Хелпикс

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Kay Thorpe 7 страница



— É, parece mesmo caro. Edie, felizmente, raramente compra lá — disse ele, danç ando até perto do outro casal. — Sharon é sua cliente, Simone. Estou surpreso de você nã o ter reconhecido seu pró prio produto.

— Mas eu reconheci, sim — disse Simone, pousando os olhos escuros em Sharon e sorrindo de leve. — A gente sempre se lembra de algumas peç as porque sã o extra-especiais. Você tem muito bom gosto.

— E bem caras també m — disse Lee, brincando. — Seus preç os sempre foram exorbitantes, Simone.


— A verdadeira qualidade tem de custar caro — disse, impassí vel. — Você nã o vai censurar a sua mulher?

— Ele nunca me censura, nã o é, Lee? — disse Sharon, com uma risada que soou falsa a seus pró prios ouvidos.

—Quem seria capaz disso? — disse ele, com um sorriso enigmá tico.

—Acho que devemos deixar o noivo e a noiva terminarem a danç a — disse Real depois de uma pausa, soltando Sharon. — Afinal, estã o em lua-de-mel. Quem somos nó s para separá -los?

Nada havia que Simone pudesse fazer, fosse qual fosse sua opiniã o. Teve de sorrir e concordar com a sugestã o, deixando Sharon entre os braç os de Lee.

—Nã o tã o tensa — disse ele baixinho, puxando-a para perto de si, colando o rosto ao dela. — Nã o podemos decepcionar a platé ia, nã o é? Somos recé m-casados e apaixonados. Consegue fingir direitinho?

A despeito de si mesma, Sharon nã o conseguiu ficar indiferente à proximidade do corpo esbelto e musculoso de Lee roç ando contra o seu. Ligeiramente agitada, lanç ou os braç os em torno do pescoç o dele, sentindo seu coraç ã o pulsar contra o dele.

—Melhor? — murmurou.

— Infinitamente melhor — disse ele, num tom de voz que a fez estremecer. — Você está quase nua debaixo dessa roupa.

— É assim que tem de ser usada — disse ela, num enorme esforç o para manter o controle. — Vai comentar meu corte de cabelo ou nem notou?

— Seria difí cil nã o notar. Era essa a sua intenç ã o, nã o? Com isso você parece ter mudado em muitas coisas.

—Para melhor ou para pior?

—Depende do ponto de vista. Aquela sua infantilidade desapareceu por completo.

—Quer dizer que estou exagerada?

— Nã o, está mais vistosa. Alain notou isso també m. Ele nã o teria prestado tanta atenç ã o à garota que saiu à s compras hoje à tarde — disse ele, completando em outro tom. — Mas acho que há mais que o cabelo e a roupa, apenas. Algo deve ter acontecido esta tarde.

— É verdade — disse baixando os olhos e velando a satisfaç ã o interior que sentia. — Gastei um monte de dinheiro. Do seu dinheiro. Suponho que seja uma mistura de sensaç ã o de culpa e auto-indulgê ncia.

— Acredito mais na ú ltima — disse, rindo secamente. — Mas nã o fique indulgente demais, nã o sou tã o fá cil de enganar.

—Se eu fosse realmente interesseira nunca teria me importado com as coisas que Lora disse — murmurou Sharon, afastando-se dele o mais que podia.

—Ela apenas feriu o seu orgulho. Você gostava da idé ia de eu me sentir apaixonado por você, mesmo nã o retribuindo esse sentimento.

—Nã o é verdade! Fiquei magoada porque amava você.

— Pare de se enganar. Se me amasse teria me dado ao menos uma chance de me explicar — disse ele, sacudindo a cabeç a. — O problema é que você nã o teve coragem de manter sua decisã o. Se tivesse tentado vencer a repulsa fí sica para dormir com um homem por quem nã o tem nenhum sentimento, teria descoberto que podia ser divertido, apesar de tudo. E eu talvez nunca notasse a diferenç a. O problema agora é que eu sei, e o fato de ir para a cama comigo nã o vai mudar nada. Que isso fique bem claro.

— Nã o tenho intenç ã o de ir para a cama com você — disse ela, a garganta apertada.

— Veremos. — Lee puxou-a novamente para junto de si, prendendo-a forte. — Estou querendo descobrir até que ponto vai essa repulsa.

Só bem depois da meia-noite as pessoas resolveram ir embora. Simone demonstrava claramente que sentia ter de se afastar de Lee, sem esconder isso de ningué m.

— Foi uma noite deliciosa — disse ela. — Quase como nos velhos tempos. Vai aportar aqui de novo ao voltar para Marselha?

— Talvez — respondeu Lee. — Depende de quanto tempo nos sobrar. Da pró xima vez podemos formar um grupo e passar alguns dias em Monte Cario.

— Pena que ainda estejam em lua-de-mel, senã o poderí amos ir hoje mesmo — disse Alain, sorrindo lenta e significativamente para Sharon. — Vou esperar ansiosamente o nosso pró ximo encontro.

Ao se verem sozinhos, Sharon evitou os olhos de Lee e voltou-se para sair.

— Vou para a cama — anunciou.

— Eu sei — disse ele, calmo. — Vou com você.

— Nã o. Nã o vai! — respondeu ela ao ver o olhar brincalhã o e malicioso dele.

— Vamos discutir isso lá embaixo — disse ele, ao ver John entrando para retirar os copos. — Durante a noite as vozes soam muito altas no mar.

De fato, ali de onde estava Sharon podia ouvir claramente as pessoas conversando no barco vizinho. E mais alé m havia mú sica tocando e risadas distantes. No porto, a ú nica maneira de manter a discriç ã o era dentro da cabine.

Foi na frente de Lee, nervosa. Sabia que ele nã o estava brincando, mas nã o ia permitir que nada acontecesse. No entanto, nã o podia negar que uma parte dela o desejava. E teria de lutar contra isso també m.

Ao chegarem à cabine Lee trancou a porta sem se preocupar em disfarç ar o ruí do da chave.

—Para você desistir de qualquer idé ia de fuga — disse, estudando-a com o olhar, um sorriso inclinado nos lá bios. — Nã o sei quem inventou esse modelo de cabelo, mas seja quem for sabia muito bem o que estava fazendo. Poucas ousariam usá -lo. Nã o pensei que. você tivesse coragem até ver com os meus pró prios olhos.

—Nã o o fiz para você, mas para mim mesma.

—Seja qual for a razã o, o efeito é o mesmo. Eu nã o fui o ú nico a me excitar com a sua entrada hoje à noite. Você quase nocauteou Alain.

—Apenas fisicamente.

—Sei disso. O que aconteceu conosco enquanto está vamos danç ando també m foi apenas fí sico — disse ele, abrandando o tom de voz. — Assim como o que vai acontecer agora é apenas fí sico.

Ela ficou olhando enquanto ele avanç ava, tirando o paletó e a gravata e atirando-os numa cadeira.

— Nã o vou dormir com você, Lee — disse desesperada, vendo surgir de novo aquele sorriso dele.

— Nã o imediatamente, concordo. — Parou de desabotoar a camisa e pegou-a pelos braç os, apertando-a contra o peito. — Antes, temos de resolver aquele assunto da noite de nú pcias desperdiç ada.

A resistê ncia de Sharon durou pouco. Ele nã o lhe deu nenhuma chance. Indefesa, ela se viu correspondendo ao beijo, o corpo amolecendo entre as mã os dele, sem forç as, nem desejo de resistir.

Lee a despiu sem pressa, uma chama brilhando no olhar ao vê -la nua.

—É linda inteirinha — murmurou. — Pernas longas, adorá veis. Nã o se afaste de mim. Quero olhar para você, quero beber você.

—Lee — disse, num fio de voz. — Por favor...

—Muito bem — disse ele rindo, apertando-a nos braç os, correndo o dedo por sua espinha. — Você me despe.

—Eu... eu nã o posso.

Ela podia, sim, porque ele guiou as mã os dela até que a ú ltima peç a de roupa estivesse no chã o. Beijava-a no pescoç o, na nuca, nas orelhas, percorrendo cada curva com a ponta da lí ngua até que todo o corpo dela estivesse em chama.

—Pare de tremer — murmurou ele. — Nã o vou machucá -la. Nã o farei nada enquanto nã o estiver pronta. Relaxe e deixe-me excitá -la. Já está quase.

Entã o, carregou-a e depositou-a na cama, em cima da coberta, deitando-se ao lado dela.

—Diga que me ama — implorou ela. — Mesmo que nã o seja verdade.

—Nã o — disse ele, sem elevar a voz, mas decidido: — E nã o tente me dizer isso, porque nã o vou ouvir. Você está aqui comigo porque deseja a mesma coisa que eu. Essa é a ú nica razã o.

Ela tentou afastá -lo, mas nã o tinha forç as.

—Agora é tarde demais para mudar de idé ia — disse ele num tom mais duro, as mã os també m mais fortes. — Nã o vou deixá -la. Você escolhe, Sharon: por bem ou por mal? De minha parte, preferia que você se divertisse també m.

Apesar de si mesma, sentia um calor invadi-la inteira a cada toque dele. Queria odiá -lo, mas nã o conseguia. De qualquer forma nã o faria nenhuma diferenç a.

A emoç ã o cedeu lugar à sensaç ã o. Sentiu o coraç ã o dele batendo forte contra o seu, quando se deitou sobre ela, os lá bios quentes e viris vencendo a resistê ncia dos seus.

Toda a sua recusa se esvaiu e ela o beijava, devorando-o, solta, livre para mergulhar num mundo louco de prazer.

Ao despertar na manhã seguinte, viu que Lee tinha ido para a outra cama. Ficou ali deitada, na luz suave da manhã, olhando para ele, lembrando da noite anterior com uma confusã o de sentimentos. Antes de dormir ele tinha feito amor com ela mais uma vez, porque, segundo ele, a primeira vez nunca era a melhor para a mulher. E tinha razã o, pensou Sharon, sentindo o corpo agitado. Tinha sido maravilhoso, muito mais do que jamais esperara. E se tudo aquilo tivesse acontecido na noite de nú pcias, teria se sentido a mais feliz das criaturas sobre a face da terra.

Lee abriu os olhos, como se sentisse o olhar dela, despertando de uma vez. Seu olhar revelava saber o que ela sentia e brilhava de desejo.

—Venha aqui — disse docemente.

— É só isso o que quer de mim, nã o é? — disse ela, virando-se para a parede, subitamente deprimida.

— É tudo o que temos. Vamos aproveitar. Pague a sua parte e pode gastar tudo o que quiser.

—Mesmo que seja na Julien?

- Isso seria difí cil. Vamos partir hoje.

—Pobre Simone — disse ela, a voz embargada. — Nã o posso dizer que ela nã o sabe o que está perdendo, porque tenho certeza de que ela sabe. É satisfató ria na cama també m?

—Muito — respondeu ele, seco. — E satisfató ria nã o é o termo que eu aplicaria a você. Nã o, ainda. Como eu já disse antes, você tem ainda muito o que aprender.

—Disse també m que nã o tinha nenhuma intenç ã o de ensinar.

—Isso passou. A gente muda de idé ia — atirou longe as cobertas. — Eu vou aí.

Lee foi menos gentil que na noite anterior, mas ainda assim conseguiu fazê -la corresponder. Ao terminarem, sentindo ainda o peso dele no corpo, deitada entre seus braç os Sharon pensava.

—Você é um bastardo, Lee — disse baixinho.

— Você foi quem me fez assim — respondeu, rindo. — Tente encarar pelo lado bom. Você podia ter detestado tudo o que eu lhe fiz.

—Isso ainda pode acontecer. — Entã o será azar seu. — A respiraç ã o dele era quente no rosto dela, os dedos acariciando de leve sua pele. — Foi ó timo fazer amor com você, querida. E vou continuar desfrutando disso. É uma recompensa justa por tudo o que você tem recebido.

— Nã o quero nada, Lee — negou, desesperada. — Nã o quero mesmo...

— Nã o comece com isso outra vez. Nã o vai adiantar nada. Você mudou de estilo e agora vai ter de comprar as roupas adequadas. Você mesma descobriu isso ao escolher aquela roupa de seda preta — disse ele, sentando-se na cama e apanhando o roupã o. — Acho que muita gente terá uma surpresa quando voltarmos. Saí levando uma doce ingê nua e volto trazendo uma sereia. Me pergunto qual delas papai vai preferir.

 

 

CAPÍ TULO VI

 

 

Já estavam de volta a White Ladies há dois dias quando Richard Brent apareceu na casa. Ele encontrou Sharon no estú dio de mú sica, brincando preguiç osamente com as teclas do piano e sua reaç ã o foi de tamanha surpresa que Sharon nã o pô de conter o riso.

— Achou que tinha entrado na casa errada? — perguntou. — É o meu novo estilo francê s.

— É mais que um estilo — disse ele, estudando-a com expressã o estranha. — E toda uma nova pessoa. Foi sugestã o de Lee?

—Nã o, a idé ia foi minha. Gostou?

— Nã o sei bem — disse, cauteloso. — Gostava da outra Sharon. Vou ter de conhecer esta agora.

— O senhor nã o teve tempo antes para me conhecer de verdade — disse ela, brincando. — Quer um drinque? Ou prefere chá?

— Prefiro chá a esta hora do dia.  

— Já deve estar chegando. A sra. Reynolds sabe que está aqui?

— Sim. Eu a encontrei no hall de entrada — disse, sorrindo e sentando-se. Deu-me a ní tida impressã o de que eu devia tocar a campainha e esperar que atendessem em vez de entrar direto. E acho que ela está certa em me fazer sentir isso. Afinal, nã o sou mais o dono da casa. Como é que você se dá com ela?

— Estamos nos entendendo. E o senhor pode ir entrando à hora que quiser. Esta ainda é sua casa, sim.

— Nã o, nã o é. É sua e de Lee. Está tudo no papel. — Fez uma pausa cheia de expectativa. — Ele nã o está em casa?

—Foi encontrar algué m.

—Quem?

— Nã o sei bem — disse ela, ouvindo aliviada o tilintar das xí caras no corredor. — Negó cios, acho.

— Num domingo de tarde? — perguntou Richard, sacudindo a cabeç a. — Vou ter uma conversinha com esse meu filho. Você já tem de ficar sozinha durante toda a semana, isso basta.

— Nã o deve demorar — acrescentou Sharon, apressada. — O senhor fica para jantar, nã o fica?

—Impossí vel, desculpe. Mas eu gostaria muito. Lorna está em Copperlea com Lora e Jason e me convidaram. Minha filha nã o perde as esperanç as de me fazer reconciliar com a mã e. É claro que já é tarde demais para isso, mas ela é igual a Lee: insiste sempre.

—Mas papai resiste sempre — disse Sharon sorrindo.

— Só se for o que ele quer — respondeu rá pido, levantando-se para pegar a bandeja das mã os da governanta. — Dê -me aqui. Obrigado, sra Reynolds. Agora pode ir e descansar um pouco.

— Gostaria de lidar assim com ela — disse Sharon rindo, enquanto ele fechava a porta! — Eu ainda nã o sei bem qual de nó s duas é realmente dona da casa.

— Você, querida, nunca se esqueç a. Se essa mulher causar problemas, livre-se dela e encontre outra para o serviç o.

—Oh, eu nã o faria isso. Posso cuidar de tudo sozinha.

— Prende demais. Nã o se pode pensar só na vida domé stica quando se está começ ando uma famí lia. — Pegou a xí cara cheia, olhando-a nos olhos. — Você s planejam ter filhos, nã o?

— Talvez — disse ela, o rosto impassí vel. — O senhor quer muito ser avô, nã o?

—Deve ser ó timo. Todas as regalias sem nenhuma das responsabilidades. Criar filhos nã o é fá cil. Eles nem sempre sã o como a gente gostaria.

—Lee nã o foi?

— Em algumas coisas sim, em outras, nã o — disse o sogro, rindo. — Mas você é mulher dele. Provavelmente já sabe como ele é teimoso à s vezes. E isso ele nã o herdou de mim. Eu acredito que a mente deve estar sempre aberta. Espero que ele a esteja fazendo feliz.

— Claro que sim — disse ela, encontrando os olhos dele e sabendo que nã o o enganaria por completo. — Temos as nossas diferenç as, como todo mundo, mas estamos aprendendo a nos adaptar.

— Os dois estã o ou só você? Nã o, nã o precisa responder. O jeitinho para levá -lo é assunto seu.

—Por que é que ele tinha de se casar para conseguir o controle da Companhia? — perguntou Sharon, sem conseguir se controlar.

Passou-se um momento de silê ncio, a expressã o do velho iluminando-se lentamente.

— Lee precisava de uma â ncora. Algum tipo de responsabilidade pessoal. Tem uma cabeç a brilhante para negó cios e está mais do que capacitado a controlar a firma mas sempre se permitiu... distraç õ es demais.

— Especialmente distraç õ es femininas — completou Sharon, com um olhar significativo. — Oh, está tudo bem. Eu já sei disso. Eu podia parecer muito ingê nua quando me conheceu, mas nã o era cega a ponto de achar que era a primeira mulher na vida dele.

— Você foi a primeira por quem ele jamais sentiu algo de mais profundo — retrucou o velho. — Eu desconfiei disso no momento que ele me telefonou para contar de você e tive a certeza quando a vi pessoalmente. Você era tã o diferente das outras moç as que andavam com ele, Sharon. Jovem, nã o sofisticada, tã o terrivelmente insegura apesar de orgulhosa.

—Nã o era do tipo sensual, portanto só podia ser amor.

— Nã o do tipo que diria uma coisa dessas — disse ele, examinando-a com os olhinhos apertados. — O cinismo leva mais que algumas semanas para se desenvolver.

— Desculpe. Estava tentando soar inteligente — disse, sentindo-se meio agitada. — Sei o que quer dizer.

—Devo acreditar que ainda o ama?

— Sim — disse, um pouco insegura. Considerando o conjunto de tudo o que tinha vivido com ele, só podia dizer isso: sim, amava-o.

— Bom — disse o velho —, eu nã o gostaria de ter errado na minha avaliaç ã o de você.

Em seguida mudou de assunto, perguntando se tinha gostado da Riviera, o que tinham feito, quem tinham encontrado. Em certo momento Sharon sentiu-se tentada a mencionar Dominic Foster, mas achou mais prudente calar, uma vez que Lee ainda nã o sabia de nada e Dominic ainda nã o tinha dado sinal de vida. Talvez nem o fizesse.

Estavam ainda conversando quando Lee chegou, pouco antes das seis. Saudou o pai e curvou-se ligeiramente sobre a cadeira dela para beijar-lhe os cabelos de leve.

— Que acha do modelo novo? — perguntou.

— Ainda nã o sei — respondeu o velho. — Você evidentemente gostou.

—A gente acaba se acostumando com tudo — disse, dirigindo-se ao bar. — É verdade que tive de fazer algum esforç o. Algué m está servido?

Sharon e Richard aceitaram.

— Convidei seu pai para jantar, mas ele nã o pode — disse ela pegando o cá lice de xerez.

— Uma das reuniõ es de famí lia de Lora — explicou Richard. — Os pais de Jason e os pais dela. Sabe que nã o vai conseguir escapar por muito tempo, nã o?

— Tudo bem. Podemos tomar a iniciativa e convidá -los qualquer noite dessas — disse, sentando-se no braç o da cadeira de Sharon. — Que acha querida? Semana que vem?

— Fim da semana que vem — corrigiu Richard. — Lembre-se de que terç a-feira você estará em Copenhague. Duvido que consiga voltar antes de quinta, à noite. — O velho percebeu a expressã o de Sharon perguntou: — Ele nã o lhe contou?

— Nã o, ainda — disse ela, sacudindo a cabeç a e sentindo a nuca roç ar no braç o dele.

— Estava esperando um bom momento — disse Lee, imperturbá vel. — Convide Lora para o sá bado, entã o. E mamã e, se ela tiver vontade de vir. Você disse que ela está na casa de Lora?

— Nã o disse, mas ela está com Lora e Jason. Nã o sei por quanto tempo — disse Richard, sorrindo para Sharon. — E nã o vou contar para ningué m do novo estilo. Vai ser divertido ver a cara delas quando você aparecer.

Richard Brent foi embora por volta das sete. Depois que ele partiu Sharon retirou o braç o de Lee de seus ombros.

— Nã o é mais preciso — disse ela. — Ele já foi. Pode ser você mesmo de novo.

— Estou sendo — respondeu, amigá vel, roç ando um dedo sob o queixo dela e beijando-a nos lá bios, de leve. — Gosto de tocar você. E nã o me desafie desse jeito, senã o cancelo meu jantar e levo você para cima. A sra. Reynolds haveria de ficar intrigadí ssima.

—É só nisso que você pensa?

— Sim, quando estou com você é só nisso que penso. Há algo de especial em fazer amor com você que nã o acontece com as outras. Talvez seja a sensaç ã o de saber que você odeia as coisas que faç o. Mas posso esperar. Quanto tempo fazia que papai estava aqui?

— Umas duas horas — disse ela, desejando irracionalmente que ele a tocasse de novo. — Queria saber se você me faz feliz.

—E o que você disse?

— Que é o paraí so. Que mais poderia dizer? — Isso mesmo — disse, encarando-a com olhos duros.

— Nã o precisa se preocupar. Para seu pai nosso casamento segue o caminho previsí vel. Na primeira vez que nos encontramos ele disse que a vida ao seu lado poderia ser infernal. Evidentemente nã o espera que sejamos felizes instantaneamente.

—Felicidade talvez nã o, mas harmonia. Temos de desenvolver isso. - Fingir harmonia, nã o é?

—Muito bem, fingir uma harmonia — disse ele, tornando-se subitamente indiferente. — No fim das contas, dá no mesmo. Vou me trocar. Talvez seja minha ú ltima noite agradá vel por algum tempo.

Sharon tinha esperado satisfeita pelo dia solitá rio, mas antes da tarde já estava inquieta e entediada. O tempo tinha ficado nublado e chuviscava. Estava presa em casa, pois nã o sabia dirigir. Ia ter de aprender, mesmo que demorasse. E com um instrutor, pois nã o ia pedir a Lee que a ensinasse.

Aí pelas quatro horas já começ ou a esperar que Lee retornasse e percebeu que estava desapontada quando ele ligou por volta das seis dizendo que nã o o esperasse para jantar. Jantou sozinha, ouvindo o tamborilar da chuva na vidraç a, quase desejando que ainda estivessem na Cote D'Azur.

As duas ú ltimas semanas tinham sido maravilhosas, para sempre inesquecí veis, apesar dos problemas. PortGrimaud, Cannes, Antibes, Nice, Monte Cario. O jantar no cassino, as mulheres maravilhosamente bem vestidas, cheias de jó ias. O vestido que tinha usado naquela ú ltima noite pendia agora no guarda-roupa, junto com todas as outras roupas que linha comprado. E també m o colar de diamantes que Lee havia lhe dado.

Pensando nisso agora, Sharon lembrava-se de como ele estava bonito na roupa a rigor e com a inegá vel expressã o de orgulho que ostentava quando outras mulheres o olhavam. Lee a tinha apresentado a muitas pessoas naquela ú ltima noite, recebendo inú meras congratulaç õ es pela escolha da noiva. E tinham recebido inú meros convites. O resultado geral confirmava que ela servia. Era adequada a tudo aquilo. E isso tinha feito florescer sua seguranç a.

E iria precisar muito dessa seguranç a para enfrentar as duas mulheres da famí lia Brent no fim de semana. Nã o se permitindo abalar-se por esse pensamento, resolveu pensar no cardá pio. A sra. Reynolds era excelente cozinheira. Nã o tanto quanto Jean Pierre, mas ainda assim poderia fazer algo especial.

Já passava das nove quando Lee finalmente voltou. Parecia cansado Disse que tinha jantado na cidade e serviu-se de um drinque. Tomou-o de um gole só, atirando-se numa cadeira com as pernas esticadas e um ar de alí vio no rosto.

— Que bom — disse. — Estou esgotado. Mas fiz tudo o que tinha para fazer esta semana.

— A que horas vai? — perguntou Sharon. — Tem de passar, pelo escritó rio antes?

— No vô o das dez. Tenho de sair à s oito horas. Diga à sra. Reynolds que bastam uns ovos mexidos e torradas, por volta das sete e meia. Você nã o precisa levantar. Pode virar para p canto e continuar dormindo.

— Nã o consigo dormir de novo quando acordo — disse hesitante, acrescentando: — Na verdade, pensei em ir para o norte, por uns dois dias, enquanto você está viajando.

— Para ver seu tio e sua tia?

— É.

— Achei mesmo que você nã o queria que eu os conhecesse. Tem medo que eu os trate mal?

— Nã o, nã o é isso — disse ela, sustentando o olhar dele. — Acho até que ia gostar de tio Brian. Ele é um daqueles homens muito grandes e pací ficos que aceitam a vida como ela vem. Nã o me lembro de tê -lo visto nunca perder a calma.

— Mas sua tia é outro assunto. O que lhe dá tanta certeza de que eles gostariam de revê -la?

— Nada. Mas nã o posso deixar as coisas como estã o. Afinal, passei com eles dezesseis anos da minha vida e nã o posso dizer que tenha sido infeliz. Gostaria de endireitar as coisas, se puder.

—Eu telefonaria primeiro, para nã o perder a viagem.

— Eles nã o tê m telefone — disse ela, impassí vel. — Quando í amos nos casar liguei para um vizinho. Mas agora nã o gostaria que a rua inteira soubesse que vou visitá -los.

— Faç a como quiser — disse Lee, dando de ombros. — Devo voltar; sexta de manhã, mas acho que vou direto para o escritó rio. Nã o se esqueç a do jantar no sá bado.

— Nã o, nã o esqueç o. — Seria difí cil esquecer, pensou Sharon. — Vou deixar o cardá pio com a sra. Reynolds antes de ir. Ela pode resolver as coisas. Algo especial?

— Nã o, nã o. Apenas um jantar. Seja como for, mamã e vai sempre achar alguma coisa errada.

—Só porque fui eu que planejei as coisas?

—Nã o especialmente. Ela é sempre assim. Acredita que o elogio puro e simples acaba estragando as pessoas. Mas nã o se preocupe, nã o vamos estar sempre com ela. Nunca fomos muito pró ximos. Eu era muito rude e impulsivo quando jovem. Nã o acredita?

— Nã o — disse ela, francamente. — Impulsividade sugere falta de controle e duvido que você jamais tenha perdido o controle.

— Você gostaria de me ver perder o controle? — perguntou ele com uma expressã o enigmá tica.

—Talvez o tornasse um pouco mais compreensivo com os outros.

— A mim basta fazer perder o controle — disse, rindo e pousando o copo. — Dormir cedo seria uma boa idé ia, uma vez que vamos ambos levantar cedo para viajar.

— Ainda nã o estou com sono — disse Sharon, controlando as pró prias reaç õ es.

— Entã o vamos trancar a porta e fazer amor aqui mesmo, diante da lareira. Preciso me preparar para os pró ximos dias.

— Você nã o está querendo que eu acredite que pretende se manter fiel durante tanto tempo? — perguntou com o coraç ã o aos pulos, sentindo atraç ã o e repulsã o ao mesmo tempo.

— Talvez tenha razã o — disse ele, depois de uma pausa. — Em vez de descansar talvez seja melhor variar. Vou para cima.

Pô s-se de pé num movimento abrupto e saiu da sala. Sharon mordeu o lá bio, pensando que ela mesma tinha pedido por isso. Tinha conseguido, mas onde estava a satisfaç ã o? Por que nã o conseguia aceitar as limitaç õ es daquela relaç ã o e se conformar? Muitas outras mulheres teriam inveja e ficariam satisfeitas em seu lugar.

Uma parte dela queria desesperadamente subir atrá s de Lee para sentir aquelas mã os, oh, aquelas mã os maravilhosas e sensí veis passeando por seu corpo, os lá bios colando-se aos dela, aquele tumulto de emoç õ es crescendo no peito até explodir num paraí so. Mas havia també m uma outra parte dela que necessitava mais que o mero amor fí sico e que naquele momento era mais forte. Nã o ia ceder.



  

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