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Capítulo 4
Se pudesse, Kirsten nã o teria ido trabalhar na manhã seguinte, pois tinha a maç ã do rosto arroxeado e inchada e estava certa de que algué m ia lhe perguntar o que tinha acontecido. També m estava certa de que, se nã o quisesse denunciar o seu pai à polí cia, ia ter que mentir. Se no momento do impacto nã o tivesse virado a cabeç a, o mais certo seria que tivesse també m o nariz quebrado. O fato de que seu pai se atreveu a bater nela uma vez queria dizer, sem nenhuma dú vida, que poderia voltar a fazê -lo. Kirsten sentiu que lhe formava uma bola de angú stia na boca do estô mago ao recordar a fú ria de seu pai e o pouco que o tinha importado machucá -la, algo que aparentemente nã o o tinha feito sentir-se absolutamente envergonhado. Ao ouvir Kirsten gritar, Mabel tinha descido as escadas a toda velocidade e ficou está tica ao ver a cena, mas ao final de uma hora já lhe estava jogando a culpa da visita de Bruno Judd e justificando a violê ncia de seu marido. Kirsten sentia os olhos inchados e doloridos pelas lá grimas que tinha derramado em silê ncio a noite anterior porque, embora seu pai nunca tivesse sido um homem de cará ter fá cil, tampouco nunca tinha se mostrado tã o violento. Obviamente, Jeanie tinha razã o em pensar que era impossí vel que Kirsten conseguisse sair de casa com a aprovaç ã o de seu pai e, entretanto, agora mais que nunca precisava sair dali, assim nã o tinha mais remé dio que ir embora em segredo. Para cú mulo, mal tinha dinheiro e a ú nica coisa que lhe ocorria era fazer horas extras. ― Minha mã e, mas, o que aconteceu com o seu rosto? ― perguntou-lhe Pamela Anstruther assim que a viu aparecer. ― Nada, ontem tropecei e cair sobre a borda de uma mesa ― respondeu Kirsten encolhendo-se de ombros. ― Menos mal que nã o tenha quebrado nada. ― Pois sim, menos mal ― disse a aristocrata olhando-a sem rastro de suspeita. ― Pobrezinha. Hoje só vou precisar de você por uma hora, assim, quando tiver terminado de limpar e de organizar meu quarto, pode se ocupar de seus afazeres normais. Kirsten se sentiu profundamente decepcionada e ressentida porque, de novo, outro dia em que nã o lhe fora permitido ajudar a organizar a festa. Era ó bvio que a aristocrata tinha preferido tomá -la como empregada pessoal, algo que desagradava profundamente Kirsten. Shahir ficou olhando a carta que tinha recebido aquela manhã de um primo dele e apertou as mandí bulas. Continuando, riu com amargura, fez uma bola com o papel e o atirou ao cesto de papé is. Aquilo, certamente, era a cereja do bolo. Acabava de inteirar-se de que Faria, a ú nica mulher que tinha amado, acabara de se casar com outro homem. E ele nem sequer sabia que ela estava comprometida! Devido à recente morte de um parente, o casamento de Faria tinha sido uma reuniã o pequena e familiar e aconteceu a toda velocidade para que o casal pudesse ir o quanto antes para Londres, onde o noivo trabalhava como cirurgiã o. Shahir se disse que, cedo ou tarde, aquilo tinha que acontecer. O fato de estar casada nã o queria dizer que a tivesse perdido porque, na realidade, jamais a tinha tido. «Tenho que ser forte», disse-se. Uma hora depois, chegou Pamela para recolher a lista de convidados que lhe tinha deixado no dia anterior para que desse uma olhada. ― Parece-me que para Kirsten Ross as coisas nã o vã o bem ― comentou com os olhos em branco. Shahir a olhou arqueando uma sobrancelha. ― Parece ser verdade que Kirsten esteve se vendo à s escondidas com o pedreiro polonê s e, na verdade, nã o me surpreende que tenha tentado que ningué m se inteirasse porque tendo o pai que tem... O ruim foi que ele se inteirou de todas formas. ― Já sabe que eu nã o gosto de fofocas ― interrompeu-a Shahir. ― Isto nã o é uma fofoca ― sorriu Pamela. ― Sei que se preocupa muito com essa garota, por isso lhe conto. Enfim, para ir ao ponto, acredito que seu pai lhe bateu. Shahir nã o se alterou. ― Ela lhe disse isso? ― Nã o, claro que nã o. Ela disse o tí pico de... «tropecei e me machuquei». Enfim, pelo visto a pegou fazendo o que qualquer garota jovem e sã faria com um homem ― riu Pamela. ― É a ú nica explicaç ã o que me ocorre e me parece ló gico porque, pelo que me contaram, essa garota nã o tem nenhum tipo de liberdade, o que nã o é absolutamente normal. Uma vez a só s, Shahir decidiu falar com a chefe do departamento de limpeza para que a mulher se assegurasse de que Kirsten estava bem. Nã o havia necessidade de que ele se envolvesse de maneira direta. Seria verdade que Kirsten estava com um homem? E a ele que mais lhe interessava? Nã o a conhecia. Mesmo assim, nã o gostava da idé ia de que Kirsten tivesse estado com outro homem porque a tinha por uma garota inocente. Teria se confundido? Entã o, recordou a paixã o que Kirsten tinha demonstrado entre seus braç os, mas se disse que nã o se podia julgar por um beijo e que, em todo caso, dava igual a experiê ncia sexual ou carê ncia dela que Kirsten tivesse, porque aquela mulher nã o era para ele. Entretanto, Shahir recordou como desde pequeno o tinham educado para interessar-se pessoalmente por qualquer problema que tivessem seus empregados e à s pessoas que o rodeava, e se disse que tinha que se ocupar daquele assunto em pessoa, assim ligou o computador e consultou os horá rios do pessoal de limpeza para localizar Kirsten. Que curioso que nã o se precavesse de que até muito pouco tempo nem sequer tinha sabido da existê ncia daqueles horá rios nem de que se pudessem consultar no computador. Kirsten estava encerando o chã o de madeira na galeria, perguntando-se de que humor encontraria o seu pai aquela tarde quando chegasse em casa e tremendo ante a possibilidade de que se repetisse o episó dio do dia anterior. ― Kirsten... Ao ouvir seu nome, deu um pulo e lhe caiu a escova das mã os. Surpresa, virou-se e se encontrou com Shahir. Imediatamente, o prí ncipe se deu conta de que Kirsten estava atemorizada e de que tinha uma bochecha arroxeada. ― O que aconteceu? ― perguntou Shahir avanç ando até ela em um par de passos. ― Foi seu pai? A ternura de Shahir desconcertou Kirsten. ― Nã o... nã o sei como pô de pensar algo assim ― respondeu nervosa. ― Tropecei e bati o rosto em uma mesa. Shahir lhe acariciou a face e sentiu que a fú ria se apoderava dele ao compreender que a tinham golpeado. Perguntou-se se poderia fazer algo para ajudá -la porque era ó bvio que aquela garota tinha uma vida familiar problemá tica. ― Kirsten, nã o minta para mim ― pediu-lhe em tom amá vel. Ao sentir os dedos de Shahir sobre a pele com tanta suavidade, Kirsten tinha ficado atô nita porque até aquele momento nã o sabia que um homem pudesse ser tã o agradá vel. ― Nã o estou mentindo ― murmurou. ― Te bateram e nã o deve aceitar. Ningué m tem o direito a bater em outra pessoa, nem sequer um pai. Devo saber a verdade ― insistiu Shahir. ― Se nã o confiar em mim, nã o vou poder te ajudar. ― De qualquer maneira nã o poderia me ajudar! ― protestou Kirsten em um arrebatamento e sentindo que as lá grimas escorregavam por seu rosto. ― Equivoca-se ― respondeu Shahir fazendo um grande esforç o para nã o tomá -la entre seus braç os e consolá -la. ― Nã o me parece bem que tratemos um assunto tã o delicado aqui na galeria, onde qualquer um poderia nos ver ― acrescentou guiando-a ao fundo da galeria, onde havia uma porta de mogno que levava a ala do castelo de uso pessoal do prí ncipe. ― Agora que estamos sozinhos, quero que se tranqü ilize e que me conte exatamente o que aconteceu ontem ― indicou-lhe fazendo-a sentar-se. ― Nã o posso lhe contar isso... ― soluç ou Kirsten. Shahir a agarrou pela mã o. ― Ser leal à famí lia é muito admirá vel, mas em seu caso se trata de uma questã o de seguranç a pessoal, de sua seguranç a, que é o mais importante neste momento. O que aconteceu ontem poderia voltar a repetir-se e as lesõ es poderiam ser muito piores. ― Foi minha culpa... ― disse Kirsten sentindo-se culpada. ― Por que diz isso? ― Se tivesse permitido que falasse com Bruno Judd, nada disto teria ocorrido, mas me zanguei com você acreditando que estava se metendo em meus assuntos ― respondeu Kirsten com lá grimas nos olhos. ― Eu sei... ― murmurou Shahir sentando-se no braç o do sofá e segurando a mã o de Kirsten. ― Me conte exatamente o que tem que ver o fotó grafo em tudo isto. ― A esse estú pido nã o lhe ocorreu outra coisa que apresentar-se em minha casa para falar com meu pai ― explicou Kirsten. ― Judd foi a sua casa? ― perguntou Shahir com o cenho franzido. ― Sim, foi e mostrou a meu pai fotografias de mulheres, segundo ele, «meio nuas». Nã o pode nem imaginar como o encontrei ao chegar em casa. Estava furioso... ― Muito bem, nã o precisa continuar ― interrompeu-a Shahir lhe colocando um dedo sobre os lá bios. ― Ele nã o voltará a te fazer dano. Nã o vou permitir. ― Mas você nã o pode fazer nada para evitar ― murmurou Kirsten com a respiraç ã o entrecortada. ― Dou minha palavra de honra de que vou protegê -la ― jurou-lhe Shahir com determinaç ã o, pensando que a melhor maneira de protegê -la seria afastá -la de Strathcraig. Entretanto, sobreviveria Kirsten ao feito de perder tudo o que tinha ali? E o que tinha? Pobreza e tristeza? A Shahir pensou que nã o seria nenhuma tolice manter uma relaç ã o com ela porque, pelo menos, dar-lhe-ia certa felicidade. De repente, Kirsten se deu conta do silê ncio que tinha envolvido a ambos e do perto que estavam um do outro. ― Nã o deveria estar aqui contigo ― murmurou sentindo-se culpada. ― Está aqui comigo porque quer estar comigo ― respondeu Shahir olhando-a nos olhos. Sim, era verdade, queria estar com ele. Se até ele se deu conta, de que valia negar? Kirsten nã o tinha forç as para protestar e se perguntou por que nã o deixar se levar pelo menos uma vez e fazer o que de verdade queria. A intensidade do olhar de Shahir a fez sentir espetadas quentes de antecipaç ã o por todo o corpo. A tensã o era insuportá vel. Kirsten sentia o batimento de seu coraç ã o acelerado nos ouvidos, a sala dava voltas e o oxigê nio nã o chegava aos pulmõ es. Em um movimento quase imperceptí vel, aproximou-se dele. Shahir nã o pô de controlar-se. ― Desejo você. ― De verdade? ― murmurou Kirsten. Shahir se inclinou sobre ela e se apoderou de sua boca. Ao sentir sua lí ngua, Kirsten afogou uma exclamaç ã o e estremeceu, inclinando a cabeç a para lhe permitir melhor acesso. Os lá bios de Shahir eram quentes, experientes e incrivelmente sensuais e cada beijo fazia que Kirsten quisesse cada vez mais. ― Você me deseja tanto como eu desejo você ― uivou Shahir voltando a beijá -la com urgê ncia. Continuando, a tomou entre seus braç os e a sentou em seu colo, baixou-lhe o zí per do uniforme e o deslizou por seus ombros. ― Oh... ― exclamou Kirsten ao sentir a mã o de Shahir sobre um de seus seios. ― Oh... ― burlou-se ele com sensualidade. Kirsten nã o podia acreditar no que estava acontecendo, mas estava disposta a seguir a insistente demanda de seu corpo. Quando sentiu os lá bios de Shahir na eró tica zona do pescoç o, justo debaixo da orelha, nã o pô de evitar agarrar-se à s mangas de sua camisa com forç a, pois jamais havia sentido nada parecido. ― Nunca gostei de estar incô modo ― declarou Shahir com voz rouca. Continuando, a tomou em seus braç os como se fosse uma boneca que nã o pesasse nada. ― A verdade é que estou acostumado a fazer amor na cama. ― Cama? Kirsten se esticou, pois nã o tinha lhe passado pela cabeç a que aqueles beijos fossem dar em nada mais, mas Shahir escolheu aquele preciso instante para voltar a beijá -la e Kirsten sentiu que se derretia como um sorvete e nã o pô de reagir até que se viu em seu quarto, entre as pernas do Shahir, que tinha sentado na beira da cama e tinha lhe soltado o cabelo. ― Desejo-a desde a primeira vez que a vi ― confessou Shahir lhe acariciando o cabelo, que caí a agora sobre os ombros do Kirsten. ― E cada vez que a vejo a desejo mais e mais... Kirsten sentia que as pernas lhe tremiam. ― De verdade? ― Parece mentira que nã o se dê conta, é incrivelmente bonita. ― Hoje nã o me parece que esteja muito bem... ― respondeu Kirsten tocando a bochecha arroxeada. Shahir lhe acariciou a mã o e a olhou nos olhos com intensidade. ― Hoje está mais bonita que nunca. Kirsten, hipnotizada por completo por seu olhar, curvou-se para frente e se apoderou com paixã o da boca de Shahir. Imediatamente, ele desabotoou sua blusa e o cinto da calç a. Continuando, voltou a sentá -la sobre seu colo e os tirou sem deixar de beijá -la. ― Quanta roupa usa! ― comentou beijando-a no pescoç o. Ao sentir seus seios expostos quando o sutiã caiu no chã o, Kirsten nã o pô de evitar cobrir os seios com as mã os e esticar-se. Shahir ficou olhando-a estupefato, jogou-a para trá s e fez que apoiasse a cabeç a nos travesseiros. ― Suponho que tenha experiê ncia, mas se estiver errado, por favor, diga-me, porque nã o me deito com virgens ― murmurou Shahir deitando-se a seu lado na cama. Kirsten evitou olhá -lo nos olhos durante alguns segundos. Estava consciente de que, se lhe dissesse a verdade, nã o se deitariam com ela e ela nã o poderia suportar. ― Nã o sou virgem ― mentiu rá pido. ― É muito tí mida... ― insistiu Shahir. ― E o que? ― E nada. ― Se importaria de fechar as cortinas? ― Só faz amor à s escuras? ― perguntou Shahir arqueando uma sobrancelha. Kirsten assentiu com veemê ncia e Shahir fechou as cortinas, nã o sabendo se ria a gargalhadas ou se sentia uma profunda ternura por aquela garota. Já na escuridã o, Kirsten se levantou da cama, tropeç ou nas roupas que estavam atiradas pelo chã o e caiu, mas nã o deu tempo de cobrir-se de novo quando Shahir acendeu o abajur que havia na mesinha e ficou olhando-a. ― Por que se empenha em esconder a perfeiç ã o de seu corpo? ― disse-lhe tomando-a entre seus braç os de novo, devolvendo-a à cama e lhe acariciando os mamilos eretos. Kirsten sentiu que o calor lí quido do desejo serpenteava até sua pé lvis. ― Shahir... ― murmurou Kirsten lhe acariciando o cabelo. ― Eu adoro como diz meu nome... ― disse Shahir tirando a gravata e a jaqueta. Aniquilada, Kirsten ficou olhando-o. Aquele homem tinha um maravilhoso torso forte e musculoso, e muito masculino. Quando ele tirou as calç as e ficou de cueca, Kirsten sentiu que ficava vermelha e, quando Shahir tirou a cueca mostrando sua ereç ã o, Kirsten já nã o pô de ver mais e fechou os olhos. ― Eu nã o sou nada tí mido ― comentou Shahir. ― Já percebi ― murmurou Kirsten. ― Entretanto, seu acanhamento me é atraente. ― Oh... ― Oh... ― voltou a burlar-se Shahir. Continuando, deitou-se a seu lado e começ ou a lhe acariciar os seios até chegar a seu ventre e descer por suas coxas enquanto com a boca seguia o mesmo caminho, fazendo Kirsten gemer de prazer, que nã o duvidou em arquear as costas. O nó de desejo que sentia no baixo ventre era cada vez maior. Shahir lhe separou as pernas, explorando os cachos loiros que ocultavam seu monte de Vê nus e riscou o perfil das dobras de sua feminilidade, quente e ú mida. Kirsten nã o podia deixar de mover-se, nã o podia deixar de jogar os quadris para frente. ― Oh, sim... ― disse Shahir satisfeito introduzindo um dedo no interior de seu corpo. ― Por favor... ― Espere um pouco ― ofegou Shahir. Continuando, brincou com seu corpo até fazê -la suplicar e, quando Kirsten acreditava que já nã o ia poder sentir mais prazer, Shahir se colocou sobre ela e a penetrou com doç ura. Kirsten morria por senti-lo dentro de si, mas nã o tinha nem idé ia da dor que ia acompanhar o acoplamento e nã o pô de evitar gritar. De repente, Shahir ficou petrificado e a olhou nos olhos com dureza. ― Mentiu para mim? É virgem? Kirsten se ruborizou, fechou os olhos e nã o respondeu. Shahir a olhava com incredulidade. ― Kirsten... ― Nã o pare ― respondeu Kirsten jogando os quadris de novo para frente. Shahir teria gostado de poder controlar-se, mas era impossí vel, assim voltou a entrar nas profundidades do corpo de Kirsten e continuou levantando os seus joelhos e tornando para trá s para poder penetrá -la em profundidade até que Kirsten gritou e ofegou ao alcanç ar o ê xtase. Extenuada e feliz, assombrada por sua capacidade de gozo fí sico, Kirsten mal podia pensar com clareza depois de sua primeira experiê ncia sexual. Shahir a abraç ou e a beijou na testa e Kirsten pô de desfrutar de mais ou menos alguns sessenta segundos de paz antes que Shahir a olhasse com dureza e a separasse de seu lado. ― Nã o volte a mentir para mim ― advertiu-lhe. Kirsten, que nã o estava preparada para aquele ataque verbal, ficou olhando-o com a boca aberta.
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