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CAPÍTULO X



CAPÍTULO X

 

 

Will chegou em casa pouco depois das quatro, mais cedo do que antecipara, graças à chuva que havia caído no início da tarde.

Emma não se opusera a retornar a Mulberry Court. Como haviam passado as últimas duas horas tentando encontrar assuntos sobre os quais pudessem conversar, ela nem tentou convencê-lo a ficar para o chá. Lady Rosemary também não insistira, mas se mostrara inflexível quanto ao jantar daquela noite. Os Merritt partiriam no dia seguinte, e ela fazia questão de oferecer uma despedida à altura da família.

Will gostaria de escapar do compromisso, mas não podia. O fato de Emma já não diverti-lo como antes com seus comentários ousados era o que menos importava. Teria apenas de casar-se com a jovem! Ninguém estava esperando que desenvolvessem longos e inteligentes debates.

Mesmo assim, deixara a casa da avó de péssimo humor. Depois de seis horas ouvindo a mimada filha dos Merritt falando sobre roupas e férias, flertando sempre que podia e revelando seu lado mais frívolo e superficial, tinha a nítida sensação de estar sendo usado. E seu humor não melhorou quando encontrou a ex-esposa dormindo na biblioteca.

Ela estivera lendo um livro que havia retirado de uma prateleira quando a exaustão a vencera. Estava encolhida em sua cadeira, e a aparente falta de consideração pelos sentimentos alheios o irritou ainda mais.

Se Francesca não houvesse destruído o relacionamento entre eles, não estaria na desagradável posição de ter de procurar uma esposa. Sem a infeliz experiência para citar como exemplo, Rosie jamais o teria convencido a aceitar sua interferência.

O fato de ainda desejá-la era o que mais incomodava. Conseguira racionalizar o que acontecera na noite anterior, mas os sentimentos não desapareciam. Apesar da agonia da traição e do desespero do abandono, era muito fácil imaginar o que poderia ter sido.

Will cerrou os punhos. Não devia se deixar dominar pela nostalgia. Seria loucura voltar ao passado. Francesca só o procurara por medo. Não fosse o lunático que a perseguia, não teria voltado a vê-la.

Depois de fechar a porta, aproximou-se da mesa e apanhou o livro que ela deixara aberto sobre a superfície polida, fechando-o com violência desnecessária. O barulho a despertou.

— Oh! — ela exclamou, encarando-o com os olhos arregalados. — Isto está se tornando um hábito!

Will encolheu os ombros.

— Não prejudicou ninguém — respondeu, ignorando o ressentimento que havia experimentado ao vê-la. — E o tornozelo?

— Está melhor, obrigada. Passei o dia todo repousando, e amanhã já estarei novamente perfeita.

— Pretende partir amanhã? — perguntou, notando como os seios eram realçados pela camiseta justa.

— Sem dúvida nenhuma. Preciso voltar ao trabalho na segunda-feira.

— E não é nada divertido ficar aqui sozinha, certo? — ele deduziu, contendo o ímpeto de tocar a curva provocante e sedutora sob o decote em "V". — Lamento não ter feito as honras da casa, mas havia prometido levar Emma a York.

— Tudo bem. Não passei o dia todo sozinha.

— Não?

— Sua avó veio me visitar.

— Rosie esteve aqui? — As ideias eróticas desapareceram de sua mente como num passe de mágica. — Para quê?

— Não é capaz de adivinhar?

— Francamente, não imagino o que vocês duas possam ter para conversar. A menos que ela tenha vindo... expulsá-la?

— Acertou em cheio.

Will havia apoiado as duas mãos sobre a mesa enquanto falava, e Francesca levantou-se como se a proximidade a intimidasse.

— Espero que tenha dito que ela não tem nada a ver com sua estadia no mosteiro! — exclamou furioso, erguendo o corpo e colocando-se no caminho, caso ela tentasse contornar a mesa para sair. — Por que minha avó não pode cuidar da própria vida? O que esperava obter vindo falar com você?

— Não sei. E também não entendo por que lady Rosemary se preocupa tanto comigo. Não ofereço perigo algum!

— Perigo? — Will repetiu intrigado.

— Quis dizer que nossa atual... ligação não tem nada de pessoal. Sabe que sua avó nunca me aprovou. Talvez ela tenha vindo assegurar-se de que eu não estava tentando reatar nosso relacionamento.

— E você não está?

— Como pode perguntar tal coisa? — A reação foi indignada. — Lady Rosemary conseguiu convencê-lo de que estou mentindo a respeito disso, também? Deve tê-la encontrado quando foi levar sua namorada a Mulberry Court.

Will não tentou negar novamente a relação entre ele e Emma. Afinal, se a avó conseguisse concretizar seus objetivos, logo a srta. Merritt seria muito mais do que uma simples e inofensiva namorada. Além do mais, estava ocupado demais tentando controlar as próprias reações, especialmente quando Francesca umedecia os lábios com a ponta da língua, como fazia naquele momento.

Sabia que ela não estava sendo deliberadamente provocante. Pelo contrário, ele era o único responsável por ainda estarem ali conversando. Se saísse do caminho, Francesca fugiria da biblioteca como um coelho assustado, apesar do tornozelo dolorido.

— Acredito em você — disse finalmente, os olhos cravados no rosto delicado. O que ela faria se a tocasse? Queria realmente descobrir?

— Nesse caso, será que pode me dar licença? Gostaria de tomar um banho antes do jantar.

— É claro.

Will deu um passo para o lado e tentou convencer-se de que havia apenas imaginado o alívio em seus olhos. Francesca saiu apressada, conforme esperava que acontecesse, deixando-o sozinho com seus pensamentos.

Alguns minutos se passaram antes que ele se lembrasse de que não estaria em casa para o jantar. Encontrá-la dormindo e saber sobre a visita da avó esvaziara sua mente de todas as outras considerações, e por isso teria que dar satisfações de seus atos como se estivesse preocupado com a opinião dela a seu respeito.

Servira-se de um drinque, e esvaziou o copo de um gole antes de sair da biblioteca. Sabia que partiria para Mulberry Court antes de Francesca descer para a refeição noturna, e não tinha outra opção senão ir ao quarto dela explicar-se.

Encontrar Watkins no hall não provocou o alívio esperado. Em vez de pedir ao mordomo para comunicar suas intenções à sra. Quentin, limitou-se a cumprimentá-lo com um aceno silencioso sem sequer deter-se. O que estava fazendo? Qualquer um pensaria que procurava desculpas para ir ao quarto de Francesca.

E era verdade.

Mas o fato de ter um motivo justificável não dava a ele o direito de tirar proveito da situação. Não sabia o que queria dela. Exceto, talvez, uma chance de provar para si mesmo que não era mais o tolo crédulo do passado.

Will bateu na porta.

Não houve resposta, e ele deduziu que Francesca estava no banho. E agora? Teria a ousadia de entrar? Como ela reagiria se o visse abrir a porta do banheiro?

Respirou fundo. Isso era estupidez, pensou irritado. Estava se comportando como um adolescente no primeiro encontro. Haviam sido casados! Francesca não tinha segredos para ele. Bem, pelo menos físicos, corrigiu-se. Duvidava que algum dia pudesse compreender sua mente.

Bateu novamente e, quando não obteve resposta, abriu a porta. O dormitório estava vazio, mas podia ouvir o som de água corrente no banheiro. Temendo que alguém o surpreendesse em pleno ato de invasão, fechou a porta sem fazer barulho. Ainda não sabia quais eram suas intenções, e por isso ficou parado no meio do quarto, olhando em volta com a estranha sensação de estar cometendo um terrível engano.

Devia sair antes que Francesca percebesse sua presença. Não tinha razões para invadir sua privacidade. Não podia se comportar como se fosse seu proprietário, só porque ela estava em sua casa.

Mas permaneceu no mesmo lugar, olhando as roupas jogadas na cadeira que ocupava um canto do aposento, a bolsa de maquiagem aberta sobre a cômoda e sentindo o aroma característico de seu perfume preferido.

Aproximou-se da penteadeira e pegou um frasco de desodorante, aproximando-o do rosto. A inesquecível fragrância invadiu seus sentidos, despertando lembranças que preferia manter enterradas no fundo da mente. Perturbado, devolveu o frasco ao local onde o encontrara, entre os outros vidros de perfume e loções.

Estava saindo quando ouviu a porta do banheiro se abrir e parou, percebendo humilhado que o som de água corrente havia cessado. Francesca devia ter escutado o tilintar dos frascos, e não poderia sair sem oferecer uma boa explicação.

— Quem está aí?

O grito assustado o fez parar e virar-se, o rosto contorcido numa máscara de arrependimento.

— Acabei de me lembrar... — Estava começando, quando viu o rosto apavorado e foi invadido por uma onda de vergonha. Não tinha o direito de assustá-la. Mas a culpa foi superada quando notou que ela vestia apenas um conjunto de calcinha e sutiã.

— Will! Oh, meu Deus! Pensei... pensei que alguém houvesse invadido... — gaguejou, sem se dar conta da própria seminudez.

— Desculpe. — Era difícil mostrar-se solidário quando emoções mais fortes o tomavam de assalto. — Não devia ter entrado. Estava procurando um pedaço de papel para deixar um bilhete — mentiu.

— Um bilhete?

— Para explicar que não jantarei em casa esta noite. Esqueci de dizer que irei a Mulberry Court.

— Ah! — ela exclamou, levando a mão ao ventre como se o anúncio a houvesse empurrado de volta à realidade. — Bem, não precisa me dar satisfações. É livre para entrar e sair de sua casa quando quiser.

— Eu sei disso — Will respondeu ressentido. — Só quis preveni-la.

— Prevenir-me?

— Sim, avisá-la de que fará a refeição sozinha. Achei que essa era a atitude mais decente.

— É mesmo? — De repente Francesca já não parecia vulnerável. — Tem certeza?

— Tenho certeza sobre o quê?

Ela ergueu os ombros magros e Will teve de desviar os olhos dos seios altivos sob a delicada peça de renda transparente.

— Não estava pensando em retomar de onde havia parado ontem à noite, por acaso?

— É claro que não! — O fato de ter pensado algo muito parecido tornou a acusação ainda mais veemente. — Já disse porque vim. Queria explicar a situação. É presunção sua imaginar que fui movido por segundas intenções.

— Talvez. Bem... o que está esperando?

— O que estou... Do que está falando?

— Já deu seu recado. Por que não vai se arrumar para o tão esperado encontro?

— Porque não tenho um encontro.

— Que seja... — Ela encolheu os ombros. — Estou certa de que ela ficará mais entusiasmada que eu com sua presença.

— E mais agradecida, também — ele disparou. — Caso tenha esquecido, não a convidei para vir.

— Eu sei, e sinto muito. Você tem sido... ótimo. — Ela suspirou arrependida. — Sou muito grata, Will, mas... é difícil lembrar como as coisas costumavam ser entre nós.

Will sentiu os músculos rígidos, tomados pela tensão. O que Francesca esperava dele? Controle absoluto? Temia não poder conter o ímpeto de arrancar aquelas provocantes peças de renda e...

— Fran... — começou.

Mas ela não o deixou terminar.

 

 

E havia sido melhor assim, Will concluiu mais tarde, sem saber o que estivera prestes a dizer. Alguma tolice, sem dúvida, algo de que se arrependeria mais tarde. Naquele momento estivera pensando com o sexo, não com a cabeça.

— Quero que seja feliz — ela havia murmurado com voz rouca. — Tenho certeza de que Emma não vai decepcioná-lo.

Will saíra sem olhar para trás, e ainda estava parado no corredor, as costas apoiadas na parede fria e a respiração ofegante. Deus! Como poderia deixá-la partir?



  

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