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CAPÍTULO 9



CAPÍTULO 9

 

Já era tarde quando Jake chegou a Watersmeet. Ele conseguiu pegar o vôo da tarde, mas como atrasou uma hora e ele demorou a alugar um carro, já passava das seis quando chegou em Falconbridge.

Novamente, estava muito frio, mas agora estava preparado para isso. Antes de embarcar, comprou um sobretudo de cashemire.

Um homem estranho abriu a porta depois que ele bateu, e Jake olhou para ele intrigado. Quem diabos era ele? Não podia ser o reverendo Murray, podia? Será que o canalha se engabelou para Eve agora que Ellie estava doente? Ele esperava que não fosse o re­verendo, pois isso significaria uma piora na saúde da velha senhora.

— Sim, posso ajudá-lo?

Havia tanta confiança no tom de voz do homem que Jake repensou sua opinião. Além disso, Eve falou que Murray era um homem novo, apesar de aquele homem ter cerca de cinqüenta anos. O médico, tal­vez?

— É... meu nome é Romero. — Droga, isso foi embaraçoso. Não estava preparado para essa even­tualidade. — Sou amigo da... — Ele mal podia dizer família, então chegou a um acordo. — Da filha da Sra. Robertson.


— Sim, a Cass. — O homem não parecia impres­sionado. — Bem, ela não está.

— Eu sei disso...

— Quem é, Adam?

Jake ouviu a voz de Eve antes de vê-la e ficou sur­preso pelo repentino aperto que sentiu no estômago diante do som. Deus, estava realmente apreensivo por vê-la novamente, por saber como ela reagiria ao vê-lo.

O homem — Adam? — virou enquanto ela se aproximava, e como a atenção dela estava voltada para ele, Jake teve um minuto para absorver sua apa­rência antes de ela notá-lo.

Ela parecia cansada, ele pensou, com fortes olhei­ras. Obviamente, não vinha dormindo bem. Devia es­tar preocupada com Ellie, ao contrário de Cassandra. Nem mesmo seus cabelos estavam presos com capri­cho, como eram antes. Em vez disso, estavam sim­plesmente presos por uma fita que permitia que mechas sedosas caíssem sobre seus ombros e sobre o cardigã bege que usava.

Ela parecia mais jovem, ele pensou, sentindo a pressão de uma atração que era tão insistente quanto inadequada. Diferente do cardigã, que devia ser he­rança da velha senhora. Ele a cobria com eficácia dos ombros aos quadris, e suas dobras escondiam as for­mas femininas que ele sabia que existiam por baixo.

— Jake... Sr. Romero! — Ela o vira agora, e seus olhos arregalaram em descrença. — O que faz aqui? A... — Ela olhou para fora. — Cassie veio com você?

— Não...

Não era as boas-vindas com a qual ele sonhou, mas não foram inesperadas. No entanto, antes de ele ex­plicar, o outro homem interveio.

— Você o conhece? — ele perguntou, meio sur­preso. — Eu dizia que Cassie não está.

— Eu sei disso. — Jake tinha que lutar para manter a voz firme, mas não deixaria aquele homem estragar as razões de sua vinda. — Posso entrar?

Eve olhou para o homem ao seu lado e abriu ca­minho.

— Creio que sim — ela falou, mas havia um certo entusiasmo em sua voz. — Vejo que está sozinho. Cassie pediu para que viesse?

— Não, ela... não pediu — ele respondeu. Ele en­trou, ignorando o olhar fixo de Adam, e suspirou ali­viado quando a porta foi fechada. — Então... como está Ellie?

Eve parecia surpresa.

— Sabe que ela está doente? Jake suspirou.

— Evidentemente.

— Então Cassie pediu que viesse?

— Não!

— Mas ela sabe que está aqui? Jake sacudiu a cabeça.

— Também não.

— Então como você...

— Falei com Cassandra — Jake explicou. — Foi isso.

Eve aparentava estar com dificuldades de entender o que se passava, e Adam acreditou que devesse sa­ber o que estava acontecendo.

— Quem é este camarada, Eve? — perguntou ele, olhando para Jake desconfiado. — Pensei que ele fosse amigo de Cassie, é isso?

— Sim.

Eve não podia culpá-lo por estar confuso. Ela tam­bém lutava para compreender a chegada de Jake e era difícil ser objetiva quando o simples fato de tê-lo vis­to jogou por terra toda a indiferença que pensou ter conquistado.

Ele parecia tão bem, ela pensou. Com um sobretu­do caramelo aberto sobre a calça jeans escura e um suéter combinando, botas de canos baixos, ele pare­cia ainda mais bonito do que ela se lembrava, e ela queria desesperadamente dizer o quanto estava feliz em vê-lo.

Mas é claro que não podia fazer isso. Além do fato de Adam estar ao lado dele com um olhar de especu­lação e desconfiança, Jake ainda era propriedade de Cassie e não dela.

— Então, se ele é... amigo — Jake não perdeu a ên­fase que ele deu a essa palavra — de Cassie e diz que sabia que ela não estaria aqui, por que diabos veio?

— Você podia começar me perguntando — obser­vou Jake agradavelmente, apesar de estar ansioso por contribuir com a agressividade da atmosfera. Con­centrando-se em Eve em vez disso, ele falou:

— Como está a Sra. Robertson? Você não respon­deu.

— Minha mãe está razoavelmente bem — respon­deu Adam por ela, e o alívio que Jake sentiu ao des­cobrir que Adam não era nenhum admirador de Eve, pias irmão de Cassandra, fez com que se sentisse ridiculamente eufórico. — Isso foi para você?

— Adam, você não entende...

— Passei alguns dias aqui em novembro — infor­mou Jake suavemente, interrompendo o protesto de Eve. — Com sua irmã. Eu conheci sua mãe na oca­sião e gostei dela, e quando Cassandra contou...

— Quem?

— Cassandra. — Jake estava paciente. Já tinha no­tado que a família dela nunca usava seu nome artísti­co. — Quando ela me contou que a mãe dela sofreu um infarto, fiquei preocupado.

— Diferente de Cassie — retrucou Adam. — Esse é o nome dela, por sinal. Cassandra é apenas o nome que usa quando está atuando.

— Adam...

Novamente, Eve tentou intervir, mas Adam não deixava passar uma.

— Ainda não entendi — ele persistiu, olhando para ela. — Está acontecendo algo aqui que eu deva saber?

— Não! — A negação de Eve foi sentida e Jake, que não tinha qualquer intenção de discutir suas ações com Adam, pensou que um homem menos arrogante do que ele entenderia que essa era a deixa para ir em­bora. Mas ele não ia. Olhando para ele sob os cílios, ela continuou: — Por que não vamos todos para a bi­blioteca? Lá é mais quente do que aqui e podemos oferecer uma bebida ao Sr. Romero, Adam.

Adam deu de ombros. Ele era bem mais parecido com a mãe do que a irmã, e obviamente se ressentia da intrusão de um homem que ele considerava um pouco mais que o último admirador de Cassandra. Mas ele não discutia, o que impressionava Jake. Evi­dentemente, a opinião de Eve tinha mais peso naque­la casa do que ele podia supor.

E realmente estava infinitamente mais quente na biblioteca. Jake ficou contente em perceber o quanto se lembrava daquele cômodo, como ele lhe era fami­liar. E memorável, ele pensou. Estava sentado bem ali quando fez o imperdoável e beijou Eve. Como era tolo, pensou que poderia consolá-la. Que assim que colocasse as mãos sobre ela perceberia o quanto sen­tiu sua falta. Ah, sim.

Em vez disso, ela pisou na masculinidade dele e em seu amor-próprio e tudo o que pôde fazer foi ir embora com sua dignidade.

— Deseja um whisky?

Eve se movimentou até o bar e olhava para ele, e Jake lançou a ela o que julgava ser um sorriso de in­centivo.

— Ótimo — ele falou. Então, lembrando que esta­va dirigindo, completou: — Uma dose pequena, por favor. Com gelo, se tiver.

Adam resmungou. Ele caminhou até a lareira e fi­cou de costas para ela.

— Desperdício de um whisky bom, se me permite dizer — murmurou ele. — Quem arruína uma boa dose de escocês com gelo?

— Eu — respondeu Jake, determinado a não dei­xar o outro homem exasperá-lo. — O senhora mora na cidade, Sr. Robertson?

— Não. — As fartas sobrancelhas de Adam se uni­ram sobre seu pronunciado nariz quando ele falou. — Tenho uma fazenda mais ao norte. Cass não lhe contou?

Na realidade, Cassandra contou muito pouco so­bre sua família. O que foi bastante conveniente para ele. Mas depois de apresentá-lo à mãe, podia ter men­cionado que tinha um irmão morando nos arredores também.

— Você veio dirigindo de Londres?

Eve estava falando, evidentemente percebendo que Adam estava tentando ser controverso e tentando manter a paz.

— Não. Peguei um vôo para Newcastle — respon­deu Jake. — Aluguei um carro no aeroporto.

— Para vir aqui? — perguntou Adam descontente. — Que adorável.

Jake imaginava se aquele homem tinha desejo de morrer. Estava sendo difícil para ele manter a calma, principalmente com a evidência da exaustão de Eve diante de seus olhos. Será que o cara tinha noção de que ela estava carregando sozinha o fardo da doença de Ellie? Que contribuição ele ofereceu, além de agir como um ignorante?

— Ellie ficará contente em vê-lo — falou Eve apressadamente. — Desde que ficou doente, está confinada em seu quarto. Ficará feliz em ver um ros­to novo.

— E um rosto tão belo — falou Adam em sarcas­mo, pensando claramente que Jake não retrucaria.

Mas agora a paciência dele se esgotou.

— Você é contra minha presença aqui? — pergun­tou ele, ignorando a tentativa automática de Eve de ficar entre os dois. — Fique fora disso — ele aconse­lhou a ela, concentrando-se no outro homem. — É?

Adam esbravejou.

— Esse não é o ponto.

— Então qual é? — Jake estava intimidador e Eve percebeu que o tio definitivamente o subestimou. — Até onde sei, não é o dono da casa. Então, não tem nada a dizer sobre quem entra ou sai, certo?

— Bem, ela não tem — ele bufou, acenando para Eve. — A casa também não é dela.

O que era uma coisa totalmente desapropriada a dizer, pensou Jake. Droga, ele sabia que a casa não era de Eve.

— Ele sabe disso, Adam — protestou Eve, colo­cando um copo na mão de Jake agora, como se isso fosse impedi-lo de dar um soco no rosto do outro ho­mem. — Por Deus, o que há de errado com você? O Sr. Romero é um convidado. E querendo você ou não, Ellie gosta dele.

— Se é o que diz.

— É o que digo. Agora, tome seu drinque e pare de se comportar como um idiota.

— Quem está chamando de idiota? — Adam esta­va indignado, mas Jake ficou contente em ver que ha­via um sorriso discreto se formando no canto da boca dele. — Desculpe. Mas os admiradores de Cass sem­pre me tiram do sério.

Jake ficou surpreso. Nunca esperava que Adam fosse pedir desculpas, e supunha que devia agradecer Eve por reverter a situação. Entre os dentes, ele disse:

— Acho que foram tempos difíceis para vocês. Eve aparenta ter agüentado todo o impacto.

— Jake!

Eve falou o nome dele sem pensar, mas ele mal teve tempo de registrar sua aprovação quando Adam interrompeu.

— Tenho uma fazenda para tocar, Sr. Romero. Sessenta hectares e duzentas cabeças de gado que precisam ser ordenhadas duas vezes ao dia. Não me sobra muito tempo para outras coisas.

— Então talvez pudesse pensar em contratar en­fermeiras para cuidar de sua mãe — retrucou Jake. — Eve não é uma empregada.

— Sei disso. — A voz de Adam subiu uma oitava, e ele pareceu reconsiderar o confronto com Jake. — O que há com você? Eve é grande o bastante para fa­zer as próprias reclamações, se desejar.

— Por Deus! — Eve falava. — Vocês poderiam parar de se comportar como se eu não estivesse aqui? Estou contente por cuidar de Ellie, Sr. Romero. E Adam teria contratado uma enfermeira se eu tivesse pedido. Agora, ele a levará para a fazenda para que acabe de se recuperar e eu tenha uns dias de descan­so. Está bem?

— Verdade?

— O quê? Que Ellie vai passar duas semanas na fazenda? Sim. A esposa de Adam era enfermeira, então será plenamente capaz de cuidar de Ellie. Satis­feito?

— Creio que sim.

— Bom.

A empolgação anterior de Eve em ver Jake foi dis­sipada pela atmosfera criada por ele e Adam, mas agora parecia que estava tudo bem. Mas ela se pegou ciente da dificuldade de reconhecer que seus senti­mentos a cegaram quanto aos perigos reais da situa­ção. Não sabia honestamente por que Jake viera. Po­dia simplesmente levar a sério o que ele falou sobre Ellie. Mas ela sabia que, independentemente do que ele dissesse, ela não poderia permitir que uma loucu­ra momentânea se transformasse em algo ainda mais destrutivo.

— Olhem, vou subir para me despedir de minha mãe — falou Adam repentinamente. Ele virou para Jake. — Por que não vem comigo para vê-la?

Jake hesitou por um momento. Apesar de estar es­perando Adam sair para que pudesse falar com Eve a sós, não podia ignorar a bandeira branca que Adam estendia.

— Obrigado — ele falou. — Eu adoraria. Quando eles se retiraram, Eve respirou em alívio.

Por um momento ela pensou que Jake recusaria, 2 como poderia explicar isso ao tio? Ela apenas espera­va que o armistício dos dois perdurasse durante a vi sita a Ellie e a convencesse de que a única razão par Jake ter vindo foi para assegurar a si mesmo que ele não sofreu conseqüências da doença.

E provavelmente era verdade, pensou Eve, carre­gando os copos vazios até a porta. Afinal, não era nada lisonjeiro saber que o principal ponto que ele notou em sua aparência foi o quanto parecia cansada. Se comparada com Cassie, ela pensou, apertando os lábios. E qual era a novidade?

Jake ainda não tinha descido quando ela voltou para a biblioteca, e sem querer ficar sentada ali espe­rando por ele, Eve foi para os estábulos. Sabia que Storm Dancer deveria estar a salvo em sua cocheira. Mas ela sempre sentia-se confortada na presença da égua, e tinha esperanças de que Jake entendesse o re­cado e partisse antes de ela voltar.

Storm Dancer estava contente, mascando sua co­mida, quando Eve entrelaçou seu pescoço com os braços.

Havia uma pilha de fardos de feno arrumada con­tra a parede oposta, e ela pegou dois deles para fazer uma assento.

Eve sentou-se apoiando o queixo nas mãos. Ela fi­cou sentada por uns 15 minutos até perceber que não estava mais sozinha. Jake estava apoiado de braços cruzados contra a porta da cocheira vazia ao lado de Storm Dancer. Suas pernas estavam cruzadas e havia um intenso e perturbador olhar vindo de seu rosto moreno.

O fato de ele ter entrado no estábulo sem que ela percebesse também foi assustador. Os pensamentos dela estavam obviamente a milhas de distância, e qualquer pessoa poderia ter entrado ali para assus­tá-la.

— Olá — ele falou, quando ela olhou para cima e o viu, e ela sentiu um arrepio na barriga. Mas quando ela ia se levantar, ele acenou para que permanecesse sentada. — Fique onde está — ele falou, caminhando na direção dela.

Eve se moveu, meio incerta.

— Preciso voltar.

— Por quê?

Por que, na realidade?

— Estou com frio — falou ela, a primeira desculpa que lhe veio à cabeça. — Estou sentada aqui há muito tempo.

— E eu não sei? — Jake sentou-se no fardo ao lado dela e tirou o casaco, colocando suas macias dobras nos ombros dela. Ainda estava quente de seu corpo, ainda tinha aquele cheiro peculiar.

Eve se arrepiou, mas não era frio.

— Como sabia onde eu estava?

— A Sra. Blackwood deu a dica — respondeu ele, sua respiração quente contra a bochecha dela. — Ela me deu instruções precisas de como encontrá-la. — Os olhos dele desceram para a boca de Eve. — Eu não queria dizer a ela que já sabia.

A respiração de Eve acelerou.

— Pensei que fosse embora assim que falasse com Ellie. Depois da forma que Adam o tratou, pensei que gostaria de sumir daqui o quanto antes.

— É o que queria? — ele murmurou, com a voz baixa e vagamente sugestiva, despertando todas aquelas sensações novas dentro dela novamente. — Foi por isso que veio para cá? Por que queria evitar me ver de novo? Sim!

— Não. — Eve pensou ter soado um pouco con­vincente. — Por que pensaria isso?

Ele apertou os lábios.

— Você sabe. — Ele fez uma pausa. — Acho que devo pedir desculpas. Não tinha o direito de tentar beijá-la.

Eve sentiu a garganta apertar com a repentina emoção.

— Eu não devia ter reagido como reagi — ela fa­lou. E então, com um olhar nervoso de esguelha, con­tinuou: — Eu o machuquei?

Ele torceu a boca.

— Se eu disser que sim, o que faria? Me beijaria? Eve sentiu o rosto incendiar, mas quando ia se le­vantar, Jake a impediu com a mão em seu joelho.

— Desculpe — falou ele, arrependido. — Não de­via ter dito isso. Você me perdoa?

Ele podia sentir o joelho dela tremendo sob sua mão e se tomou por um tolo. Eleja tinha compreendi­do que ela foi ferida seriamente por algum homem, e se quisesse vê-la novamente, teria que parar de pres­sioná-la.

— Olhe — ele falou, resistindo à urgência de des­lizar a mão até a coxa dela —, podemos esquecer o passado e começar de novo?

Eve partiu os lábios.

— Não há nada para recomeçar, Sr. Romero! — exclamou ela. — Acho que está me confundindo com Cassandra!

— Não, não estou. — Jake não gostava do som do nome de Cassandra na boca de Eve. — Desde que saí daqui, não consigo tirar você da minha cabeça.

Eve ficou tensa.

— Está brincando, certo?

— É verdade.

— Certo. — Ela era cética. — Então devo acredi­tar que todas as vezes que fez amor com Cassandra era em mim que pensava? Que loucura é essa?

— Não transei com Cassandra — alfinetou ele, ressentindo-se do sarcasmo dela. — Que tipo de cre­tino pensa que sou?

— Não tenho opinião, Sr. Romero — ela respon­deu, irritando-o com a recusa em usar o primeiro nome dele. — Eu mal o conheço.

— Podíamos consertar isso. — Apesar de sua in­tenção de agir lentamente, Jake permitiu que seus de­dos apertassem o joelho dela. Ele sentiu o arrepio imediato de apreensão que a atingia diante de seu to­que. — É o que quero.

— Bem, não sei — falou Eve, mas sua boca estava seca, ela sabia que não era verdade. A proximidade dele provocava um efeito sem precedentes em seus nervos, e apesar de querer tirar os dedos dele de seu joelho, a curiosidade — e uma inegável tentação — a impedia de fazê-lo.

— Não quer? — Ele se aproximou e ela sentiu a língua dele tocar sua orelha. — Tem certeza?

— Jake! — O nome dele foi um grito de protesto, mas quando ela virou para evitar a língua dele, en­controu seu rosto a centímetros de distância.

E algo acendeu dentro dela, algo que a manteve olhando para ele quando sabia que não devia fazer isso, que não devia estar tão perto assim de nenhum homem, muito menos daquele.

Os olhos dele eram escuros e estavam dilatados de uma forma que ela mal via a parte branca. E, apesar de ela ter certeza de que ele fizera a barba pela ma­nhã, já havia uma sombra de pêlos em seu rosto.

Ele tinha um rosto lindo, ela pensou, o que era um pensamento louco, pois ele era essencialmente mas­culino. Mas era uma beleza máscula, seus olhos eram profundos, sua boca era fina, mas pecaminosa e sen­sual, capaz de extasiar qualquer mulher.

Ela sentiu um ligeiro tremor que ele provavelmen­te percebeu, pois ele levantou a mão e permitiu que seus dedos roçassem a bochecha dela.

O tremor virou um terremoto e Eve sentiu sua re­sistência esmorecer quando todo seu corpo foi toma­do. Sua respiração era ofegante, mas podia ouvir as batidas de seu coração retumbando nos ouvidos. Es­tava impressionada. O que acontecia quando sentia por dentro uma série de explosões que seriam capa­zes de parti-la ao meio?

Ele roçou o lábio dela com o polegar e a língua de Eve correspondeu instintivamente. O gosto dele era tão maravilhoso quanto sua aparência, ela pensou, e como se sentisse a submissão dela, ele pressionou mais o dedo, abrindo os lábios de Eve. E, Deus a per­doe, ela envolveu o dedo dele com a língua e o absor­veu para dentro da boca.

Ela ouviu a respiração dele entrecortada, sentiu a rapidez da pulsação que batia contra sua língua. Ele a observava com uma forte intensidade, que até ela mesma reconhecia como diferente de antes, e as sen­sações dentro dela se expandiram para consumir cada parte de seu ser.

Precisava tocá-lo e suas mãos subiram quase abruptamente para agarrar o tecido macio do suéter dele, como se ao segurá-lo ela pudesse controlar sua loucura interna. Sob a lã, o calor da pele dele aumen­tou ainda mais diante do toque dela, e ela desejou desesperadamente entocar-se sob o suéter de Jake para pressionar-se contra seu corpo.

— Eu quero você — ele falou, com a voz rouca e trêmula, e Eve só conseguiu olhar para ele, convidando-o inconscientemente para ir adiante.

Ele colocou a mão por trás do pescoço dela, sob a maciez de seus cabelos, seu toque era caloroso e in­tenso, puxando a cabeça dela na direção da sua. Seu beijo era diferente também, profundo e deliberado, dando e recebendo, como se ele tivesse medo que ela escapasse antes do fim.

Mas ela não fugiu. Não podia. O calor daquele jei­to afastou qualquer resistência, acendendo um claro caminho até sua virilha, partindo suas pernas ao meio.

Eve só percebia a necessidade de Jake, o calor de Jake, a pressão voraz de sua língua forçando caminho dentro dos lábios dela.

Ele a beijou várias vezes, repetidamente, até que ela enfraqueceu e se uniu a ele. Jake apoiou as costas dela contra os fardos de feno e os seios dela doeram com a pressão que ele fazia sobre eles, mas ela não se importou. Ele colocou uma coxa entre as pernas dela para que ela não pudesse deixar de sentir sua ereção. Jake roçou o pênis contra as pernas dela e ela se arre­piou ao notar o tamanho, como estava duro, másculo e viril — e perigosamente fora de controle.

— Tem idéia do quanto esperei por isso? — ele perguntou intimamente, liberando a boca somente para mordiscar o lóbulo da orelha dela, para beijar seu pescoço. — Sabia que seria linda, e é.

— Eu... não sou linda — protestou ela, ofegante, mas ele não a ouvia. Ele retirou o cardigã pesado para revelar o leve bolero que ela tinha sob ele. Jake pare­cia extasiado com os globos protuberantes dos seios dela e, empurrando o bolero para o lado, as mãos frias dele desabotoaram seu sutiã.

A cabeça de Eve girou quando seus seios se espar­ramaram nas mãos dele. Os dedos dele encontraram os bicos sensíveis que pressionavam as palmas de suas mãos, e agora ela tinha as próprias necessidades. Sua barriga formigava e uma umidade pulsante entre suas pernas que ela definitivamente nunca sentiu an­tes. Sentia-se viva e desejável, e pegando o rosto dele com as duas mãos, ela trouxe a boca dele de volta para a sua.

— Calma, querida — ele murmurou contra os lá­bios dela, e Eve estremeceu. Como podia ficar calma quando tudo era tão novo, tão excitante, tão diferente de tudo que experimentara antes? A língua dele fazia caminhos sensuais em sua boca, imitando o que ele queria fazer com seu corpo, e pela primeira vez, ela cogitou a possibilidade de fazer amor com um ho­mem sem medo ou sofrimento.

— Temos a noite toda — sussurrou ele, pratica­mente deitando-a sobre os fardos e deslizando as mãos para baixo para apalpar seu bumbum sobre a calça jeans. — Ninguém vai nos interromper.

Ninguém, pensou Eve, meio tonta. Ninguém, nem mesmo Cassie... Cassie...

A garganta de Eve fechou. O pensamento foi um balde de água fria. Ela lembrou quem era Jake, como o conheceu. Deus, no que estava pensando, ao permi­tir que isso acontecesse? Estaria tão confusa pela des­coberta de sua sexualidade que estava preparada para fazer amor com um homem que, de acordo com ele próprio, ainda via outra mulher? Um homem que, pe­las leis da decência, era proibido para ela?

Ele inclinou a cabeça e estava prestes a tomar um dos excitados bicos dos seios dela com a boca quando Eve pronunciou uma reprimida negação.

— Não — ela falou, com um pânico muito real dando à sua voz a conotação de histeria. — Não. Não pode. Não entende. — Saindo debaixo dele, ela uniu as bordas do cardigã e o encarou com olhos arregala­dos e agoniados. — Não podemos fazer isso. Não posso fazer isso. Não seria certo.

Jake a encarou. Apesar de estar totalmente excita­do e de sua expressão refletir exatamente a frustração que sentia, a voz dele foi artificialmente suave quan­do ele falou:

— É por causa de Cassandra, não é? Você acha que pelo fato de ela ter nos apresentado...

— Não, não é isso.

Eve movia a cabeça freneticamente de um lado para o outro, mas a paciência de Jake era infinita.

— O que é, então? — ele perguntou, aumentando um pouco o tom de voz. — Já falei que não tenho in­teresse por Cassandra. Certo, eu sei que ela tem pa­rentesco com você, mas isso pode ser superado. Ela vai entender.

— Não! Não vai!

A voz de Eve era carregada de pânico agora, e Jake pareceu compreender que havia mais do que simples­mente ansiedade com relação a uma prima distante.

— Por que temos que nos preocupar com o que ela pensa? Ela não é sua protetora, é?

— Ela é minha mãe — falou Eve, com o peito pal­pitando de emoção. — Agora entende por que não posso fazer mais nada com você? Ela é minha mãe.

 

 



  

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