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CAPÍTULO 8



CAPÍTULO 8

 

As luzes que entravam pelas frestas da cortina des­pertaram Eve. Meu Deus, pensou. Que horas devem ser? Em geral ainda estava escuro quando levantava.

Procurando o relógio, ela tropeçou até a janela e abriu as cortinas. Uma luz do sol brilhante invadia seu quarto e uma olhada na hora mostrou que eram quase dez horas.

Dez horas! Estava chocada. Dormiu demais. Ou melhor, não dormiu. Ao lembrar que custou a dormir, não era de se espantar ter passado da hora.

Ainda assim, isso nada mudava o fato de que aque­le era um dia de trabalho, e pensando que a escola es­tava prestes a ser fechada, não ajudaria a si mesma se faltasse às aulas.

Lá embaixo, depois de uma ducha rápida, Eve falou à atônita governanta que não tomaria café.

— Oh, mas o Sr. Romero falou para deixá-la dor­mir — protestou a Sra. Blackwood, e Eve sentiu-se angustiada. O que mais o Sr. Romero falou a ela, pen­sou. E, em nome de Deus, como ela o encararia de­pois do que acontecera na noite anterior?

— Onde... está o Sr. Romero? — perguntou, espe­rando não ter que vê-lo antes de sair para a escola. Talvez umas 24 horas fossem suficientes para aliviar as lembranças do que ela fizera.

Do que ela fizera?

— É... você não sabe? — A Sra. Blackwood estava falando novamente e Eve tentou se concentrar. — Achei que vocês tivessem se despedido ontem à noi­te. Ele foi embora — ela olhou para o relógio da co­zinha. — Eram cerca de oito e meia.

— Ele foi embora? — Eve estava confusa. — Quer dizer... que ele partiu?

— Voltou para Londres — informou a Sra. Black­wood pesarosamente. — Eu falei que não achava que ele estivesse bem o bastante para dirigir, mas ele in­sistiu que precisava ir. Acho que recebeu uma ligação ou algo assim. No celular, sabe. Talvez tenha sido da Srta. Cassie. Bem, não é da minha conta.

— Não. — Eve sentiu uma repentina onda de de­pressão. — Bem, é melhor eu contar a Ellie que ele foi embora.

— Oh, ela sabe — comentou a Sra. Blackwood. — O Sr. Romero conversou com ela antes de ir. — Ela fez uma careta. — Assim como eu, ela também não aprovou, mas o que podíamos fazer? Ele estava de­terminado a ir.

Os ombros de Eve despencaram.

— Entendo.

— Está bem? — A governanta olhava para ela an­siosamente agora. — Está muito pálida. Tem certeza de que não está pegando a mesma coisa que o Sr. Ro­mero?

— A gripe? — Eve podia ouvir a ironia na voz dela. — Não, estou bem. Apenas cansada, é isso.

— Bem, cuide-se — aconselhou a Sra. Blackwood severamente.

— Até mais tarde.

Apesar do sol, ainda estava frio e Eve caminhava rapidamente.

Infelizmente, não ajudou saber que a partida de Romero não removeu qualquer constrangimento que poderia sentir se o visse novamente. Apesar do que pensou antes, lá no fundo gostaria de conversar com ele, de assegurar para si mesma que não causou ne­nhum dano permanente com suas ações afoitas. Tal­vez fosse tola, depois da forma que ele se comportou, mas tinha medo de que sua punição tinha sido des­proporcional à ofensa dele.

Ela prendeu a respiração repentinamente. Como podia sentir-se assim? Se comparado a Jake Romero, o comportamento de Harry parecia quase inocente; seu desejo de provar seu amor por ela era o oposto das intenções do outro rapaz.

Então, por que se importava se o tinha ferido? Se realmente se revoltou quando Jake a tocou, não deve­ria ter importância o fato de que não o veria mais.

Mas, infelizmente, não era simples assim. Em seu coração, sabia que pela primeira vez na vida sentia coisas dentro de si que mal sabia que existiam. E a verdade era que, se ele não tivesse mostrado o quanto era fraco, o quanto teria sido fácil para ela feri-lo, ela teria cedido.

Mas para quê? Depois de todos esses anos mantendo os homens a distância, ela saberia, realmente? Oh, i sabia sobre sexo, sobre o que um homem queria e até onde estava preparado para ir para obter isso, mas ela podia ver que o que aconteceu na noite anterior não tinha nada a ver com isso.

Ela realmente não sabia nada sobre sexo consen­sual, sobre relacionamentos consensuais, do tipo que Cassie teve com suas várias conquistas, por exemplo. Do tipo que tivera — e ainda tinha — com Jake Ro­mero.

Eve se arrepiou. Pelo menos isso a convenceria de que tomara a decisão correta. Independentemente do que Romero queria, era algo que não poderia forne­cer, e tinha que ficar contente por ter deixado isso claro antes que fizesse algo de que se arrependesse.

Ainda assim, isso não a impediu de pensar nele du­rante todo o longo dia que se seguiu.

A Sra. Portman foi inexplicavelmente compreen­siva quando Eve explicou, sinceramente, que dormi­ra mal e essa foi a razão de seu atraso. Mas Eve pre­feriria que ela tivesse brigado e dado a ela algo a mais para se preocupar.

A lembrança de como se sentiu quando Jake a bei­jou a perseguiu naquela noite e em tantas outras noi­tes que se seguiram. E mesmo que fosse racional du­rante o dia, seu subconsciente persistia em relembrar o toque sensual do corpo excitado dele contra o dela e a voracidade enérgica de sua boca.

Jake foi para casa para o Natal. Sozinho.

Desde que voltou para Londres no fim de novem­bro ele conseguiu evitar encontros íntimos com Cassandra. E, apesar de ela ter expressado sua irritação nas freqüentes ligações, geralmente tarde da noite, depois das gravações, os produtores da novela gosta­ram dela e isso abrandou suas reclamações.

De sua parte, Jake não tinha nenhuma explicação sensível para a repentina aversão à sua companhia. Oh, claro, não gostou da forma que ela tratou a mãe, mas nunca considerou a lealdade à família uma ca­racterística importante de suas namoradas. Seu pri­meiro e fracassado casamento ensinou que famílias podem ser uma bênção e uma maldição, e desde en­tão ele evitou todas as tentativas de introduzir esse tipo de complicação em um relacionamento.

Então, por que concordou em ir para Northumberland com Cassandra? Um observador mais cínico do que ele poderia afirmar que sua visita era predestina­da, pois essa seria a única forma de conhecer Eve, mas ele não estava preparado para aceitar essa teo­ria. Por Deus, a mulher o detestou desde o começo, e depois da forma que ela reagiu quando eles se bei­jaram, não havia razão para ele querer vê-la nova­mente.

Mas ele queria.

E essa foi uma das razões para ele ter ido para San Felipe no Natal. Não a razão principal, ele garantia a si mesmo. O principal era ainda estar se sentindo com os reflexos da gripe e precisando de um merecido ba­nho de sol, depois de tantas semanas na Europa no in­verno.

Ele chegou das curtas férias e encontrou uma série de recados de Cassandra no hotel. Evidentemente, ela ligou para ele nos últimos três dias. Ele guardou os papéis de recado no bolso e decidiu lê-los depois

que descansasse. Agora, tudo o que queria era um ba­nho, uma bebida e sua cama, nessa ordem. Qualquer coisa que Cassandra tivesse a dizer poderia esperar até a manhã seguinte.

Ele adormeceu quase imediatamente, e não ficou contente quando, menos de uma hora depois, foi acordado pelo telefone.

— Droga! — murmurou, tentando pegar o fone sem levantar a cabeça do travesseiro. — Alô — ele falou, levando o fone ao ouvido. — Espero que seja importante.

— Jake? Querido? É você?

Cassandra! Jake se afundou novamente no traves­seiro. Devia saber. Devia ter pedido à recepcionista para não passar as ligações até o dia seguinte. Agora não podia mentir que não estava ali.

— Cassandra — ele falou, esperando que ela cap­tasse o tom de censura de sua voz. — Eu ia ligar mais tarde. — Mentiroso! — Quando acordasse.

— Oh. — Ela pareceu perplexa por um momento. — Está na cama? Mas são onze e meia da manhã.

— São apenas cinco e meia em San Felipe — ele respondeu, mantendo a calma com esforço. — Aca­bei de chegar.

— Ah, sim. Eu sei. A recepcionista do hotel falou que você deveria voltar hoje.

— Sério? — Jake falaria com a recepcionista quando tivesse a oportunidade.

— Sim, sério. — Cassandra não parecia notar a malícia na voz dele. — Acho que ela sentiu pena de mim. Venho tentando achá-lo há dias. Pensei que ti­vesse dito que voltaria dia dois.

— Mas hoje é dia cinco — respondeu Jake concisamente. — Peguei um vôo depois.

— Sim. — Cassandra hesitou por um momento. — Então agora... está na cama?

— Foi o que disse.

— Bem, você gostaria que eu aparecesse, então? Poderia fazer uma massagem. Eu lhe contei? Uma das meninas da novela faz shiatsu e ela tem me ensi­nado. Ela falou que tenho grande potencial...

— Cassandra — Jake a interrompeu. — Por que li­gou? Não acredito que me acordou para me dizer o quanto é boa nessa porcaria de massagem japonesa! Por Deus, você deixou mensagens suficientes. Pensei que tivesse ocorrido um pequeno desastre ou algo as­sim. Em vez disso...

— A mamãe teve um infarto — Cassandra inter­rompeu antes que ele pudesse terminar, e de repente todos os nervos do corpo de Jake entraram em alerta. — Aconteceu na noite de Natal, pode acreditar? Eu teria contado antes, mas estava fora e seu celular es­tava desligado.

Deliberadamente, pensou Jake. Mas ele ficou cho­cado com a notícia. Mal podia acreditar que a brava velha senhora tinha sofrido um ataque do coração. Ela parecia tão forte e indomável. E Eve... Como de­via estar se sentindo? Parecia ter verdadeira afeição pela patroa.

— Como ela está? — ele perguntou, totalmente acordado agora, pisando descalço no chão. — Creio que tenha ido vê-la?

Eles ficaram em silêncio por um longo momento e Jake estava prestes a pedir para que ela continuasse quando ela respondeu:

— Na realidade, não fui.

— Você não a viu?

— Não — respondeu Cassandra rapidamente. — Eu teria ido, você sabe, mas ela ficará bem. Ela não ficou paralisada nem nada. Eve falou que ela ficou um pouco entorpecida, você sabe, mas logo passou. E isso não a impediu de falar...

Jake expirou.

— Não acredito que não foi vê-la — ele desaba­fou, horrorizado. — Droga, Cassandra, infartos po­dem ser fatais.

— Sei disso. — Ela estava na defensiva agora.

— E você não achou que tivesse o dever de ver como ela estava? — Jake estava surpreso. — Cassan­dra, as pessoas precisam da família por perto em mo­mentos como este.

— Eu sei. — Cassandra estava amuada. — Mas ela tem Eve, não tem?

— Eve! — Jake ironizou. — Sim, essa é outra his­tória. Você não acha que ela precisaria de apoio tam­bém?

— Eve não precisa de meu apoio.

— Você quer dizer que nunca ofereceu isso a ela. Cassandra engasgou.

— O que quer dizer com isso? O que ela lhe contou?

— Eve não me contou nada — retrucou Jake bre­vemente, ciente de que ele tinha os próprios erros quando o assunto era Eve. — Só acho que você es­pera muito de uma menina que acabou de sair da adolescência. Particularmente de alguém que tem uma relação de ternura com a sua mãe, para dizer o mínimo.

— Oh! — Era alívio na voz de Cassandra? — Bem, você pode ter razão. — Ela fez uma pausa. — Mas ela não é tão nova quanto você pensa. Tem 25 anos.

— Ainda é uma menina — falou Jake diretamente. Então, decidindo que ela poderia suspeitar de alguma coisa de novo, ele falou: — A Sra. Robertson está no hospital de Newcastle?

— Oh, ela não está no hospital — exclamou Cas­sandra, como se de alguma forma isso a isentasse de culpa. — Está em casa.

— Em Watersmeet?

— Onde mais?

— E quem está cuidado dela? Cassandra suspirou, ressentida.

— Bem... Eve e a Sra. Blackwood, espero. Eve está de férias desde que tudo aconteceu.

— Da escola, quer dizer?

— Claro. Você não espera que ela tenha ido para algum local exótico como você foi, espera?

— Fui para casa — lembrou Jake. — E por que Eve não pode sair de férias, se quiser? Ela tem direito a um descanso, como todas as pessoas.

— Não quando a mamãe está doente — protestou Cassandra bruscamente, percebendo que se conde­nou com essa fala. — Oh, bem, ela não iria a lugar ne­nhum mesmo. Eve não faz coisas assim.

— Não. — Jake concordou. Ele tinha a sensação de que havia uma série de coisas que Eve não fazia, e queria saber por quê.

— Bem — Cassandra parecia pensar que ficaria tudo bem se mudasse de assunto agora —, quando irei vê-lo?

Está brincando, certo?

Por um momento, Jake pensou que teria falado as palavras em voz alta, mas logo a antecipação de Cas­sandra mostrou que não.

— Eu... — Ele procurou uma resposta. — Acabei de chegar de San Felipe e estou cansado.

— Oh. — A resposta de Cassandra foi presumida-mente concisa. — Então não quer ouvir minhas novi­dades.

Jake suspirou.

— Pensei que tivesse ouvido.

— Não. — Cassandra resmungou. — Quero dizer minhas notícias. Sobre o meu papel na novela. — Ela fez uma pausa, esperando evidentemente que ele res­pondesse, e como ele não o fez, ela continuou. — Ho­nestamente, pensei que ficaria contente em saber que os primeiros capítulos foram positivos e me oferece­ram mais três meses de contrato.

— Ótimo! — Jake imaginava como ela podia pen­sar que isso era mais importante que a saúde da mãe.

— Então ficará trabalhando em Londres durante esse tempo?

— Sim. Maravilhoso, não é? Sempre que estiver por aqui, estarei disponível.

Aposto que sim, pensou Jake acidamente, sem en­tender exatamente por que a atitude insensível dela o atingia tanto. Certo, ele realmente gostou da mãe dela, mas e daí? Não podia se responsabilizar pelos defeitos de Cassandra.

Não, a verdade era que estava preocupado com Eve, que devia estar agüentando todo o peso da doen­ça de Ellie. E era por causa de Eve que ele pensava em quando teria uma brecha em sua agenda para pe­gar um avião para Northumberland.

 

 



  

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