Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





CAPÍTULO VIII



CAPÍTULO VIII

 

 

Will franziu a testa.

— Era minha avó — corrigiu. — Ela soube que você estava desaparecida e queria saber se havia partido.

— E você teve de desapontá-la!

— Eu sempre a desaponto de um jeito ou de outro. Era de se esperar que minha avó me considerasse uma causa perdida a essa altura da vida, mas ela continua insistindo.

— Ninguém pode considerá-lo uma causa perdida, Will. Além do mais, você é o preferido de lady Rosemary. Estou surpresa por ela ainda não ter conseguido o que quer. Não acredito que a srta. Merritt seja a primeira candidata apresentada por sua avó.

Ele apertou os lábios.

— Talvez não perceba, mas é muito parecida com minha avó. Quando toma uma decisão, não desiste diante de nenhum obstáculo. E pare de chamar Emma de srta. Merritt. Você nunca foi formal.

— Talvez porque nunca estivemos nesta situação antes. Quando frequentávamos a universidade, tudo era diferente. Você era apenas Will Quentin e comportava-se como todos os outros alunos. Não sabia que era dono de um mosteiro convertido, nem que possuía um título de nobreza.

— Já conversamos sobre isso. Vamos lá, Fran, pare de dar desculpas. Nós nos conhecemos bem demais para voltarmos ao estágio da cerimônia e da formalidade.

— Não é o que sua avó pensa.

— Como sabe o que ela pensa? E por que se importa tanto com lady Rosemary? Ela não tem nada a ver conosco. Nunca teve.

— Ela me odeia.

— Agora está sendo infantil — Will comentou impaciente. — Sei que você e minha avó nunca compartilharam das mesmas opiniões, mas pensar que ela a odeia já é exagero.

— Se você diz... — Francesca aceitou sem convicção.

— Digo e afirmo. Sei que minha avó está preocupada com você. Como você, ela também quer ver essa questão resolvida.

— Mas por razões diferentes. — E olhou para Will por cima da borda copo. — Tudo bem, não quero falar sobre sua avó. O que ela pensa não tem mais importância. Foi você quem começou essa conversa, não eu.

Will respirou fundo. Francesca já tinha problemas demais sem que ele contribuísse para seu estado de tensão. Por que não podiam ter uma conversa normal, sem remexerem nos escombros do passado?

— E então? — ela perguntou depois de um instante, deslizando o dedo pelo copo gelado. — Vai se casar com a... com Emma?

Will deixou escapar o ar dos pulmões num suspiro prolongado, consciente de que estava mais perturbado com o movimento do dedo longo e bem torneado do que com qualquer outra coisa. Ainda lembrava nitidamente o que aqueles dedos haviam provocado em seu corpo. Na verdade, recordar era o suficiente para reagir com intensidade e rapidez surpreendentes. Era como se não tivesse mais o poder de controlar-se.

Francesca o encarou e, temendo que ela percebesse o que acontecia, ele se levantou e caminhou até a janela, mantendo-se de costas para o sofá.

— Isso importa? — devolveu.

— Não. Só estava tentando conversar. Mas tem de admitir que considera a possibilidade, ou não teria recebido a jovem e seus pais para um almoço em sua casa.

Finalmente conseguira controlar-se e, mais calmo, encarou-a.

— Minha avó quer ter um bisneto. Você nunca se mostrou disposta a satisfazê-la, então...

De repente ela empalideceu.

— Estava ansioso para tocar nesse assunto, não é? Tinha de fazer um comentário cruel e estragar tudo! — Furiosa, deixou ò copo sobre a mesa ao lado do sofá e levantou-se. — Decidi jantar no quarto. Minha companhia pode não ser excitante, mas é menos desagradável que a sua.

— Fran... — Sem pensar no que fazia, Will adiantou-se e segurou-a pelo braço, impedindo-a de sair. — Desculpe-me. Tem razão, fui um imbecil insensível. Você já tem problemas demais sem ser obrigada a voltar ao passado.

— Problemas que só dizem respeito a mim — ela respondeu, deixando claro que não estava preparada para aceitar o pedido de desculpas. — Vai falar com a sra. Harvey, ou eu mesma devo procurá-la?

Certo de que esgotara todos os argumentos, Will decidiu tentar uma última cartada. Seguindo um impulso, tomou-a nos braços e a fez apoiar a cabeça em seu ombro, afagando a nuca delicada e frágil.

Francesca não protestou, não tentou livrar-se do abraço, mas também não correspondeu. Ficou ali parada, os braços caídos ao longo do corpo e as costas rígidas. Era como tocar uma estátua, e Will surpreendeu-se com a extensão do dano que causara.

— Fran... Meu Deus, você sabe que não quero magoá-la. Mas não é fácil lidar com sua presença em minha casa.

— Não fui eu quem sugeriu a estadia prolongada.

— Eu sei. — O perfume exalado pelos cabelos cor de bronze era tão doce, que Will tinha a impressão de estar sendo invadido por uma droga poderosa. O corpo em contato com o seu era quente, e estranhas sensações começavam a invadi-lo. — Oh, Fran, pare de lutar contra mim! Deixe-me confortá-la, pelo menos.

— Não quero seu conforto.

— Não está em condições de saber o que quer. Essa história de ser perseguida por um lunático a tornou sensível demais a qualquer tipo de crítica. Sei que sou um idiota, já reconheci meu erro, mas... não deixe que isso estrague tudo entre nós.

— Entre nós? — Ela repetiu incrédula, pousando as mãos sobre o peito dele para ganhar alguma distância. — Será que não está esquecendo um pequeno detalhe? Não existe um nós! Apenas eu, você e uma história cheia de mentiras e decepções.

Will segurou-a pelos ombros.

— Não foi bem assim — protestou, consciente de que levava a questão muito mais longe do que pretendera. Mas Francesca era tão tentadora, tão doce e frágil...

Antes que percebesse o que ia fazer, os lábios tocavam os dela. A cabeça girou e o cérebro parou de funcionar, afetado pelo calor que se espalhava por todo seu corpo. Mais tarde diria a si mesma que não pensara com clareza, ou não teria cometido aquela insanidade.

Era evidente que Francesca não esperava pelo beijo, e por um momento permaneceu rígida e impassível. Depois, como se não tivesse forças para resistir, ela correspondeu. As mãos estavam espalmadas sobre o peito musculoso, e um dedo encontrou a abertura do botão da camisa e tocou a pele bronzeada. Podia sentir as batidas aceleradas do coração sobre seus dedos.

As lembranças foram instantâneas. Formavam uma parceria perfeita na cama. O tempo perdeu o significado quando ele encontrou a barra da saia e deslizou uma das mãos por sua perna, subindo até tocar a renda delicada da calcinha.

Um gemido brotou de sua garganta. Queria Francesca com a mesma loucura de antes. Lembrava como havia sido maravilhoso mergulhar em seu corpo e ouvi-la gemer de prazer, e de repente temia enlouquecer se não pudesse reviver a experiência.

O sangue latejava nas têmporas, impedindo-o de ouvir o clamor do bom senso. Nesse momento não se importava com nada, não queria saber o que aconteceria no futuro, desde que sua necessidade imediata fosse satisfeita.

Mas, então, como se a pressão e o calor do corpo excitado e musculoso a apavorasse, ela sufocou um gemido e afastou-se de um salto.

— Por que fez isso? — perguntou com voz rouca, cruzando os braços num gesto defensivo.

Porque não pude me conter. Porque ainda a quero. Porque não consigo deixar de pensar em seu corpo quente e delicioso, em como é maravilhoso possuí-la e...

— O que você acha? — devolveu, defendendo-se do perigoso abismo das próprias fraquezas. Estava assustado com o que quase havia feito. Deixaria realmente que uma necessidade puramente física destruísse a paz de espírito que conseguira encontrar nos últimos meses? Queria Francesca, mas não tanto...

— Não sei — ela respondeu com tom frio.

— Bem, eu... pensei que precisasse de conforto, segurança. — E encolheu os ombros.

— Chama isso de segurança?

— Quis provar que ainda é uma mulher atraente. Por favor, Fran, não olhe para mim desse jeito! Não foi tão importante. Fomos casados, lembra-se? Eu a beijei, só isso.

— Só isso?! — ela repetiu indignada. — Você me tocou!

— E daí? Não diga que nunca imaginou como seria se pudéssemos... nos encontrar novamente.

— Quer dizer que você imaginou?

— É claro que sim.

— Por quê?

— Ora, eu... — Precisava de um drinque. — Vivemos juntos por muito tempo, Fran. É natural que um reencontro tenha despertado antigos... antigos...

— Sentimentos?

— Pensamentos. Quer mais um drinque? Creio que estamos precisando relaxar.

— Não, obrigada — respondeu, assustando-se com as batidas na porta.

Will foi abri-la pessoalmente. A última coisa que queria era que Watkins percebesse que Francesca estivera chorando. Podia imaginar que interesse o comentário despertaria em Mulberry Court.

Como imaginava, era Watkins.

— Desculpe-me, meu lorde — ele pediu surpreso, tentando enxergar além do ombro do patrão. — Eu... vim avisar que o jantar está pronto.

— Obrigado. Diga a sra. Harvey que estarei na sala dentro de alguns minutos.

— A sra. Quentin... está aí, meu lorde?

— Está. Era só isso?

— Hum... Sim, meu lorde.

— Com licença.

Sabia que estava se comportando de maneira inusitada, mas não podia fazer mais nada senão fechar a porta no nariz do mordomo curioso. Tenso, dirigiu-se ao carrinho das bebidas e serviu-se de mais uma dose de uísque. Depois de consumir metade da dose num único gole, apoiou o quadril na mesa e olhou para a janela. Agora havia ultrapassado todos os limites, pensou, sentindo um enorme desprezo por si mesmo. Agarrá-la e beijá-la como se o fato de estarem na mesma sala fosse o bastante para enlouquecê-lo! Baixar a guarda a ponto de correr o risco de perder o resto de credibilidade que ainda lhe restava!

— Não espera que eu jante com você, não é?

A voz de Francesca soou distante, e foi preciso um grande esforço para encará-la com um mínimo de calma.

— Por que não? Está com medo de mim?

— De onde tirou essa ideia?

— Qual é o problema, então?

— Will, pare de fingir que não aconteceu nada aqui! Esqueça o jantar, está bem? Acho melhor ir embora.

— Quer dizer... voltar para Londres?

— Para onde mais? Se sair imediatamente, estarei em casa por volta das onze e...

— Não! — Will reagiu apavorado. — Seria tolice viajar agora. Quero dizer... Não ia gostar de chegar a seu apartamento à noite, no escuro, sem saber o que vai encontrar.

— Refere-se a ele, não é? Está sendo cruel, Will — disse com tom magoado.

Sabia disso, mas necessidades urgentes exigiam medidas desesperadas.

— E o tornozelo? Não pode dirigir usando um pé só.

Francesca franziu a testa e abaixou a cabeça para examinar a perna em questão. Gostaria de protestar, mas o inchaço, embora leve, era prova mais do que suficiente de que Will tinha razão.

— Escute — ele prosseguiu, percebendo que conseguira ganhar terreno —, tem todo o direito de estar zangada com o que aconteceu, e espero que me desculpe. Não sei o que houve comigo. Acho que lamento tudo o que está enfrentando, e quis demonstrar que... que estava à sua disposição.

Francesca sorriu com ironia.

— A minha disposição? — Os olhos buscaram certa parte de sua anatomia. — Para fazer sexo, por exemplo?

— Não! Por favor, Francesca, sou um ser humano. O que espera de mim? Abstinência?

— Não, Will. Apenas amizade. Acha que estou pedindo demais?

 



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.