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CAPÍTULO 10



CAPÍTULO 10

 

Jake dirigiu de volta para Londres no pior dos humo­res. Partiu sem ver Eve outra vez, dirigindo a noite toda e chegando no hotel nas primeiras horas da ma­nhã.

Estava furioso e desapontado. Não podia acreditar que tinha sido maluco o suficiente para se envolver com a filha de Cassandra. A filha de Cassandra, pelo amor de Deus. Não era de se estranhar que não havia amor entre elas.

Nem entre Cassandra e a mãe, ele acrescentou, lembrando da conversa que teve com a velha senhora antes de partir. Misericórdia, com que tipo de mons­tro estava lidando? Que tipo de mulher abandonaria sua filha sem nem contar para a própria mãe que tive­ra uma criança?

Ele soube da história através de Ellie, é claro. Eve não havia contado nada. Depois que desferiu o golpe, ela não se virou para responder a nenhuma pergunta. Apesar de ele ter insistido por uma explicação, ela se recusou a oferecer qualquer desculpa para seu com­portamento.

Por que, por exemplo, não contou a ele que era fi­lha de Cassandra antes? Ele não era idiota. Era óbvio que Cassandra nunca reconheceu a filha. E por algum motivo Eve estava preparada para continuar daquele jeito. Deixou que ele pensasse que ela só estava ali por bondade da Sra. Robertson.

Sra. Robertson! Jake rangeu os dentes. Droga, a mulher que Eve chamava de Ellie era sua avó! De quem teria sido a idéia de esconder a relação delas? Certamente, não de Ellie. Sem a intervenção dela, Eve...

Recusava-se a pensar nisso agora. Não agora, que nada podia ser feito. Assim que a situação estivesse mais tranqüila, pretendia procurar Cassandra e ouvir a versão dela. Não colocaria esse assunto de lado sem ouvir a verdade.

As palavras que usou o traíam. Como colocaria isso de lado, independentemente do que Cassandra dissesse? Seus sentimentos por Eve não acabariam assim tão facilmente. Por mais que se lembrasse que ela o enganou tanto quanto sua mãe, não conseguiria esquecê-la.

Ele a desejava. Não, mais que isso. Queria estar com ela. Desejava tomá-la nos braços e terminar o que haviam começado há algumas horas, no estábulo, em qualquer lugar. E saber que ela o repulsou o dei­xava de coração partido.

Não deveria esquecer que ela era filha de Cassan­dra. Qualquer filha que aquela mulher tivesse seria problemática. Se fosse sensato, deveria agradecer por ter descoberto em tempo, antes que fizesse algo irre­vogável. Como fazer amor com ela. Tinha a impres­são de que se tivessem tido algo mais profundo com ela, não teria como escapar dos seus demônios.

Sentiu-se ferido e frustrado. Desesperado por fa­zer alguém sofrer como estava sofrendo agora. Era uma experiência nova para ele, que não gostaria de vivenciar outra vez.

Ainda eram três horas da manhã. Apesar da adre­nalina que o fez dirigir quase quinhentos quilômetros sem parar, ele estava exausto. Lembrou que quase não dormiu na noite anterior. Mesmo com a diferença de horário entre San Felipe e aqui, ele não tinha para­do um minuto sequer. Começou a sentir o cansaço.

Precisava dormir. Tirou a roupa e se jogou na cama mesmo sem tomar banho. Não queria nada que o refrescasse, nada que o fizesse pensar. Mesmo de olhos fechados, continuava acordado.

A imagem do rosto de Eve como a tinha visto da última vez continuava em sua memória. Podia até sentir o gosto de sua língua, o cheiro dela em suas mãos, as mãos dele tocando nela, a boca se abrindo para que ele a invadisse...

Deus! Resmungou. Rolou de um lado para o outro e enfiou o rosto no travesseiro. Não importava quem ela era, como o tinha tratado, ele ainda a desejava. A excitação não diminuía. Se pretendia dormir, seria preciso fazer alguma coisa.

Não adiantou. Não de imediato. Estava com frio e enojado por ter feito aquilo. Finalmente o sono to­mou conta dele e quando abriu os olhos já era dia.

Pediu café com torradas no quarto e tomou um ba­nho enquanto o café não chegava. Em seguida deixou o hotel. Passava um pouco das nove e ele imaginou que Cassandra estivesse no estúdio. Contudo, ligou para o apartamento dela e certificou-se de que ela ainda estava em casa.

Não falou com ela. Queria ver sua reação quando confrontasse sua mentira. Queria estar lá quando ela tentasse explicar por que vendeu a própria filha, re­cém-nascida, para estranhos.

Cassandra abriu a porta no terceiro toque. Pelo jei­to, acabara de sair da cama. Pela expressão de Jake, ela pôde perceber que não se tratava de uma visita so­cial. De qualquer forma, ele ficou surpreso quando ela olhou por cima do ombro com ar de culpada en­quanto caminhava lentamente.

— Jake, o que está fazendo aqui?

Quase as mesmas palavras que a filha usou na noi­te anterior, pensou cinicamente. Foi bom não ter avi­sado que estava vindo. Aparentemente, não estava sozinha.

— Precisamos conversar — anunciou com firme­za. — Posso entrar?

Mais uma vez percebeu aquele olhar nervoso por cima dos ombros.

— Não podemos falar agora — respondeu olhando para trás. — Querido, fui para a cama depois das duas horas, estou cansada. Teve uma festa no estúdio, você sabe, e...

— Não estou interessado onde você esteve e com quem — ele falou, enquanto segurava a porta, evitan­do que ela se fechasse. — Nós vamos conversar Cas­sandra, ou deveria dizer Cassie? E assim que sua fi­lha lhe chama, não é?

Cassandra ficou boquiaberta e não fez nada para impedir sua entrada no apartamento. De repente, re­tomou os sentidos e fez uma inútil tentativa de impe­di-lo.

— Não pode entrar agora, não estou sozinha — ar­gumentou.

— Acha que me importo? — Jake empurrou-a para o lado sem muito esforço e deu uma olhada no que parecia ser a sala principal. Típico de Cassandra, tudo estava excessivamente bagunçado.

— Você não tem o direito de entrar à força aqui — exclamou. Ela abaixou-se para pegar o que parecia ser uma camisa de homem e escondeu atrás de uma das almofadas do sofá. — Isso não tem graça, Jake. Não invado a suíte do seu hotel sem ser convidada e você não deveria fazer o mesmo.

— Ah, mas eu já fui convidado várias vezes — falou ele, com deboche. — Vamos fingir que vinte buscá-la.

— Não, não vamos. — Cassandra olhou nervosa para o que deveria ser a porta do quarto. — Não quero você aqui.

— Tarde demais, já estou aqui. — Ele se jogou no sofá, colocou as mãos atrás da cabeça e cruzou as pernas. — Agora está confortável.

Cassandra fervia.

— O que quer, Jake?

— Ah, melhor assim. — Ele estava sereno. — Por que não se senta para ouvir o que tenho a dizer?

Ela respirou fundo.

— Não quero sentar. — Ela olhou novamente para o quarto. — Não tenho tempo para sentar, tenho que estar no estúdio em uma hora.

— É tempo suficiente. — Jake a observou. — En­tão, conte-me sobre sua filha.

Cassandra resistiu.

— Não tenho filha.

— Mentira.

Cassandra olhou de cara feia.

— Não sei de onde tirou esta história ridícula, mas...

— Tente a sua filha.

Eve lhe contou?

A expressão de Jake enrijeceu.

— Por acaso eu disse que o nome dela é Eve? — ele interrogou, com frieza.

— Quem mais poderia ter contado uma história tão ridícula? — reclamou evitando encará-lo.

— Que tal sua mãe?

— Minha mãe? Oh, Jake, você sabe o que aquela bruxa pensa de mim. Como pode acreditar no que ela fala?

Jake estava com o olhar fixo.

— Então não é verdade?

— Não. Claro que não é verdade. Pelo amor de Deus, Eve está com... o quê? Vinte cinco anos? Eu te­ria que ser uma adolescente quando ela nasceu.

— Sua mãe diz que você tem 46 — disse Jake. — Idade suficiente para ter uma filha de 25.

— Não tenho 46!

— Não?

— Não.

Jake ficou surpreso. Esticou as pernas e apoiou os cotovelos nas coxas.

— Então a certidão de nascimento que ela me mostrou era falsa?

Cassandra o encarou.

— Que certidão de nascimento? Como pode ter visto uma certidão? — fez uma pausa. — Quer me dizer que esteve em Watersmeet? Sem a minha permissão?

— Não sabia que precisava de sua autorização para visitar uma velha senhora doente — respondeu de forma grosseira, se levantando. — Então? É falsa?

— De quem? Você viu a certidão de quem? Jake sacudiu a cabeça. -

— Bem, não a sua — respondeu de forma ofensi­va. — Talvez você possa explicar como uma menina de 13 anos de idade, como você, fingia ter vinte anos para viver e trabalhar em Londres na época em que Eve nasceu?

Cassandra encolheu os ombros.

— Não sei o que você tem a ver com isso? — dis­se, irritada. — Acho melhor você ir.

— Ah, ainda não. — Os olhos de Jake estavam fu­riosos. — Quero ouvir a história da sua boca. Quero saber como pôde abandonar sua filha aos cuidados de pessoas que mal conhecia?

— A família Fultons foi muito boa para mim. Si não fosse por eles eu teria ficado na rua.

— Mas você não os conhecia, não de verdade. Você os conheceu em um bar, pelo amor de Deus.

— Sim, bem... — Cassandra engasgou com as pa­lavras. — Eu poderia ter abortado, você sabe.

— E eles a convenceram a não fazê-lo?

— Eu estava perturbada. Eles disseram que me ajudariam.

O desprezo de Jake era quase palpável.

— Onde estava o pai da criança?

— Ele não quis saber de nada — respondeu ela fi­nalmente, enrolando-se no quimono. — Depois que engravidei, nunca mais o encontrei.

O olhar de Jake era cético.

— Nunca contou a ele que estava grávida?

— Claro, mas como disse, ele não queria saber.

— De acordo com a investigação que sua mãe fez quando descobriu que tinha uma neta, você disse no cartório que não sabia quem era o pai.

O rosto de Cassandra estava em chamas.

— O que mais poderia dizer? Tinha que dizer al­guma coisa.

— Por que não contou a sua mãe que estava grávi­da?

— Você deve estar brincando! — Cassandra o en­carou. — Tem idéia do que teria acontecido se tives­se feito isso?

— Ela disse que ficaria feliz se você voltasse e ti­vesse o bebê.

— Ah, é? Passei metade da minha vida querendo sair de Falconbridge. Você realmente acha que eu de­sistiria de tudo pelo que havia lutado para conseguir nos últimos quatro anos para voltar? Só porque tinha sido estúpida o suficiente para engravidar? Não, obrigada.

— Você nem contou a sua mãe sobre o bebê!

— Não — Cassandra balançou a cabeça. — Como poderia? Ela teria insistido para eu ficar com o bebê.

— E teria sido tão ruim?

— Você está brincando? Não estamos falando das coisas como são hoje. Há 25 anos, uma mãe solteira tinha uma vida muito dura, tanto na sociedade como em família.

— Então você vendeu o bebê?

— Não foi bem assim.

— Não? Como chama isso?

— Depois que Eve nasceu, os Fultons sugeriram que poderiam cuidar dela. Estavam tentando ter um bebê havia anos, mas não conseguiam. Disseram que poderiam dar a ela uma boa vida e me ofereceram uma certa quantia em dinheiro, se eu concordasse em deixá-la com eles.

— E você vendeu sua filha?

— Se você insiste em ser pernóstico, tudo bem. Vendi.

— Para um homem que tentou abusar dela quando: tinha 12 anos.

Cassandra chorou.

— Só sabemos a versão de Eve.

— Ela fugiu. Três vezes. Ela me contou.

— E daí? Várias crianças fogem de casa.

— As autoridades devem ter acreditado nela. Ela foi posta em custódia, não foi?

— Ela estava descontrolada.

Jake queria surrá-la, mas conseguiu conter-se.

— Seja como for. Ela passou os três anos seguin­tes aos cuidados do serviço social.

— Até que fugiu outra vez com algum garoto que ela levou junto. — Cassandra parecia rancorosa. — Quando minha mãe os encontrou, estavam vivendo em uma república em Islington.

— Sua mãe me contou — falou Jake, com a voz engasgada. — Estou interessado em saber como a ve­lha senhora descobriu que tinha uma neta.

— Ela também não lhe contou isto?

— Sim, contou. Gostaria de ouvir a sua versão. Pelo que sei, você não se recusou a voltar para casa quando pensou que estava morrendo.

— Isso é cruel. — Cassandra lançou outro olhar apreensivo para a porta do quarto. Parecia mais preo­cupada que seu acompanhante descobrisse que havia sido diagnosticada como terminal de uma doença re­nal, do que vendido a própria filha. — Eu precisava de ajuda.

— Sim, você precisava de ajuda — Jake disse com desdém. — Você precisava de um transplante. Como pensou que o rim de sua mãe poderia não servir, re­solveu contá-la que tinha uma filha, mas não sabia onde ela estava, certo?

— Por que perguntou? Você sabe todas as respos­tas.

— Sim — Jake sentiu-se enojado. Não havia re­morso na voz de Cassandra. — Mas o rim de sua mãe serviu, não foi? Você deve ter ficado furiosa por ter confessado à toa. Não sei como consegue conviver com você mesma.

Cassandra apertou os lábios.

— Então, o que vai fazer com tudo isso?

— O que vou fazer com tudo isso?

— Não vai contar para mais ninguém, não é?

— Ah, entendi. Você está com medo que eu conte para os jornais, é isso? Não se preocupe, Cassandra. Não contarei o seu pequeno e sujo segredo.

Cassandra o encarou e faz uma expressão de des­dém.

— Claro, eu deveria saber. Você não está preocu­pado com minha mãe, não é? É com a Eve. Minha santificada filha. — Cassandra deu uma gargalhada cruel. — Meu Deus, você não é muito melhor do que eu.

— Ah, sou. Pode acreditar. — Agora, Jake não conseguiria controlar sua raiva. Cassandra apressou-se em colocar o sofá entre eles. — No que diz respei­to a Eve, você é mãe dela. Isso faz com que qualquer relação entre nós seja um tabu. — Ele olhou para ela com raiva. — Mas tudo bem. Não preciso de outra mulher como você em minha vida.

 

 



  

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