Хелпикс

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CAPITULO 7



CAPITULO 7

 

Harry finalmente percebeu o seu erro. Percebeu que tinha dito algo imperdoável e franziu o cenho. Ele ainda podia ouvir o grito angustiado dela quando abriu com violência a porta da paróquia e correu para casa.

Mas Eve nunca hesitava. Arrancando o casaco do cabide, ela correu pela noite fria, sem parar para ves­ti-lo até que estivesse longe o suficiente da cena da humilhação. Só então, entrando no aconchegante te­cido de lã, uniu suas pontas em seu corpo.

Ela ainda tremia e imaginou se conseguiria se aquecer outra vez. Logo Harry, entre todas as pes­soas, demonstrar tal preconceito. Isto a deixou pro­fundamente magoada. Não acreditava que ele real­mente pensasse que ela o estava evitando por causa de Jake Romero. O que realmente pensava a seu res­peito?

A questão não merecia ser analisada. Sacudindo a cabeça, Eve encontrou a direção da casa de sua avó mais por sorte do que por intenção. Nos primeiros minutos depois de deixar a paróquia, não tinha noção da direção que estava indo, e percebeu que foi a segu­rança que a avó lhe oferecia que a levou assertiva­mente de volta a Watersmeet.

Ela estava gelada até os ossos quando chegou em casa, e foi direto para a biblioteca. Com um pouco de sorte, a Sra. Blackwood teria deixado um fogo decen­te na lareira para que ela aquecesse os dedos congela­dos.

Eve esperava que a sala estivesse iluminada ape­nas pela luz do fogo. Como sua avó não descera para jantar e Jake Romero ainda estava confinado na cama, ficou surpresa ao encontrar uma luz acesa. Para seu espanto, encontrou o hóspede esticado na poltrona de Ellie com uma revista largada em cima da barriga magra. Era provável que estivesse lendo quando adormeceu, mas agora parecia estar envolvi­do pelo calor da lareira.

Ele percebeu quando ela entrou, claro. A sala esta­va tão quieta que ele teria escutado até um alfinete cair. A revista caiu no chão quando ele se levantou.

— Eve — falou, com a voz ainda um pouco rouca, mas não tão congestionada como há alguns dias. — Sinto muito, não ouvi o carro.

— Vim andando — respondeu Eve sem rodeios. Apesar da idéia de se aquecer diante do fogo ter per­dido a graça, estava muito frio para deixar a porta aberta.

— Você veio caminhado? — Jake estava surpreso. — Entendi a Sra. Blackwood dizer que o Reverendo Murray a traria para casa.

Eve não entendeu o interesse de Jake, mas resol­veu não pensar no assunto.

— Preferi caminhar — disse outra vez e em segui­da perguntou: — Como você está?

Jake encolheu os ombros.

— Vou sobreviver.

Eve ficou surpresa.

— Ellie sabe que está de pé?

— Ellie? Ah, você quer dizer a Sra. Robertson. — Ele sacudiu a cabeça. — Duvido.

— Então...

— Desculpe-me, mas estava enlouquecendo na­quele quarto — ele falou, melancólico. — A Sra. Blackwood disse que você estaria fora esta noite, en­tão enfiei umas roupas e desci.

Eve tinha certeza de que ele não tinha "enfiado" uma cashemire de gola alta ou aquela calça azul-marinho de cadarço que moldava seu quadril e os múscu­los da coxa. Como de costume, ele estava extrema­mente másculo e sexy. Outro desafio para ela, pensou com amargura.

— Teve uma noite agradável?

A pergunta a pegou desprevenida. Ele podia sentir isso. Observando-a contraída contra a porta como es­tava, ele percebeu que era a última pessoa que ela gostaria de encontrar naquela noite. Até aí, nenhuma novidade, ele reconheceu secamente, mas ele tinha a nítida impressão de que ela estava pálida por baixo do rubor decorrente do frio em sua pele. E seus olhos estavam arregalados e artificialmente brilhantes. Quase como se estivesse prestes a chorar.

Droga, o que teria acontecido? O que aquele cléri­go disse a ela? Será que fez alguma proposta ou to­cou-a?

Sim, tudo bem. Jake afastou aqueles pensamentos férteis da cabeça. Ele não tinha nada com isso. Mes­mo que ele a tivesse violentado, o que significaria levar suas suspeitas às últimas conseqüências, o que ele poderia fazer? Ela não era sua responsabilidade, e ele duvidava que ela aceitasse qualquer interferência em seus romances.

— A Sra. Blackwood disse que você passaria a noite separando as doações para uma festa que acon­tecerá na igreja, é isso? — ele insistiu, já que ela não respondia. Eve deu um suspiro trêmulo.

— A feira de outono — concordou em voz baixa. Jake assentiu com a cabeça.

— Você parece gelada — disse ele, mas ela não prestou atenção. — Venha sentar-se aqui. Está mais quente perto do fogo.

— Oh, eu... eu acho que vou para a cama — ela respondeu, recusando o convite e virando-se para a porta. — B...oa noite.

Apesar de sua intuição dizer que não deveria se meter, Jake não poderia deixá-la ir nesse estado. Movendo-se mais rápido do que se imaginava capaz na­quelas condições, correu pela sala antes que ela abrisse a porta por completo e bateu com as mãos na porta.

A porta bateu com força, fazendo-a estremecer. Ela olhou para ele com olhos... apavorados?

— O que pensa que está fazendo? — Sua voz de­monstrava o pânico que sentia. — Se você me tocar...

— Não vou tocá-la! — exclamou Jake, irritado por ter que posicionar-se na defensiva. — Só estou preo­cupado com você. Corrija-me se eu estiver errado, mas acho que algo lhe aborreceu. Alguém colocou as mãos em você? É por isso que pulou como um gato só porque evitei que abrisse a porta?

Eve virou-se quase sem deixar espaço entre ela e a porta que estava por trás. Ela estava obviamente fa­zendo de tudo para ficar o mais distante dele possí­vel. E, apesar de ter desprezado as piores suposições que teve anteriormente, agora estava convencido de que, como foi mesmo que a Sra. Blackwood o cha­mou? Reverendo Murray? Murray a magoou de algu­ma maneira.

— Não, ninguém me aborreceu, exceto você — respondeu. Ele podia perceber o tremor em sua voz. — Eu desejava sair e você me deteve. O que acha que devo pensar?

Jake suspirou, exasperado.

— Não precisa ter medo de mim — respondeu ele imediatamente, mantendo uma boa distância entre eles. — Eu só queria ajudar.

— Ajudar? — agora havia um tom de histeria em sua voz. — Você não pode me ajudar, ninguém pode.

Era uma reação estranha, mas Jake não tinha for­ças para continuar.

— Se você diz que não — ele falou, cansado. Ela inclinou o queixo.

— Posso ir?

— Não a impedirei outra vez.

— Ótimo.

A voz de Eve demonstrava desconfiança e, aper­tando mais o casaco contra o corpo, virou na direção da porta.

Mas ela não a abriu. Ao contrário, apesar de estar segurando a maçaneta, permaneceu imóvel por al­guns segundos, como se estivesse olhando para a parede. Então, para espanto dele, ela desabou contra a porta, deslizando até ficar encolhida aos pés dele.

Jake se moveu. Apesar de não ter certeza se sua ajuda seria bem-vinda, tinha que fazer alguma coisa. Abaixando-se, ele estendeu a mão para virar o rosto dela em sua direção.

A princípio ela resistiu, hesitando como se ele qui­sesse agredi-la, e o ódio que Jake sentia por Murray cresceu ainda mais. Tinha certeza de que aquele ho­mem era responsável pelo sofrimento dela. Teve vontade de estrangulá-lo.

Finalmente, ele conseguiu tirá-la da porta, e quan­do percebeu que lágrimas escorriam pelo rosto dela, não conseguiu reprimir sua raiva.

— Vou matar aquele canalha — murmurou. Puxando-a para seus braços e, apesar da pequena resis­tência que ela ainda oferecia, aquietou-se contra ele com um trêmulo suspiro.

Ele podia senti-la tremendo. Eve tinha muito frio, apesar do pesado casaco que a envolvia. Ela estava com o rosto enfiado no suéter dele e, quando respira­va, alguns fios sedosos e negros do cabelo dela esbar­ravam no queixo dele.

Quase involuntariamente, ele encostou a boca em seu cabelo, inspirando uma agradável fragrância de cítrica. Ele a segurava pela nuca e a tentação de bei­já-la era quase irresistível.

Jake ficou tenso. Será que estava agindo como Murray? Não pensava mais nos sentimentos dela, só em si mesmo. O fato de ter reconhecido que ela esta­va aninhada entre suas coxas esticadas provocou uma ereção de grandes proporções, mas isso não era moti­vo para sua pouca-vergonha. Ele só estava na casa porque Cassandra o havia convidado. Pelo amor de Deus, poderia imaginar sua reação se o visse nesta si­tuação.

Era preciso levá-la para perto do fogo, lembrou as­sustado. Não porque estivesse fisicamente fria, mas porque parecia fria por dentro e por fora. Ela precisa­va de calor e de um conhaque, não necessariamente nesta ordem. Ele também poderia tomar uma dose.

Em uma situação normal, levantar alguém com o peso dela teria sido fácil para seu porte atlético. Ela era uns 18 quilos mais magra que a velha senhora. Mas seus braços tremeram quando ele tentou levantá-la do chão, e ele se ressentiu do fato de ter ficado fra­co como uma criança só por ter passado dois dias na cama.

Contudo, apesar da oposição de Eve, ele carregou-a pela sala até colocá-la na poltrona em que estava sentado quando ela chegou. Então, confiante de que ela não tentaria fugir dele outra vez, caminhou até o bar com as pernas ligeiramente trêmulas.

Eve o observava com os olhos entreabertos en­quanto esfregava as bochechas com o lenço que en­controu no bolso. Não queria pensar no papelão que acabara de passar e independentemente do que Romero estava pensando, ela deixou que se aproximas­se muito. Depois do que aconteceu com Harry, deve­ria ficar mais atenta.

Mas ela não soube como reagir quando ele adivi­nhou que Harry a tinha perturbado. Sua imediata irritação com o outro homem e sua crença instintiva de que o ocorrido não era culpa dela a desarmaram, re­velando as emoções que escondera por tantos anos. Já nem se lembrava da última vez que tinha chorado daquele jeito. Por mais que ela se desculpasse, ainda: assim nada mudaria o fato de Jake ter exposto toda a vulnerabilidade que sempre tentou esconder.

Ele voltou com dois copos de cristal de sua avó e estendeu um para ela.

— Lamento, é whisky, não encontrei o conhaque — disse com as mãos ainda trêmulas.

Eve teve o impulso de pegar o copo, mas detestavaaté o cheiro do whisky. Depois de todo o esforço que Jake havia feito para levantá-la, não poderia recusar.

— Obrigada.

Ele balançou a cabeça, trouxe o copo até a boca e deu um grande gole.

— Nossa, eu precisava disso. Eve olhou para ele.

— Acho que o whisky pode não lhe fazer bem no seu estado — falou Eve, enquanto mergulhava o dedo no copo para provar. Ela fez uma careta para conter a aversão. Não era bom nem em pequenas doses. — Você ainda está se recuperando.

Jake olhou para ela com um olhar lacônico.

— Sim, bem, isto vai ser melhor do que todo o cho­colate quente do mundo — retrucou secamente. — Para você também, beba.

— Eu? — Eve estremeceu — Não consigo beber isso, tem um gosto horrível!

— Finja que é remédio — Jake aconselhou, sem esperar não como resposta. — Vai lhe aquecer.

— Já estou aquecida.

Eve provou e retirou o casaco das costas. Por um momento ele ficou transfigurado com a curva de sua nuca, revelada acima da gola da camiseta. A camiseta era rosa e de manga longa e caía bem com a calça jeans de cintura baixa. Mas ele mal percebia o que ela vestia. Mais uma vez foi agraciado com a visão de sua delicada pele exposta, e a excitação que sentiu mais cedo se manifestava novamente em tempo re­corde.

Felizmente ela estava ocupada puxando a camiseta para cobrir a barriga e não percebeu o volume em sua calça. Ele colocou seu copo vazio de lado e pegou o dela para beber de um só gole. Depois, agachou-se ao lado dela para esconder o seu embaraço e perguntou:

— Vai me contar o que aconteceu?

Ela parecia surpresa com a pergunta. Achou que o whisky ou a tola tentativa de concentrar a atenção na saúde dele o distrairia, mas não funcionou. Se ele pretendia se livrar dos pensamentos excitantes que ela lhe provocara, imediatamente foi invadido pela lembrança da cena dela colocando o dedo dentro do copo. Deus, será que Eve fazia idéia do quanto aquela ação era provocativa? De alguma forma ele duvidou, apesar do olhar desconfiado e perceptivo dela.

— O que aconteceu quando? — Ela reagia agora, e Jake percebeu que ela ainda esperava evitar um con­fronto. Ela fez uma careta. — Eu devia estar realmente congelando. Não costumo desmoronar daquele jeito.

— Eve! — Ignorou seu repentino recolhimento, ele a pegou pelo queixo com o dedo indicador e o polegar. — Seu desmaio não tem nada a ver com o frio e sim com o Reverendo Murray. Diga-me o que o ve­lho idiota fez, pelo amor de Deus. Ele a machucou?

Eve tentou tirar o queixo de suas mãos com um safanão. Como não conseguiu, assumiu um olhar desdenhoso.

— Harry não é velho — foi tudo que disse com uma voz insolente. — Ele deve ser mais novo que você.

Jake deixou-a ir e levantou-se irritado. Que diabos estava falando? Que enquanto ele a imaginava a mer­cê de algum velho libertino, ela de fato passou a noite com um homem que possivelmente esperava uma resposta diferente para suas investidas?

— O que realmente aconteceu? — perguntou, en­quanto a olhava friamente, incapaz de disfarçar o olhar ressentido. — Uma briga de amor? Um desen­tendimento? Ou ele a trocou por outra?

Eve recuou como se ele a tivesse golpeado, e toda a empatia que sentiu por ele anteriormente retornava com força renovada. Droga, ele não estava errado. Alguma coisa aconteceu, algo ruim, e ele só piorou as coisas com suas acusações idiotas.

— Eve — ele começou, mas ela já estava se levantando, colocando o casaco nos ombros, olhando em! todas as direções, menos para ele.

— Eve, me desculpe — recomeçou. Ela não ouvia, passou por ele com o olhar fixo na porta e mantendo a maior distância possível entre eles.

Ele suspirou irritado. Não poderia deixá-la ir desta maneira. Tinha que fazê-la ver que se sentiu traído quando ela disse que Murray era um homem jovem. Que seu esforço de cavalheirismo se enfraqueceu quando percebeu que ela, provavelmente, estava en­volvida com alguém.

Os desdobramentos desta declaração eram muito complicados para serem levados em consideração agora. Ele também não quis levar em consideração que os romances de Eve — seu bem-estar — não eram de sua conta. Ou o que admitia, ao sentir-se as­sim. Ele apenas sabia que jamais se perdoaria se a deixasse passar por aquela porta sem que ele se des­culpasse.

Cerrando os dente diante da antecipação do fracas­so, ele segurou na manga do casaco dela enquanto passava por ele.

— Espere.

Ela puxou a manga com força. Como não conse­guiu arrancá-la, deixou o casaco cair no chão e pas­sou por cima. Suando, ele pisou no casaco e conse­guiu segurá-la pelo pulso.

— Eve, por favor — ele implorou, forçando-a a parar. — Você tem que me dar uma chance de ex­plicar.

— Explicar o quê? — Ele ficou impressionado com jeito como ela o encarou. — Suponho que você ache que um homem tem o direito de maltratar uma mulher por quem ele deveria ter algum respeito.

— Não! — Jake estava consternado. — Foi o que ele fez? Ele procurou uma maneira adequada para descrever a situação sem mencionar sexo. — Supo­nho que... ele aproveitou-se de você, certo?

Eve olhou como se não fosse responder, mas em seguida confidenciou com pesar.

— Ele me beijou.

Ela sabia que ele poderia achar estranho. Afinal, qual seria o problema de dois amigos se beijarem? Não queria parecer paranóica, mas como poderia ex­plicar o horror que sentiu quando Harry agarrou-a à força e pressionou seu lábio úmido contra os dela. Jake não sabia nada sobre sua história e ela não pre­tendia contar agora.

— Ele a beijou? — repetiu ele. Apesar de tentar não parecer incrédulo, ela pôde perceber sua incredu­lidade disfarçada.

— Sim, ele me beijou — respondeu ela, tentando encará-lo sem conseguir. — Você deve estar me achando esquisita por fazer tanto estardalhaço por uma coisa tão... simples.

Jake apertou os olhos.

— Mas era importante para você — retrucou com mais astúcia do que ela podia supor. — Não era?

Eve levantou uma das mãos trêmulas e ajeitou o cabelo que despencava.

— Não foi só o beijo — admitiu. — Foi o que veio depois. — Ela não queria continuar, mas ele havia sido gentil e merecia uma explicação. — Ele... como recusei, ele disse que eu deveria estar envolvida com outra pessoa.

Jake olhou-a com cuidado. Droga, ele imaginou que ela tivesse poucos amigos, vivendo isolada aqui com uma velha rabugenta. Mas agora parecia que tinha mais de um admirador. Não deveria, mas fi­cou irritado.

— Entendo — disse finalmente, e percebeu que ainda estava segurando o pulso dela. — E você? Pre­fere outra pessoa?

Eve corou.

— Não.

— Então você... não gosta de homens, de um modo geral?

— Não! — Eve arrancou o pulso das mãos dele e esfregou-o com vigor, como se quisesse remover qualquer vestígio dele em sua pele. — Só não gosto de ser... tocada.

— Percebi. — Jake notou que sua voz estava áspe­ra e pensou que a quantidade de whisky que tomou em tão pouco tempo pudesse estar comprimindo suas cordas vocais. — Então foi assim que reagiu quando Murray a tocou? Porque devo lhe dizer que é humi­lhante alguém agir como se tivéssemos uma doença contagiosa.

— Mas não foi essa a minha intenção. — Apesar do esforço para manter a compostura, a acusação to­cou na ferida. — Você não entende.

— Então explique.

— Não posso.

— Ou não quer?

Ela balançou a cabeça.

— Por que se preocupa comigo?

— Droga, se eu soubesse. Simplesmente me preo­cupo.

A atmosfera ficou elétrica. Jake não sabia se era sua imaginação ou se aquela palavras tinham ativado uma reação química. De qualquer forma, sem muito cuidado, aproximou-se dela deixando menos de dois centímetros entre eles. Depois, olhando-a nos olhos disse quase sussurrando:

— Toque-me. Prometo que não vou morder. Eve espantou-se, mas permaneceu imóvel.

— Isto é loucura.

— Concordo. — Ele olhou para baixo lentamente, para aquela pele morena tentadora que aparecia outra sob o umbigo. — Apenas faça isso. — Ele sorriu. — Só para não me magoar.

Eve suspirou forte.

— Não creio que tenha feito algo para lhe magoar — falou ela, passando a ponta da língua no lábio in­ferior. — Mas se fiz, me desculpe.

— Prove.

— Como?

— Como? — Jake esperava não estar sendo tão ambicioso querendo curar algo que, provavelmente, levou anos para se firmar. Ele não tinha nenhuma ex­periência em fobias ou problemas psicológicos. Mas sabia que por maior que fosse o problema, era preciso enfrentá-lo.

— Chegue mais perto — sugeriu, na esperança de não estar sendo otimista demais ao pensar que pode­ria controlar a situação.

Só de estar perto dela, sentindo aquele cheiro fe­minino, era extremamente erótico. Ele ficou tonto só de pensar nas imagens de sexo caloroso e envolvente que poderiam compartilhar, se as circunstâncias fos­sem diferentes. Estava cada vez mais difícil lembrar quem ela era e o que ele estava fazendo ali.

— Acho que tenho que ir — disse ela de repente. Jake imaginou se ela teria lido seus pensamentos. — Obrigada por ter... me ouvido. Você é gentil. E tem razão. Acho que reagi de forma exagerada. E em de­fesa de Harry, preciso dizer que ele nunca fez nada que me aborrecesse antes.

Para o inferno com Harry. Jake quase disse isso em voz alta. Ficaria feliz se nunca mais ouvisse aque­le nome outra vez.

— Não lembro de ter dito que você exagerou — falou ele, com as mãos cerradas. — E não sei o que aquele canalha lhe disse, porque você não quer contar.

— Não era importante — insistiu ela, e afastou-se dele. As mãos de Jake quase a seguraram para evitar que ela se afastasse.

— Foi importante o suficiente para fazer você cho­rar — lembrou ele, e antes que pudesse evitar, suas mãos tocaram a pele exposta na cintura dela.

Ele não sabia quem era o mais surpreso, se ele ou ela. Droga, ela passou os últimos 15 minutos expli­cando que não gosta de ser tocada. Mas logo que seus dedos tocaram aquela pele macia e quente, qualquer dúvida sobre a sensatez do que estava fazendo desa­pareceu.

— Não — disse ela. As palavras rasgaram seus lá­bios e ele pensou como era inútil o protesto. Na agi­tação de evitá-lo, seu peito arfava, e os bicos firmes de seus seios estavam claramente visíveis por baixo da camiseta. Ela estava irresistível, pensou. Irresistí­vel e disponível. Cansado de bancar o herói, curvou a cabeça e beijou-a.

Seu gosto era maravilhoso. Esse foi seu primeiro pensamento. A boca era quente e deliciosamente vul­nerável. Sua respiração estava irregular e ele inalava cada suspiro dela profundamente em seus pulmões. Ela não o tocou, mesmo assim ele deve tê-la deixado desequilibrada. Era impossível não pensar nos seios dela comprimidos contra o peito dele e a discreta mo­vimentação de suas coxas na direção das dele.

Ele não esperava por isso. Tinha que admitir que estranhou ela não ter reagido. Apesar de rígida, ela concordou com aquele beijo sedento sem demonstrar nenhuma resistência. E ele chegou à conclusão — que mais tarde julgou arrogante — de que não era o fato de ser tocada que a incomodava, mas sim de ser tocada pelo homem errado.

A idéia era estimulante, e os desejos, infinitos. Com uma coragem crescente, ele colocou a língua entre seus dentes e aprofundou o beijo. Mas sua cabe­ça rodou na medida que explorava a boca de Eve, e ele percebeu o quanto ainda estava fraco. Ele estava cambaleante e agradeceu a Deus por ela não ter tenta­do brigar. Se tentasse, ele não teria chances.

A humilhação veio rápida de forma devastadora. Deveria ter imaginado que não seria tão fácil, pensou mais tarde. Eve não era condescendente, ela agia no seu tempo. No momento em que se mostrasse vulne­rável, ela estaria pronta para atacar.

Ele estava zonzo, suas pernas tremiam para supor­tar o próprio peso. Ele levantou a cabeça e piscou os olhos para tentar recuperar os sentidos, e Eve imedia­tamente tentou se vingar.

Ela teria sido bem-sucedida se ele não tivesse se afastado justo naquele momento. Curvando-se para frente, ele tentou recuperar o fôlego no momento em que ela trouxe o joelho para entre suas pernas. Como era de se esperar, o golpe passou de raspão no alvo, mas foi suficiente para jogá-lo contra a mesa.

Ele gemeu, como se lembrou depois, mais pelos pulmões ofegantes do que pelo êxito de Eve. No en­tanto, ela achou que tinha acertado onde desejava e, recolhendo o casaco, abriu a porta com violência e saiu.

 

 



  

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