Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





CAPÍTULO XVI



CAPÍTULO XVI

 

 

A carta chegou duas semanas depois de Will ter levado Francesca de volta para Lingard.

Dois meses haviam se passado desde que o marido de Clare invadira seu apartamento. Francesca demitira-se do emprego, mas tivera de cumprir o aviso prévio antes de desligar-se definitivamente e entregar o apartamento. Enquanto isso, Will havia ido visitá-la todos os finais de semana, e os telefonemas noturnos haviam consumido uma pequena fortuna. Lady Rosemary não aceitara a decisão do neto, mas ele não parecia preocupado com a opinião da avó. Estavam felizes juntos, e isso era tudo que importava.

E de repente, quando tudo parecia solucionado, recebiam uma carta endereçada a Lorde e Lady Lingard. O nome de um famoso escritório de advogados no verso do envelope sugeria que o assunto era sério.

Apreensiva, Francesca foi procurar Will na biblioteca, onde ele discutia as contas do mosteiro com o capataz. Ao vê-la, ele sorriu e dispensou o empregado.

— Meu amor! — disse, tomando-a nos braços para um beijo apaixonado.

— Will, eu... Esta carta chegou há pouco, e parece ser algo sério.

Ao ver o envelope ele também franziu a testa. Intrigado, rasgou-o e desdobrou a folha de papel para ler a mensagem. Wright e Pell eram advogados de Lady Rosemary, e temia que as notícias não fossem boas.

Mas o escritório também representava os interesses de outras pessoas.

Depois de passar os olhos pelo texto bem escrito, Will suspirou e entregou a carta a Francesca.

— Leia você mesma — disse, dirigindo-se à janela como se não suportasse encará-la. — De fato, o escritório de advocacia enviou essa correspondência, mas ela foi assinada por Archie Rossiter.

Intrigada, temendo que lady Rosemary houvesse tecido outra intriga para separá-la do homem que amava, Francesca começou a ler.

 

Meus caros Will e Francesca,

Há muito desejo enviar esta carta, mas enquanto minha esposa vivia, preferi guardar segredo sobre minhas culpas. Ela viveu doente por muitos anos antes da Providência pôr fim à sua dor, e não quis colaborar com seu sofrimento revelando o crime que havia cometido.

Sua avó é uma mulher persuasiva, Will, mas creio que em outras circunstâncias ela não teria sido capaz de convencer-me a fazer o que fiz. Mas, como disse, Lavínia era uma mulher doente, ela precisava de uma cirurgia que só era executada no exterior. Rosie ofereceu-se para pagar pela viagem e o tratamento de Lavínia, desde que eu colaborasse com seus propósitos. Como não ganhava o suficiente para arcar com os custos da cirurgia que poderia salvar a vida de minha esposa, aceitei o trato.

Devem estar imaginando o que fiz de tão grave. Will, sua avó me fez crer que Francesca não queria o bebê, ou eu não teria interrompido a gravidez. Quando soube a verdade já era tarde demais, e Lady Rosemary havia conseguido o que queria: separá-los.

Desde a morte de Lavínia, tenho me sentido tentado a contar tudo, mas pensei que fosse tarde demais para reparar os danos causados por minha insensatez. E então, há alguns dias, quando sua avó comentou que estavam juntos novamente, soube que era hora de confessar minha culpa.

E desnecessário dizer que sua avó desconhece a existência desta carta, como também não sabe sobre a confissão que deixei com meus advogados. Quero que faça uso do documento como achar melhor. Agora que Lavínia se foi, não tenho mais nada a perder.

Se não for pedir demais, espero que me perdoem. Seja qual for sua decisão quanto ao uso da minha confissão, seu perdão é mais importante que tudo.

 

 

Francesca soluçava quando terminou de ler a carta. Will encarou-a e respirou fundo.

— É isso — disse com tom gelado.

— Sim... A verdade veio à tona, afinal.

— E só isso que tem a dizer? Não acredito no que acabei de ler! Minha avó foi capaz dessa atrocidade!

— Ela acreditava ter bons motivos para isso.

— Jamais a perdoarei! Nunca!

— Precisa tentar, Will.

— Por quê? Só por que o velho Rossiter confessou tudo? Fran, foi minha avó quem o convenceu a cometer um crime! Ela usou a doença da mulher que ele amava para persuadi-lo!

— Eu sei.

— Sugiro que providencie um advogado e entre com um processo imediatamente para...

— Will, espere! — Francesca pediu com tom calmo. Era como se, depois de saber que a verdade fora finalmente revelada, não precisasse mais do ressentimento. — Não vou fazer nada contra Rossiter. Nem contra sua avó. Nada trará meu bebê de volta. Não preciso de reconhecimento legal, porque sempre soube que era inocente. Saber que você também tem certeza disso é suficiente para mim. Vamos encerrar este assunto, por favor.

Will aproximou-se e abraçou-a, incapaz de conter as lágrimas de tristeza, amargura e ressentimento.

— Como pude ser tão estúpido? Quando penso que a acusei de coisas por acreditar em minha avó...

— Já disse para esquecer. Chega, Will.

— Tenho medo de que nunca possa me perdoar por tê-la tratado de forma tão injusta.

— Meu querido, eu o perdoei há anos. Só não acreditava que pudesse convencê-lo a aceitar-me de volta.

— Oh, Deus! Tive medo de que a confissão de Archie a separasse de mim.

— De jeito nenhum — ela sorriu, levando a mão dele ao ventre. — É hora de recomeçarmos, Will. E desta vez tudo será perfeito.

 

 

No início da noite souberam que Lady Rosemary havia sido levada ao hospital depois de sofrer um derrame.

— Foi logo depois da partida do dr. Rossiter — contou a governanta. — Chamei uma ambulância e ela foi levada para o St. Margaret. Achei que gostaria de saber, meu lorde.

— Você precisa ir ao hospital — Francesca disse ao marido. — Nunca poderá perdoar-se se não for vê-la. Ela é sua avó, Will!

 

 

Era quase meia-noite quando ele voltou. Lady Rosemary não resistira e morrera pouco depois de admitir sua parte no plano para destruir o casamento do neto.

Ninguém disse nada, mas Will e Fran suspeitavam de que a visita do médico havia sido a principal causa do derrame fatal. Ele devia ter contado sobre a carta e Rosie não resistira.

— Não mencionei a carta — Will comentou mais tarde, quando já estavam deitados. — Acho que ela esperava me convencer de que havia mudado de ideia. Rosie disse que nos desejava toda a felicidade do mundo e que esperava poder merecer nosso perdão.

— Se ela houvesse engolido o orgulho e aceito sua decisão anos antes! Nosso filho estaria com quase cinco anos.

— Teremos outros — ele sussurrou, abraçando-a com força.

— Espero que sim... se pudermos mantê-los, é claro — Fran comentou. Suspeitava de que estivesse grávida, mas ainda não havia dito nada ao marido por medo de sobrecarregá-lo. Enfrentavam sérias dificuldades financeiras para manter o mosteiro, e ela ainda não conseguira encontrar um trabalho em Yorkshire.

— Oh, é claro que poderemos mantê-los! — Will riu.

— Nesse caso, há algo que precisa saber...

O capítulo final da história foi escrito dez dias mais tarde. O funeral de Lady Rosemary foi um acontecimento digno da presença de nobres, políticos e figuras influentes de várias partes do mundo. Archie Rossiter estava lá, e aproveitou a oportunidade para conversar com Will e Francesca. Ele confessou que havia ido a Mulberry Court disposto a contar a Lady Rosemary sobre a carta, mas não tivera coragem para falar.

— Estou feliz por não haver contado sobre a carta — disse.

— Não suportaria a culpa, se ela houvesse sofrido um derrame logo depois de saber que eu havia traído nosso segredo. O único problema é que agora não têm como comprovar o que eu disse.

— Já comprovamos, Archie. Estive no hospital pouco antes de sua morte, e ela confessou tudo.

— Graças a Deus! Você acaba de restaurar minha fé na humanidade.

Rossiter não perguntou o que eles pretendiam fazer com sua confissão. Will havia dado ordens aos advogados para destruírem o documento logo depois da leitura do testamento de sua avó, e foi nesse testamento que encontraram a maior de todas as surpresas. Lady Rosemary deixara todas as jóias da família para a esposa de seu neto.

— Para serem utilizadas de acordo com sua última vontade — o advogado concluiu com ar intrigado.

Mas Francesca entendeu a mensagem. Sabia qual havia sido o último desejo de Rosie. Ou melhor, seu eterno desejo.

— Sua avó era mesmo diabólica — sussurrou no ouvido do marido. — Ela conseguiu levantar fundos para a recuperação do mosteiro, afinal.

 

***********************************************************************

 



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.