Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





Kay Thorpe 6 страница



— E verdade — disse. — Errei ao acreditar nas coisas que Lora disse, sem lhe dar ao menos uma chance de se explicar. Estraguei a nossa noite de nú pcias e nã o há jeito agora de voltar atrá s, mas juro que nunca mais vou duvidar de você. — Ela esperou, olhando os olhos imó veis. — E inú til, nã o é? Você nã o me acredita.

— Na verdade, acredito, sim — respondeu, sem expressã o. — Acredito que você lamenta ter arruinado o que podia ser um arranjo muito mais vantajoso do que o que fizemos. Se você tivesse levado avante seu plano original, teria ganho mais. Maridos enganados geralmente sã o generosos.

—Nã o, nã o diga isso — implorou ela. — Nã o é verdade. Eu me sentia ferida e queria vingar-me. Você agiria da mesma forma em meu lugar. Mas posso remediar isso. Acharei um jeito, juro! Me dê uma chance.

Uma nova expressã o surgiu nos olhos dele. Lee passou as mã os em torno dela e puxou-a entre seus joelhos, beijando sua boca com ardor. Sharon entregou-se, esquecendo todas as inibiç õ es, aliviada. Graç as a Deus as coisas iam dar certo!

Ela nã o reagiu quando ele despiu seu peignoir e baixou as alç as da camisola. Todo seu corpo o desejava. As mã os dele eram experientes, explorando cada curva, -cada linha, fazendo-a querer mais e mais. Entã o, quando ele a afastou de si de repente, Sharon ficou confusa, até ver a expressã o no rosto dele.

—Basta. Agora sou eu quem dá as cartas — disse, agarrando os pulsos dela e abrindo seus braç os. — Por que essa vergonha de repente? Há um momento você nã o se importava de ficar nua. Estava disposta a fazer o que eu quisesse, nã o é? Nã o estava? — disse, sacudindo-a.

— Sim — disse ela, chorosa. — Mas porque pensei que você...

—Porque pensou que me tinha na palma da mã o outra vez — concluiu ele, baixando o olhar para os seios dela. — Isso nã o vai mais acontecer. Nunca. Achou que era assim tã o irresistí vel? Nunca lhe darei essa satisfaç ã o! Você ainda tem muito o que aprender.

—E aprenderei! — disse ela reagindo, o orgulho ferido.

—Nã o enquanto estiver casada comigo. Vai desempenhar o papel de esposa devotada até o fim. Nunca terá nenhum outro homem.

—Nã o pode forç ar-me a ficar com você.

—Será? Para onde você iria agora? Nã o tem emprego, nem dinheiro e detestaria ter de voltar rastejando para sua tia Dorothy. Você vai ficar comigo, porque nã o tem escolha. E vai fazer o que eu mandar, se quiser que as coisas fiquem mais ou menos tranqü ilas entre nó s — disse, soltando os pulsos dela e pondo-se de pé. — Melhor fazer sua mala hoje à noite. Nã o vamos ter muito tempo amanhã de manhã.

Sharon levantou as alç as da camisola com dedos trê mulos, enquanto ele entrava no banheiro. Ele estava certo numa coisa: nã o ia deixá -lo. Nã o até o dia em que pudesse fazer a ele o que ele tinha acabado de fazer com ela. E o faria. De uma forma ou de outra conseguiria forç á -lo a desejá -la de novo. E entã o, seria a vez dele sofrer!


 

 

CAPÍ TULO V

 

 

A vida, a bordo do Ventura, era a melhor que se podia desejar: luxuosa, indolente, como num hotel flutuante í ntimo, onde cada capricho podia ser satisfeito. O iate contava com tripulaç ã o permanente de quatro membros, incluindo um cozinheiro, cujas criaç õ es estavam à altura de qualquer dos melhores restaurantes do mundo. Tinha quatro quartos duplos, alé m dos suntuosos salõ es forrados de madeira. Havia até mesmo uma sauna com capacidade para quatro pessoas.

De Marselha navegaram pela CoteD'Azur num ritmo lento e agradá vel. Sharon tomava muito sol, adquirindo aos poucos um belo bronzeado que fazia realç ar seus cabelos. Tinha conseguido disciplinar-se para responder a qualquer iniciativa de conversa da parte de Lee, diante da tripulaç ã o, mas achava difí cil manter o mesmo equilí brio, quando estavam a só s na cabine. Graç as a Deus as camas eram separadas.

A atitude de Lee nã o era fá cil de entender. Quando havia outras pessoas ele era sempre agradá vel, parecendo quase ter esquecido os problemas. Nadavam juntos e deu a Sharon as primeiras liç õ es de esqui aquá tico.

John Erskine, o piloto, era inglê s, tinha quase trinta anos e estava na Riviera há seis. Extrovertido, dizia nã o conseguir voltar para a Inglaterra. O Venturaera o primeiro iate particular em que trabalhava e adorava aquela vida. Sharon entendeu bem por quê: o barco ficava realmente ocupado apenas trê s meses por ano, quando era alugado. A ela parecia um desperdí cio que ficasse absolutamente parado durante todo o resto do ano.

— Nã o é um mau negó cio— esclareceu Lee, quando ela lhe perguntou. — O dinheiro do aluguel para a tripulaç ã o e as despesas de manutenç ã o. Nã o se preocupe.


—Nã o estou preocupada —disse. — Apenas curiosa. Me parece um desperdí cio.

— Pois aproveite você, quando quiser.. Muitas esposas fazem isso.

— Sozinha?

— Se quiser. A forma mais usual é convidar um grupo — disse ele.

— Meus amigos nã o gozam dessa liberdade de ir e vir quando bem entendem — respondeu ela, sorrindo.

— Entã o encontre gente que possa vir — disse ele, olhando o litoral. — Vamos aportar em St. Tropez depois do almoç o. Falei com alguns amigos pelo rá dio e convidei-os para jantar. Esteja pronta à s sete e meia.

— Quantos sã o? — perguntou Sharon, tentando ser natural.

— Quatro. Dois casais.

— Casados?

—Dois deles, sim. Simone e Alain só estã o vivendo juntos. Nenhum dos dois acredita em relaç õ es permanentes.

—Oh... — foi tudo o que conseguiu responder.

—Você, provavelmente, nã o vai gostar de Simone. Ela é feminina demais para ser popular com o seu pró prio sexo.

Sharon podia bem imaginar o tipo: altiva, segura, sensual. Tudo o que ela, Sharon, nã o era. Se o casamento com Lee fosse normal ela estaria ao lado dele, sentir-se-ia segura e essas coisas nã o seriam importantes. Mas da maneira como estavam as coisas, nã o se sentia capaz de representar seu papel, Aquelas pessoas iriam examiná -la e cogitar o que teria Lee visto nela.

St. Tropez era diferente daquilo que tinha imaginado, mas nã o deixava de ser pitoresco. O porto estava cheio, mas conseguiram uma vaga. Havia muita gente, de todos os tipos, desde os bem vestidos até os de enorme mau gosto. Sharon notou, aliviada, que o topless nã o estava em voga.

Lee comunicou que ia a terra, assim que aportassem, porque precisava se encontrar com algué m.

— Por que nã o desce també m? — sugeriu. — Compre um vestido novo, vá ao cabeleireiro, se quiser. Tem dinheiro suficiente?

— Tenho — respondeu. Depois de uma pausa, perguntou: — Está com medo que eu decepcione esta noite?

— Se quer entender assim, problema seu — disse, impaciente. — Foi apenas uma sugestã o. A maioria das mulheres gosta dessas coisas. Mas pode fazer o que quiser.

Dando uma olhada no espelho, depois que ele saiu, Sharon chegou à conclusã o de que seu cabelo precisava mesmo de cuidados profissionais. Talvez nã o fosse difí cil encontrar um lugar apropriado. Relutava em gastar o dinheiro de Lee, mas afinal era ele quem queria impressionar bem os amigos. Talvez, se mudasse de penteado, se sentisse mais segura.

Nã o eram poucos os salõ es de beleza, todos tã o imponentes que chegavam a assustar. Sharon escolheu um cujo nome soava meio confortador, criou coragem e entrou. A recepcionista loira era sorridente, gentil, mas quando Sharon pediu para ser atendida imediatamente a moç a lamentou. Só haveria hora livre amanhã. Mas... se ela quisesse esperar um pouco, talvez houvesse alguma desistê ncia. Sharon decidiu arriscar e sentou-se folheando umas revistas, enquanto uma dú vida crescia em sua mente. Devia tentar mudar de imagem ou seria mais seguro dar apenas uma ajeitada no corte a que já estava acostumada? Nã o tinha ainda conseguido resolver quando foi chamada à saleta onde André esperava por ela.

Vendo as caras que ele fazia enquanto examinava seus cabelos, Sharon sentiu vontade de pedir desculpas e fugir. A julgar pelo pouco francê s que conseguiu entender, seus cabelos estavam em pé ssima condiç ã o.

Sharon armou-se de coragem e disse que gostaria de mudar completamente de estilo, deixando inteiramente a crité rio dele o corte a fazer.

—Quero ficar diferente — disse ela, enquanto André virava seu rosto de um lado para o outro, os olhos finalmente brilhando de animaç ã o. — Algué m me disse uma vez que tenho bons traç os.

—É verdade — admitiu o cabeleireiro, começ ando a trabalhar.

André nã o permitiu que ela olhasse o espelho enquanto trabalhava e quando, finalmente, duas horas depois, ele a virou para o espelho, Sharon mal conseguiu reconhecer o reflexo. Seus cabelos estavam com no má ximo dois dedos de comprimento, moldando a cabeç a como uma touca justa, ligeiramente ondulada nas pontas. Até a cor tinha mudado, as pontas clareadas pelo sol misturando-se aos cabelos mais escuros, num lindo efeito de luz e sombra.

Seu rosto parecia ter ganho contornos novos. As maç ã s mais salientes, o espaç o entre os olhos mais aberto e os pró prios olhos mais expressivos do que nunca.

—Superbe! — exclamou André, satisfeito consigo mesmo. — Minha criaç ã o!

Qual seria a reaç ã o de Lee? pensou, hesitante. Mas, afinal, que importava a opiniã o dele? O cabelo era dela, podia fazer o que quisesse. E ela gostava. Quer dizer, gostar nã o era bem a palavra, Sharon sentia-se digna de nota.

Julien era o nome da butique que ficava a umas duas quadras do salã o de beleza. As duas vitrines frontais exibiam apenas uma roupa lindí ssima em cada uma. Nã o havia etiqueta de preç o no pijama de seda preta arranjado displicentemente sobre uma cadeira de veludo e evidentemente nã o era o tipo de lugar em que se entra apenas para perguntar o preç o. Sharon encheu-se de coragem e entrou na loja, disposta a dizer nã o, caso o preç o fosse ainda mais alto do que esperava.

O preç o era altí ssimo. Mas o que ela nã o tinha previsto era o enorme desejo de possuir aquela roupa, no momento em que se viu dentro dela. Pela primeira vez na vida a expressã o da vendedora " Foi feito para Madame! " era verdadeira. Há algumas horas atrá s nã o combinaria com Sharon, mas com o novo corte de cabelo o efeito era sensacional. Ela parecia até ser alguns centí metros mais alta, o corpo parecia ter ganhado formas, os seios se projetando provocantes debaixo da seda.

O vestido que estava vestindo antes era agora absolutamente inadequado. Comprou umas calç as de algodã o cor de creme e uma camiseta sem mangas cor de â mbar que eram perfeitas para ela. O preç o total deixou-a quase sem fô lego, mas consolou-se com a idé ia de que a esposa de Lee Brent devia vestir-se bem. O pró prio Lee nã o haveria de reclamar, visto que todo o esforç o dela era em benefí cio dele.

Nã o era bem verdade, pensou consigo mesma. Estava era hipnotizada por sua nova imagem. Tinha de parar com aqueles gastos excessivos. Era esposa de Lee apenas no papel.

Saiu da loja levando o vestido velho e o pijama de seda numa sacola preta com as letras " Julien" escritas em dourado. O trá fego estava congestionado à quela hora do dia, bem no estilo francê s: freadas e buzinas enchiam o ar.

Um carro esporte, vermelho, saiu rapidamente do fluxo do trâ nsito e estacionou a poucos metros de onde estava Sharon. O jovem que o dirigia gesticulava agitadamente para ela e depois de um momento estava ao lado dela, o rosto brilhando de entusiasmo.

—Nã o acredito! — exclamou. — É como se uma imagem irreal tivesse ganhado vida! Pardon, mademoiselle. Jevous...

—Eu sou inglesa — disse ela. — E nã o sei o que quer.

—Seu rosto, esse cabelo. E perfeito! — Pegou o queixo dela, virando-lhe o rosto de um lado e de outro, estudando o perfil. — Você é a pró pria garota Lucci!

— Meu nome nã o é Lucci. — disse Sharon, livrando-se da mã o dele e afastando um passo.

— Eu sei. Mas poderia perfeitamente ser. — Ele fez uma pausa, sacudiu a cabeç a e riu. — Desculpe. Fiquei arrebatado. Meu nome é Dominic Foster. Sou fotó grafo. Talvez já tenha ouvido meu nome.


— Sim, claro — disse ela, depois do susto. — Desculpe, eu nã o reconheci o nome de momento.

— Culpa minha, nã o devia ter avanç ado em cima de você como fiz. Você é exatamente quem procuro e quase nã o pude acreditar quando a vi parada na calç ada. Nã o dá para conversar aqui. Há um café depois da esquina, vamos lá.

Sharon se viu dentro do carro, indo para o café, antes que tivesse tempo de pensar. E nã o teria adiantado recusar. Deu uma olhada ao perfil do homem a seu lado. Dominic Foster, um dos mais famosos fotó grafos de moda da Europa. Casado aos vinte e cinco anos, divorciado aos vinte e seis. E isso tudo há apenas alguns meses. Era chamado de gê nio da câ mera, capaz de transformar um mero retrato em obra de arte. E ele a achava perfeita. Para quê?

Sharon pediu café, ele pediu Pernod. Estava ansiosa.

— Quem ou o que é essa garota Lucci?

—Esse nome estará na boca do povo dentro de uns seis meses — respondeu ele, sorrindo. — Um rosto perfeito para lanç ar uma nova sé rie de cosmé ticos. Tem de ser diferente, um ar original, capaz de chamar a atenç ã o num pô ster ou numa pá gina de revista. Quase bati no carro que estava diante do meu, porque o motorista estava olhando para você em vez de olhar para a frente. Foi assim que a vi.

Enquanto falava, passeava os olhos pelo rosto dela, examinando cada detalhe com uma atenç ã o profissional.

—Podia jurar que era francesa. O cabelo, a maneira como veste suas roupas. É muito chie.

Ia revelar a ele que tinha acabado de adquirir aquela imagem, mas algo a deteve. Uma estranha agitaç ã o crescia dentro dela como uma bolha. Qualquer homem que dissesse aquelas coisas a deixaria estimulada, mas Dominic Foster nã o era um qualquer. E ele queria usar seu rosto para aquela campanha publicitá ria. Era maravilhoso demais para ser verdade.

— Só vou começ ar o trabalho daqui a um mê s — disse ele. — Onde é que você estará entã o? Eu ainda nem sei seu nome...

— Sharon — disse ela, hesitando, subitamente chamada à realidade. — Sharon... Brent. Desculpe, sr. Foster, mas meu marido nã o concordaria nunca que eu fizesse isso.

— É casada? — perguntou ele, ainda mais curioso. — Eu podia jurar... Mas certamente a decisã o final é sua, nã o? Maridos podem aconselhar, mas hoje. em dia já nã o podem dar ordens. Você gostaria do trabalho. Li em seus olhos enquanto estava lhe contando sobre o trabalho. Olhos lindos, por sinal, mesmo sem o realce que Lucci vai lhes dar. Muito bem, entã o vou falar com seu marido. Ele está aqui em St. Tropez, també m?

— Está, mas acho que nã o...

— Onde estã o hospedados?

— No porto. Quer dizer, estamos no barco — disse ela, confusa, retomando o controle. — Mas acho que nã o iria adiantar.

— Claro que sim. Nã o vou desistir assim tã o facilmente, depois de tê -la encontrado. Eu a levo de volta de carro e podemos falar com ele juntos.

— Nã o, por favor. Agora, nã o — disse ela chocada, com uma sú bita vontade de rir. Seriam surpresas demais para Lee. — Ele nã o vai estar lá. Saiu para encontrar uma pessoa. E hoje à noite vamos receber alguns convidados.

— Hoje à noite nã o posso mesmo — disse ele. — Tenho de ir até Cannes. Qual é o pró ximo porto de você s?

—Nã o me lembro bem.

—Bem, quando é que voltam à Inglaterra? — perguntou ele, os olhos brilhando, decidido.

— Dentro de umas duas semanas.

— Entã o me dê seu endereç o e telefone que eu entro em contato.

— Se nã o encontrar outra mais apropriada nesse intervalo — disse ela, lamentando involuntariamente o fato.

— Nã o, isso nã o. — Sorriu ele, significativamente. -— Quero você, Sharon Brent. E sempre consigo o que quero. Agora o endereç o, vamos.

Deu a ele o endereç o depois de uma breve batalha mental. Estava convencida de que nunca mais ouviria falar do assunto. Mas nada tiraria dela a satisfaç ã o que sentia agora, um doce calor que a envolvia como um manto.

—Meu Deus, se eu pudesse captar a expressã o que você fez agora — disse, levantando os olhos da caderneta de endereç os. — Temos ainda uma hora antes de escurecer. Quero tirar algumas fotos suas.

—Aqui? — perguntou ela, surpresa.

—Nã o, aqui nã o. Vamos ter de achar um lugar. Vamos! — E se pô s de pé, atirando algumas notas na mesa, certo de que ela concordaria.

Uma vez mais, Sharon viu-se sentada no carro vermelho, girando pelas ruas da cidade, envolta na excitaç ã o daquilo que estava lhe acontecendo.

Dominic encontrou finalmente o que procurava: uma pequena praç a nos limites da cidade. Havia uma fonte de pedra no centro, á gua jorrando da boca de uma â nfora. Segundo Dominic estava longe de ser o ideal, mas tinha de servir, pois a luz estava caindo rapidamente. Colocou-a com o rosto silhuetado pela cortina de á gua.

Sharon tentou relaxar os mú sculos tensos enquanto ele a examinava pelo visor, de diversos â ngulos. Como quem nã o quer nada, ele começ ou a fazer-lhe perguntas simples e inconseqü entes: se gostava de teatro, o que achava da cozinha francesa, se tinha notado a forma estranha da pedra ao lado dela. Gradualmente ela foi se esquecendo do click da câ mera, atenta apenas à voz dele, que era quase hipnó tica.

—Você é das naturais — disse ele, encerrando a sessã o e parecendo animado. — Se as fotos saí rem tã o boas quanto pareciam no visor...

Olhando-o recarregar a câ mera, Sharon percebeu de repente como a luz do dia estava acabando rapidamente, o cé u avermelhado, as sombras se alongando sobre as pedras da praç a. Tinham demorado demais ali.

—Preciso voltar — disse. — Vou me atrasar.

—Eu a levo de volta — disse ele, rindo. — Isto é, se conseguir descobrir onde estamos. Acho que perdi o senso de direç ã o.

Já passava das sete quando chegaram ao porto. Dominic ficou impressionado com o tamanho do barco e agarrou suavemente o pulso de Sharon antes que ela pudesse sair do carro.

—Aurevoir, Lucci — disse suavemente, beijando a mã o dela, com uma expressã o estranha. — Vamos nos ver outra vez.

John Erskine estava debruç ado na amurada do Venturae endireitou o corpo em alerta ao vê -la subir para o barco. Foi só quando ela já estava muito pró ximo que ele a reconheceu e Sharon nã o pô de deixar de rir da expressã o de espanto estampada nos olhos do piloto.

— Sra. Brent! Nã o a reconheci. Quer dizer... está diferente!

— Eu sei — disse, sorrindo. — E a nova Sharon. Gosta?

— Se gosto? — respondeu ele, rindo. — O sr. Brent já sabe?

— Nã o. É surpresa. Onde está ele?

— No salã o, acho. Mandou que o avisasse assim que a senhora chegasse.

— Pois entã o avise — disse, decidida. — Diga que desci direto para a cabine, trocar de roupa.

Deu uma volta para nã o passar diante do salã o e ao entrar na cabine viu sua imagem refletida no espelho. Os olhos brilhavam, sentia-se segura., disposta a enfrentar o que quer que acontecesse. Nada que Lee fizesse poderia atingi-la essa noite.

Desembrulhou o pijama de seda negra e examinou-o novamente, satisfeita. Resolveu usar a corrente de ouro que Lee havia lhe dado de presente de casamento, varrendo da memó ria as lembranç as tristes. Entrou no banheiro, trancando a porta atrá s de si por pura forç a do há bito.

Ao desligar o chuveiro alguns minutos depois ouviu um toque na porta e a voz zangada de Lee.

—Sharon, sã o quase sete e meia! Que brincadeira é essa?


—Estou me aprontando — disse, sem se importar —, para encontrar seus amigos. Você nã o quer que eu cause boa impressã o?

—Quero é que esteja lá quando eles chegarem.

—Lá estarei — mentiu ela. Nã o havia por que contar a ele agora, má s tinha resolvido fazer uma grande entrada quando estivessem todos já reunidos, para pegar Lee desprevenido.

Antes de sair para o quarto, certificou-se de que ele já tinha ido embora e desta vez achou melhor trancar a porta que dava para o corredor, no caso dele voltar antes que estivesse pronta. Sua mã o tremia ao aplicar a maquilagem, sobretudo o rimei, mas felizmente seus cí lios eram suficientemente longos e escuros para poder usar bem pouco. Nada havia a fazer com o cabelo. Só ajeitá -lo com a mã o e estava ó tima.

Apesar da seguranç a que sentira na loja, sentiu-se ansiosa ao olhar para o espelho depois de vestir a roupa preta. Suspirou aliviada ao descobrir a mesma silhueta esguia e curvilí nea, alta e elegante dentro das calç as bem cortadas e do casaquinho de decote profundo. A seda roç ando na pele dava uma sensaç ã o especial. Sensual.

Ao sair da cabine, nã o sabia bem para onde se dirigir, mas o som de risadas e mú sica suave indicou-lhe o caminho. Nã o era a risada de Lee, portanto, os hó spedes já haviam chegado.

Entrou para a sala, cheia de coragem. O grupo de pessoas que conversava ao fundo, entre as mesinhas de vidro, só notou sua presenç a quando já estava a meio caminho e, entã o, a conversa parou subitamente.

Sharon evitou olhar diretamente para Lee, apesar de perceber claramente o sú bito movimento que ele fez, pondo-se em pé.

— Sinto muito — disse, sorrindo para os quatro convidados. — Perdi a noç ã o do tempo.

— Valeu a pena esperar — disse um dos dois homens de pé diante dela, o olhar de franca admiraç ã o.

Fosse qual fosse a reaç ã o de Lee, a expressã o dele estava absolutamente controlada ao fazer as apresentaç õ es. Simone Duval era alta, morena e altiva. Era mais vistosa que bonita. Vestia tú nica simples, azul-marinho, aberta até os joelhos de ambos os lados e um broche colorido preso nã o no decote, como seria normal, mas na manga, pouco abaixo do ombro. Seu sorriso era meio fixo e faltava-lhe calor humano ao saudar Sharon.

—Você nã o é como eu tinha imaginado — disse.

Alain Renaud lembrava vagamente Jacques, nã o tanto o aspecto, mas nas maneiras. Tinha a idade de Lee, mais ou menos, e era provavelmente trê s ou quatro anos mais velho que Simone. O outro casal estava, na casa dos trinta anos e també m era francê s. Lee apresentou-os como Edie e Real Marchand.

Sentada entre Real e Alain, o jantar resultou para Sharon numa agradá vel experiê ncia. Mais reservado que Alain, Real se empenhava em falar de assuntos que julgava serem do interesse dela.

Foi John Erskine quem serviu a refeiç ã o, o corpo só lido vestido numa jaqueta branca curta e calç as escuras. Simone se dirigia a ele num tom risonho e familiar, acentuando o fato de ser hó spede bastante freqü entedo Ventura. Sharon achava a atitude dela vagamente maternal e, pelo olhar de John, percebeu que ele, sentia o mesmo e nã o gostava.

Tomaram café no convé s respirando o ar puro da noite, perfumado pelos incensos que queimavam, para afastar insetos. Ao longo da conversaç ã o Sharon surpreendeu-se à s vezes buscando deliberadamente a atenç ã o de Lee, à espera de uma resposta, uma reaç ã o. Ele, poré m, mantinha-se fechado, ocultando o que pensava por trá s de maneiras tã o relaxadas e naturais que parecia estar tudo normal entre eles.

Foi Alain quem começ ou a danç ar, tomando Sharon pela mã o com uma observaç ã o brincalhona de emprestar a noiva por algum tempo e conduzindo-a para a pista de danç a, a alguns metros do lugar onde estavam.

— Sempre achei as inglesas bonitinhas, mas sem estilo — disse ele, tomando-a nos braç os. — Agora, mudei de idé ia.

— Mas nã o por minha causa — sorriu ela. — Foi um francê s que me deu estilo. '

— O cabelo? Sim, isso parece mesmo criaç ã o francesa. Mas nã o estava falando do cabelo apenas. É uma parte de você, Sharon. Uma atitude mental. A maneira como você surgiu hoje à noite, é isso que chamo de estilo.

— Lee chamaria isso de simples impontualidade! — disse, rindo. — Mas, afinal, ele també m é inglê s.

— Devia ter-se casado com um francê s — declarou Alain, sorrindo com ela. — Um francê s saberia apreciar esse seu gesto. Uma mulher bonita nunca precisa ser pontual. Devemos agradecer o simples fato dela vir. Casou-se por amor?

— Que pergunta é essa? — disse, surpresa, subitamente tensa entre os braç os do outro.

— Uma simples pergunta. Que você já respondeu. Você nã o tem o ar de uma mulher apaixonada.

— Talvez por eu ser inglesa — disse, recuperando-se do choque. — E você, ama Simone?

—Claro — disse ele, levantando as sobrancelhas. — Mas isso nã o é razã o para nã o desejar outras mulheres.

—Devia contê -lo ao menos.

—Conter-me de possuí -las, mas nã o de desejá -las. — A voz dele tomou-se profunda, carinhosa. — Desejo você, mignone.

Jacques brincava com essas coisas, mas Alain falava sé rio. Sharon entendeu isso imediatamente.

—Vamos sentar agora — disse, com um sorriso.

Ele nã o resistiu, levando-a de volta ao grupo e misturando-se à conversa como se nada tivesse acontecido. Sharon evitava os olhos de Simone, mas captou sem querer o olhar de Lee. Apesar de enigmá tico, ela teve a certeza de que Lee sabia exatamente o que Alain tinha lhe dito.

Em seguida danç ou com Real, seguidos de perto por Lee e Simone. Era impossí vel ouvir o que diziam, mas mantinham os rostos colados e Simone parecia animada. Sharon pô s-se a pensar se os dois já teriam se amado, antes dela conhecer Alain. Mas o pró prio Alain nã o parecia se preocupar com isso, aplicado como estava em conversar com Edie, que nã o quisera danç ar.

Real falava inglê s com maior precisã o, mas com menos soltura que Alain.

— Ficamos encantados ao saber que Lee finalmente tinha criado coragem para se casar. E como ele mesmo diria, você valeu a espera.

— Muito obrigada — disse Sharon, tocada pela sinceridade dele, mas sentindo-se vagamente culpada pela fraude que aquele casamento representava. — Conhece Lee há muito tempo?

— Há muitos anos. Nossos pais faziam negó cios juntos e Lee e eu acabamos ficando amigos. Edie gosta muito de seu marido.

— E Simone? — perguntou Sharon, sentindo a reaç ã o dele. — Ela també m está nos negó cios?

— Nã o no mesmo ramo — disse Real, nã o muito convencido da inocê ncia da pergunta. — Tem uma cadeia de butiques chamada Julien.

—Que coincidê ncia, comprei isto na Julien!



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.