Nã o posso ficar nem mais um dia, irmã. Tenho que ir embora imediatamente.

— E Sara? Você pensa que vai beneficiá -la, pondo em risco sua saú de?

— Sara está bem agora — murmurou Rachel, apertando os lá bios para nã o tremerem. — Ela vai morar com o pai.

A irmã ouviu o comentá rio sem saber o que dizer.

— Eu nunca vi seu marido no hospital. Ele está viajando?

— Eu nã o sou casada, irmã. Tenho apenas uma filha, e muitas lembranç as amargas. — Rachel fez uma pausa e murmurou em seguida: — Joel é o pai de Sara. A senhora entende, agora?

O apartamento estava frio e triste, quando ela chegou. Ligou o aquecedor elé trico e abriu uma lata de leite condensado para preparar o chá. Pretendia permanecer no apartamento somente aquela noite, enquanto escrevia o bilhete para Joel. Na manhã seguinte retiraria o dinheiro que tinha no banco e compraria uma passagem para sua cidade natal.

O esforç o de fazer o chá deixou-a exausta, contudo, e foi obrigada a sentar-se, antes de abrir a mala que trouxera do hospital. Ca­minhar no quarto e pelos corredores do hospital era uma coisa, mas cuidar de tudo sozinha era bem diferente. Teria que morar num hotel até ter forç a suficiente para alugar um apartamento. Ao entrar no quarto de Sara, olhou para tudo em volta com a fisionomia deprimida. As lembranç as da filha estavam espalhadas em toda parte. Rachel abaixou-se, apanhou uma boneca caí da no chã o e apertou-a contra o peito com os olhos rasos de lá grimas. Em seguida, atirou com raiva a boneca para longe. Nunca resol­veria nada, se cedesse ao sentimentalismo.

Depois de descansar um pouco à tarde, sentiu-se com energia suficiente à noite para fazer as malas. Ao abrir o guarda-roupa, avistou a coleç ã o de vestidos que James lhe dera. Nã o queria nenhum deles. Apanhou em vez disso as blusas e calç as compridas, as saias e puló veres que trouxera consigo para Londres. A ú nica roupa que pretendia guardar era a que estava usando. Era um capricho idiota, mas desejava conservar uma lembranç a da noite em que fora ao apartamento de Joel.

Estava no quarto de dormir, dobrando os pulô veres dentro da mala, quando ouviu algué m abrir a porta da frente. Levou um susto, no primeiro momento, e lembrou-se das histó rias que James contava sobre os perigos de morar sozinha num apartamento em Londres. Depois, poré m, se acalmou. Somente duas pessoas tinham a chave do apartamento: James e a empregada.

No momento em que se levantou e foi até a porta do quarto, o visitante desconhecido atravessou o corredor e veio ao seu en- contro. Nã o era James nem a empregada. Era Joel. Rachel recuou sem jeito, ao lembrar que tinha tirado a peruca para dormir, à tarde, e que nã o a colocara de novo. Levou a mã o trê mula à cabeç a raspada, sabendo que devia estar com uma aparê ncia horrí vel, diante do homem que a observava em silê ncio.

— Joel! — exclamou por fim. — O que você está fazendo aí?

— Ah, Rachel, por que você saiu do hospital sem consultar ningué m? — Olhou para a mala aberta em cima da cama. — O que você está fazendo?

Rachel gostaria de poder cobrir a cabeç a com as mã os e fez um movimento para apanhar a peruca que tinha deixado em cima da mesinha-de-cabeceira. Joel, poré m, segurou-a pelos ombros e virou-a de frente para si.

— Responda, Rachel! O que você está fazendo?

— Deixe-me primeiro colocar a peruca — murmurou ela, sem jeito.

— Isso nã o tem a menor importâ ncia — ele disse com impa­ciê ncia. — O que você pretendia fazer? Responda!

Ela inclinou a cabeç a, expondo sem querer as penugens que nasciam.

— Estava de partida. Ia escrever um bilhete para você, contando tudo. Sara pode ficar com você...

— Você vai deixar Sara?

— É isso o que ela quer. Ela falou, é claro, que nã o queria se separar de mim, mas eu sei...

— Você sabe! Você nã o sabe de nada!

Joel soltou-a tã o repentinamente de suas mã os que ela quase perdeu o equilí brio. Ele a segurou de novo, com uma exclamaç ã o abafada de susto, e abraç ou-a com ternura, afundando o rosto nas penugens macias do pescoç o. Estava trê mulo, e ela nã o tentou se libertar dos seus braç os.

— Ah, Rachel, nã o vá embora — murmurou-lhe junto ao ouvido. — Nã o me deixe! Eu nã o posso viver longe de você...

Rachel afastou-se e contemplou-o incredulamente.

— Joel, nó s já passamos por isso antes...

— Nã o, nã o passamos.

— Já, sim. — Rachel voltou o rosto para nã o ver os olhos escuros que a fixavam com ternura. Nã o queria ter vontade de abraç á -lo novamente. — Joel, eu disse que você pode ficar com Sara. Eu vou deixá -la com você. Quando ela estiver na idade de decidir, eu vou voltar.

— Eu nã o vou deixar você ir embora — ele murmurou, segu­rando-a pelos ombros e aproximando-a de si, como se nã o pudesse suportar nem por um minuto a distâ ncia que os separava. — Ah, Rachel, ouç a o que eu vou lhe dizer.

— Você disse que queria adotar Sara!

— Eu sei que disse isso — balbuciou, com a boca roç ando-lh no pescoç o. — Eu vou adotar Sara logo que nos casarmos.

— Logo que nos casarmos?

— Nã o era isso o que eu queria todo este tempo?

— Por causa de Sara?

— Nã o, nã o é por causa de Sara! Por sua causa! Você quer que me ajoelhe e peç a perdã o por tudo o que aconteceu?

— Você faria isso?

— Se você fizer questã o. Você sabe o que sinto por você. De­monstrei isso tantas vezes...

— E É rica?

— Eu nã o gosto de É rica. Nunca houve amor entre nó s. Eu gosto de você. Sempre gostei. Quando a perdi, quase enlouqueci... — Mas seu pai disse...

— Ah, meu pai disse uma porç ã o de coisas! Eu nã o sabia, in­clusive, que É rica tinha ido visitá -la no hospital. Eu estava na Franç a. E, quando voltei, você nã o quis me receber.

— Você podia ter insistido.

— Como? Com você de cama? — Sacudiu a cabeç a. — Eu estava preparado para esperar. Mas nã o podia imaginar que você fosse sair do hospital sem consultar ningué m. Se nã o tivesse passado por lá para saber notí cias, você teria desaparecido de novo!

— Eu pensei que era isso o que você queria — Rachel murmurou, passando a mã o pelo peito dele,

— Depois do que eu lhe disse no apartamento?

— Eu sabia que você me queria. Mas você me desejava antes també m, nã o é verdade?

— Eu sempre a desejei — ele murmurou, fixando-a com paixã o. — Por que você nã o acredita em mim? Se você tivesse voltado da primeira vez... saberia a falta que senti,

— Mas você nunca quis ter filhos, Joel!

— Eu nã o queria falar nesse assunto, Rachel — disse Joel com um suspiro. — Mas minha mã e morreu de uma doenç a de rim.

— Sua mã e?

— Foi. E se houve algum problema hereditá rio no caso de Sara, foi da parte da minha famí lia, e nã o da sua.

— Por que você nunca me falou?

— Bem, isso nã o é uma desculpa para o que aconteceu entre nó s, mas meu pai mudou muito, depois que minha mã e morreu.

Ele sofreu muito com sua morte. E eu prometi a mim mesmo que nunca amaria ningué m da mesma forma. Por isso nã o queria casar nem ter filhos...

— Eu nã o sabia...

— Eu sei que você sofreu por minha causa e deveria ter evitado que tudo isso acontecesse. Mas com você foi impossí vel. — Olhou-a intensamente na boca. — Você lembra como foi? Juro que nã o queria estragar tudo, mas acabei estragando...

— Ah, Joel, eu gosto tanto de você! — ela murmurou, com os olhos brilhantes, beijando-o na boca.

— Prometa que você nã o vai me deixar de novo — disse Joel, apó s o beijo prolongado. — É por isso que eu quero adotar Sara... porque ela é nossa filha. Eu gosto de Sara, sobretudo porque ela se parece muito com você. Ela pode ter semelhanç a comigo, mas no fundo é igual a você!

Rachel estava tã o surpresa com a vulnerabilidade de Joel que teve dificuldade em falar de outros assuntos.

— Por que você nã o foi me visitar depois da operaç ã o?

— Eu viajei para a Franç a.

Ela lhe acariciou o rosto abatido.

— O que você teria feito se nã o me encontrasse, na volta?

— Teria enlouquecido.

— Nã o!

— Juro que sim. Meu pai també m pensou o mesmo.

— Por que você diz isso?

— Ele ligou para mim hoje de manhã. Contou que recebeu um telefonema do hospital avisando que você ia sair. Ele julgou que eu devia saber.

— Está vendo só? Seu pai nã o é tã o egoista quanto você imaginava.

— A menos que ele tenha feito tudo isso para me reconquistar — disse Joel pensativamente. — Podí amos ter evitado tudo isso, se você tivesse voltado para mim desde o iní cio.

— Pois é. Mas eu nã o podia.

— Como foi mesmo que você me chamou? Um bastardo egoí sta? Eu sei que eu era isso. Mas já expiei meu erro... — Deu um suspiro. — Provavelmente, a doenç a de Sara foi a maneira que meu pai encontrou para se libertar do sentimento de culpa causado pela morte de minha mã e. Estou convencido de que ele desejava sinceramente ajudar Sara.

— E agora?

— Agora vamos nos casar o mais rapidamente possí vel.

— Como eu posso me casar com os cabelos deste jeito? — disse Rachel, levando as mã os à cabeç a.

— Por que nã o? Você parece um bebê.

— Um bebê crescido — murmurou Rachel, sem graç a.

— Nã o para mim. —Apertou-a nos braç os e beijou-lhe as penugens da cabeç a. — Seus cabelos vã o crescer. Eu gosto, naturalmente, quan­do você está bem penteada, com os cabelos macios e ondulados... mas nã o é isso o que me agrada em você. É você mesma, a pessoa que você é. A mã e de minha filha... o sentido da minha vida.

— Sara vai adorar a notí cia — murmurou Rachel, quando ele lhe levantou o queixo para beijá -la novamente. — Ter uma mã e e um pai...

—... E uma casa na Franç a.

Soltou-a dos braç os e olhou para a cama.

— Vamos guardar essas malas? Estou morto de cansaç o. Faz trê s dias que nã o durmo tranquilamente. Você nã o sabe o trabalho que você me deu, amor, as noites que passei em claro...

— Mas agora você vai dormir gostoso — ela disse, com um sorriso no canto dos lá bios.

— Como nunca dormi na vida — murmurou Joel, puxando-a para si. — Espero que amanhã, ao acordar, você nã o esteja arre­pendida novamente...

— Prometo que nã o.

 

 

                                          F I M

 



  

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