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The Emerald Coast 6 страница— Onde está Marcello? — ela perguntou, sentando-se ao lado dele numa das cadeiras de lona. — Saiu... Eu nã o perguntei aonde ia. Duvido que apareç a ainda hoje. Giorgio trouxe unia bandeja com o chá, biscoitos e bolos, e Liane disse: — Ó timo! Finalmente vamos poder passar algumas horas juntos. Era delicioso ficar sentada ali, observando borboletas que pousavam nas flores lá embaixo, sentindo o perfume dos botõ es desabrochando. Ao longe, os iates entravam e saí am do porto, e ela pensou que Marcello talvez estivesse em um deles. A vida ali era diferente de tudo o que ela havia imaginado. Sabia que era muito feliz por ter Roberto como amigo. — Eu preciso escrever para a tia Lucy. — ela disse, depois de algum tempo. — Prometi contar a ela tudo o que está acontecendo. — Entã o, vá buscar papel e escreva aqui. Como é a sua tia Lucy? Marcello falou muito pouco sobre ela. — É gentil. Era uma verdadeira tia para as crianç as. Todos nó s a amá vamos e eu sei que, se nã o tivesse vindo para cá, ela teria feito o possí vel para encontrar um lugar para onde eu pudesse ir e ser feliz. — Espero que esteja feliz aqui. — Estou, muito feliz! É tudo tã o lindo e diferente... Eu nem tenho palavras para dizer o que sinto. — Gostaria de ficar para sempre aqui? Fazer desta casa o seu lar para o resto da vida? — Por favor, nã o fique me empurrando para o Marcello. Mas sim, claro que eu gostaria de viver aqui... para sempre. É algo com que sempre sonhei. Mas nunca pensei que pudesse acontecer comigo. Acho que tive muita sorte e tenho que agradecer a você por ter me trazido para cá. — Fui eu quem teve sorte. A sua vinda para cá trouxe muitas mudanç as. Foi uma pena o que aconteceu com Raffaele. Marcello me contou. De certo modo, lamento a partida dele. Parecia preocupado com a minha saú de... mas quanto a você. — Eu me sinto um pouquinho culpada. Se nã o tivesse arranhado o rosto dele, nenhum de você s teria desconfiado de nada. — Mas você poderia ter sido... forç ada por ele... e eu nã o ia aguentar isso, minha querida. Você é muito inocente. Bem, agora você e Marcello podem tratar de se conhecer melhor. Ela nã o pô de evitar uma risada. — Você nã o desiste, nã o é Roberto? Vou buscar meu bloco. Quando terminou a carta, muito longa, era hora de jantar. Contara a Lucy Morton tudo o que acontecera desde que tinha saí do de St. Morrow, omitindo apenas os atritos com Marcello e, evidentemente, as sensaç õ es eró ticas que ele tinha despertado nela. A comida estava deliciosa, e quando terminaram, conversaram e ouviram discos até a hora de dormir. Marcello ainda nã o linha voltado. Na manhã seguinte, ainda sem vê -lo, Liane escutou a voz dele na sala: — Onde está a ó rfã? Mas Roberto respondeu rispidamente: — Já chega disso! — Entã o viram Liane se aproximando — Bom dia, querida. Marc estava perguntando por você. Acho que ele quer levá -la para um passeio. — Eu ouvi. — Liane olhou de lado para o jovem, mas o rosto dele parecia uma má scara de indiferenç a. Nã o demonstrou se incomodar por ela ter ouvido. Entã o, ela continuou: — Nã o parecia que ele estivesse interessado em minha companhia. — Na verdade, estou. — Marcello respondeu friamente. — Você agora é uma heroí na, no Tê nis Clube. Querem que você volte lá hoje. Todos querem jogar com você. — Prefiro descansar, se você nã o se importa. Ela olhou para Roberto, querendo pedir ajuda, mas ele estava do lado do filho. — Mostre a eles que é uma boa jogadora, Liane. — Eu gostaria de ficar com você. — Nã o seja infantil. — Marcello interrompeu. — Jogo é jogo. Se você perder, ningué m vai se importar. Todos nó s temos os nossos dias ruins. Quando chegaram ao clube, foram recebidos pelos amigos dele. Todos queriam dar os parabé ns a Liane pela quase vitó ria do dia anterior. Apenas Luí sa estava fria e indiferente. Liane ficou surpresa quando a moç a a convidou para o primeiro jogo. Sabendo como ela era boa jogadora, Liane hesitou, mas os outros a encorajaram e ela finalmente decidiu ir. Luí sa ganhou os primeiros quatro games sem problemas. Liane fez o melhor que pô de, mas sabia que nã o era suficientemente boa para vencer. A torcida estava quieta e ela sentiu que havia desapontado a turma. Quanto mais queria atacar, pior jogava. Antes do fim do primeiro set. Luí sa pediu para pararem um pouco para tomar um suco de laranja. Marcello aproximou-se de Luí sa, que lhe sorriu vitoriosa. — Eu nã o disse? Foi por pura sorte que a sua orfã zinha ganhou, ontem. Ela nã o tem chances. Espere até que eu termine os dois pró ximos games. Liane estava sentada sozinha, infeliz, sabendo perfeitamente o que a outra queria dizer. Mas só quando ouviu a resposta de Marcello foi que seu sangue começ ou a ferver: — Nã o seja dura demais com ela, Luí sa. A pobrezinha pode nã o aguentar. Nã o aguentar! Ela ia mostrar a ele! Terminou o suco e voltou para a quadra, esperando Luí sa. Era a vez de Liane começ ar e ela atirou a bola com toda a forç a. A outra nã o respondeu. Na segunda vez, Luí sa conseguiu mandar a bola de volta para uma das extremidades da quadra, Liane correu e conseguiu devolvê -la, mas a outra pegou a bola e ganhou um ponto. Depois disso, a luta entre as duas foi furiosa. A torcida começ ou a se animar e aos poucos foi ficando do lado de Liane. Incentivada, ela ganhou ponto apó s ponto. Cada vez que pensava no ar condescendente de Marcello, dizendo que nã o ia aguentar, ficava ainda mais furiosa. Aguente isso, ela pensava, ao atirar as bolas, e mais isso e mais isso! Logo as duas estavam empatadas em seis games. Depois Liane ganhou oito e meio e lutou desesperadamente pelo ponto final que lhe daria o game. A oportunidade surgiu quando Luí sa olhou triunfante para Marcello e perdeu sua concentraç ã o durante um segundo. Liane mandou uma bola que caiu fora de seu alcance. A torcida aplaudiu gritando. Liane sentia-se mais feliz do que quando tinha jogado com Marcello. Caminhou para o cí rculo dos amigos dele e aceitou os parabé ns, ignorando os olhares furiosos de Luí sa. Nã o ficou surpresa, portanto, quando a outra a desafiou para um novo jogo. Mas Liane nã o aceitou: — Acho que devemos dar a chance a outros. Nã o podemos ocupar a quadra a manhã inteira. Alé m do mais, quero voltar para ver como está Roberto. — Eu irei com você. — Marcello disse, para surpresa dela. — Nã o precisa. — Liane olhou para Luí sa e viu que ela nã o tinha ficado contente com a sugestã o dele. — Você deve ficar com Luí sa. Eu volto a pé. Nã o me importo. Mas Marcello parecia nã o ter intenç ã o de ficar com a amiga. Segurou Liane pelo braç o e a levou até o carro. Depois de entrarem, ela disse: — Acho que Luí sa nã o ficou muito satisfeita com sua atitude. — Ela tem muitos amigos. — ele disse, dando de ombros. — Por que eu devia me preocupar com isso? — Eu achei que ela era sua namorada. — Ela gosta de pensar que é e eu gosto de sua companhia, mas nã o significa mais do que as outras, para mim. Talvez ele se sentisse mais seguro mantendo um grande nú mero de namoradas. Liane se perguntou por que ele ainda nã o tinha casado. Aos trinta e quatro anos, a maioria dos homens já se acomodou e tem famí lia. Nã o devia ser por falta de garotas. A maioria das moç as, ali, o olhava com enorme interesse. Ele só precisaria estalar os dedos e elas viriam correndo. Roberto ficou contente ao vê -los de volta. — E como está a minha encantadora Liane, esta manhã? Ela sorriu encabulada. — Eu ganhei de Luí sa... e acho que ela nã o ficou satisfeita. — Que ó timo! — Roberto disse, satisfeito. Depois do almoç o, quando Roberto já tinha ido para o quarto fazer a sesta, Marcello disse: — Gostaria de vir ao meu barco hoje, Lí ane? No mar está mais fresco e você vai gostar do passeio. Ela ficou espantada com o convite. Seria um toque de amizade? — Eu gostaria muito. — Depois um pensamento lhe passou pela cabeç a. — Luí sa vai estar lá? — Ela nã o queria de jeito nenhum fazer um passeio a trê s. — Nã o. Só você e eu. Havia um brilho de desafio nos olhos dele e durante um momento ela ficou imobilizada por aquele olhar. Depois um arrepio lhe passou pela espinha e ela desviou os olhos, — Traga seu biquí ni. — ele disse. — O deck do barco é o lugar ideal para um banho de sol. Ela pensou em deitar seminua diante de Marcello e ficou nervosa. Mas acabou colocando o biquí ni, vestindo por cima uma tú nica sem mangas e short. Estava começ ando a se acostumar com aquelas roupas sem se sentir envergonhada diante de Marcello, como no iní cio. Principalmente agora que tinha adquirido um bronzeado cor de mel, sentia-se satisfeita com a pró pria aparê ncia. Já nã o era mais a garota pá lida que havia saí do da Inglaterra. A mudanç a era notá vel. Estacionaram no porto e subiram a bordo do luxuoso iate de Marcello. Ele ligou o motor e Liane ficou observando a ilha que se afastava mais e mais. — Nó s vamos voltar. — ele disse, rindo sobre o ombro dela. — Você está olhando como se estivesse vendo a ilha pela ú ltima vez! — Eu nunca estive num barco antes. É fascinante. — Nã o sentia medo, provando, em vez disso, uma grande sensaç ã o de felicidade. Depois de algum tempo, Marcello se aproximou dela no deck. — Por que nã o está tomando banho de sol? Ele tinha desligado o motor e tudo era silê ncio ao redor, a nã o ser pelo ruí do do mar batendo no barco. Nã o havia vento e o iate balanç ava lentamente sobre as á guas verdes. Ele tirou a camisa e deitou-se. Liane deitou també m. Estava intensamente perturbada com a presenç a dele a seu lado, com aquele corpo forte e viril, bronzeado, com pelos ligeiramente mais escuros do que os cabelos, espalhados pelo peito. Sentiu uma vontade enorme de tocá -lo e teve que se controlar, fechando os olhos. Aquilo seria o estí mulo que Marcello queria. Quando abriu os olhos, ele estava apoiado num cotovelo, observando-a. Seus olhos cor de â mbar pareciam procurar alguma coisa, — Você precisa de um creme. Esta brisa do mar pode estragar sua pele. Liane sentou-se e pegou, na sacola, um tubo de loç ã o que Luí sa tinha recomendado no dia em que fizeram as compras. Retirou a tampa e aplicou generosamente a loç ã o nos braç os, sentindo-se pouco à vontade com o olhar dele interessado no que fazia. Quando ela começ ou a passar a loç ã o nas costas, ele tirou o tubo das mã os dela. — Deixe que eu passo. — E ela teve que se controlar outra vez para ficar quieta, enquanto ele espalhava a loç ã o em seus ombros e costas. Seu toque era muito sensual. Parecia que ele a estava acariciando. Seu corpo inteiro passou a vibrar. Era preciso toda a sua forç a de vontade para nã o tremer, e ela ficou zangada consigo mesma por reagir daquele modo. Dos ombros, as mã os dele se moveram para o pescoç o. Depois fez com que ela se recostasse em seu joelho. Em seguida começ ou a aplicar a loç ã o na pele delicada dos seios. Suas mã os eram incrivelmente suaves, mas Liane sentia como se elas fossem uma tocha acesa. Respirou fundo e. antes que pudesse se controlar, passou os braç os ao redor do pescoç o de Marcello. Sentia uma necessidade desesperada de ficar perto dele, tocar sua pele, sentir o calor de seu corpo. Ele a abraç ou, gentilmente a princí pio, acariciando-lhe os cabelos e sorrindo. Mas quando ela levantou os lá bios para seu beijo. Marcello gemeu, e ela sentiu que o desejo dele també m era intenso. De repente, foi como se ele a devorasse, como se quisesse possuir seu corpo e seus pensamentos. Com um movimento rá pido, Marcello tirou o sutiã do biquí ni dela e começ ou a lhe acariciar os seios. No fundo da mente de Liane, uma voz dizia que devia resistir, mas o bom senso a tinha abandonado. Tudo o que ela queria era aquele homem, que lhe trazia coisas diferentes de tudo o que já havia experimentado. Podia estar errado, mas era delicioso! Ela abriu os lá bios e se entregou a ele. Quando Marcello a deitou e começ ou a beijá -la no pescoç o, descendo até os mamilos, o prazer dela foi tã o intenso que sentiu vontade de morrer. Ele lhe beijou o ventre e depois a curva suave dos quadris. Um desejo desesperado aumentava cada vez mais dentro dela. Agarrou com forç a os cabelos dele, puxando-o para mais perto, como se estivesse a ponto de explodir. Ele lhe acariciou a parte interna das coxas, abrindo suas pernas. — Liane! — A voz dele estava mais rouca do que nunca e seus olhos pareciam mais fundos. — Liane! Eu quero fazer amor com você. Ela nã o respondeu. Dobrou a cabeç a e estendeu a mã o para segurá -lo. — Você me quer també m? Ela sacudiu a cabeç a, dizendo que sim. Entã o, ele começ ou a lhe tirar a parte de baixo do biquí ni. Mas, de repente, sem que ela entendesse por que, ele parou. — Droga! Nã o posso! Nã o posso fazer isto com você, Liane. Eu iria me odiar, depois. — Marc, por favor! Nunca me senti assim antes... — Ela o abraç ava desesperadamente. — Sei disso. E é esse o problema. Você nã o sabe no que está se envolvendo. — Mas claro que sei, Marc. — Ela parecia implorar. — Nã o, Liane. Nã o posso. Seria um absurdo. — Nã o acredita que meus sentimentos sã o tã o profundos quanto os seus? — Os olhos dela estavam cheios de lá grimas. — Nã o duvido. Mas seria errado possuir você... já que nã o significa nada para mim. Com um soluç o sufocado, ela o empurrou. A ú ltima frase tinha sido calculada para magoar e ele havia conseguido o que queria. Liane chegara a pensar que ele estava começ ando a se interessar por ela. Como havia sido tola! Marcello só estava tentando ver até onde podia ir.
Capí tulo 6
A volta para casa foi cheia de tensã o. Ele manobrou o iate e tomou o rumo de Porto Cero, enquanto Liane tentava se recompor, perturbada com tudo o que tinha acontecido. Nã o acreditava ser capaz de sentir emoç õ es tã o primitivas. Ela havia desejado Marcello com uma necessidade tã o grande que estava assustada agora. Tremia e tinha medo de olhar para ele. Mas o que magoava mais era saber que nã o significava nada. Tinha sido apenas uma experiê ncia agradá vel. Achou incrí vel que ele pudesse fazer amor com uma mulher pela qual nã o sentia nada. Como os homens eram horrí veis! Mas será que ela era melhor? També m o tinha desejado, nã o conseguira lutar contra a sensaç ã o que a dominava. Será que aquele iate era usado apenas para encontros de amor? Será que ele tinha saí do com Luí sa, na vé spera, com o mesmo propó sito? Olhou-o de lado e viu que o rosto dele estava tenso. Apesar de odiá -lo, ela nã o pudera controlar o desejo que ele lhe despertava. Marcello tinha um enorme magnetismo, capaz de destruir o controle de qualquer mulher. E, ao contrá rio de Luí sa, que sabia exatamente como lidar com ele, Liane nã o soubera dominar a situaç ã o. Tinha declarado abertamente os seus sentimentos e passara, por isso, por uma grande humilhaç ã o. Procurou concentrar sua atenç ã o nas ondas que batiam no barco, incapaz de olhar para mais longe e de conter seu pró prio desejo. No minuto seguinte, ele estava a seu lado, tenso, alto, poderoso. — Fique longe de mim! — ela gritou. — Nã o quero que me toque novamente. — Por que mentia outra vez, quando só sentia vontade de se atirar nos braç os dele? — Liane, nã o fique assim. — Como espera que eu fique? Fui uma idiota, ao pensar que você estava começ ando a gostar de mim... Caso contrá rio, nunca deixaria que... — Ela engasgou, sem condiç ã o de continuar. Na verdade, sentia que ia tornando as coisas piores, falando assim. — E é assim tã o importante que eu goste de você? — Acho errado um homem e uma mulher... fazerem o que está vamos fazendo sem sentirem nada um pelo outro. — Uma porç ã o de gente tem casos sem estar apaixonada. Mas se pensa assim, por que me pediu que nã o parasse? Será que você está se apaixonando por mim? — Esse é o problema. Eu nã o gosto nada de você. Entã o, por que me comportei assim? Marcello tentou disfarç ar um sorriso e ela desejou que o chã o se abrisse e a engolisse. Por que tinha dito aquilo? Ele ia pensar que ela era uma ingê nua idiota. — Nã o se preocupe, menininha. Os seus sentimentos sã o completamente naturais; qualquer mulher teria se comportado do mesmo jeito, naquelas circunstâ ncias. Liane se sentia pior a cada segundo. Ele parecia vê -la como uma colegial tendo seu primeiro caso. O que aliá s, era a pura verdade. Só que ele nã o precisava deixar as coisas assim tã o claras. De repente, a raiva ferveu dentro dela. — E por acaso você é um entendido nesse assunto? — A emoç ã o já tinha passado; agora ela o via friamente e sem paixã o. Seus olhos brilharam e ela levantou o queixo com ar de desafio. — Acho que eu posso me classificar assim. — ele disse suavemente. — Bem, eu acho você desprezí vel. E qualquer garota que se envolver com você deve estar maluca. Fique sabendo que nã o vai me colocar naquela situaç ã o comprometedora novamente! — Sabe, eu nã o aceito com tranquilidade declaraç õ es desse tipo. — E eu nã o aceito com tranquilidade ameaç as à minha virgindade! Fique longe de mim. De repente, no ar pairou uma estranha excitaç ã o, quando os olhos deles se encontraram. Entã o, ele colocou as mã os no pescoç o dela. forç ando-a sobre o parapeito do barco. — Sabe o que estou pensando em fazer? Liane engasgou e sacudiu a cabeç a, pedindo que ele parasse. — Em levar você lá embaixo, para a cabine, e lhe ensinar como é este jogo. E nã o parar até você implorar que eu a possua. Liane já nã o conseguia falar. Estava com os olhos arregalados, fixos no rosto dele, imaginando que aquilo tudo era um terrí vel pesadelo do qual logo ia acordar. — Eu adoraria cada minuto de minha conquista... e você també m. Ele deixou que suas palavras ecoassem, imperturbá vel com a expressã o de susto dela. Depois, soltou-a, e ela caiu no deck, humilhada, lutando contra as lá grimas. Ela o odiava furiosamente. Felizmente, nã o teve que falar com ele outra vez. Marcello ligou o motor e saiu a toda velocidade com o barco, como se cada minuto fosse muito importante. A garganta de Liane doí a e ela desejou que o deck se abrisse e a engolisse. Escondendo-se dele, ela desceu para a cabine, para lavar o rosto. Ficou espantada, diante da tristeza que viu em seus pró prios olhos. Estava pá lida e novamente parecia a menininha abandonada que tinha saí do da Inglaterra. Quando saiu da cabine, evitou olhar para Marcello, sentindo-se grata por nã o haver mais ningué m por perto para vê -la. Mas a sorte nã o estava de seu lado. Quando chegaram em casa, Roberto foi encontrá -los na porta. Olhou profundamente o rosto dos dois. O de Marcello parecia urna má scara de tensã o e Liane estava pá lida e preocupada. Percebendo o olhar do pai, Marcello deu um sorriso forç ado e, num olhar carinhoso, abraç ou Liane pelos ombros. — Levei Liane para dar uma volta em meu iate. Acho que deví amos ter deixado um bilhete... Desculpe, papai. — É por isso que você está tã o pá lida, menina? Talvez o mar nã o lhe tenha feito bem... — Acho que sim. — ela conseguiu dizer com voz trê mula. — importa-se que eu vá direto para meu quarto? — Ela nã o aguentava que Marcello a tocasse por mais um segundo. — Faç a como preferir. — Roberto disse. — Deite-se durante uma hora, e entã o se sentirá melhor. Ela subiu as escadas, sentindo-se aliviada quando fechou a porta do quarto e ficou sozinha. Viu que estava tremendo e que seu rosto tinha a brancura da neve. Afundou na cama, fechou os olhos e tentou controlar seus pensamentos. Como Marcello podia ser tã o odioso? Aos poucos, o tremor passou e ela foi se acalmando. O ú nico consolo em tudo aquilo, era que nã o havia amor de nenhum dos lados, Marcello també m a odiava. Nã o teve consciê ncia de quanto tempo ficou deitada, de olhos fechados. Sabia que devia tomar um banho e trocar de roupa, mas nã o tinha energia suficiente para se colocar de pé. Quando a porta se abriu, ela esperava que fosse Roberto. Ficou furiosa ao ver Marcello entrando. — Saia daqui! — ela berrou, antes que ele pudesse falar. — Acho que você deve descer. Papai está preocupado. Eu lhe disse que nã o há nada errado, mas, quando tem alguma dú vida, você sabe como ele fica. — Ele ainda acha que estou enjoada por causa do mar? Marcello fez que sim. — Nã o vi nenhuma razã o para dizer a ele outra coisa. — Se soubesse a verdade, ele nã o se orgulharia de você, nã o é? — Meu pai sabe que nã o sou nenhum santo, mas com você as coisas sã o diferentes. Ele nã o ficaria nada satisfeito com o que aconteceu. — E se eu contar a ele? — Você nã o seria tã o tola. Sabe o que isso causaria a ele. — Espero que nã o esteja sugerindo que vai brincar comigo sempre que quiser, acreditando que eu nã o contarei nada... — Nã o. A nã o ser que você me provoque com esses seus olhos grandes e inocentes. Eles sã o muito perigosos, sabia? Sã o cheios de pureza e de paixã o escondida. Uma arma que pode tirar um homem de seu bom senso. — Se você sair daqui, eu descerei daqui a pouco. Mas ele permaneceu no quarto, olhando-a. — Eu disse saia! — ela gritou. — Eu ainda a perturbo, nã o é? É melhor tomar cuidado, garotinha, nã o é sempre que consigo dominar meus desejos. — A porta se fechou suavemente e ela ouviu que ele ria enquanto descia para a sala. Vestiu uma de suas velhas roupas. Nã o era muito elegante e a fazia parecer desajeitada e malcuidada. Talvez isso afastasse Marcello. Olhos perigosos! O ú nico perigo era o ó dio que sentia por ele. Roberto levantou os olhos, ansioso, quando ela entrou na saleta. Parecia analisar todos os detalhes. — Você está pá lida, Liane. Talvez devesse ter ficado na cama. Ela sorriu, confiante. — Agora estou melhor, Roberto, foi uma tolice passar mal daquele jeito. — Nem todos nascem com o estô mago apropriado para o mar. Marcello devia tê -la trazido de volta ao primeiro sinal de que nã o estava se divertindo. Ela olhou para Marcello. Ele se divertia com as palavras do pai. — Eu odeio causar problemas. — ela disse, num tom firme e educado. — Esta agora é sua casa. — Roberto respondeu. — Você deve dizer exatamente o que pensa. — Claro. — Marcello confirmou, os olhos com uma expressã o cí nica. Durante o jantar, Marcello agiu como se nada tivesse acontecido. Era cô mico, Liane pensou. Ningué m podia imaginar que aquelas duas pessoas tã o distantes tinham trocado intimidades há poucas horas. A atitude dele agora era a de um irmã o mais velho, levemente brincalhã o e condescendente. Ela procurava reagir do mesmo jeito, mas só sentia vontade de gritar com ele. — E o que você s dois pensam em fazer, esta noite? — Roberto perguntou, enquanto tomavam café na varanda, — Eu vou ficar em casa com você. — Liane disse, apressada. — E eu tenho um encontro com Luí sa. — Marcello falou. Em seguida olhou para o reló gio e levantou-se rá pido. — Já devia ter saí do. Ela nã o gosta de esperar. O pai franziu as sobrancelhas, mas nã o disse nada. Ficou apenas observando, enquanto Marcello saí a da sala. Entã o voltou-se para Liane. — Estou contente por ver que esteja se dando melhor com Marc. Gostei de saber que saí ram, esta tarde. Mas estavam tã o tensos quando voltaram! Você nã o sabe como fiquei aliviado ao saber que era só um enjoo causado pelo mar. — Eu gostaria que você nã o desse tanta importâ ncia ao fato de sermos ou nã o amigos. — É meu maior desejo. Nã o quero que sejam só amigos, mas muito mais. Perdoe-me se estou sendo rude, Liane, mas esse vestido... Você nunca vai atrair Marcello, vestida assim. Liane sabia muito bem disso. O vestido era sua defesa, sua armadura. Marc a tinha olhado de perto durante o jantar e sabia que ela escolhera aquela roupa deliberadamente. — Nã o posso jogar fora meus vestidos velhos. Nã o vou sair com eles, se você insistir, mas sã o muito confortá veis para usar em casa. Ele nã o ficou satisfeito, mas nã o insistiu. Silenciosamente, tomou o café, observando um iate que navegava ao longe. Liane desejou fervorosamente que ele nã o pretendesse casá -la com Marcello. Mesmo porque nã o haveria jeito de conseguir aquilo. Marcello nã o a amava. Nunca a amaria. Nã o ia casar com uma ó rfã simples e ingê nua como ela. Olhava para mulheres de posiç õ es muito mais altas. Na verdade, Luí sa era a mulher ideal para ele. Tinha o mesmo passado, os mesmos gostos e o mais importante, estava apaixonada por ele. Os sentimentos de Marcello eram discutí veis. Ele tinha dito que Luí sa nã o significava nada, mas poderia ser apenas um disfarce, porque ele a tratava como se fosse uma pessoa muito especial. Quando Giorgio veio buscar as xí caras, os dois estavam conversando calmamente, mas, durante o tempo todo, Liane sentia que Roberto pensava em outra coisa. De repente, ele disse: — Eu tomei uma decisã o. Meu advogado veio esta manhã e eu coloquei mais uma condiç ã o em meu testamento. Claro que, se eu morrer, Marcello vai herdar todos os meus negó cios. — Por que está me dizendo isso, Roberto? Eu nã o sei o que isso tem a ver comigo. Os olhos dele estavam escuros e misteriosos. — Mas, se ele nã o estiver casado aos trinta e cinco anos, nã o herdará nada. Nada. — E isso é justo? — ela perguntou, gentilmente. — Ele está com trinta e quatro anos, agora. Você nã o está lhe dando muito tempo. — Trê s meses. Se isso nã o for suficiente, entã o eu lavo minhas mã os. Ele teve pelo menos dez anos para escolher uma boa esposa.
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