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The Emerald Coast 4 страница



Seu coraç ã o ainda batia com forç a quando foi para a cama. Antes foi dar uma olhada em Roberto, mas ele dormia calmamente e ela sentiu-se agradecida por ele nã o ter testemunhado a cena na cozinha.

Mal conseguiu dormir, naquela noite. Ainda sentia os lá bios de Marcello sobre os seus, a rigidez de suas coxas. Ao pensar nisso, seu coraç ã o bateu com mais forç a.

Ficou aliviada quando a manhã surgiu. Enquanto tudo ainda estava quieto, ela saiu da cama, vestiu um dos biquí nis novos e foi para a piscina.

A á gua estava gelada e ela quase perdeu o fô lego. Depois de algumas braç adas, começ ou a ficar mais calma. Com uma toalha nos ombros, ela voltou para o quarto. Marcello estava ao lado da porta do quarto dela. Vestia apenas as calç as do pijama e tinha cruzados os braç os.

— Buon giorno! Dormiu bem? — os olhos dele tinham um ar brincalhã o.

Liane sentiu que estremecia, ao vê -lo. Ele era um homem atraente e era fá cil perceber por que tinha tantas admiradoras.

— Muito bem. — ela mentiu.

— Estou contente. Ia odiar ser a causa de uma noite de insô nia.

— Nã o se preocupe. Dormi bem e me diverti muito nadando, apesar de a á gua estar um pouco fria. Com licenç a, vou me vestir, antes que pegue um resfriado.

Quando ela tentou passar por ele, Marcello pegou sua toalha.

— Você nã o deixou que eu a visse experimentando os biquí nis.

Ele olhou insolentemente seu corpo, demorando na curva dos seios coberta levemente com o tecido fino.

— Agora está muito melhor do que com aquele maiô. Este é mais revelador... hipnotizante. — Ele levantou a mã o e tocou levemente, com as pontas dos dedos, o braç o dela, mas seu olhar parecia distante.

Liane levantou a mã o, mas dessa vez ele a segurou com forç a pelo pulso.

— Já esqueceu o que aconteceu na primeira vez em que você me deu um tapa?

— Nunca vou esquecer.

— Estou contente por ter causado uma impressã o tã o marcante.

— Nã o ia ficar contente se soubesse o que eu pensei.

— Entã o talvez seja melhor eu lhe devolver isso. — Ele estendeu a toalha, mas, quando Liane a segurou, ele a puxou para si e seus lá bios se encontraram durante alguns segundos. — Assim você nã o vai esquecer isto també m. — ele murmurou. Com o coraç ã o batendo mais forte, Liane correu para o quarto, fechando a porta. Aquele homem era terrí vel. E ela nã o tinha ideia de como lidar com ele.

Quando se vestiu e já estava recuperada do susto, desceu. Os outros já a esperavam.

Roberto parecia melhor do que nunca.

— Liane — ele disse logo —, Marcello já ia chamar você. Ele disse que já a tinha visto antes e que você nã o estava dormindo.

— Desculpe se estou atrasada. — Ela o beijou. — Como se sente esta manhã, Roberto? — Sentou-se à mesa, evitando olhar para Marcello.

— Melhor, muito melhor. — ele disse, alegre. — Eu acredito que você tenha conhecido Raffaele na noite passada, nã o? Foi bom ele ter vindo me ver, nã o acha? Mas eu lhe garanti que nã o estou tã o mal quanto pensou.

Raffaele olhava para Liane. Ela se sentiu pouco à vontade, sabendo que Marcello observava os dois. Será que ele achava mesmo que o primo tinha tentado conquistá -la na noite passada? Será que por isso a tinha beijado nesse dia?

Aquele pensamento nã o lhe tinha ocorrido antes, mas podia ser a resposta. Antes de Raffaele aparecer, ele nã o tinha mostrado o menor interesse por ela.

— Eu vou levar Liane para um passeio. — Raffaele estava dizendo. — Nã o se importa, tio? Prometi que mostraria a ela nosso maravilhoso paí s.

— É uma boa ideia. Meu filho parece ter muitas coisas para fazer; nã o pode lhe dar atenç ã o. Eu gostaria de estar bom para levá -la eu mesmo.

— Vai ser um prazer para mim. — Raffaele disse. — Quer que eu lhe sirva o café?

Marcello ficou em silê ncio e Liane continuou quieta, sem dizer nada, como se tivesse medo de falar. Assim que o café terminou, ele desapareceu.

Liane vestiu um dos vestidos novos, de algodã o lilá s e com alcinhas. Era um dos vestidos mais simpá ticos que Luí sa tinha escolhido e Liane sentia que nele nã o parecia muito mais velha.

— Encantadora. — Raffaele disse — Completamente encantadora.

E ela sentiu-se satisfeita, sabendo que aquele ia ser um dia feliz. Rafaelle tinha carro, nã o um modelo esporte como o do primo, mas um carro bonito, cinza-prateado, com teto solar e ar condicionado. Ela se sentia muito bem, sentada ao lado dele, mais relaxada do que nunca.

— Aonde você está me levando?

— Para a Grotta Nuova. É um lugar que você nã o pode perder. Gosta de grutas?

— Sim, gosto muito. É longe?

— Uma hora de viagem, talvez duas. Depende do que vamos fazer no caminho.

Ela sentiu uma espé cie de sinal em sua cabeç a, mas ignorou-o. Estava sendo excessivamente sensí vel, disse a si mesma. Tinha suspeitas demais. E tudo por culpa de Marcello.

O caminho que ela escolheu passava por Olbia e pela estrada costeira, de onde se via o azul do Mediterrâ neo. Passaram pelo Castelo de Fava, do sé culo XII, com suas torres imponentes, por plantaç õ es de milho e de pinheiros, e chegaram a um lugar chamado Dorgali, onde ficaram uma hora olhando as lojas que vendiam cerâ mica, terracota, tapetes e artesanato de couro.

Liane gostou de um burrinho de terracota e Raffaele lhe deu de presente. Nã o sabia como agradecer, porque nunca tinha recebido um presente de um homem. Ele passou o braç o por sua cintura, sentindo o seu embaraç o, e puxou-a para si. Ela nã o fez nenhuma objeç ã o.

De volta ao carro, viajaram mais um pouco em direç ã o a um porto chamado Cala Gonone. Ali, tomaram um barco com gente de todas as idades e nacionalidades, todos ansiosos para ver a famosa gruta. Raffaele continuou com o braç o ao redor do corpo de Liane e ela olhou para ele interessada.

— Está se divertindo?

Ela fez que sim e a pressã o do braç o dele aumentou. Liane desejou que ele nã o se tornasse aborrecido. Estava confiando em Raffaele como num amigo, nã o mais do que isso. Nã o tinha a menor experiê ncia em colocar os homens em seus lugares, quando eles faziam avanç os amorosos.

O barco ancorou junto a uma escarpa pedregosa. Havia uma porç ã o de pequenas cavernas, visí veis só para eles, que poderiam ser atingidas por uma escada que saí a da rocha. Parecia um lugar muito perigoso e Liane sentiu que nã o tinha a menor vontade de se aventurar por ali.

Meia hora depois, o barco entrou numa abertura e parou perto de um ancoradouro de concreto. O guia conduziu-os à entrada da famosa gruta.

Lá dentro, à esquerda, ficava a Grotta del Blue Marino. Blue Marino era o nome de uma foca, mas nã o havia focas à vista. Depois viraram à direita e entraram na Grotta Nuova.

Para surpresa de Liane, as cavernas eram quentes e secas. O guia ia na frente, iluminando o caminho, e Raffaele segurava a mã o dela com forç a, perguntando frequentemente se estava gostando do passeio.

À medida que entravam mais fundo na encosta da montanha, passavam por arcos encantadores e cavernas menores, até chegarem a um grande salã o conhecido como Salã o de Baile. Depois cruzaram uma ponte pequena, com á gua do mar de um lado e á gua doce do outro, e entraram numa pequena câ mara onde novas estalactites estavam se formando. Era muito bonito e Liane virou-se para Raffaele com os olhos brilhando:

— É lindo. Estou contente por ter vindo.

Em resposta, ele a beijou de leve nos lá bios.

— També m estou gostando muito. — ele disse. — É incrí vel a diferenç a que a boa companhia faz num passeio.

Ao contrá rio do de Marcello, o beijo dele nã o lhe causou nenhuma reaç ã o, apenas a certeza de que ele estava feliz e alegre como ela. Depois, abraç ados pela cintura, continuaram o passeio.

Mais profundamente, no interior da caverna, havia lagos que brilhavam à luz da tocha levada pelo guia. Havia també m certas formas curiosas, parecendo rostos, entalhadas pela natureza na superfí cie das pedras. Muitas nã o eram bonitas e davam até medo. Liane estremeceu, sentindo que sua imaginaç ã o disparava. Aquilo tudo correspondia à ideia que tinha do inferno. Como se percebesse seus pensamentos, Raffaele a apertou com mais forç a e ela pressionou seu corpo contra o dele.

Liane sentiu-se contente, quando saí ram. Os turistas eram um grupo feliz e sorridente, e o entusiasmo do guia era contagiante. Logo ela estava rindo també m. Mas disse a Raffaele:

— Lá embaixo é como o inferno de Dante.

— Vejo que você é româ ntica e só gosta de coisas lindas e de sonhos.

— Fiquei contente por você estar comigo.

Raffaele parecia satisfeito.

— Vamos encontrar algum lugar para comer.

Havia vá rios restaurantes na Cala Gonone e ele escolheu o menos cheio. Dali se tinha uma vista ó tima de uma prainha branca e calma, onde as á guas azuis refletiam o cé u.

Liane suspirou feliz. Tudo era tã o diferente da Inglaterra e de St. Morrow! Ela tinha tido muita sorte. Durante um momento esqueceu Marcello e també m a frase de Roberto que a tinha deixado arrasada na noite passada. Ali havia paz e a companhia de um homem que só desejava sua amizade.

Comeram frutos do mar e tomaram uma garrafa de vinho branco, que logo subiu à cabeç a de Liane. Ela começ ou a rir e falar mais do que normalmente.

Quando tomaram o caminho para a Costa Esmeralda, Liane sentia-se muito feliz.

— Nã o vamos voltar ainda. — ela disse, com a mã o no braç o de Raffaele. Sabia que, se voltasse à realidade agora, seria desastroso, nã o estava pronta para encontrar Marcello.

Ele colocou o carro numa das entradas da praia, que estava deserta naquela hora do dia. Depois abriu uma esteira sobre a areia e ficaram lá deitados, ouvindo o mar e o canto dos pá ssaros.

Liane queria que aqueles momentos durassem para sempre. Fechou os olhos e sentiu-se deliciosamente sonolenta. Dormiu e sonhou que Marcello estava a seu lado. Mas era um Marcello diferente, amoroso, que a beijava com paixã o meiga. Ela retribuí a a seus beijos, amando-o e querendo fazer amor com ele.

Quando abriu os olhos, viu que era Raffaele quem a beijava. Ficou tensa e ia empurrá -lo, quando percebeu que seria ingratidã o, depois daquele dia maravilhoso que ele lhe havia proporcionado.

Entã o deixou que ele continuasse a beijá -la, deitada, quieta, sem corresponder nem rejeitar. Era estranho, mas nã o tinha a mesma sensaç ã o que experimentava com Marcello. O que queria dizer isso?

Gostava de Raffaele muito mais do que do outro. Por que entã o seu coraç ã o nã o se acelerava? Tudo aquilo levava à mesma resposta. Marcello a repelia. Tinha que ser isso. Suas emoç õ es descontroladas eram um modo de lhe dizer que devia lutar contra ele. Ficou chocada quando Raffaele disse:

— Marcello beijou você? — Ele parecia estar com ciú me e isso era muito surpreendente.

— Marcello? — perguntou indignada. — Nã o aguento aquele homem!

Só nã o sabia por que tinha evitado responder à pergunta dele.

 

Capí tulo 4

 

 

Marcello nã o apareceu para o jantar e Liane achou que Raffaele se comportava como um filho, com Roberto, pelo menos em sua presenç a. Era atencioso com o velho e muito gentil com ela, como se já tivesse se tornado algué m especial.

Liane gostou daquilo, teve uma sensaç ã o agradá vel de calor humano. Nunca tinha pertencido a ningué m e nunca ningué m se interessara por ela. Aquilo lhe fazia bem.

— Nã o preciso perguntar se você se divertiu. — Roberto disse. — Você s dois parecem extremamente satisfeitos.

Depois, Raffaele sugeriu um passeio ao porto para ver os iates. Sabendo que Roberto nã o se importava, ela aceitou e começ aram a descer pela encosta da montanha.

Havia uma praç a só para pedestres, cheia de lojas e apartamentos. Passaram uma hora examinando os souvenirs. Raffaele falou sobre as esculturas de bronze, có pias dos nuragos um tipo de fortaleza construí das em é poca anterior à dos romanos.

— Há milhares delas pela ilha. A mais famosa é a ruí na de Su Nuraxi. Eu a levarei lá... amanhã, se você quiser.

Liane disse qualquer coisa que nã o a comprometesse e continuou olhando os tapetes e bolsas, as bonecas vestidas com as roupas tí picas da Sardenha. Achava que nã o devia passar muito tempo com Raffaele. Roberto estava doente, queria que ficasse por perto. Já era muito ruim que Marcello sempre estivesse fora de casa.

Da praç a passaram para uma ponte de madeira que cortava um dos canais. Os iates ficavam ancorados mais longe. Eram magní ficos, diferentes de tudo o que ela já havia visto antes. Ficou encantada.

Enquanto observavam, um iate que vinha se aproximando lentamente ancorou no porto. Só havia duas pessoas a bordo. Liane viu que eram Marcello e Luí sa, que usava o short mais curto que ela já havia visto.

Ele franziu as sobrancelhas, quando a viu com Raffaele.

— O que está fazendo aqui?

— Fazendo o seu trabalho. — Raffaele disse — Mostrando a ilha a Liane.

— Achei que sua visita era para meu pai.

— Acho que nem ele esperaria que eu fosse passar todo o tempo dentro de casa.

— Alguma coisa me diz que você nã o passou nenhum tempo lá. — Olhou profundamente de um para o outro; estavam de mã os dadas e ele pareceu zangado ao ver aquilo. — Onde você s estiveram?

Liane olhou para Raffaele e deu de ombros, como se perguntasse: preciso mesmo dizer a ele? Depois virou-se para Marcello e respondeu:

— Fomos a uma gruta magní fica. Foi como se estivé ssemos em outro mundo.

— Aposto que sim, mas agradeceria muito se voltasse para casa agora. Nã o gosto que meu pai fique sozinho.

— Nesse caso — Raffaele disse rí spidamente —, por que você saiu?

— Porque achei que você s dois ficariam lá.

Liane sentiu que aquele nã o era o ú nico motivo do aborrecimento dele.

— Vamos. — ela disse baixinho para Raffaele. Na verdade, tinha uma sensaç ã o de culpa por ter deixado Roberto sozinho, principalmente depois de terem ficado fora o dia inteiro.

Raffaele nã o pareceu satisfeito, mas concordou. Ela se sentiu aliviada ao ver Roberto sentado na varanda, lendo. Ele levantou os olhos quando os dois entraram.

— O passeio foi curto.

— Eu fiquei preocupado com você, tio; — Raffaele disse depressa. — Nã o deví amos ter saí do à noite. Se algo acontecesse...

— Nã o estou assim tã o mal. E gostaria muito de tomar um drinque. Talvez você s dois queiram me acompanhar.

Os trê s ficaram bebendo e conversando, Liane se sentindo cada vez mais à vontade naquele novo paí s e na nova casa.

Logo depois Marcello chegou em casa. Era cedo ainda, Liane esperava que ele passasse a noite fora. Até Roberto se surpreendeu, ao ver o filho.

— O que é isso? Brigou com a namorada?

Marcello nã o pareceu achar a observaç ã o divertida. Serviu-se de um copo de uí sque e bebeu tudo de um gole, dizendo:

— Vou trocar de roupa. Desç o daqui a pouco.

Quinze minutos depois, estava de volta. Tinha tirado o short e a camisa azul-marinho e agora vestia uma calç a elegante e uma camisa de seda cor de areia. Parecia muito bem disposto. Seu cabelo, molhado do banho, estava mais escuro do que normalmente.

Ele se serviu de outro drinque e sentou-se perto de Liane. Imediatamente ela sentiu a falta de ar caracterí stica de quando ele se aproximava.

Depois das dez, Roberto foi para a cama, mas os dois homens continuaram na sala, como se nenhum deles pretendesse deixar Liane sozinha. Pela primeira vez em sua vida, ela achou divertido ser uma mulher e ter homens interessados nela. Estava crescendo.

Finalmente, anunciou que ia dormir. Raffaele levantou-se.

— Eu també m. — disse, se espreguiç ando.

Entã o, Marcello falou baixinho:

— Eu gostaria de conversar com você, Liane... a só s.

Raffaele franziu as sobrancelhas, mas saiu dizendo a Liane que, se ela quisesse, poderiam ver as fortalezas no dia seguinte.

Durante um momento, depois da saí da de Raffaele, os dois ficaram em silê ncio. Entã o Marcello falou:

— Eu nã o gosto que você saia com Raffaele.

— Eu sei. Já percebi.

— Entã o, o que vai fazer?

— Nada. Por que deveria fazer alguma coisa? Sou livre e acho seu primo uma ó tima companhia.

— Raffaele pode encantar uma mula, se resolver fazer isso. Ele tem a habilidade de fazer as pessoas pensarem que é diferente do que realmente é.

— E acha que ele está fazendo isso para ser simpá tico comigo? Por que faria isso?

— Eu nã o esperava mesmo que entendesse. Ele nã o contava com você, com algué m com quem pode passar algumas horas agradá veis, enquanto nã o atinge seu objetivo.

— E qual é esse objetivo?

— Ele quer parecer simpá tico a meu pai a fim de ser incluí do no testamento do velho.

Liane riu. Tudo parecia muito engraç ado, mas Marcello pareceu magoado.

— Qual é a graç a?

— Você. Primeiro você me acusou de querer o dinheiro de seu pai, agora acusa Raffaele. Oh, Marcello, você deve ler algum, problema com isso, Nenhum de nó s está interessado nesse testamento. Tudo vai ser seu, quando ele morrer. Nã o estamos querendo tirar nada do que é seu. Eu pelo menos nã o estou, mas sinto que posso falar por seu primo també m.

— Eu nã o estou pensando só em mim e você nã o conhece meu primo como eu. Ele nã o vem sempre aqui. Na verdade, acho que nem me lembro de quando apareceu a ú ltima vez. Mas agora que soube da doenç a de meu pai...

— Oh, Marcello, pare com isso! É tudo imaginaç ã o sua. Se seu pai nã o quer Raffaele aqui, ele que o mande embora. Afinal, a casa é dele.

— Você nã o compreende, você nã o consegue entender. Nã o conheceu Raffaele em seu mundinho, só pessoas simpá ticas. Você é confiante demais. Deixe que eu julgue, Liane. Fique longe dele. Sei do que estou falando.

— Quer saber o que eu penso? — Ela o olhou duramente durante algum tempo. Seus olhos estavam muito escuros.

— Diga.

— Acho que você está com ciú me. — Ele tentou falar, mas ela o impediu. — Você nã o me quer, mas nã o gosta que outros homens me achem atraente. Raffaele disse que sou bonita, sabia?

— Raffaele diria qualquer coisa.

Aquelas palavras irô nicas foram como uma ducha de á gua fria. Ela sabia que nã o era bonita, mas ele nã o precisava deixar isso tã o claro.

— Se você já terminou o que tinha a dizer, eu gostaria de ir para a cama.

— Ainda nã o terminei. Gostaria de ter sua companhia durante uma hora mais ou menos.

— E por quê? — De repente, Liane se sentiu apreensiva. Havia alguma coisa nele que a deixava nervosa. O que estaria querendo?

— É preciso haver um motivo?

— Com você, sim. Nã o confio em você.

— Por que nã o tenta?

Houve um momento de silê ncio entre os dois. Marcello indicou o lugar a seu lado, no sofá, e dirigiu-se a ela com suavidade:

— Sente-se.

Nervosa, Liane sentou, mantendo-se o mais longe possí vel dele.

Ele estendeu a mã o e pegou a dela, olhando a palma e traç ando-lhe as linhas delicadas com os dedos. Liane respirou fundo, imaginando o que ia acontecer em seguida e procurando desesperadamente controlar suas emoç õ es.

Estava mais convencida do que nunca de que ele tinha ciú me de Raffaele. Senã o, por que todas aquelas atenç õ es? Mas, quando ele falou, nã o foi sobre ela e Raffaele, mas sobre Roberto.

— Estou preocupado com meu pai. Ele tenta fingir que nã o está doente, mas você viu o que aconteceu ontem à noite. A menor contrariedade o deixa arrasado.

— O que há de errado com ele?

— Exaustã o, nervosismo, stress. Algum tempo atrá s, ele nã o parava aqui, viajava pelo mundo todo para controlar suas empresas. Entã o, um dia, teve um colapso e o mé dico disse que, se ele nã o se acalmasse, morreria em seis meses.

— E ele se acalmou?

— Sim, de certa forma. Eu tento fazer a maior parte do trabalho, mas, com aqueles malditos computadores, ele está lá todos os dias, controlando, verificando tudo. Acha que ningué m sabe dirigir as firmas melhor que ele. Tento mantê -lo em contato com tudo, informá -lo sobre os negó cios, mas nã o sei se ele acredita em mim.

— Estou contente por ter me contado isso. — ela disse, desejando que ele soltasse sua mã o. Nã o era fá cil pensar, naquela situaç ã o.

— Talvez você possa ajudar. Papai gosta de você e talvez a escute.

— Claro que ajudarei. Nã o conheç o nenhum de você s dois há muito tempo, mas já gosto muito de Roberto e farei qualquer coisa por ele.

— E eu? O que sente por mim?

— Eu ainda nã o tive tempo de formar uma opiniã o.

— Mas já sabe o que sente por meu pai...

— Com você é diferente.

— Quer dizer que ele nã o a perturba, como eu?

Nã o havia resposta para aquela pergunta. Ele já tinha descoberto muito. No momento seguinte, levou a mã o dela aos lá bios, beijando-a ternamente e observando-a enquanto fazia isso, como se estivesse curioso para conhecer sua reaç ã o.

Liane procurou se acalmar, mas Marcello se aproximou mais, movendo os lá bios sobre o braç o dela. Ele parecia hipnotizá -la.

Nã o tinha a menor dú vida de que ele se comportava assim com todas as garotas. Apesar disso, nã o conseguia fazer nada para impedi-lo. Deixou a cabeç a cair de encontro ao encosto do sofá, com os olhos fechados e os lá bios separados, esperando.

De repente, ele a soltou, falando apressado:

— Agora, é melhor você ir para a cama, do contrá rio nã o me responsabilizo pelo que acontecer,

Mas Liane tinha sentido o doce veneno daquelas carí cias e nã o aguentava pensar que ele ia deixá -la assim.

— Por favor, beije-me mais um pouco, Marcello.

— Dio! Você nã o sabe o que está pedindo.

— Eu sei e quero provar que nã o vou desapontá -lo.

— Liane! Liane! — Ele a abraç ou com forç a. Ela sentiu seu coraç ã o disparar de encontro ao dele e entã o seus lá bios se encontraram. Era um beijo exigente, forte, que a machucava e exigia uma resposta.

Aquela brutalidade a chocou. Quando ele a beijara, antes, tinha sido gentil. Aquilo era diferente.

Ele percebeu o choque. Entã o parou e olhou profundamente nos olhos dela.

— Era isso o que você queria?

— Eu nã o sei. Pensei que fosse, mas agora...

Furioso, Marcello se afastou.

— Você é uma crianç a! Nã o sabe nada sobre os desejos de um homem. Pense, antes de me pedir que a beije de novo, Liane. Eu posso nã o ser tã o paciente na pró xima vez.

Ela baixou os olhos. Ele sempre conseguia humilhá -la. Como tinha sido tola! Como podia ser tã o idiota, pedindo, implorando os beijos dele?

Estava pá lida, quando finalmente se levantou.

— Boa noite, Marcello.

Ele nã o respondeu.

No espelho do quarto ela viu que tinha os olhos fundos e a pele muito pá lida. Estava com vergonha de si mesma. Entrou no chuveiro, levantando o rosto para a á gua.

Depois do banho, sentiu-se melhor. Mas. demorou para dormir. Ficou muito tempo olhando a noite, o cé u estrelado.

Nã o podia entender por que o temperamento de Marcello era tã o variá vel. Num minuto estava zangado com ela e no minuto seguinte, ansioso para acariciá -la. Depois, quando ela tinha, de certa forma, se oferecido a ele, incapaz de controlar seus sentimentos, ele a recusara.

Devia estar agradecida, na verdade. As carí cias poderiam ter escapado de seu controle. E ela nã o queria nada alé m de alguns beijos. Nã o era difí cil adivinhar o que Marcello teria feito, se nã o tivessem parado a tempo.

Comparando-o com o primo, concluiu que gostava mais de Raffaele. Pelo menos, nunca discutiam. E tudo o que acontecera entre eles tinha se limitado a uns poucos beijos leves. As coisas nunca sairiam do controle, com Raffaele.

Perdida nesses pensamentos, só conseguiu fechar os olhos quando já amanhecia.

Apesar disso, foi a primeira a descer para o café. Serviu-se de uma xí cara e ficou esperando os outros.

Roberto parecia cansado, quando desceu. Liane se aproximou dele:

— Nã o está se sentindo bem?

— Nã o é nada. Onde está Marcello? Preciso falar com ele.

— Nã o sei. Quer que o procure? — Mas, enquanto falava, Marcello entrou na sala.

Olhou rapidamente para Liane e depois se dirigiu ao pai:

— Você esteve trabalhando com os computadores outra vez?

Roberto fez que sim.

— Há um problema com a Plá stica Malaspina de Nova York. Você precisa ir lá.

— Papai, eles podem resolver o problema sozinhos. Por que insiste em querer controlar tudo? Eles sã o tã o capazes quanto você.

— É a minha empresa. Eu a construí, nã o quero vê -la desmoronar por falta de supervisã o.

— Segal é um ó timo homem. Você mesmo o escolheu. Ele saberá lidar com qualquer situaç ã o. Posso verificar o problema mais tarde, se isso o deixa satisfeito, mas tenho certeza de que nã o precisam de mim lá.

— Marcello está certo. — Liane disse. — Você precisa aprender a confiar nas pessoas, Roberto. Nã o pode ficar para sempre por trá s delas.

— Mas sã o os meus bebê s... Eu os alimentei, eu os vi crescendo. Meu coraç ã o arrebentaria, se perdesse qualquer um deles, agora.

— Nã o vai perder nada. — Marcello disse com firmeza. — A empresa está seguindo estritamente o planejamento. Deixe-a com Segal e ele resolverá tudo.

— E se nã o resolver? Teremos perdido a maior encomenda que já recebemos. — Roberto parecia completamente desesperado.

— Entã o eu vou ver isso pessoalmente.

— Se já nã o for tarde demais.

— Quer um café? — Liane perguntou, ansiosa.

— Prefiro alguma coisa mais forte.

— Vou servir um conhaque. — Marcello sorriu para Liane ao passar por ela.

Roberto tomou o drinque lentamente e a cor voltou a seu rosto, mas ele continuava com o pensamento nos negó cios.

— Vamos, coma alguma coisa. — Liane disse, segurando-o pelo braç o e puxando-o para a mesa.

Ele sorriu, distraí do, e pegou um pã ozinho.

— Vou entrar em contato com Segal e descobrir exatamente o que está acontecendo. — Marcello encerrou a conversa, saindo da sala.

— Deve aceitar as coisas com calma. — Liane sorriu para ele. — Deixe que Marcello se preocupe; você já fez a sua parte, é tempo de esquecer os problemas.



  

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