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CAPÍTULO IX



 

 

O silê ncio pesado prolongou-se durante alguns instantes e foi interrompido com a volta da me­nina à sala. Normalmente, a menina teria percebido a tensã o no ambiente, roas, naquele momento, estava preocupada apenas com a mancha que havia no seu blusã o vermelho.

— Eu vomitei, mamã e — murmurou com a voz tristonha, as lá grimas escorrendo. — Olha o que eu fiz no meu blusã o novo!

— Nã o se preocupe, querida, mamã e vai lavar isso.

— Eu sujei lá dentro també m — disse Sara, apontando em direç ã o ao banheiro.

— Ah, meu Deus! — exclamou É rica com um gesto de impaciê ncia.

— Nã o tem importâ ncia, boneca — disse Joel com um sorriso sem graç a. — Heron vai limpar mais tarde...

— Eu vou dar um jeito! — interveio Rachel com firmeza. — Onde você guarda os materiais de limpeza?

— Pode deixar que Heron se ocupa disso! — repetiu Joel. — Rachel, nó s temos outro assunto mais importante para discutir.

— Outro dia — replicou Rachel, levantando-se, apó s enxugar as lá grimas do rosto de Sara. — Você nã o acha que já conversamos bastante?

— Concordo plenamente — interveio É rica.

— Rachel, aonde você vai? — exclamou Joel, ao ver Rachel subir os degraus que levavam à porta.

— Vou levar Sara para casa. Boa noite, Joel. Boa noite, É rica.

— Rachel!

Apesar dos chamados, Rachel arrastou Sara em direç ã o à porta e Joel nã o teve â nimo nem forç a para detê -la. Permaneceu onde estava, ligeiramente vacilante, vendo as duas partirem.

Sara acordou, no dia seguinte, inteiramente recuperada do mal-estar da vé spera. Provavelmente, o enjô o fora devido ao excesso de excitaç ã o, depois dos dias passados em casa num estado de depressã o, e o encontro com É rica precipitara a crise. Como Sara. reagiria quando soubesse que Joel ia casar-se com É rica?, pensou Rachel. Ficaria profundamente abalada, com toda certeza, se bem que, por outra lado, aceitaria com mais boa vontade a companhia de James. Se James nã o tivesse viajado, nada disso teria aconte­cido, pensou Rachel, com uma sensaç ã o de amargura.

Sara conformou-se em nã o ver Joel, aquele dia, e nã o fez ne­nhuma cena quando chegou a hora de ir ao hospital, A empregada de James nã o tinha aparecido, antes de saí rem do apartamento, mas estava esperando por Rachel na volta.

— Eu me atrasei um pouco, dona Rachel — desculpou-se, sem jeito.

— Nã o tem importâ ncia — disse Rachel com um sorriso forç ado. — Nã o deixa de ser uma situaç ã o meio boba, nã o acha? Uma mulher da minha idade precisando de companhia...

— Ah, nã o é isso — comentou a empregada. — A senhora nã o está acostumada a morar nesta cidade grande...

Rachel sentiu a tentaç ã o de dizer que tinha vivido muitos anos em Londres, quando era mais impressioná vel que agora, mas se conteve. Afinal, nã o soubera se conduzir corretamente. O resultado fora sua gravidez indesejada. Nã o adiantava pensar que seu caso tinha uma desculpa. As outras moç as que engravidavam pensavam a mesma coisa. As mulheres eram sempre irresponsá veis, quando se tratava de suas emoç õ es.

O telefone tocou, na sala, e Rachei foi atendê -lo. Esperava que fosse James e ficou surpresa ao ouvir ao voz de Joel.

— Rachel?

— Eu mesma. — Olhou de relance para a empregada, que estava retirando alguns objetos da bolsa e nã o estava prestando atenç ã o à conversa. — O que você quer?

— Eu queria vê -la. Você pode passar por aqui?

— Sara...

— Eu sei. Sara está no hospital. Eu sei també m que a empre­gada está aí, mas você nã o está presa em casa. Você pode sair.

— Nã o posso.

— Prefere que eu passe por aí?

— Nã o!

— Entã o?

Rachel pensou rapidamente.

— Você está de cama?

— Nã o. Faria diferenç a se estivesse?

— Faria. Eu nã o iria.

— Pois bem, nã o estou — disse Joel com impaciê ncia. — Heron está aqui.

— Ah, é?

— Você quer falar com ele?

— Nã o. — Rache! deu um suspiro e olhou com o canto dos olhos para a empregada. — E É rica?

— Deixe É rica comigo — murmurou Joel com irritaç ã o. — En­tã o, você vem?

— Está bom. — Deu um suspiro fundo. Faria bem sair um pouco do apartamento, e Joel estava doente. Nã o tinha nada a temer. — Eu vou.

— Estou esperando.

Joel desligou antes que pudesse mudar de idé ia e Rachel re­colocou pensativamente o fone no gancho. Quase deu um pulo de susto quando o telefone tocou de novo.

— Alô?

— Rachel? — Era James, e as pernas dela vacilaram. — Rachel, onde você estava?

— Quando?

— Faz dois dias que estou tentando falar com você. O que aconteceu?

— Nã o aconteceu nada, James. Ontem à noite, Sara e eu salmos para dar uma volta. Mas voltamos cedo para casa.

— Eu tive uma reuniã o ontem à noite e nã o pude telefonar. Terminou tarde e fiquei com receio de acordá -la.

— Desculpe esse contratempo.

— E onde você estava hoje à tarde?

— Levei Sara ao hospital.

— A empregada está aí? Por que ela nã o atendeu?

— Ela chegou tarde.

— Com quem você estava falando há pouco? O telefone dava sinal de ocupado.

Rachel nã o soube o que responder. As palavras ficaram presas na garganta.

— O que foi? Você nã o quer me dizer? — perguntou James com impaciê ncia.

Rachel sabia que era obrigada a explicar.

— Joel ligou para cá.

— O que ele queria?

— Saber notí cias,

— Isso nã o é uma resposta, Rachel.

— Pois bem, entã o ele queria me ver.

— Por quê?

— Para falar sobre Sara, imagino.

— Ele já sabe o que ela tem?

— Sabe.

— Eu conversei com Joel e ele me falou que sabia de tudo.

— Pois é — disse Rachel, segurando o fone com a mã o ligeiramente trê mula.

— Por que você contou a ele?

— Eu nã o contei. Ele descobriu.

— Foi Sara que contou? Quando Joel a levou ao seu apartamento? Rachel engasgou.

— Eu sei tudo sobre a visita, Rachel. Nã o adianta mentir para mim.

— Eu nã o estou mentindo.

— Faz bem.

—James, o que está acontecendo? Por que você está falando assim

— Eu quero saber o que Joel disse para você.

— Nã o sei a que você se refere...

— Joel pretende adotar a menina.

— Adotar... Sara? — Rachel engoliu cm seco. — Nã o sabia.

— Talvez seja esse o assunto da conversa. Rachel esfregou a mã o no rosto, com nervosismo.

— Nã o entendo...

— Você nã o devia ter dito a Joel que Sara é filha dele.

— Pode ser...

— Você gostaria que ele ficasse com Sara?

— Você sabe que nã o! — Tentou pensar coerentemente. — Ja­mes, eu nã o vou abandonar Sara por nada deste mundo...

— Eu sei disso. Eu també m gosto muito dela. Mas queria pre­veni-la sobre as intenç õ es de Joel.

— Sim, você tem razã o. Nã o se preocupe, James. Ningué m vai tirar Sara de mim. A operaç ã o será feita, como foi combinado, e nó s vamos nos casar logo depois de sua convalescenç a.

Houve um momento de silê ncio e James disse lentamente:

— Estive pensando nisso, Rachel. Em nosso casamento... Você nã o acha que seria mais seguro, diante das intenç õ es de Joel, casarmos antes de a operaç ã o ser feita?

— Antes?

— Sim, antes. — James pareceu hesitar. — Rachel, se estiver­mos casados, se eu adotar Sara legalmente, ningué m poderá tirá -la de você... de nó s dois.

Rachel apertou a mã o sobre o estô mago dolorido.

— Nã o sei, James...

— Por que nã o? Que diferenç a faz? Seria operada depois do casamento, receberia o tratamento adequado e nã o haveria mais nada que nos prendesse aqui...

Rachel nã o soube o que responder. Sua cabeç a estava girando. Sentia-se totalmente confusa e angustiada.

— James, eu preciso pensar nisso com mais calma...

— Por que? — perguntou ele com impaciê ncia. — Você pretendia mudar de idé ia, depois da operaç ã o?

— Claro que nã o! — exclamou Rachel com indignaç ã o. — Jamais faria isso.

— Entã o por quê?

— Ah, James, por favor... eu preciso de alguns dias para pensar nesse assunto. E tã o inesperado... tã o repentino!

James ouviu em silê ncio um instante, depois acrescentou:

— Eu pretendo voltar dentro de trê s dias, Rachel. Você pode me dar uma resposta entã o?

— Sim, está combinado — disse ela com um suspiro de alí vio. — Você está zangado, James?

— Nã o, nã o estou zangado. Talvez decepcionado. Lembre-se de que você tem tanto a ganhar quanto eu. No momento em que for minha mulher ningué m poderá tirar Sara de você!

Ao colocar o fone no gancho, Rachel voltou-se para a empregada.

— Eu vou sair, mas nã o pretendo demorar.

— A senhora vai sair? — perguntou a empregada espantada.

— Sim, por quê? Precisa de alguma coisa?

— Nã o, nada. Mas é tarde, a senhora nã o acha?

— Eu sei que é tarde, mas preciso sair.

Rachel foi ao quarto de dormir e vestiu o casaco de camurç a por cima do colete de veludo e da calç a comprida. A blusa que estava usando nã o era muito quente, mas tinha a intenç ã o de tomar um tá xi na esquina e nã o pretendia tirar o casaco no apar­tamento de Joel. Seria uma visita rá pida.

Alguns minutos depois desceu do tá xi, em frente ao edificio onde Joel morava, e tomou o elevador para o ú ltimo andar. Tocou a campainha e esperou no corredor. Nã o foi Heron, contudo, quem abriu a porta, mas o pró prio Joel, moreno e inquietante, com uma calç a bege de camurç a e um pulô ver preto.

— Estava aguardando por você — disse, afastando-se da porta.

Rachel observou-o de relance, ao passar por ele. O ar abatido

do rosto desaparecera, mas havia ainda leves olheiras em torno

das ó rbitas. Estava recuperado, pelo visto, e ela se arrependeu de

nã o ter perguntado isso pelo telefone.

— Você está com boa aparê ncia — comentou, parando diante dos degraus que levavam à sala. — Por que você nã o me disse? Podí amos ter nos encontrado em outro lugar...

— Por quê? — Joel desceu rapidamente os degraus. — Aqui é tã o bom quanto em qualquer outro lugar. — Examinou-a de re­lance. — Tire o casaco e fique à vontade. O que você quer beber?

Rachel continuou imó vel, com a fisionomia tensa.

— O que você quer falar comigo, Joel? Joel dirigiu-se para o carrinho de bebidas.

— Somente nó s dois estamos aqui, Rachel. Nã o temos pressa.

— Você nã o disse que Heron estava em casa? Joel deu um suspiro de impaciê ncia.

— Disse. Mas está no quarto dele. Para todos os efeitos, estamos sozinhos em casa. Está satisfeita agora?

Rachel continuou onde estava, com as mã os nos bolsos do casaco.

— Seu pai telefonou há pouco e disse que tinha conversado com você.

— Rachel, pelo amor de Deus, sente-se aqui! — exclamou ele. — Eu nã o vou seduzi-la, violentá -la nem fazer nada do que você está imaginando. Eu só quero conversar. Conversar... Entendeu?

— Sobre o quê?

— Se você se sentar aqui eu vou lhe dizer.

Rachel desceu os degraus com relutâ ncia e sentou-se na beira do sofá. Nã o despiu o casaco, no entanto, e quando Joel estendeu o copo de bebida, apenas tirou a mã o do bolso para segura-lo.

— O que é? — indagou, examinando o lí quido transparente.

— Martini com soda. Imagino que seja bastante inofensivo para você, nã o?

Rachel balanç ou a cabeç a, apertando o copo na mã o.

— Obrigada.

Joel serviu-se de uí sque e voltou a sentar-se no sofá, mais perto dela do que teria preferido.

— O que meu pai falou?

— Que você s dois conversaram — disse Rachel sem jeito.

— Mais nada? Ele telefonou apenas para dizer que tinha con­versado comigo?

— Nã o, nã o foi apenas para isso. — Corou ligeiramente. — Falou de outras coisas...

— Quais, por exemplo?

— Eu nã o tenho obrigaç ã o de dizer a você.

— Ele contou que conversei com o cirurgiã o que vai operar Sara?

— Nã o. Nã o me falou nada a esse respeito. Você conversou com o dr. Lorrimer?

— Humm. Queria saber algumas coisas. — Levantou o joelho, apoiou o braç o em cima e examinou o lí quido no copo.

— O resultado é meio duvidoso...

— Que resultado é duvidoso? — perguntou Rachel com uma pontada no estô mago. — Do que você está falando?

— Do transplante. Tenho minhas dú vidas.

— Por quê?

O rosto dela estava mais branco que cera.

— Por favor, nã o faç a essa cara, Rachel. O dr. Lorrimer é um cirurgiã o de toda confianç a. Nã o há nada a temer, nesse sentido. — Deu um suspiro. — Nã o estou me referindo a isso. Sã o os efeitos... posteriores.

— Que efeitos? — exclamou Rachel, encarando-o fixamente. Joel balanç ou lentamente a cabeç a.

—  Sara é uma crianç a, certo?

— Isso nã o faz nenhuma diferenç a. Eu perguntei ao mé dico...

— Deixe-me acabar! — Fez uma pausa e continuou: — Como ia dizendo, Sara é uma crianç a. Os problemas que ela teve até agora atrasaram seu crescimento fí sico, certo? — Rachel balanç ou a cabeç a com relutâ ncia. — Muito bem. Felizmente, os efeitos até agora foram mí nimos. Mas se for feito o transplante... o transplante de um rim adulto... ela terá que tomar alguns medicamentos su­pressivos para sobreviver. E sabe o que esses medicamentos fazem? Retardam ainda mais o crescimento!

— Nã o é possí vel! — exclamou Rachel, assustada. — O dr. Lorrimer me garantiu que havia muita probabilidade de a operaç ã o ser bem-sucedida.

— A operaç ã o, sim. Tecnicamente, pelo menos. Mas telefone para o dr. Lorrimer, se você nã o acredita em mim. Peç a-lhe para explicar o caso. Eu sei que ele já explicou isso a você e a meu pai, mas sua preocupaç ã o principal era saber se Sara ia sair com vida da operaç ã o. Você nã o refletiu sobre os efeitos posteriores. A meu ver, nã o sã o nada animadores.

— Sara nã o pode viver o resto da vida dependendo de um rim artificial! — exclamou Rachel com nervosismo. — Eu sei que houve muitos progressos nos ú ltimos anos e que ela pode viver muito tempo assim... Mas isso nã o é uma soluç ã o satisfató ria, concorda? Eu quero que ela tenha a oportunidade de levar uma vida normal!

— Eu també m!

— Nã o parece! Por que você me diz essas coisas? Para me assustar?

— Eu nã o quero assustá -la, Rachel. Pelo amor de Deus, eu estou apenas sugerindo que você... nã o apresse a operaç ã o. Sara está adaptada ao rim artificial... Ela nã o está correndo perigo de vida. Como você disse antes, muitos progressos bioló gicos foram feitos nos ú ltimos anos. Talvez haja outros no futuro pró ximo. Talvez fosse preferí vel aguardar um pouco mais. Nã o se esqueç a de que eu també m desejo o melhor para Sara.

— Deseja mesmo? — Rachel colocou o copo em cima da me­sinha e levantou-se do sofá. — Por quê? Por quê? Para poder tirá -la de mim?

— Do que você está falando?

Joel levantou-se també m, mas Rachel recuou alguns passos.

— Nã o adianta negar. James me contou sua intenç ã o.

— Minha intenç ã o? — perguntou com a voz gelada.

— Adoç ã o! — exclamou Rachel com rispidez. — Você quer adotar Sara. Foi isso o que você ameaç ou fazer, no iní cio, quando descobriu que tinha uma filha! Que sujeito arrogante você é!

Joel terminou o ulsque e jogou o copo em cima do carpete.

— Entã o foi isso o que meu pai disse?

— Você pode negar? Joel balanç ou os ombros.

— Que diferenç a faria?

— O que você quer dizer com isso?

— Está bom. Eu desejo adotar Sara. E daí?

— Isso é uma loucura!

— Por que, uma loucura?

— Você nã o gosta de crianç as!

— Pelo contrá rio, gosto multo de crianç as! Rachel sacudiu a cabeç a com impaciê ncia.

— Mas você sempre disse...

— Eu sei o que eu disse. Eu pensava assim antes. Mas nã o penso mais. O sucesso fá cil nã o dá satisfaç ã o. Eu fui um idiota, Rachel. Você nã o pode imaginar quanto!

Rachel levou a mã o à testa. A cabeç a doí a terrivelmente e ela sentiu-se tonta e enjoada.

— Eu nã o vou deixar você fazer isso!

— Ah, nã o? Como você pode me impedir?

— Casando-me com seu pai.

— Foi isso o que ele disse? — perguntou Joel com desprezo.

— E se foi?

— Quem está louca, agora, é você!

— Nã o ouse me chamar de louca! — exclamou ela, furiosa, com a voz ofegante. — Ah, meu Deus, por que fui me envolver com essa famí lia?!

— Porque você gostava de mim — disse Joel, dando um passo à fronte. Rachel recuou instintivamente e tentou libertar-se de suas mã os. Joel poré m foi mais rá pido e segurou-a pelo pescoç o.

— Você gostava de mim, nã o? Confesse...

— De você? De você? — ela exclamou com um sorriso forç ado.

— Eu o odeio!

Joel apertou os dedos em volta da nuca e acariciou o pescoç o com o polegar.

— Cuidado, Rachel... — murmurou, com os olhos apertados por baixo das pestanas compridas. — Eu sofri muito, quando você me deixou. Nã o me faç a sofrer de novo...

A tensã o no corpo dela cessou de repente; sentiu-se fraca e vacilante. Estava exausta com a conversa, fí sica e emocionalmente, e nã o tinha â nimo para tomar, nenhuma decisã o.

— Solte-me, Joel — suplicou, com a voz cansada, o rosto caí do sobre o peito dele. — Por favor... eu nã o aguento mais essa discussã o.

Ele retirou, com as mã os trê mulas, o casaco de camurç a e sol­tou-o no chã o. Estreitou-a nos braç os e ela percebeu que o corpo dele tremia tanto quanto o seu. Inclinou em seguida a cabeç a e cobriu-a de beijos, beijos apaixonados a que ela nã o tinha forç a nem vontade de resistir.

— Eu nã o quero magoá -la, Rachel — murmurou-lhe ele junto à boca. — Eu só quero amá -la. Deixe-me amá -la, Rachel. Fique comigo...

Mas foram essas palavras que a despertaram para a realidade. O que estava fazendo, pensou em pâ nico, ao abandonar-se dessa forma? Respondia a seus beijos com um abandono e uma entrega total... Ele queria amá -la, nã o duvidava disso. Era sua maneira de dizer que desejava fazer amor com ela. Mas amar e fazer amor eram duas coisas completamente diversas. Embora seus sentidos ansiassem pela posse, excitados pela lembranç a da noite inesque­cí vel que tinham passado juntos, tinha que lembrar as consequê n­cias da loucura e o que ele estava tentando obter dela agora.

Arrancou-se dos seus braç os e encarou-o com raiva, tremendo incontrolavelmente.

— Ah, eu sei o que você quer! Você quer fazer amor e depois contar tudo a seu pai! É isso o que você deseja, nã o? Acusar-me no tribunal de ser uma mulher corrupta e venal! Nã o é isso? Que estou noiva de um homem e faç o amor com outro...

— Rachel, você está completamente louca! — exclamou Joel. atô nito. — Ouç a o que eu vou dizer...

— Eu nã o quero explicaç õ es, Joel!

— Rachel! Espere um instante!

Tentou segurá -la, mas ela se esquivou e saiu correndo pela porta antes que pudesse detê -la. Ela ouviu passos atrá s de si e, _ em vez de descer pelo elevador, precipitou-se em direç ã o à escada. Voltas e mais voltas, andares e mais andares, perdeu a conta dos degraus que descia, com a cabeç a tonta, as pernas doloridas. Ele a estava seguindo? Tomara o elevador? Estaria esperando por ela no té rreo? A escada parecia nã o ter fim. Quantos andares faltavam? Achou que nã o chegaria nunca embaixo. A escada parecia estar tomando uma forma esquisita, estava subindo ou descendo? Os degraus continuavam ininterruptamente na sua frente. Levantou o pé para o apoiar num degrau, mas nã o havia nada ali, e começ ou a rolar, rolar, batendo com os braç os e as pernas no chã o. Ah, que dor! Depois a inconsciê ncia...

 

 



  

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