Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





CAPÍTULO VII



 

 

Fazia mais de meia hora que Joel e Sara tinham ido à loja de diversõ es eletrô nicas e Rachel estava can­sada de esperar no saguã o e de desviar a cabeç a dos olhares insistentes de dois rapazes que estavam sentados no bar. Pelas vidraç as da sala podia enxergar o pá tio deserto do hotel; a neblina fria que o vento soprava do mar cobria as plantas ornamentais e as á rvores do jardim.

Quando Sara perguntou no carro se iam à praia, Joel respondeu que era lá justamente que pretendia levá -las e, diante dos gritos de alegria da menina, Rachel aceitou a contragosto a sugestã o.

— Qualquer lugar está bom — dissera sem muito entusiasmo.

Felizmente, Joel nã o insistira em conversar com ela durante a viagem e voltou toda sua atenç ã o para Sara, que ria e brincava com ele, fazendo perguntas que Rachel nã o teria coragem de fazer. Talvez houvesse alguma afinidade especial numa relaç ã o de san­gue, pensou Rachel. Era incrí vel a facilidade com que Joel se adap­tava à companhia da menina. Sara nã o costumava demonstrar o mesmo entusiasmo por ningué m.

Ao ver Joel tomar a rodovia, Rachel concluiu que seguiam para o litoral. A manhã estava ensolarada em Londres e, em qualquer outra ocasiã o, teria apreciado passear pela praia depois de almoç ar num dos hoté is da cidade, Com o tempo encoberto, no entanto, o passeio nã o era muito agradá vel, muito menos com a neblina ú mi-da que afastava qualquer possibilidade de uma caminhada a pé.

Para desfazer a decepç ã o de Sara, Joel prometeu levá -la a um parque de diversõ es depois do almoç o. A comida no restaurante estava excelente, mas Rachel estava sem apetite e esforç ou-se para comer.

Joel fingiu nã o notar seu mutismo e continuou a conversar animadamente com Sara, que limpou o prato e estava muito con­tente com a atenç ã o que Joel lhe dirigia.

Tomaram café no saguã o do hotel e foi entã o que Sara começ ou a ficar excitada para conhecer o tal parque de diversõ es. Agora Rachel gostaria de ter ido com os dois. Joel nã o dissera quanto tempo iam demorar lá e ela nã o estava com paciê ncia para esperar no salã o fechado. Por outro lado, nã o tinha nenhuma vontade de ir lá fora, com a brisa fria que soprava do mar.

Cansada de ficar sentada, levantou-se com um suspiro e passou, a bolsa a tiracolo. Talvez, se caminhasse um pouco, acabaria en­contrando os dois.

Sem prestar atenç ã o aos olhares que a seguiram pelo salã o, foi à recepç ã o e dali desceu os degraus que levavam à porta do hotel. Tremendo um pouco no casaco leve de camurç a, apertou a gola. A neblina parecia mais densa do que antes e hesitou se devia continuar ou voltar para o hotel.

— Eu nã o me preocuparia com ele — disse uma voz perto do seu ouvido.

Rachel voltou-se rapidamente e reconheceu um dos rapazes que estavam no bar.

— Desculpe, nã o entendi — replicou com a fisionomia surpresa. — Seu marido! O homem que saiu com a menina. Eu nã o me preocuparia com ele.

— Acho que você está enganado. O rapaz deu um sorriso.

— Nã o, quem se enganou foi ele em deixar uma uva como você sozinha. O que aconteceu? Você s brigaram?

— Por favor, deixe-me em paz! — exclamou, olhando em volta à procura de algué m, mas nã o havia ningué m à vista. — Meu marido e minha filha nã o demoram!

— Ah, nã o? Pois eu nã o creio. Ele parecia uma fera quando saiu daqui.

— Nã o me aborreç a! — exclamou com raiva. Estava ofegante e ligeiramente assustada. Nunca lhe acontecera nada parecido antes.

— Vamos entrar e tomar um drinque no bar — sugeriu o rapaz, tentando segurá -la pelo braç o. — Você nã o vai encontrar ningué m nessa neblina.

— Se você nã o me soltar eu vou chamar a polí cia!

— Rachel!

O grito de Joel nunca foi tã o bem recebido. Aproximou-se a passos largos do jardim, arrastando Sara pela mã o, e Rachel correu ao seu encontro, sem notar que estava correndo para os braç os dele. Apertou o corpo trê mulo e ofegante contra o de Joel, enquanto procurava recuperar-se do susto que levara.

— O que foi? O que aquele rapaz estava dizendo?

— Nã o foi nada — murmurou Rachel. — Eu fiquei cansada de esperar no hotel. Você s nã o voltavam mais!

— Nã o pensei que você ia sentir falta de mim — disse Joel. Sara agarrou a mã o de Rachel.

— Mamã e, encontramos um amigo de Joel e ele convidou a gente para dar um passeio de barco. Vamos, mamã e? Vamos?

— Sua mã e está nervosa, Sara — disse Joel olhando para Ra­chel. — O rapaz entrou no hotel. Você quer que eu vá procurá -lo?

— Nã o, nã o foi nada — disse Rachel, balanç ando nervosamente a cabeç a. — Ele nã o estava me importunando realmente. Estava apenas respirando o ar fresco, eu suponho. Alé m disso, havia um outro no hotel,

— Você diz isso para me assustar? Ou tem receio de que eu me machuque?

— As duas coisas — murmurou Rachel, evitando seus olhos. Joel hesitou um instante e depois segurou novamente a mã o

de Sara.

— Vamos encontrar um lugar para tomar chá. Antes de voltar

para a cidade.

A viagem de volta foi mais agradá vel do que a de ida, pelo menos para Rachel. Joel era uma companhia encantadora guando mantinha a conversa num plano impessoal e os trê s estavam real­mente apreciando o passeio e a paisagem envolta na neblina. No meio da viagem Sara cansou e dormiu no banco de trá s.

— O dia nã o foi muito brilhante — disse Joel, quando os dois se viram a só s.

— Em que sentido? — indagou Rachel.

— Sugeri irmos à praia para podermos conversar enquanto Sara brincava na areia. Infelizmente, meu plano nã o funcionou...

— Nã o começ ou muito bem tampouco — murmurou Rachel,

— Por culpa minha? — Nã o disse que foi.

— E agora podemos conversar?

— Nã o estamos conversando?

— Nã o. — Os dedos deslizaram pela direç ã o no momento em que ele ultrapassou um caminhã o. — Estamos apenas trocando palavras.

— Ah, Joel, por que você insiste em dificultar as coisas? Por que nã o aceita que vou casar com seu pai e ponto final?

— Eu nã o posso aceitar isso.

— Mas tem que aceitar.

— Rachel, Sara é minha filha. Minha carne e meu sangue. Nã o vou abrir mã o dela por nada desse mundo!

Rachel dobrou os dedos na palma da mã o.

—Joel, você tem sua profissã o. Foi isso que você sempre desejou.

— Era isso que eu sempre pensei que desejasse!

— Você tem certeza que nã o é seu egoí smo que está motivando seu interesse por Sara?

Ele apertou os dedos com tanta forç a no volante que os ossos ressaltaram.

— Eu escuto suas acusaç õ es em silê ncio, Rachel. Nenhuma outra pessoa ouviria calado a metade das coisas que você me diz.

Rachel virou o rosto e olhou fixamente pela janela.

— Eu nã o estou pedindo sua indulgê ncia.

— Eu sei disso. Estou procurando ser compreensivo. Será que você nã o pode fazer um pequeno esforç o?

— Nó s nunca vamos nos entender, Joel, e você sabe disso tã o bem quanto eu.

— Para que fingir, Rachel? Eu sei que você nã o é indiferente a mim, como pretende.

Rachel virou o rosto sem jeito.

— Nã o adianta apelar. Você está perdendo seu tempo.

— Nã o estou apelando. Estou simplesmente constatando os fa­tos. Quando eu lhe beijei no apartamento, você nã o sentiu repulsa por mim.

— E daí? Que conclusã o você tira?

— Muitas — disse, olhando de relance para ela. — É um ponto importante e que deve ser levado em consideraç ã o.

— O fato do ter sido apanhada desprevenida nã o significa que estou apaixonada por você! — exclamou com raiva. — Por estranho que pareç a, você nã o é um homem irresistí vel para mim!

Houve um silê ncio prolongado e, quando ela se aventurou a observá -lo com o canto dos olhos, foi movida por um sentimento ridí culo de compaixã o ao ver as linhas fundas que lhe sulcavam a boca. Mas nã o tinha motivo para sentir pena dele. Joel sabia defender-se sozinho. Era uma tolice interessar-se por ele depois do que acontecera entre os dois. Só por ser o pai de sua filha pensava que gozava de regalias especiais?

Quando entraram nos subú rbios da cidade, Sara acordou com o ruí do das buzinas. Sentou-se no banco e começ ou a conversar animadamente sobre o passeio de barco. Embora Joel estivesse visivelmente deprimido, procurou ser paciente com a menina e Rachel lhe ficou grata por isso. Felizmente Sara nã o notou nada de mais no relacionamento dos dois.

Joel estacionou o carro em frente ao pré dio e Sara franziu a testa ao ver a mã e descer sozinha,

— Você nã o vai subir? — perguntou a Joel com ar inocente. — Suba um pouquinho — interveio Rachel, penalizada com

sua fisionomia abatida. — Podemos tomar um chá e comer uns sanduí ches, se você estiver com vontade.

Joel hesitou, com os dedos contraí dos sobre a direç ã o.

— A empregada nã o está em casa? Ela nã o vai estranhar?

— A empregada já foi embora — disse Sara com animaç ã o, — Ela saiu hoje de manhã. Ela ficou com a mamã e ontem à noite enquanto eu estava no hospital.

Rachel afastou-se rapidamente do carro, mas Joel já estava ao seu lado no momento em que ela procurava a chave do apartamento

na bolsa.

— Entã o você passou a noite no hospital? — perguntou a Sara, levantando-a nos ombros sem esforç o. — Mamã o nã o me falou nada.

Tomaram o elevador e Rachel manteve a cabeç a baixa, aguar­dando o momento em que teria de contar a verdade a Joel. Porque o momento chegara finalmente, como previa. Se nã o contasse, ele saberia por outra pessoa qual era o problema de Sara.

Felizmente, Joel nã o abordou o assunto quando entraram no apar­tamento. Ele sentou-se confortavelmente no sofá e admirou os brinquedos que Sara trouxe para mostrar-lhe. Em seguida, esboç ou um retrato de corpo inteiro de Sara, brincando com Helga, a boneca predileta.

Rachel, enquanto isso, estava ocupada na cozinha. Havia com­prado pã o quando voltara de manhã do hospital e tinha ovos na geladeira para preparar uma omelete, em vez dos sanduí ches que oferecera a princí pio. Abriu uma lata grande de sopa de galinha, que pô s numa panela para esquentar. Bateu em seguida um pouco de creme de leite fresco para acrescentar à salada de frutas, que serviu em pratinhos de sobremesa.

O lanche foi um sucesso. Ela estava com muito apetite e decidira nã o pensar em mais nada no momento. Joel sentou-se na outra extremidade da mesa. Tirou o casaco e os braç os fortes apareciam por fora da manga curta da camisa.

— O jantar estava uma delicia — disse, ao terminar a segunda xí cara de café. Voltou-se para Sara. — Vamos ajudar mamã e a

lavar a louç a?

— Boa idé ia — disse Sara. Ela adorou a novidade porque nunca tivera uma casa realmente sua. — Você lava e eu enxugo, está bem?

Rachel sentou-se na sala de visitas enquanto os dois se ocupa­vam com as louç as e talheres. Podia ouvir a á gua escorrendo da torneira, os gritinhos alegres de Sara e os comentá rios que Joel fazia. Era uma pena que a menina nã o se desse bem com James, pensou. Mas a verdade é que James nunca se ofereceu para brincar com Sara. Conversava com ela, fazia todas as suas vontades, com­prava presentes, mas nã o havia entre os dois a mesma camara­dagem alegre que notava entre Sara e Joel.

Rachel levantou-se do sofá e começ ou a andar impacientemente pela sala. Estava se tornando sentimental. Talvez fosse um capricho passageiro que Sara sentia por Joel, uma simples diversã o antes que outra coisa atraí sse sua atenç ã o. Nã o acontecera o mesmo com ela? Quando os dois entraram na sala alguns minutos depois, Sara parecia meio ansiosa.

— Minha blusa está toda molhada, mamã e — disse, apontando para a roupa com o rosto preocupado.

— A culpa foi minha — disse Joel. — Ela seca num instante.

— Nã o tem importâ ncia, Sara — comentou Rachel, desviando o rosto do olhar insistente de Joel. — Alé m disso, está na hora de você ir dormir. Vista o pijama e pendure a blusa no banheiro para secar. Vou preparar o banho para você.

— Joel pode me dar banho, mamã e? — perguntou Sara com os olhos brilhantes.

Rachel deu um suspiro de impaciê ncia.

— Nã o, Sara, nã o pode.

— Se ela quiser — interveio Joel, mas Rachel o interrompeu com rispidez.

— Eu vou dar o banho nela. Vá trocar de roupa, Sara.

— Por que você está de mau humor? — perguntou Joel quando Sara saiu da sala. — Você tem receio que eu veja a sonda? — Torceu os lá bios quando ela o encarou boquiaberta. — É isso que ela tem, nã o? Uma deficiê ncia renal?

Depois do banho, enquanto vestia o pijama na filha e escovava seus cabelos, como fazia todas as noites, Rachel pensou no que Joel dissera e convenceu-se de que nã o podia ocultar a verdade por mais tempo. Mais cedo ou mais tarde ele ficaria sabendo, de qualquer maneira

Sara bebeu um copo de leite na cozinha e depois foi despedir-se de Joel na sala.

— Você vem me deitar na cama? — perguntou, pequena e ca­tivante no pijama estampado.

Rachel observou a emoç ã o no rosto dele e procurou imaginar se Joel gostaria de ter um filho com a mulher que amasse. O motivo da atenç ã o que dedicava por Sara talvez fosse ter encon­trado essa mulher. É rica ocupava certamente uma posiç ã o impor­tante na vida dele. Sentiu um aperto no coraç ã o ao pensar que Joel poderia um dia querer adotar Sara — ele e É rica. E com os advogados que podia contratar...

— Sara, você já devia estar na cama! — disse com irritaç ã o. — Já passa das oito.

— Eu queria que Joel viesse comigo! — insistiu a menina com a voz chorosa.

Joel levantou-se.

— Vamos, Sara. Mostre-me onde é seu quarto de dormir. Rachel acompanhou os dois até a porta. Deu um beijo na filha e

voltou para a sala. No momento em que se sentou no sofá, o telefone tocou. Suspeitava quem era, mas tinha que atender de qualquer forma.

— Alô? — disse em voz baixa.

— É você, Rachel?

James parecia muito animado e Rachel respirou fundo antes de responder.

— Sim, sou eu, James.

— Você está bem? Está com a voz cansada...

— Nã o, está tudo bem. Estava pondo Sara na cama.

— Como ela está? Foi tudo bem ontem à noite?

— Sim, tudo correu muito bem. E você, como está?

— Em perfeita forma, como sempre. — Deu uma risada. — Você está gostando de Londres? Passeou muito?

— Um pouco.

— Minha secretá ria lhe disse que abri uma conta para você no Harrods? Imaginei que você gostaria de fazer compras lá.

Rachel deu um suspiro.

— Nã o, ela nã o me falou nada. Mas nã o se preocupe, James. Eu nã o tenho realmente necessidade de nada.

— Bobagem! Todas as mulheres gostam de gastar dinheiro. Eu vou falar com Lí dia amanhã.

Rachel sabia que nã o adiantava discutir. Quando James decidia uma coisa nã o havia ningué m que o demovesse. A mã o que se­gurava o fone tremeu ligeiramente. Joel era mais parecido com o pai nesse ponto do que queria admitir.

— Antes que me esqueç a — disse James com a voz animada. — Você gostaria de convidar algué m especialmente para o casamento?

Rachel balanç ou a cabeç a sem querer, esquecendo-se que estava falando no telefone.

— Nã o. nã o tenho nenhum convidado especial.

As ú nicas pessoas que convidaria estavam fora e ela nã o acreditava que o coronel ou Andrew viajassem só para assistir ao casamento.

— Muito bem, entã o. — James nã o parecia desapontado. Na­turalmente, nã o gostaria que Rachel convidasse as ex-colegas de orfanato. Ele pretendia introduzi-la numa sociedade bem diferente.

Ela percebeu que Joel entrou na sala sem voltar a cabeç a na direç ã o da porta. Joel nã o disse nada, mas ela ficou nervosa com sua presenç a na sala e perguntou abruptamente:

— Você tem mais alguma coisa a dizer, James?

— Tem certeza que nã o está precisando de nada? — perguntou James apó s um instante de silê ncio. — Sua voz me parece um pouco tensa...

— Nã o, juro que estou bem. Talvez esteja um pouco cansada. E com um pouquinho de dor de cabeç a.

Joel deu uma risada atrá s dela e acendeu um cigarro.

— Por que você nã o disse antes? Imagino que seja a mudanç a de ar — continuou James. — No interior nã o havia a fumaç a que você respira aí. — Fez uma pausa. — Vou me despedir para você poder descansar. Por falar nisso, espero voltar na quarta e nã o na quinta, como estava programado. Vou avisá -la com antecedê ncia sobre o vô o. Um beijo na Sara.

— Outro para você.

— Auf wiedersehen, Liebling. Está vendo, já sei falar um pouco de alemã o. — Rachel despediu-se com nervosismo e colocou o fone no gancho.

— Liebling — comentou Joel em tom de zombaria, dando a entender que ouvira a conversa desde que entrara na sala. — Meu pai está se tornando sentimental com a idade.

— Por que você tem que ser desagradá vel? — perguntou, le­vantando-se do sofá. Foi à janela e abriu a cortina. — Como você ficou sabendo que Sara tem uma deficiê ncia renal?

— Nã o fiquei sabendo. Eu adivinhei pelas coisas que você falou. Sara tem necessidade de um rim artificial, nã o é verdade? E foi por isso que ela passou a noite no hospital.

— Está bom, está bom! — disse Rachel com nervosismo. — Vou contar a verdade. Sara nasceu com uma malformaç ã o dos rins. Eu nã o suspeitei nada a princí pio. Parecia uma crianç a normal e sadia. Nunca foi muito desenvolvida para a idade, e nã o adquiria peso rapidamente, mas o mesmo acontece com muitas outras crianç as. — Dou um suspiro. — Como era muito pequena, tinha tendê ncia à s infecç õ es. E a menor infecç ã o provocava febre alta e distú rbios gá s­tricos. Um dia finalmente o mé dico descobriu qual era o problema.

— E aí?

— Ah, tenha paciê ncia! — Afundou na poltrona e olhou fixa­mente para o aquecedor elé trico. — Consultei diversos especialis­tas. Fizeram tudo o que podiam, mas nã o ficou boa. Há seis meses ela apresentou uma deficiê ncia renal. Foi entã o que o mé dico ini­ciou o tratamento com o rim artificial.

— E você nã o me falou nada! — exclamou Joel, andando de um lado para o outro da sala.

— Por que falaria? Nã o era seu o problema, era meu. Fui eu que decidi ter Sara. E sou eu a responsá vel por ela.

— Mas nessa circunstâ ncia...

— As circunstâ ncias nã o tê m nada a ver com isso. Foi um incidente infeliz da natureza. O castigo, talvez, pela maneira como me conduzi.

— Nã o diga besteira! — exclamou Joel com impaciê ncia. — O que você fez de mais?

— Bem, essa doenç a é hereditá ria, e é possí vel que meus pais...

— Nã o se esqueç a que de Sara tem dois pais.

— Mas nã o há nenhum caso desse em sua famí lia.

— Tem certeza? — perguntou Joel com a testa franzida.

— Ah, Joel, nã o brinque com essas coisas. — Levantou-se e foi colocar-se atrá s do sofá. — Bem, de qualquer maneira, era essa a situaç ã o há seis meses atrá s...

— E onde meu pai entra nessa histó ria?

— Isso é outro assunto... O coronel estava vendendo a casa para se mudar para o Norte. Por motivo de saú de. Seu pai cuidou de toda a parte financeira do negó cio. Investimentos e coisas assim.

— E meu pai foi visitar o coronel?

— Eles eram velhos amigos.

— Que coincidê ncia!

— Você pensa realmente que eu planejei tudo isso? — exclamou Rachel com irritaç ã o. — Eu quase morri de susto quando abri a porta e avistei seu pai na minha frente. Ele conversou natural­mente com o coronel a meu respeito e quando viu Sara...

— Entendeu imediatamente o que você tinha feito. — Joel aper­tou os punhos. — Mas isso nã o explica o motivo do casamento. Ele prometeu ajuda financeira a Sara? Você tem que pagar alguma operaç ã o que vai ser feita?

— Nã o, nã o é isso. O tipo de sangue de James corresponde exatamente ao de Sara. E ele concordou em doar um rim para o transplante.

 

 



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.