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CAPÍTULO X



CAPÍTULO X

 

Lisa estava de volta a seu quarto ao nascer do sol. Brett insistira para que ficasse com ele mais algum tempo, mas ela realmente não queria ser vista.

A noite passara depressa. Deitada em sua cama, ela lembrou cada precioso momento. Brett era um amante perfeito. Ardente e gentil. Por duas vezes ela quase dissera as três palavras proibidas que mudariam tudo. Brett não queria seu amor, mas seu corpo e certamente não por muito tempo.

Acordou às nove após um breve mas repousante sono. Brett prometeu que ligaria, mas não disse a hora. Não desceria para tomar o café para não se desencontrarem.

Tomou um banho e vestiu um vestido de algodão branco e amarelo. Sentou-se diante da penteadeira, escovou os cabelos e passou batom. Estava diferente. Seus olhos refletiam o amor que sentia.

O telefonema aconteceu às dez. Brett tratou-a como se estivesse tratando de negócios.

— Desculpe, mas eu preciso ir a Boston. Partirei em cinco minutos.

—Problemas? — ela indagou, tentando não demonstrar seu desapontamento.

— Nada que eu não possa resolver desde que esteja lá. Vejo-a na sexta-feira.

Ele desligou e ela ficou olhando para o vazio. Tanto que sonhara em passar aquele dia com Brett e agora teria de enfrentar uma semana inteira sem ele. A despedida fora fria, como se nada houvesse acontecido entre eles. Ela mordeu o lábio. Talvez, para ele, não houvesse significado nada realmente.

Sexta-feira seria a antevéspera de Natal. Brett não mencionara sua intenção de passar a semana inteira entre o Natal e o Reveillon no Royale, mas Gary e outros hóspedes haviam comentado a respeito.

O trabalho ajudaria a passar o tempo durante a semana. O pior seria enfrentar o domingo sozinha.

Talvez pudesse visitar o observatório submarino em Coki Point. Isso significaria algumas horas de distração. Em seguida, ela poderia aproveitar e passear na praia ao lado.

Estava pronta para sair quando se lembrou de Richard. Uma onda de culpa invadiu-a. Brett a obrigara a prometer que ficaria longe do amigo, mas ela se sentia na obrigação de se explicar ao menos.

Era possível que o problema já estivesse resolvido com a partida de Richard. Por outro lado, ela não acreditava que ele tivesse ido embora sem se despedir.

Como se fosse uma resposta a seus pensamentos, o telefone tocou.

— O que houve? — Richard perguntou, direto. — Tentei ligar para você a noite inteira.

Ele merecia uma explicação. A verdade. Por mais dura que fosse.

— Desculpe se o deixei preocupado. Eu... perdi a noção do tempo.

Fez-se silêncio.

— Você esteve com Brett?

— Sim.

— E quanto a Andréa?

— Ela mentiu.

— Foi o que ele disse?

— Sim. — Lisa fechou a mente e o coração às dúvidas. — Eu amo Brett, Richard.

— E ele te ama?

— Ele me quer. Pode ser um começo. Quem pode saber o que acontecerá depois?

Outro silêncio.

— Você sabia que recusaram uma prorrogação de minha estadia?

— Deve ter sido um engano — Lisa se apressou a dizer.

— É o que parece. Ligaram para mim hoje cedo e disseram que eu poderia ficar o tempo que desejasse.

— E até quando você pretende ficar?

— Ainda não sei. Passará o dia com Brett?

— Não, ele precisou voltar para Boston, mas passará o Natal aqui.

— Nesse caso, vamos almoçar juntos?

Lisa hesitou por um instante. Brett não podia exigir que ela ignorasse a amizade de Richard. Principalmente porque estava errado sobre a ligação entre eles. Richard era maravilhoso com ela. Não merecia ser tratado com desprezo.

— Seria ótimo.

— À uma hora, está bem? Reservarei uma mesa no terraço.

A ligação foi interrompida antes que ela pudesse sugerir outro local. Por outro lado, não tinha nada a esconder.

O maitre conduziu-a ao terraço onde Richard a esperava, assim que ela o cumprimentou. Ele estava ao lado da mesa da gerência. Gary cumprimentou-a apenas com um movimento de cabeça.

Ela olhou para a paisagem beijada pelo sol e se admirou que estivesse ali havia três semanas apenas. Sentia-se outra pessoa.

— Você está linda — Richard elogiou-a. — Nunca lhe ocorreu ser modelo?

— Sim, quando eu tinha quinze anos — Lisa admitiu. Continuava sem fome, mas sabia que precisava se alimentar. — O que pretende pedir?

— Algo que não posso ter —ele respondeu e sorriu quando ela o fitou com surpresa. — Não se preocupe, não insistirei para que mude de idéia sobre minha proposta. Só lhe peço que me faça companhia. Quando Brett não estiver aqui, é claro.

Ela não soube o que dizer. Brett exigira que se afastasse de Richard. Não havia motivo para isso, mas ela dera sua palavra.

— Estarei muito ocupada esta semana. Acho que terei de trabalhar além do expediente normal. Se a procura continuar tão grande, precisarei pedir que contratem outra massagista.

Richard estreitou os olhos.

— O que está tentando me dizer? Ela suspirou.

— Eu disse a Brett que me afastaria de você. Ele está enganado, é claro, mas não acredita que você me vê apenas como uma filha.

— Não, Lisa, eu estaria mentindo se confirmasse sua idéia. Você é linda, talentosa e tem um coração de ouro. Meus sentimentos por você não são platônicos.

— Sinto muito — Lisa murmurou, cabisbaixa. — Eu não havia percebido.

— Não nego que você é parecida com minha filha, mas eu nunca a vi como uma substituta para Helen. Se você tivesse aceitado minha proposta, eu a pediria em casamento. Sou um velho tolo.

— Você não é velho e não é tolo — Lisa retrucou. — Deveria se casar de novo. Mas...

— Mas com alguém de minha idade — ele continuou. — Talvez eu faça isso. Bem, se este deve ser nosso último encontro, vamos aproveitá-lo.

. Richard chamou o garçom e pediu champanhe. Lisa franziu o cenho. Champanhe significava comemoração. Isso fomentaria comentários.

Richard não tentou detê-la quando terminaram de almoçar. Disse que, provavelmente, passaria o Natal no Royale por falta de um lugar melhor para ir.

Ela beijou-o no rosto ao se despedirem.

— Obrigada por tudo, Richard.

— Cuide-se — ele murmurou e se afastou. Ela ficou observando-o, penalizada. O dinheiro não comprava a felicidade. Apesar de rico, Richard era um solitário.

— Tente não ser esperta demais, ou acabará sem ninguém — Gary disse com cinismo.

Lisa virou-se.

— O que está insinuando?

— Como conseguiu?

— Não sei de que você está falando.

— Como conseguiu que Brett mudasse de idéia sobre a estadia de Hanson?

— Se está tão interessado em saber, por que não pergunta diretamente a ele?

— Não tenha ilusões — Gary afirmou. — Você está pensando que conseguiu fisgá-lo, mas a chance que tem de segurá-lo é tão grande quanto a minha de ser eleito presidente.

— Nada como um dia após outro — ela respondeu. — Tenha um bom dia, Gary.

Apesar de sua declaração confiante, Lisa reconhecia que Gary estava certo. Sua relação com Brett duraria até o dia que ele quisesse. E depois? O que seria dela? Teria forças para continuar morando e trabalhando no Royale?

Apesar dos numerosos clientes, os dias estavam custando a passar.

Brett ligou na quarta-feira à noite.

— Estou com saudade. E você?

— Estou em paz.

Ele riu.

— Tenho planos de perturbá-la. Aguarde-me.

— Ficará aqui mais tempo?

— Pode apostar que sim. Está nevando em Boston. Eu prefiro o sol. Será seu primeiro Natal longe de casa?

— Sim.

— Então precisamos compensá-la.

Lisa gostaria de dizer que a simples presença dele a compensaria, mas não queria demonstrar seus sentimentos.

— Até sexta-feira. Mal posso esperar.

— Eu também — Brett respondeu.

Choveu a manhã inteira na sexta-feira, o que não era comum nas ilhas, segundo os moradores mais antigos. Lisa não se importou com isso. Só conseguia pensar que naquela noite estaria outra vez com Brett.

Às sete horas, sem que ele chegasse ou mandasse notícias, Lisa começou a recear que houvesse acontecido algo.

Quando o telefone tocou, às oito horas, suspirou de alívio.

— Pensei que você tivesse mudado de idéia! — exclamou.

— Você ficaria triste?

Lisa esperou que seu coração acalmasse antes de responder.

— A morte — brincou.

— Já jantou?

— Não. Não estou com fome.

— Nem eu. — Ele fez uma pausa. — Você vem?

— Em cinco minutos — ela respondeu, sem ligar para a prudência.

Brett estava esperando-a junto à piscina. Estava de terno. Nem sequer trocara de roupa antes de lhe telefonar. E se o modo que ele a beijou significava algo, Brett também sentia mais do que uma mera atração por ela.

Algum tempo depois, Brett beijou-a docemente na testa.

— Eu não conseguia pensar em nada esta semana, exceto em você. Mal podia esperar para tê-la em meus braços outra vez. Faz idéia, do que sinto por você?

— Acho que sinto o mesmo — ela murmurou.

— O que sente?

Ele só podia estar se referindo ao lado físico, Lisa pensou.

— Satisfação.

Brett começou a beijá-la. Parou junto a sua boca..— Mais nada?

— Não basta?

— Talvez. — Ele lhe deu um beijo rápido e se levantou. — Não saia daí.

Enquanto esperava que Brett voltasse, Lisa olhou para as roupas que ambos haviam tirado no momento que o desejo superara a razão. O que Brett queria que ela dissesse? Não podia ser o que ela realmente sentia. Se falasse em amor, tinha certeza de que tudo mudaria entre eles e ainda não estava preparada para perdê-lo.

Se houvesse confiança em seu relacionamento, ela teria se reunido a ele sob o chuveiro naquele momento. Mas não havia uma real liberdade entre eles. Assim, ela se dirigiu ao banheiro de hóspedes, tomou uma ducha e vestiu o roupão que encontrou pendurado atrás da porta como da outra vez.

Encontrou Brett na sala com o café numa bandeja.

— Você mesmo prepara suas refeições em Boston? — ela quis saber..— Seu café é delicioso.

— É a única coisa que sei fazer além de sanduíches e abrir latas e pacotes. Costumo comer em restaurantes.

— Você mora em algum hotel, como aqui?

— Tenho apartamentos reservados permanentemente em vários hotéis.

— Nunca sentiu falta de um canto apenas seu?

— Esta casa é o que chamo de meu recanto especial, apesar de quase nunca ocupá-la. Acho que é a primeira vez que venho com tanta freqüência a St. Thomas.

— Foi o que me disseram — Lisa murmurou, com os olhos pousados na xícara.

Fez-se um longo silêncio.

— Você está se fazendo de camaleão outra vez — Brett reclamou.

— Não, não estou. Acontece que não sei o que devo dizer. Brett tirou a xícara das mãos de Lisa, segurou-a pelos ombros e obrigou-a a encará-lo.

— Quero que me diga o que realmente represento para você.

— Não estou interessada em seu dinheiro, Brett, se é isso que você quer saber.

Ele segurou-a com mais força.

— Estou falando sobre sentimentos, Lisa! Ela engoliu em seco.

— Eu já lhe disse.

— Não estou me referindo à satisfação física. Você sabe disso.

— A curiosidade é recíproca. Como você se sente?

—Perturbado. Nenhuma mulher havia conseguido ocupar meus pensamentos dia e noite antes de você.

— Eu também penso em você dia e noite. Nunca quis tanto um homem.

— Preciso mais do que isso de você.

Lisa estremeceu quando Brett a beijou. Não disse em palavras, mas beijou-o com todo o amor que sentia.

— Era o que eu queria saber — Brett murmurou e sorriu. — Espero não estar enganado.

— Nunca fui tão sincera. Ele pareceu relaxar.

— O que você diria se eu a pedisse em casamento? — A proposta foi tão inesperada que Lisa perdeu a fala. — A idéia não é atraente?

— Eu... não sei. Faz menos de um mês que nos conhecemos.

— O tempo não importa. O importante é o que sentimos um pelo outro. Agora.

— Uma vez você comentou que acha a compatibilidade mais importante do que o amor.

— Era o que eu pensava. De qualquer forma, nós não temos nenhum problema nesse sentido.

— Acha que somos compatíveis?

— Totalmente.

— Casamento não é sexo, apenas.

— Claro que não. Sei que não concordaremos sempre. Aliás, a vida seria monótona se todos compartilhassem das mesmas opiniões. Demorei a me decidir. Agora não quero esperar. Podemos chamar sua família e nos casar aqui mesmo.

Lisa pestanejou de surpresa.

— No Royale?

— Estou me referindo à festa, não à lua-de-mel.

— Nós já tivemos nossa lua-de-mel. Brett negou com um movimento de cabeça.

— Fazer amor é uma parte do romance. Não é tudo. Quero ficar sozinho com você, Lisa, num lugar bonito, longe de olhares indiscretos.

— E os negócios?

— Eu delegaria responsabilidades.

Brett acariciou o rosto de Lisa, afagou seus cabelos e beijou-a possessivamente. Lisa correspondeu com o coração e com a alma. Seu sonho mais caro estava se tornando realidade. Nunca se sentira tão feliz em sua vida.

Fizeram amor no sofá e foi ainda mais intenso.

Mais tarde, ainda abraçados, ela começou a pensar em sua situação.

— E quanto a meu trabalho? Você espera que eu desista dele?

— Não. Acho que você deve decidir. Se quiser continuar, poderá abrir seu próprio instituto. Seu talento seria altamente apreciado em Boston. Eu só não gostaria que ele ocupasse quase todo seu tempo.

— Não posso permitir que compre um salão para mim — Lisa protestou.

— Por que não? Você será minha esposa. Lisa suspirou.

— Preciso me acostumar com a idéia.

— Você será responsável pelo serviço de massagens aqui e em seu salão em Boston. Quando tiver de me acompanhar em minhas viagens, precisará de alguém para substituí-la.

— Se você consegue, eu também irei conseguir — Lisa declarou, feliz. — Espero não acordar, de repente, e descobrir que estive sonhando.

— Eu sou real.

Dormiram juntos aquela noite. Pela manhã, Brett não deixou que ela se fosse.

— Os outros não têm nada a ver com o que fazemos. Por falar nisso, por que você não se muda para cá?

A proposta era tentadora. Mas havia um senão.

— Quando você pretende anunciar nosso casamento?

— Alguma razão para a pressa? — ele indagou e ela sentiu uma sutil mudança no tom de voz.

— Lógico que não. Mas eu não me sentiria tão constrangida.

— Porque as pessoas parariam de falar sobre nós se soubessem que estamos noivos?

A ironia irritou-a.

— Para ser franca, sim. Pode ser uma tolice a seus olhos, mas eu me sentiria melhor. Afinal, deve ser um segredo?

Brett não respondeu de imediato.

— Anunciarei nosso noivado hoje mesmo. Lisa mordeu o lábio.

— Não era minha intenção pressioná-lo, Brett. Do jeito que falei, acho que foi isso que você sentiu.

Ele deu um pequeno sorriso.

— Você tem razão. Por que manter silêncio? Lisa se levantou e abraçou-o pelo pescoço.

— Desculpe. Foi uma tolice minha. Brett a fez sentar em seu colo.

— Não, não foi. Fui eu que errei.

Os dois sorriram e se beijaram. A vida nunca fora tão maravilhosa.

Eram mais de onze horas quando Lisa voltou a seu quarto para começar a preparar sua mudança. Por azar, encontrou Gary.

— Dormiu bem? — ele indagou, sarcástico.

— Bem, e você? — ela respondeu, fingindo não notar a provocação.

— Não tive ninguém que me mantivesse acordado. Não esqueça de pendurar sua meia esta noite.

— Eu não esqueceria o Natal. Por falar em Natal, Gary, que tal apertarmos as mãos e sermos amigos novamente? Eu nunca poderei lhe agradecer o bastante pela oportunidade que me deu. Se não fosse por você...

— Se não fosse por mim, você ainda estaria procurando um otário.

— Eu nunca o considerei um otário — Lisa protestou. — Não tenho culpa se você esperava outra atitude de mim. Eu só vim para cá por causa do emprego.

As palavras de Lisa não surtiram efeito. Gary estava amargo demais.

— Não desperdice seu fôlego. Chegará sua vez. Antes do que imagina.

Lisa pensou no choque que Gary levaria quando soubesse da novidade. Ela não o queria mal. Ao contrário. Esperava que tudo ficasse bem entre eles.

Brett havia sugerido que ela deixasse as malas prontas antes do almoço. Não dissera aonde a levaria, mas avisou que mandaria alguém buscá-las e levá-las para a casa de modo que ela pudesse se acomodar assim que retornassem.

Talvez devesse ter contado a Brett sobre seu almoço com Richard no domingo anterior, mas não achou importante.

Brett combinou de esperá-la, em seu carro, ao meio-dia e meia.

Ela havia escolhido um conjunto de calça comprida pêssego e estava terminando de passar batom quando a porta foi aberta de par em par.

— Quanto vale sua palavra? — Brett indagou. Gary não havia perdido tempo, obviamente.

— Se está se referindo a Richard Hanson, eu posso explicar.

— Você teve muitas oportunidades para isso. Ela sorriu na tentativa de aliviar a tensão.

— Não muitas. Tinha outras coisas em que pensar. Brett continuou sério.

— Eu aceitei almoçar com ele só para lhe dizer que seria a última vez.

— E comemoraram a ocasião com champanhe?

— Eu não estou mentindo Brett.

— Como quer que eu acredite? Você foi dele também, não foi?

— Não! Richard nunca foi nada mais do que um amigo.

— Sinto muito, mas não dá para acreditar. Esqueça minha proposta.

Lisa não conseguiu se mover quando & porta foi fechada com um estrondo. Se a noite anterior fora um sonho, aquele momento era um pesadelo. Como Brett a pedira em casamento se acreditava que ela fosse capaz de traí-lo? Teria o mesmo direito de duvidar dele com Andréa, mas confiara em sua palavra.

Demorou muito tempo para controlar as emoções e decidir sobre seu próximo passo. Ficar no Royale após o que acontecera estava fora de cogitação. Aliás, duvidava de que Brett lhe daria permissão para continuar no emprego.

Suas malas estavam prontas e ela tinha a passagem de volta. Se tivesse a sorte de conseguir um lugar no avião, estaria em casa no dia seguinte àquela hora. Talvez fosse uma fuga, mas que alternativa lhe restava?

Reservou um lugar no vôo das três horas para San Juan e outro no vôo das seis e trinta para Nova York. Seria necessário aguardar até às nove da manhã seguinte para seguir para a Inglaterra e só chegaria em casa à noite, mas era o melhor que a agência pudera fazer para ajudá-la a passar o Natal com sua família.

Era uma hora ainda. Seria cedo para ir ao aeroporto em circunstâncias normais, mas a cidade estava fervilhando devido às comemorações de final de ano e ela preferiu sair de imediato. Não se despediria de Brett nem de ninguém. Logo ele tiraria suas próprias conclusões.

Trocou o conjunto pêssego por outro azul-marinho, mais prático. Em seguida telefonou e pediu um táxi. A informação que lhe deram foi que só haveria disponibilidade em trinta minutos.

Quarenta minutos depois, o telefone tocou.

— Descerei imediatamente — Lisa respondeu, aliviada, certa de que estavam ligando da recepção.

— É Richard. Não podia ir embora sem lhe desejar um feliz Natal, Lisa.

— Você está de partida? — Lisa perguntou, surpresa.

— Estou. Decidi ontem à noite. Vou passar o Natal em Boston com meu filho e sua família.

— Feliz Natal, Richard. É melhor assim.

— Você está com problemas, não?

— Também estou de partida. Pegarei o vôo das três para San Juan.

— Ele te despediu?

— Eu lhe poupei o trabalho. Richard suspirou.

— Foi por minha causa?

— Você hão teve culpa. Esqueça, Richard. Tenha um bom Natal e cuide-se.

Lisa desligou sem esperar pela resposta. Não havia realmente o que dizer. Tudo o que queria naquele instante era ir para casa e recomeçar sua vida.

Eram duas horas quando o táxi finalmente veio apanhá-la.

A cidade estava em festa, como imaginara. Uma banda tocava na rua principal. Havia dançarinos e comedores de fogo para divertir a multidão. Apesar do calor e do sol, o espírito de Natal estava presente.

Por pouco ela não perdia o avião. Mal teve tempo para se apresentar.

Lisa sentou-se em sua poltrona e fechou os olhos, incapaz de se despedir da ilha.

Esperou mais de uma hora no aeroporto de San Juan para que começassem a providenciar o check-in dos passageiros com destino a Nova York. Despachada a bagagem, ela se dirigiu a um café.

Dividiu a mesa com um casal. Quando eles se levantaram, desejaram-lhe um feliz Natal. Ela agradeceu e retribuiu os votos. Depois virou-se para a janela com o olhar perdido. Alguém se sentou a sua frente, mas não teve a curiosidade de ver quem era.

— Estava com receio de que você já houvesse partido — Brett murmurou.

Lisa virou-se para ele com o coração quase saltando do peito.

— O que está fazendo aqui?

— Vim buscá-la. E pedir que me perdoe pelo que disse. Eu não consegui raciocinar naquele momento.

— E agora?

— Falei com Hanson.

— Você o procurou? — Lisa perguntou, perplexa.

Brett percebeu que estavam chamando a atenção das pessoas e segurou-a pelo braço.

— Vamos conversar em outro lugar.

Lisa seguiu-o como um autômato. Deveria estar sonhando. Logo acordaria e veria que estava no avião.

Mas o calor e a firmeza com que Brett a conduzia não podiam ser um sonho. Nem o beijo apaixonada que ele lhe deu quando finalmente conseguiu levá-la para um local afastado de olhares curiosos.

— Eu te amo. Eu te amo e te quero, Lisa.

— Mas confia em mim? Acredita agora que nunca tive nada com Richard?

— Sim. Fiquei cego de ciúme quando Gary me contou que viu vocês dois juntos logo depois que eu fui embora. Quis que você sentisse o mesmo que eu estava sentindo. Comportei-me como um tolo. Hanson me disse que eu estava acostumado demais a mulheres como Andréa.

— Sobre Andréa...

— Eu disse a verdade. Nunca pensei em me casar com ela.

— Mas vocês...? Brett encarou-a.

— Não posso fingir que tenho sido um monge todos esses anos. Mas juro que nunca mais tive nada com ela, nem com qualquer outra mulher depois que te conheci.

Lisa suspirou de alívio.

— Eu não suportaria se você me traísse.

— Nunca mais haverá outra mulher. Não quando eu terei você a minha espera todos os dias e todas as noites. Nosso casamento será para sempre, Lisa. Nossos filhos se sentirão seguros.

Lisa sorriu e abraçou-o. Aquele seria o Natal mais feliz de sua vida. Até o presente. No futuro, todos os Natais seriam felizes!

 

KAY THORPE nasceu em Sheffield, Inglaterra, em 1935. Teve vários empregos depois que se formou. Começou a escrever como passatempo. Em 1968, contudo, após ter um romance publicado, Kay tornou-se uma escritora profissional. Seus livros publicados somam, agora, mais de cinqüenta. Kay vive com seu marido, seu filho, um gato preto e um cachorro pastor alemão nos arredores de Chesterfield, em Derbyshire. Seus hobbies favoritos são a leitura, as viagens e as caminhadas.

 

 



  

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