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CAPÍTULO 6



CAPÍTULO 6

 

Na manhã seguinte, ficou claro que Jake não estava preparado para ir a lugar nenhum.

Eve o encontrou no primeiro andar quando descia para o café-da-manhã. A aparência deprimente e o olhar lacrimejante foram suficientes para que ela o aconselhasse a voltar para a cama.

— Acho que está gripado — disse ela. — Como se sente? Está com uma aparência péssima.

— Nossa, obrigado. — Apesar do tom humorado, a voz estava fanhosa. — Vou melhorar. — Ele ficou em silêncio, antes de acrescentar: — Cassandra tem que voltar para Londres hoje.

Eve sabia disso, apesar de nada ter sido dito duran­te o jantar.

— E você está em condições de dirigir quase qui­nhentos quilômetros? — perguntou, mesmo sabendo que não tinha nada com isso. Na verdade, ela ficaria feliz quando ele e Cassie partissem. Ele tremia muito. Ela insistiu. — Posso levar Cassie ao aeroporto. Ela pode facilmente pegar um vôo para Londres.

Jake amarrou a cara. Lembrou da reação de Cas­sandra quando sua mãe sugeriu algo semelhante na noite anterior e duvidou que ela concordasse. Mas, no fundo, realmente não se sentia bem. Não conse­guia pensar em nada mais atraente neste momento do que voltar para cama.

— Vamos perguntar a ela? — ele indagou. Não ti­nha condições de ir a lugar nenhum, realmente não se sentia bem.

— Eu irei — disse Eve subitamente, tomando a iniciativa. — Você volta para a cama e eu mesma falo com Cassie. Tenho certeza de que ela entenderá.

— Tudo bem — Jake passou os dedos pelo cabelo. — Não quero deixá-la nervosa.

— Volte para a cama Sr. Romero. Não acho que esteja em condições de discutir.

Eve saiu para que ele fizesse o que ela pediu. Des­ceu as escadas correndo e foi para a cozinha.

— O Sr. Romero não sairá de casa esta manhã. — A Sra. Blackwood ficou surpresa. — Ele parece estar gripado — acrescentou.

— Cassie também ficará em casa?

— Duvido. Eu lhe contei o que a Sra. Robertson falou sobre Cassie assumir o papel na série de TV, não contei? Duvido que ela arrisque esta oportuni­dade.

— Mas o Sr. Romero está doente...

— Bem, veremos — respondeu Eve e imaginou se não estaria sendo muito cínica. Afinal de contas, do jeito que Cassie se comportou, certamente se preocu­pava com ele. Mas papéis como este eram poucos e raros. Mesmo que isso signifique deixar Jake aos cui­dados de estranhos.

Ela ainda tinha que convencer Cassie de que pegar um avião de volta para Londres seria a melhor opção, pensou. Com certeza Cassie se recusaria a partir e perturbaria a todos. Sob o ponto de vista de Eve, esta seria a melhor escolha.

Eve subiu as escadas correndo e foi procurar Cassie. Ela não esteve na sala de jantar e, a menos que te­nha aparecido para dar bom dia a Jake — situação que Eve não queria nem cogitar — provavelmente es­taria no quarto arrumando a mala.

Quando bateu na porta, Eve não obteve a resposta; que esperava.

— Entre querido — falou Cassie devagar, confundindo-a com Jake.

Era tão embaraçoso entrar depois do que tinha ou­vido. Eve resolveu aguardar do lado de fora. Tinha a esperança de que Cassie percebesse o engano. Quan­do a porta se abriu, Cassie estava apenas com um quimono de seda colado ao corpo nu.

Sua reação foi explosiva.

— O que você está fazendo aqui? — reclamou. — Se veio me persuadir a pedir desculpas para aquela velha ordinária, esqueça. É a última vez que ela me vê.

— Não vim falar sobre sua mãe. — Ela fez uma pausa e continuou. — O Sr. Romero está doente, não poderá levá-la de volta para Londres hoje.

—Jake? —indagou, duvidando. Depois, um pou­co mais simpática acrescentou: — O que há de errado com ele?

— Acho que está gripado — Eve respondeu, ob­servando o olhar de Cassie. — Ele tem... ele parece... — ela procurava uma palavra adequada. — doente.

— Tem certeza de que isso não é nenhum truque da minha mãe para mantê-lo aqui?

— Por que Ellie faria isto?

— Ela não lhe contou que sugeriu a ele que ficasse mais alguns dias?

— Não — Eve estranhou. — Não contou nada.

— Bem, mas sugeriu. Eu não me surpreenderia se ela colocasse algo na bebida dele.

— Ninguém coloca gripe na bebida de ninguém — disse impaciente.

— Então como sabe que ele está doente — excla­mou Cassie. — Você bateu na porta dele outra vez?

— Não. Eu o encontrei quando descia para o café-da-manhã. Ele estava com os olhos vermelhos e lacri­mejando, mal conseguia falar. Vá vê-lo, se não acre­dita em mim.

— Não posso fazer isso. — Cassie recuou enquan­to ela falava. Eve sacudiu a cabeça. — Eu não me atreveria. Quero dizer, não posso ficar doente agora, posso? Se eu ficasse gripada, Deus sabe o que eles fa­riam. Dariam o papel para outra pessoa.

— Duvido — Eve respondeu diretamente. — As pessoas não podem evitar doenças. Tenho certeza de que eles estão prevenidos com relação a isto.

— Eu não arriscaria — afirmou Cassie. — Sinto muito, claro que sinto. Mas se Jake está doente, acho que tenho que encontrar outra maneira de voltar para Londres.

Eve estava horrorizada.

— Sem vê-lo?

— Ele entenderá — retrucou, com desleixo. — Li­garei para o celular dele quando estiver de volta à ci­dade. — Depois, com uma pequena demonstração de humor perguntou: — Você me levará para o aeropor­to, não é, querida?

— Não me chame de querida — respondeu seca­mente. — É melhor você ligar e verificar o horário dos vôos.

— Oh, Deus! — A expressão de Cassie mudou ou­tra vez. — Um vôo! — Ela mordeu o lábio inferior. — Quanto acha que deve custar?

— Por volta de cem libras, suponho — respondeu com firmeza, não querendo continuar a conversa. Mas não teve muita escolha.

— Cem libras! — Cassie suspirou. — Meu Deus, não tenho cem libras e meu cartão de crédito está es­tourado.

— Não é problema meu — respondeu Eve, que­rendo livrar-se dela, mas Cassie não a deixaria ir.

— Você poderia me emprestar, querida? Assim que eu receber lhe pagarei. Você sabe que não sou ca­loteira.

— Quantas vezes ouvi você dizer a mesma coisa para Ellie?

— Esqueça Ellie — Cassie falou, irritada. — Isto é entre mim e você, Eve. Vamos lá. Você não me deve nada?

— Como se atreve a me pedir isto? — Ela estava chocada, mas Cassie parecia apenas entediada.

— Já chega! — protestou. — Você tem muito con­forto aqui, não tem? Não teria nada disso se não fosse por mim.

— Estou aqui apesar de você — Eve retrucou, amargurada. Mas mesmo que dissesse tudo o que sa­bia, perderia o seu tempo. Não esperaria que Cassie entendesse. Nunca se preocupou com ninguém, a não ser consigo mesma. — Tudo bem — finalmente dis­se. — Eu lhe emprestarei o dinheiro e a levarei ao aeroporto de Newcastle. Mas só porque não quero você por aqui incomodando Ellie outra vez.

— Você é uma gracinha.

Haveria uma feira de outono no salão da igreja e Eve tinha prometido ajuda ao Harry.

Ela e Harry haviam se tornado bons amigos nos úl­timos meses. Ela sabia que ele esperava que o rela­cionamento se aprofundasse e se transformasse em algo mais forte.

O próprio Harry Murray abriu a porta quando ela chegou à paróquia. Um homem alto, magro, com membros longos e uma discreta calvície. Mesmo as­sim, tinha uma aparência refinada e confiável.

Apesar da idade, tinha apenas 32 anos, era uma fi­gura popular no vilarejo.

— Olá — disse carinhosamente. — Você está ro­sada. Está frio?

— Isso foi um elogio? — ela indagou, entregando o casaco a ele. — Mas, sim, está frio.

Eve retirou o cachecol e olhou para a grande sala, incrédula.

— Meu Deus! — Você certamente recolheu muita coisa.

— É por isso que estou agradecido por ter vindo me ajudar. Gostaria que eu pedisse a Sra. Watson que nos trouxesse algum lanche?

— Oh, não — Eve sacudiu a cabeça. — Acabei de jantar.

Durante uma hora, ficaram envolvidos no trabalho de separar as doações dos paroquianos.

— Acho que está bom por esta noite — falou Harry, olhando ao redor.

— Tudo bem — Eve esticou a mão e olhou para os dedos sujos. — Se não se incomodar, gostaria de la­var esta poeira antes.

— Claro. Sabe onde é o banheiro, não sabe? Vou pedir para Sra. Watson trazer um, o quê? Chá ou café?

— Você escolhe.

— Então, chá. Acho que não sou amante de café. A palavra "amante" soava estranha em sua boca, apesar da aplicação inocente. Eve lembrou-se de Jake Romero. Foi o que sua avó disse que ele era, amante de Cassie.

Ela demorou lavando bem as mãos e ajeitando os fios de cabelos da testa. Precisava de tempo para se recompor, para tirar Jake Romero da cabeça. Não era fácil.

Ficava perturbada com isso, mas reconhecia que ele a tirou do sério em mais de uma situação. O fato era que nunca tinha conhecido alguém como ele. Ela não seria humana se não o achasse atraente.

Apenas fisicamente, garantiu para si mesma. De qualquer forma, não era agradável saber que ele tinha qualquer influência em seus pensamentos. Ela não precisava da complicação que ele representava. Desejava que ele tivesse partido para Londres com Cassie.

O que estava fazendo, perdendo seu tempo em se preocupar com Romero? Afinal de contas, além da barreira óbvia que seu relacionamento com Cassie criava, por que aquele homem olharia para sua pele e cabelos escuros, se estava acostumado com a pele de porcelana e os cabelos loiros de Cassie?

Harry deveria estar supondo o que ela estaria fa­zendo, e ela poderia imaginar a reação dele se sou­besse que estava pensando em ter um caso com um homem como Jake Romero.

A Sra. Watson já tinha trazido uma bandeja com chá e biscoitos. Quando Eve retornou ao gabinete, Harry andava de um lado para o outro.

— Você está bem?

— Claro — Eve fez o que pôde para disfarçar. — Eu disse que iria lavar as mãos.

— Você demorou quase 15 minutos — Harry ex­clamou. — Sente-se, o chá vai esfriar.

— Desculpe-me. — Mesmo esperando alguma reação dele, Eve ficou irritada. — Não imaginei que estivesse me controlando.

— Eu não estava controlando você — respondeu com pesar. — Eu estava apenas...

— Impaciente com o seu chá. Bem, já estou aqui. Quer que eu sirva?


— Se não se incomodar. — Aliviado, Harry sen­tou-se na poltrona ao lado dela. — Por favor, me per­doe. Tenho tendência a ser um pouco possessivo com relação a você.

— Possessivo? — Eve não gostaria que Harry ti­vesse algum sentimento de posse sobre ela. Eles não tinham este tipo de relação.

— Sim, possessivo. — Harry inclinou-se na dire­ção dela. — Eve, você não acha que já está na hora de colocarmos nossa situação de um modo... mais for­mal?

— Oh, Harry.

— Não, preste atenção. Você precisa saber como me sinto com relação a você. Já deixei bem claro. E, bem, quando soube que tinha um homem estranho morando em sua casa, não posso negar que fiquei com ciúmes.

— Ciúmes? — Eve estava apavorada. Não atribui­ria tais sentimentos a Harry. E quanto a tornar os sen­timentos claros... Bem, o único contato físico que ti­veram foi um beijo modesto quando se despediram.

— Você me culpa? — ele reclamou. — Esperei você mencioná-lo durante toda a noite, mas você não o fez.

— Mas, o Sr. Romero era convidado de Cassie, não meu — protestou Eve, impressionada por ele sentir-se no direito de questionar a vida dela.

— Mas a filha da Sra. Robertson já voltou para Londres, não voltou? — Harry insistia e Eve suspirou indignada.

— Sim — concordou. — O Sr. Romero só perma­neceu porque não está bem. — Ela tentou ficar cal­ma. — Posso pegar um biscoito?

— Claro, claro.

Harry imediatamente se dirigiu ao prato, mas com sua afobação só conseguiu derramar tudo no chão. Ruborizado, ele se curvou para recolher o biscoito es­palhado no chão, justamente quando Eve fez o mes­mo, e eles bateram as cabeças.

— Oh, querida! — Harry estava arrependido. — Pareço uma criança desajeitada! — Ele segurou-a pe­los ombros para que ela olhasse para ele. — Machu­quei você?

— Não muito. — Eve tentou aliviar a situação, mas estava atenta à pressão das mãos de Harry em seus ombros e à respiração ofegante dele quando se olhavam. Ela sabia que ele poderia tentar beijá-la. Percebeu as intenções quando ele se curvou em sua direção e apesar de ter virado a cabeça, ele ainda con­seguiu pressionar os lábios úmidos contra o canto da boca de Eve.

— Oh, Eve — ele exclamou, quando ela recuou com um suspiro de protesto e, interpretando mal a reação dela, ele encostou o rosto quente no pescoço dela. — Você deve saber que eu jamais a machucaria.

Eve não poderia se esquivar com rapidez suficien­te. Suas mãos pesadas e sua respiração obscena a fi­zeram lembrar vividamente as tentativas de outro homem de tocá-la. Afastando a cadeira para trás, ela conseguiu posicionar a pequena mesa entre eles e falou:

— Tenho que ir.

— Eve! — Harry tentou se recompor, o rosto vermelho era um mistura de excitação e embaraço. — Você não pode ir agora. — Ele olhou para a mesa. — Ainda não bebeu seu chá.

— Não quero mais. — Eve percebeu que precisava falar alguma coisa para normalizar a situação ou cor­rer o risco de deixá-lo pensando que havia algo erra­do com ela. Havia, claro, mas isso não era da conta de ninguém. — Acabei de me lembrar que prometi à Sra. Robertson que estaria de volta às nove horas, e já está quase na hora.

Harry estranhou.

— Você não disse nada sobre isso antes.

— Esqueci. — Eve tentou sorrir timidamente. — Que memória, hein?

Harry continuava duvidando.

— Não é por causa do beijo, é?

— Não...

— Porque, se for, gostaria que você soubesse que minhas intenções são as mais respeitosas.

— Oh, Harry! — Eve pressionou os lábios com sensação de remorso. — Eu... não esperava, é isso.

Harry sacudiu a cabeça estupefato.

— Achei que fôssemos amigos...

Somos amigos.

— ...que nos entendíamos. Que compartilhásse­mos nossos sentimentos. — Ele fez uma pausa. — Você gosta de mim, afinal?

Eve suspirou. Ela queria evitar esta conversa.

— Eu já lhe disse. Considero-o um amigo, um querido amigo. — E ao perceber que suas palavras não tinham esclarecido muito, acrescentou:

— Mas, bem, é muito cedo para considerarmos algo mais.

— Muito cedo? — Harry parecia amargurado. — Nos conhecemos há quase um ano, Eve.

— Eu sei. — Agora, ela estava desconfortável e desejava terminar aquele terrível inventário de algo que não deveria ter acontecido. — Sinto muito, Har­ry. Não estou pronta para pensar em você desta ma­neira.

— É este homem, não é? — ele exclamou, com re­pentina mudança de atitude. — Este, como é mesmo que ele se chama? Romeo ou qualquer coisa assim?

— Sr. Romero.

— Romero? — Harry repetiu o nome com desdém. — Que tipo de nome é este?

— Ele é de uma ilha no Caribe. Na realidade, o nome é espanhol — Eve respondeu, ofendida com a implicância dele. — Você está tremendamente equi­vocado.

— Não, não estou errado. — Harry estava insatis­feito. — Um homem como aquele é o tipo de homem por quem você se sentiria atraída. Ele é sexy, Eve? Ele faz sua pulsação acelerar? Eu deveria saber que não demoraria muito para alguém com seu histórico ser seduzido.

Eve estava boquiaberta de consternação, e levou as mãos à boca para silenciar grito de protesto que brotava de seus lábios. Como é que Harry, entre todas as pessoas, podia dizer algo assim?, ela pensou, amargurada. Meu Deus, será que ele sabia que ela também tinha sangue hispânico?



  

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