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CAPÍTULO XI



 

— Nã o vou descer e me encontrar com Jos. Prefiro morrer de fome! — Netta disse a si mesma.

Mas isso era mais fá cil de dizer do que fazer. Começ ou a ler o tal jornal, tentando esquecer seu estô mago que reclamava por comida. Todo o tempo os olhos de Jos, na fotografia, pareciam seguir seus movimentos.

— Oh, pare de olhar para mim! — Virou a foto para baixo. — É melhor tirar esses vestidos de cima da cama, antes que fiquem amassados — disse a si mesma.

Nervosa, começ ou a separar as roupas que Mary tinha trazido. O movimento lhe trouxe algum alí vio para a tensã o e ela fez uma pausa quando pegou o vestido amarelo.

— É melhor eu me vestir — decidiu. — Nã o posso ficar de roupã o. E, de fato, ela se sentiu melhor quando experimentou o vestido eviu que se ajustava quase perfeitamente ao seu corpo. As sandá lias brancas, de saltos altos, també m eram do seu nú mero. Netta olhou-se ao espelho com um olhar crí tico.

— Hum... como é bom usar um vestido novamente!

Apesar de gostar de usar calç as compridas, quando a ocasiã o requeria, depois de semanas e semanas usando a mesma roupa, era uma delí cia poder vestir alguma coisa bem feminina.

— Nossa, como a senhora está linda! Que diferenç a faz um vestido bonito. — A figura gorda e sorridente da sra. Berry apareceu na porta. — Tinha certeza de que as roupas da srta. Rosemary iam servir na senhora — disse, cheia de satisfaç ã o.

— Sã o lindas — sorriu Netta, feliz por ver a governanta. Talvez pudesse convencê -la a trazer uma bandeja até o quarto.

— Vi o sr. Jos descendo e disse a ele que viria buscar a senhora para mostrar onde é a sala de jantar. Ele persuadiu a srta. Caroline a comer mais cedo, junto com você s, para que eu nã o tenha que servir o jantar de novo, mais tarde. Ele é sempre assim, cheio de consideraç ã o para comigo.

Nã o posso pedir-lhe que traga alguma coisa para mim agora, pensou Netta. Sem querer, a sra. Berry tinha atrapalhado seus planos e, mesmo contra a sua vontade, viu-se andando até a porta.

— Nã o estava nem mesmo pensando em comer. Parece que perdi a fome — mentiu Netta.

— É porque passou muito tempo sem se alimentar. Venha, é só comer um pouquinho e logo seu apetite vai voltar.

— Nã o sei. — Netta ainda estava hesitante. — Jos terá companhia para o jantar, Caroline estará com ele. — O pensamento de sentar à mesma mesa com Caroline realmente acabou com seu apetite.

— Tenho certeza de que ela vai gostar da oportunidade — disse a governanta com um sorrisinho matreiro.

Isso foi suficiente para Netta se decidir. Nã o vou dar a Caroline o gostinho de me afastar de Jos, pensou.

— Acho que vou seguir o seu conselho — disse em voz alta, e viu o rosto da sra. Berry se iluminar de satisfaç ã o.

Quando estavam descendo as escadas, a sra. Berry fez uma pausa para mostrar um dos retratos pintados que estavam pendurados na parede.

— Este é o primeiro Joseph de Courcey. O nosso sr. Jos é muito parecido com ele, nã o acha?

Nosso sr. Jos... Netta sentiu um aperto no coraç ã o quando ouviu as palavras da governanta e depois sentiu um outro mais agudo, quando olhou para o retrato. A semelhanç a com Jos era incrí vel. Se nã o tivesse sido pintado há seiscentos anos, teria dito que era Jos vestindo um traje de é poca. Os cabelos eram mais compridos, de acordo com a moda daquele perí odo, mas o rosto e os olhos estranhos, dourados, eram exatamente iguais.

— Ele era chamado de Le Renard — observou a sra. Berry, e Netta virou-se para ela, surpresa.

— Era assim que chamavam Jos em Lak.

— É, parece que todos percebem uma certa semelhanç a... acho que é por causa dos olhos — continuou a governanta, conversando alegremente. — De vez em quando eles aparecem na famí lia. Interes­sante, o velho lorde tinha essa mesma cor de olhos, mas os do pai do sr. Jos eram azuis.

— O retrato está em excelente estado de conservaç ã o — observou Netta, examinando a pintura. — Até as pedras do anel parecem reais. — Sua experiê ncia com jó ias fez com que as observasse cuidadosamente. Havia um enorme rubi, de um lindo tom, cercado por uma fileira de diamantes e outros rubis menores.

— É um lindo anel — concordou a sra. Berry. — O velho lorde deixou-o para a srta. Caroline. Foi a ú nica coisa que ela recebeu como heranç a — acrescentou numa voz seca.

E, certamente, Caroline está tentando remediar o que considerou uma heranç a insuficiente casando-se com Jos, pensou Netta. Nã o era de admirar que tinhalevado um choque quando soube da notí cia atravé s dos jornais.

Mary estava parada perto da sala de jantar.

— O sr. Jos já está esperando, mas a srta. Caroline ainda nã o desceu.

— Ela logo vai chegar. Vamos, sra. de Courcey, vou espiar a mesa para ver se Mary nã o se esqueceu de nada. Ela é muito boazinha, mas ainda está aprendendo.

Se nã o fosse pela sra. Berry, Netta teria sido vencida pela covardia e sairia correndo. A governanta abriu a porta e ela parou. A figura de Jos atraiu seu olhar como um í mã. Ele també m tinha trocado de roupa e estava usando uma camisa de seda bege aberta no peito, e calç as cor de chocolate que o faziam parecer ainda mais alto e elegante.

Seus olhares se encontraram. O coraç ã o de Netta deu um pulo equase parou. Mais uma vez ela se sentiu paralisada por aquele olhar, incapaz de se mover, e quase incapaz de respirar.

— Pode começ ar a servir, sra. Berry — Jos disse depois do que lhe pareceu uma eternidade; o olhar dele se afastou de seu rosto e ela pô de respirar novamente. — Você vai sentar aqui, perto de mim.

Com seu passo silencioso, macio, ele se aproximou de Netta e pegou-a pelo braç o. Ela sentiu um arrepio e acompanhou-o, as pernas pesadas, que se recusavam a obedecê -la. Foi com alí vio que pratica­mente desabou, em vez de sentar, na cadeira que ele puxou para ela.

— A srta. Caroline ainda nã o desceu, sr. Jos. — A sra. Berry parecia um tanto hesitante.

— Pode ir servindo, ela nã o vai demorar. Só foi trocar de vestido.

— Tive que fazê -lo, Tara sujou tudo com aquelas patas imundas. — Caroline apareceu na porta e lanç ou um olhar antipá tico para Netta. — Se ela nã o tivesse sido chamada, nada disso teria acontecido.

Netta apertou as mã os sobre o colo. Nã o vou entrar em discussõ es com ela, decidiu, nã o vale a pena. Afinal, vou ficar aqui por pouco tempo.

No entanto, quando Caroline falou, todas as suas boas intenç õ es caí ram por terra.

— Pode servir agora, sra. Berry. — Caroline estava deliberadamente agindo como se fosse a dona da casa.

Afinal, quem era a hó spede? Nã o era Netta, e Caroline nã o poderia estar sabendo que o casamento tinha sido realizado por pura conve­niê ncia. Ou será que Jos tinha lhe contado quando estavam na sala de visitas?

— Venha e sente-se deste lado — disse Jos, segurando a cadeira para a prima sentar.

— Nã o quero ficar tã o longe, querido. — Imediatamente ela puxou a cadeira para mais perto dele. — Afinal, você esteve afastado por tanto tempo!

Mary começ ou a servir a sopa. Está deliciosa, pensou Netta, mas teria preferido comer longe dali. Num restaurante pelo menos nã o haveria toda essa tensã o e,. antagonismo que contaminava o ar em torno deles. Se Caroline també m estava sentindo a mesma coisa, nã odemonstrou; continuava falando sem parar, dirigindo-se, ostensiva­mente, somente a Jos, falando de pessoas e lugares que só os dois conheciam, fazendo Netta se sentir deslocada, mesmo quando se dirigia a ela com observaç õ es que nã o exigiam resposta. Estava querendo mostrar a Jos que era uma anfitriã perfeita, desde o modo de se vestir até nas maneiras, que seria uma esposa muito mais adequada para um homem da posiç ã o dele. Usava um vestido preto, elegantí ssimo, que combinava perfeitamente com seu corpo magro e que fazia Netta parecer infantil no seu vestido claro, de verã o.

Absorta em seus pensamentos, Netta nã o percebeu que os dois tinham parado de falar e estavam olhando para ela, como se tivessem esperado resposta.

— Desculpem... — começ ou. Sentiu-se em desvantagem. Tinha fechado os ouvidos à conversa fú til de Caroline e agora parecia ter cometido uma falta.

— Caroline estava sugerindo que dé ssemos um baile em Thimbles — disse Jos, quebrando o silê ncio e com uma certa impaciê ncia na voz.

— Nã o sugeri um baile, querido, apenas uma festa — corrigiu Caroline graciosamente. — Já é tempo de termos um pouco de animaç ã o em Thimbles. Acho que deví amos dar uma festa imediata­mente, para comemorar a sua chegada.

Netta reparou que Caroline estava se referindo à chegada de Jos, sem fazer qualquer observaç ã o sobre uma ocasiã o para anunciar o casamento. Talvez Jos tivesse lhe dito que nã o queria qualquer comemoraç ã o.

— E depois, no fim da estaç ã o, talvez possamos programar uma caç ada seguida de um grande baile. — Caroline parecia entusiasmada com aidé ia.

— Nada de caç adas. Nã o em Thimbles. — Netta ficou surpresa com o tom de voz que Jos usou para falar com a prima. Havia algo em suas palavras que ela nã o conseguia entender.

— Oh, querido, nã o me diga que vai continuar com todos aqueles velhos preconceitos — protestou Caroline. — Pensei que tudo isso tivesse acabado com a morte do titio.

— Meu tio nunca pensou nesse assunto como sendo um precon­ceito, e eu tenho a mesma opiniã o.

— Só por causa de um simples escudo de famí lia? Ora, meu bem é só uma escultura, um pedaç o de pedra.

— Significa muito mais do que isso para nossos ancestrais.

— Oh, querido! — Caroline parecia estar perdendo a paciê ncia. — Só porque o primeiro Joseph de Courcey tinha o apelido Le Renard...

— E é por isso que a raposa aparece no nosso escudo — observou Jos e Netta começ ou a se interessar pelo assunto.

Já tinha reparado no escudo entalhado em pedra que ficava na porta de entrada e agora notava uma reproduç ã o sobre a lareira, que ficava em uma das paredes da sala de jantar. Mostrava duas espadas cruzadas, servindo de suporte para um livro aberto, rodeado por espigas de trigo, simbolizando um soldado, um intelectual e um agricultor, e, acima do monograma, havia uma cabeç a de raposa. Jos continuava falando e sua voz era calma, mas mostrava uma determi­naç ã o inflexí vel.

— Foi por causa do apelido e do escudo que a caç a à raposa nunca foi permitida nestas terras. O primeiro Joseph de Courcey sabia muito bem o que era ser caç ado.

E Jos també m, pensou Netta. Nó s dois sabemos o que é ser caç ado. Ela olhou para ele e viu que Jos també m estava se lembrando da fuga desesperada dos rebeldes. Por um momento, sentiu uma sensaç ã o de intimidade com ele, revivendo todo o terror por que tinham passado.

— Certamente você nã o está falando sé rio, querido, afinal, o que sã o uma ou duas raposas? É só uma desculpa para um acontecimento social.

— Já disse, que jamais haverá caç adas em Thimbles. — A voz de Jos parecia uma lâ mina de aç o.

— Oh, bem, a propriedade é sua, Jos. — Caroline encolheu os ombros, deu uma risadinha e pô s a mã o na testa como se o considerasse um caso perdido. — Talvez um dia eu consiga persuadi-lo a mudar de idé ia.

Foi entã o que Netta reparou no anel no dedo de Caroline. Semdú vida, Netta observou-o com maior atenç ã o, era o mesmo que vira no retrato.

— Esse é o anel que pertenceu ao primeiro Joseph de Courcey— disse Jos, seguindo o olhar de Netta e dirigindo a conversa para outro assunto.

— Eu vi o quadro quando estava descendo as escadas. — Netta ficou satisfeita em poder participar da conversa, em vez de ter que ouvir Caroline, monopolizando a atenç ã o de Jos.

— Como você é observadora — disse a moç a, com um sorrisinho sarcá stico.

Jos nã o percebeu e continuou a conversa:

— Netta é joalheira. Ela é filha de John Vaughan, o famoso ourives e joalheiro.

— Verdade?

Netta percebeu um brilho cauteloso nos olhos de Caroline, quando ouviu aquele nome tã o afamado, mas imaginou que fosse apenas o resultado da antipatia que sentia pela prima de Jos e fez novo esforç o para continuar a conversa.

— É um lindo anel — observou, procurando melhorar o ambiente. Poucas mulheres resistem a um elogio sobre suas jó ias. — Vejo que tomou a mesma medida de seguranç a da maioria de nossos clientes— disse, examinando as pedras preciosas com olhos experientes. — Hoje em dia, muitas pessoas estã o substituindo as pedras verdadeiras por sinté ticas, mantendo as originais no banco. Realmente, é muito mais seguro.

— Como se atreve a dizer que estas pedras sã o sinté ticas? — A explosã o de Caroline pegou Netta de surpresa. O rosto da moç a estava pá lido de raiva e ela puxou a mã o escondendo o anel. — Você chegou aqui como uma completa estranha, já foi responsá vel pelo estrago do meu vestido e agora está tendo o descaramento de dizer que meu anel nã o é verdadeiro! Pois saiba que ele é uma heranç a de famí lia. — Todo o comportamento falsamente elegante tinha desaparecido e Caroline nã o escondia o ó dio que havia em seus olhos azuis. — Com que direito diz uma coisa dessas? Você nem olhou o anel direito!

— Nã o é preciso... — começ ou Netta, sem compreender o motivo de toda aquela fú ria. Tinha visto o anel muito bem, a mã o de Caroline estava a menos de meio metro dela sobre a mesa e, com a prá tica que tinha, nã o precisaria de um exame mais minucioso.

— Jos, está vendo isso? Ela está procurando discussã o!

— Até os profissionais podem se enganar. — Para espanto de Netta, Jos tomou a defesa da prima e o olhar que ele lhe lanç ou era cheio de raiva e impaciê ncia. — Tenho certeza de que Netta vai reconhecer isso e irá pedir desculpas — acrescentou, muito sé rio, com um olhar que a acusava de, deliberadamente, causar problemas na sua primeira noite em Thimbles. — Estou certo de que tudo será resolvido de forma amigá vel. — Fez uma pausa significativa, eviden­temente esperando que Netta pedisse desculpas.

— Neste caso, você é quem terá de resolver. — Netta levantou-se da cadeira. — Nunca precisei voltar atrá s num julgamento profissional e nã o acho que vai ser agora. Se duvida de minha palavra — disse, virando-se para Caroline com um ar de dignidade —, sugiro que mande avaliar esse anel.

Ela nã o esperou por qualquer observaç ã o de Jos ou Caroline: quando terminou de falar, Mary estava entrando para tirar a mesa e aproveitou a oportunidade para sair da sala de jantar e subir para o seu quarto. Quando estava subindo as escadas, parou perto do retrato e examinou novamente o anel. A pintura confirmou o que já sabia. Netta encolheu os ombros e começ ou a subir mais lentamente. O anel era de Caroline, ela podia fazer o que quisesse com ele, nã o era da conta de Netta, estava furiosa era com a atitude de Jos, uma verdadeira afronta ao seu orgulho profissional.

Logo depois que entrou no quarto, ouviu o trinco da porta se abrir novamente. Está bem, pensou Netta, vou dizer a ele que pedirei desculpas a Caroline, mesmo que seja só para manter a paz. No entanto, sua resoluç ã o foi pelos ares assim que Jos começ ou a falar:

— Por que você tinha que começ ar uma discussã o com Caroline por causa do anel? Ela tentou ao má ximo ser cordial durante todo o jantar e você mal disse uma palavra até começ ar toda aquela encrenca. Poderia ao menos ter contemporizado.

— Pelo amor de Deus! — Netta o enfrentou resolutamente. — Se acha que Caroline estava tentando ser gentil comigo, você conhece muito pouco sobre as mulheres. Eu nã o provoquei uma discussã o, meu ú nico erro foi tentar entrar na conversa em vez de ouvi-la falar todo o tempo. Como podia imaginar que ela iria ficar tã o exaltada por causa daquele maldito anel?

— Nenhuma mulher gosta que ponham em dú vida a autenticidade das suas jó ias — observou Jos secamente.

— Eu nã o estava pondo em dú vida, simplesmente observei um fato.

— Como pode ter provas do que falou, se...

—Nã o preciso de provas, meu conhecimento já é suficiente. Pude ver claramente que as pedras que estã o no anel nã o sã o as originais porque estã o lapidadas de forma diferente. Ora, esse tipo de lapidaç ã o só começ ou a ser usado por volta de 1700, antigamente as pedras só eram usadas por causa da cor. Pela pintura, vi que o anel era muito mais antigo, provavelmente data de 1400.

— Mais alguma coisa? — perguntou Jos, e Netta olhou para ele esperando ver um ar de sarcasmo, mas viu que seu rosto estava impassí vel.

— Qualquer joalheiro de confianç a poderá confirmar minhas palavras, e é por isso que nã o pretendo pedir desculpas a Caroline.

— Pelo menos você poderia descer para tentar fazer as pazes — disse Jos, e Netta ficou olhando para ele espantada.

— Eu, fazer as pazes? Por quê? Nã o fui eu quem brigou com Caroline, foi ela quem me agrediu. Se algué m tem que pedir desculpas, é ela. Alé m disso, estou muito cansada, e nã o pretendo descer mais esta noite. Há outra coisa — continuou, antes que Jos pudesse responder. — Sua prima age como se eu nã o existisse. É verdade — insistiu, quando ele começ ou a abrir a boca para falar. — Está planejando festas até para o pró ximo ano e fala com os empregados como se fosse a dona da casa. Afinal, o que ela está fazendo aqui? E por quanto tempo vai ficar? Parece que está pretendendo se mudar para cá e se comporta como se eu fosse hó spede. Sei que nosso casamento foi por pura conveniê ncia, mas, ainda assim, tenho odireito de ser tratada...

— Caroline está aqui pela mesma razã o que você. A casa dela está sendo reformada e ela nã o queria ficar num hotel — interrompeu Jos secamente. — Quanto a direitos, você nã o pode exigi-los se nã o aceitar as obrigaç õ es que vê m com eles. — Netta recuou ao ver a mensagem silenciosa que apareceu nos olhos dourados. — A escolha foi sua. Você abdicou de suas obrigaç õ es, e sou eu quem devia estar reclamando os meus direitos. Oh, nã o precisa se preocupar — continuou ele, quando viu Netta arregalar os olhos —, nã o vou perturbá -la. Poderá dormir sossegada. Dormirei no quarto de vestir.

— Talvez preferisse ficar com Caroline...

Netta nã o saberia explicar por que disse essas palavras, mas se arrependeu no mesmo instante em que elas saí ram de sua boca. O rosto de Jos ficou pá lido e, quando falou, sua voz era puro gelo.

— Eu me casei com você, nã o com Caroline, e uma vez que nã o pretende descer mais, desejo-lhe boa noite.

Netta pensou que ele fosse virar para sair, nã o esperava que se aproximasse dela. Tentou recuar, mas deu de costas com os pé s da cama. Jos pô s o braç o em volta dela e puxou-a com forç a.

— Boa noite, Netta — ele falou com raiva e abaixou a cabeç a sobre o rosto dela. Netta tentou se virar para evitar aquele toque, mas Jos segurou seu queixo, forç ando-o para cima e beijou-a com forç a. Os lá bios de Netta começ aram a doer, mas a dor nã o era nada comparada à agonia de saber que era raiva e nã o amor a causa daquela atitude. O beijo continuou por um tempo que pareceu uma eternidade, impedindo-a de respirar, desfazendo todas as suas forç as, até ela começ ar a pensar que Jos nunca mais a soltaria. Quando ele finalmente a libertou, Netta cambaleou, quase desmaiando, tentando recuperar o fô lego em meio aos soluç os.

— Odeio você... — Ela se segurou na cama para nã o cair. — Vá embora... vá... deixe-me em paz...

— Já estou indo, e com prazer — disse Jos secamente. — Boa noite, Netta.

Ela ouviu a porta bater e, desta vez, nã o lutou contra as lá grimas que começ aram a rolar sobre suas faces.

 



  

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