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CAPÍTULO X



CAPÍTULO X

 

Elizabeth entrou e sentou-se no confortável banco da cabine de primeira classe do trem ex­presso para Londres, admirando a paisagem que passava ra­pidamente pela janela. Quando o desjejum fora servido, ela recusara e tomara somente o café. Não sentia mais o apetite de antes, mas, mesmo assim, forçava-se a comer o suficiente para não prejudicar o bebê.

Lá fora o vento fustigava as janelas, fazendo-a sentir arrepios.

Suicídio...

A palavra ainda martelava em sua cabeça, desde o dia em que Linda contara tudo a Alex e mostrara as cartas. E isso já tinha sido havia dois meses...

E por que pensava nisso, justamente agora, se o que estava pensando em fazer tinha mais a ver com salvamento, com vida? Mesmo assim, não estava tão segura se o que iria fazer era a coisa certa.

Carinhosamente passou a mão pelo ventre já começando a ficar saliente. Aquele era seu bebê... assim como de Alex, completou mentalmente. Só porque ele havia sido concebido sem o conhe­cimento dele, não significava que não tivesse nenhum mérito.

Em todos os momentos, Elizabeth pensava que era culpada por privá-lo de saber que teria outro filho. Alex até poderia não gostar do que ela tinha feito, mas com certeza ficaria feliz

em saber que seria pai novamente. Com certeza aquela criança seria uma razão para ele continuar vivendo. Continuar vivendo!

Ninguém poderia tomar o lugar que tinha sido de Tony, mas, mesmo assim, o bebê seria amado. Disso ela tinha certeza. Linda ligara dois dias antes e dissera que fora à casa de Alex, em Londres, e que ao vê-lo ficara assustada. Nem de longe ele lembrava o homem que tinha sido até o dia em que soubera que o filho cometera o suicídio. Havia perdido muito peso. De acordo com a empregada dele, passara a beber desmedidamente.

Elizabeth ainda sentia alguma dificuldade em acreditar. Alex sempre lhe parecera um homem forte e cheio de vitalidade. A morte do único filho abateu-o profundamente, mas, mesmo assim, ele parecia ter aceitado o que o destino lhe reservara. Pelo menos, até o dia em que Linda mostrara as cartas que Tony havia recebido do avô.

Logo em seguida, ambas haviam voltado para a Inglaterra, sem se despedirem dele.

Elizabeth considerava seu envolvimento com a família Thiarchos um capítulo encerrado, desde o momento em que desembarcara em Londres, pois Alex não dissera nada sobre querer vê-la novamente.

Voltara à universidade para a entrega dos diplomas e, com muita satisfação, viu que Linda havia sido aprovada. No dia da formatura, ambas conversaram muito e Linda havia dito que continuaria a morar com Kathie, até que Alex lhe arranjasse o emprego. Ainda não sabia o que iria fazer, mas aguardava o dia não com muita esperança, pois aprendera a não fazer planos para um futuro muito distante.

Elizabeth fizera várias perguntas mas, na realidade, o que queria mesmo saber era notícias de Alex. Já tinha sido sufi­ciente saber que ele estava de volta a Londres e que não tinha mantido nenhum contato com ela. E por que iria?, perguntou-se, Foi quando compreendeu que não poderia ficar o restante da gravidez em Sullem Cross. As recordações eram muito dolorosas. Até mesmo sua própria casa trazia lembranças que achava melhor apagar. Ligou para uma imobiliária em Norwich e perguntou se eles tinham alguma casa para alugar na costa leste.

A casa que lhe mostraram era ideal para suas pretensões. Um pequeno sítio, muito bem-conservado e já mobiliado, tendo ao fundo a ponta da praia, com suas ondas arrebentando nas imensas pedras que formavam um conjunto de insuperável be­leza. Sua casa em Albert Terrace foi deixada aos cuidados da empregada. Não queria vendê-la, pois quando tudo estivesse resolvido talvez voltasse para lá.

Depois da formatura, Elizabeth não teve mais notícias de Linda até dois dias antes, quando ela ligara e contara todas as novidades que haviam acontecido, inclusive o estado de saúde de Alex.

Para Linda, Elizabeth era uma pessoa que havia comparti­lhado de um pedaço de seu passado. Confiava nela para fazer suas confidencias e contar seus problemas.

A princípio, falara sobre o novo emprego. Depois, contara que Alex tinha sido eleito o novo presidente das empresas, inclusive no Exterior, e que ficaria permanentemente em Lon­dres. Ela começara a trabalhar como relações-públicas no es­critório de Londres, subordinada a Nicolas, primo de Tony. Tinha contado, também, que conseguira um apartamento em Kensington Gardens, que estava ganhando um excelente salário e que aceitara uma pequena parte da herança de Tony. Com­preendera que nem todos os Thiarchos eram iguais ao avô de Tony e que ainda não confiava nele.

E, lembrando-se das palavras de Linda, Elizabeth sentiu um frio na espinha e uma certa dose de repugnância. As cartas que Constantine escrevera para o neto eram verdadeiras e di­ziam muitas coisas que Tony não lhe traduzira. Por exemplo, ele não contara à Linda que seu pai sabia sobre seu vício. O avô, descobrindo tudo, deserdara-o e ainda o ameaçara se não fizesse o que havia mandado.

O que significava aquela ameaça ninguém nunca saberia. Constantine negara categoricamente que houvesse brigado com o neto. Mas Alex dissera a Linda que desconfiava que o pai quisesse controlar a vida de Tony em proveito próprio. O fato é que Tony ficara com medo do avô, e seu único pecado tinha sido casar-se com Linda, às escondidas, num cartório na zona oeste da cidade.

Lágrimas afloraram aos olhos de Elizabeth que, muito ner­vosa, mordeu o lábio inferior com toda força. Estava.indo para Londres, depois de passar vários dias arrumando a nova casa em Norwich. Só decidira ir para lá porque amava Alex e ele era o pai da criança que esperava.

Tinha sido difícil descobrir onde Alex morava, pois não queria contar a Linda o que estava pretendendo fazer. Sabia que o número do telefone não constava na lista. Mas, com muito tato, conseguira que Linda lhe revelasse o endereço.

— Ontem fui à Mayfair, visitar uma amiga — dissera Eli­zabeth ao telefonar para Linda, um dia antes. — Alex Thiarchos também mora lá, não?

— Mayfair? Não, ele mora em Knightsbridge.

— Ah, é mesmo... Em Aubrey Square? — ela indagara, dizendo o primeiro nome de rua que lhe viera à cabeça.

— Não, Wilton Court — Linda respondera.

— E isso mesmo!

— Como sabe?

— No funeral... ouvi algumas pessoas combinando de irem para a casa de Alex.

— Ah, entendo... Mas se está pretendendo ir visitá-lo, saiba que Alex não está recebendo nenhuma visita. Hoje de manhã voltei lá e a empregada nem sequer me deixou entrar.

— Não... não é isso... Eu não.. É que...

Elizabeth ficara completamente confusa. Mesmo assim, ar­rumara-se e pegara o primeiro trem para Londres.

Ao descer na estação de Liverpool, pegou o primeiro táxi que passava e, no caminho, retocou a maquiagem e penteou os cabelos. Usava um conjunto em seda creme, tendo por cima um casaco em couro, longo, a melhor roupa que tinha pois não queria que Alex pensasse que iria querer algo em troca da novidade que lhe trazia.

— Que número da Wilton Court a senhorita vai? — per­guntou-lhe o motorista.

— Eu... eu não me lembro. Perdi o endereço. Acho que precisarei perguntar quando chegar lá.

— Está bem.

— O senhor sabe se esta rua é muito comprida?

— Não, não é. São duas quadras apenas, que ficam em frente ao Cadogan Streets. Você sabe o nome da pessoa que está procurando? Talvez eu mesmo saiba onde mora.

— Thiarchos — disse Elizabeth, rapidamente, antes que se arrependesse do que estava fazendo e pedisse para o motorista fazer a volta e levá-la de novo à estação de trem. — Alex Thiarchos... ele é grego.

— Ah, sim! Eu sei... É aquele nos navios, não? O filho dele não morreu há alguns meses, vítima de um acidente de carro?

— Sim.

— Eu sabia. A casa que procura é a de número dez. Lem­bro-me que os repórteres não saíam de lá, dia e noite, querendo informações. Você é da família?

— Não.

Ao chegarem em frente à casa, Elizabeth pagou ao motorista e saiu do carro. Sentia as pernas tremendo e, por um momento, ficou parada, sem saber o que faria a seguir.

Depois de respirar várias vezes, ajeitou a roupa e caminhou lentamente até a porta de entrada.

Sentiu um tremor percorrer-lhe o corpo inteiro. Abaixou-se para arrumar a barra do casaco, que ficara dobrada, e nesse instante uma chuva fina começou a cair, tomando o frio ainda mais intenso.

Oh, Deus, não deveria ter ido, pensou desesperada.

— Vai entrar ou vai ficar aí no frio?

As palavras, ditas num tom frio, fizeram-na ficar paralisada. Lentamente, levantou a cabeça e ali estava Alex! Ele abrira a porta silenciosamente e a olhava desconfiado.

Alex estava com a barba por fazer, mais magro, mas ainda maravilhosamente irresistível.

— E então? — ele insistiu. — Vai entrar ou não? Está com medo de mim? Deveria ter me avisado que estava vindo e eu teria me arrumado melhor.

— Você... você me viu... chegar?

— É claro que sim! Por isso estou aqui. Vai entrar e me explicar o que veio fazer aqui?

— Sim... sim.

Alex pegou o casaco de Elizabeth e dependurou-o no cabide que havia no hall de entrada.

— Obrigada — ela disse, seguindo-o pelas escadas até o andar de cima.

Elizabeth não conseguia tirar os olhos de Alex e foi somente quando entraram na biblioteca e ela passou por ele que sentiu um forte cheiro de álcool e de roupa suja. Aparentemente, ele não trocava de roupa havia muito tempo. Seus cabelos também estavam despenteados.

Deus, o que ele fez a si mesmo?

Alex fechou a porta e apontou-lhe um sofá.

— É aqui que converso sobre negócios. Você veio aqui para isso, não? Não consigo ver outra razão.

Elizabeth deu um longo suspirou.

— Parece que este lugar não tem sido usado para esse fim, ultimamente, não é? — ela indagou, pegando um copo que havia sobre a mesinha de centro e levando-o ao nariz. — Era isso que estava fazendo quando olhou pela janela e me viu chegando?

— Tome cuidado, mocinha. Eu a deixei entrar, mas pode ser que não a deixe sair com a mesma facilidade.

— É uma ameaça ou uma promessa? Pelo amor de Deus, Alex, o que está fazendo com você?

— Não é da sua conta!

— Não vale a pena, Alex. Acredite! Nada do que fizer poderá mudar o que aconteceu. Tony está morto! Não pode trazê-lo de volta. Não acha que deve continuai- vivendo? Deve isso a ele.

— Quem te mandou aqui, Beth? Quem convenceu-a de que seria bem-sucedida no que os outros todos falharam? George? Nico? — Alex estava descontrolado. — Linda! Foi ela, não? Então ela sabia onde você estava! E ela me jurou que não sabia... Aquela tola...

— Ninguém me mandou aqui — ela declarou.

— Não acredito em você.

— É a verdade. Eu queria vê-lo.

— E por quê? Não acredito que tenhamos algo para dizer um ao outro, temos? Você já disse tudo... antes de deixar a Grécia.

— Está se referindo ao trato que fizemos?

— Sim. Você se recusou a ir para lá e só aceitou quando a obriguei a acompanhar Linda, não é?

— Talvez.

— Como assim? Foi exatamente dessa maneira que acon­teceu. Você cumpriu sua parte e eu cumpri a minha, não pro­curando mais por você. A propósito, onde você se escondeu?

Elizabeth suspirou.

— Por que quer saber?

— Curiosidade, é só. Oh, não se preocupe, não tenho ne­nhuma intenção de ir atrás de você e contaminá-la. Não sou tão estúpido. Recebi sua mensagem.

— Que mensagem? — Elizabeth estava ficando mais e mais confusa. — Eu não mandei nenhuma mensagem para você.

— Estou morando em Norwick, se quer saber. Aluguei um pe­queno sítio no litoral oeste.

— Norwich? Eu pensei que estivesse fora do país. Linda negou-se a dizer onde morava.

— Mas ela não sabia realmente onde eu estava morando! De verdade! Linda conseguiu meu novo telefone há dois dias atrás, com a pessoa que está tomando conta da minha casa em Sullem Cross. E me ligou, porque ficara preocupada com você e precisava de alguém para conversar.

— Para falar de mim? — Alex não parecia convencido.

— Sim. — Elizabeth levantou-se e caminhou na direção dele, parando a poucos passos.— Alex, você foi me procurar na outra casa?

— Como se você não soubesse...

— Não, não sabia. Por quê? — Ela não acreditava que tinha sido por sua causa. — Há algum problema com... com o inquérito'?

— Beth, você deve estar gostando desta conversa, mas eu não! — disse ameaçador e avançou na direção dela. Eli­zabeth ficou assustada, mas no mesmo instante sentiu um alívio ao ver que ele passava por ela e caminhava na direção de uma garrafa de uísque. — Por que não diz o que veio fazer e vai embora? Não preciso de sua ajuda. Não quero sua compaixão.

— Alex, por favor! Por que foi me procurar? Responda! Queria... me ver?

— O que quer beber? Licor?

— Alex...

— Já sei! Não precisa repetir. Tony está morto e não vou conseguir chegar a lugar nenhum assim... deste jeito! Mas eu amava meu filho e acho que ele sabia disso.

— Então...

— Então... fui à Sullem Cross procurá-la. Mas... para que quer saber? Você tinha desaparecido!

— Eu não desapareci.

— Mas foi o que pensei, na ocasião. Fui à Universidade de Yorkshire e ninguém, nem mesmo seus amigos, sabiam onde estava. Você fez um bom trabalho, Beth. Não deixou a menor pista de onde pudesse ser encontrada. E isso por duas vezes...

— Por que queria me ver?

Alex caminhou até uma porta contígua e a abriu. Lá dentro havia centenas de garrafas, corretamente arrumadas. Uma adega!, ela pensou, horrorizada, enquanto ele se servia de mais uma dose de uísque.

— Pelo amor de Deus, Alex! — ela implorou, indo na sua direção e arrancando-lhe a garrafa das mãos. —Por que queria me ver? Me responda!

— Me dê a garrafa, Beth!

— Não!

— Eu quero a garrafa!

Alex avançou para Elizabeth e teria caído se ela não o am­parasse. Ao fazê-lo, ela apoiou a cabeça no peito de Alex, sentindo o cheiro de álcool muito forte. Apesar de o aroma ser desagradável, a proximidade dos corpos fez com que ela suspirasse de prazer.

— Não faça isso comigo — ele pediu, tentando se libertar dela. Elizabeth virou o conteúdo da garrafa no carpete, sem tirar os olhos dele.

— Fazer o quê? — ela indagou, oferecendo os lábios a Alex. Por um segundo ele ficou hesitante, mas, não conseguindo se controlar, beijou-a com sofreguidão.

Subitamente ele a largou, deixando os braços caírem ao , longo do corpo.

— Desculpe... Não consigo resistir a uma mulher bonita.

— É isso o que sou? Apenas uma mulher bonita?

— E o que mais seria?

Alex levantou a cabeça e agora Elizabeth podia ver seus olhos e neles não havia qualquer expressão. Estavam opacos, sem nenhum brilho, e apesar de seu coração dizer que não era ver­dade, sua mente insistia em dizer-lhe que ele era Alex Thiar­chos e que homens como ele podiam ter a mulher que qui­sessem.

— Certo... — ela disse, pegando sua bolsa e caminhando para a porta. — O que mais seria?

Estava descendo as escadas quando sentiu uma vertigem. Segurou-se no corrimão e respirou pausadamente várias vezes. Nesse momento, viu um homem se aproximar.

— Posso ajudá-la? — ele perguntou, aproximando-se dela. Elizabeth não conseguia articular nenhuma palavra e ba­lançou a cabeça ao sentir que as lágrimas iriam começar a rolar.

— É melhor vir até aqui e se sentar um pouco. — O homem ajudou-a a descer. — Vou preparar-lhe uma xícara de café. Sou capaz de apostar que o sr. Thiarchos não lhe serviu nada, não é?

— Eu... eu estou bem. Acho... que vou ficar resfriada... é só. O homem a olhava incrédulo, mas antes que pudesse dizer alguma coisa Alex surgiu no topo da escada.

— Que diabos está acontecendo aí embaixo? — gritou, se­gurando uma outra garrafa cheia de bebida, e começou a descer. — Mallory, quando você voltou?-

— Há poucos minutos, sr. Thiarchos — o homem respondeu, não se deixando intimidar pelo tom de voz de Alex. — Estava sugerindo à esta moça...

— Haley, Elizabeth Haley — disse Elizabeth, num fio de voz.

— Haley? — o homem repetiu, surpreso. — Esta é a srta. Haley?

— Cale a boca, Mallory! A srta. Haley já estava de saída.

— Mas, Alex...

— Eu disse para você calar a boca, Mallory — ordenou novamente.

— Mas você queria ver a srta. Haley! — Mallory protestou. — Pensei que tivesse dito...

E foram as últimas palavras que Elizabeth ouviu. Apesar de lutar com todas as forças, a escuridão total tomou conta de sua visão e ela caiu inconsciente no chão.



  

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