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CAPÍTULO II



CAPÍTULO II

 

Estava incrivelmente calor para o mês de maio em Londres. Mesmo assim, Alex sentia um frio gelar-lhe o corpo inteiro, principalmente as mãos, que gostaria de colocar dentro dos bolsos da calça. Mas o que diriam todos os que estavam ali, ao vê-lo fazer aquele gesto bem diante da sepultura do próprio filho?

Não que Tony teria censurado aquele gesto. Afinal, passara a vida criticando as atitudes do pai, que sempre fazia o que era certo e correto.

Bem, ele não estava fazendo a coisa certa naquele momento, Alex pensou com amargura, enquanto olhava o caixão sendo baixado no túmulo, em um pequeno cemitério londrino.

O avô de Tony queria, ou melhor, ordenara que o corpo fosse trasladado para a Grécia, para que pudesse ser enterrado ao lado de sua esposa, mas Alex o ignorara por completo. Era um pequeno desafio, uma rebelião mínima, mas Tony certa­mente teria odiado o avô se aquilo fosse feito.

Além do mais, havia Linda, a esposa de Tony. Será que fora por causa dela que ele batera o carro? Por que Tony tivera medo de contar ao pai e ao avô que havia se casado sem o consentimento de ambos?

Alex sentiu um tremor. Será que aquilo era realmente ver­dade? Linda era a esposa de Tony... e, agora, sua nora?!

Deus, como queria que tudo aquilo fosse apenas um sonho e que ele estivesse prestes a acordar. Alex desejava ter alguém com quem pudesse desabafar, mesmo que fosse Lúcia, sua ex-esposa. Mas ela agora estava morando em alguma parte da América do Sul, ocupada demais com a nova família para perder tempo com o funeral de seu filho mais velho.

Ele e Lúcia tinham se separado havia muitos anos e não restara nada em comum entre eles, exceto Tony. Tony...

Nesse momento, seus olhos encontraram uma figura esguia ao lado da esposa de seu filho. Alex piscou uma, duas, três vezes, e então balançou a cabeça, não acreditando no que seus olhos insistiam em ver.

Ela estava lá, com as mãos sobre os ombros da garota, oferecendo um mudo consolo ao pranto incontido.

Alex olhou para a grama, incapaz de acreditar que ela estava realmente ali. Intimamente, desejou que não houvesse sido reconhecido. Era claro que seu nome não significava nada para ela. Alexander Thiarchos era seu verdadeiro nome, e não Alexander Thorpe.

Mesmo assim, o medo que sentia de ser descoberto não tinha nenhuma relação com quem ele era. Ao contrário, nos últimos três meses Alex havia procurado por ela em todos os lugares possíveis. Chegara até a usar a influência de seu nome para contratar os melhores detetives de Londres, que, infeliz­mente, não obtiveram êxito. E agora, naquela manhã, estava diante dela!

Não, seu medo era de que Elizabeth o reconhecesse e de­saparecesse de novo. E Alex queria saber onde ela havia se escondido por tanto tempo. Precisava saber. Afinal, ela o tra­tara como um tolo.

Alex deu mais- uma olhada na direção de Elizabeth. Sim, era Elizabeth Ryan, com certeza. Se é que aquele era seu nome verdadeiro.

Deus do céu, depois de todo o dinheiro que havia gasto procurando por ela, nem sequer sabia quem era aquela estranha mulher.

O mais irônico de tudo é que nunca lhe ocorrera perguntar a Nick ou Christina se realmente conheciam Elizabeth Ryan. Afinal, ela afirmara que conhecia a namorada de Nick.

— Sr. Thiarchos...

Uma voz tirou-o de seus pensamentos. O padre colocara a mão sobre seu ombro e começou a dizer-lhe palavras de con­forto. Alex, não podendo demonstrar que não estava interes­sado naquilo, no momento, não teve outra saída que não prestar atenção ao que ele dizia.

Seu irmão, George, também estava lá, juntamente com a esposa, Simone, e os dois filhos, Nick e George Jr. Tios e tias, um número incalculável de primos e parentes, surgiram de repente, todos querendo se solidarizar com Alex.

Só seu pai estava ausente. Para todos os efeitos, Constantine estava se recuperando de um resfriado muito forte, mas Alex sabia que ele se mantivera a distância na esperança de que mudasse de idéia quanto ao funeral ser feito na Grécia.

No entanto, Alex estava determinado a fazer as coisas à sua maneira. Além do mais, Tony deixara uma viúva, e seria muito mais fácil para ela visitar o túmulo do marido em Londres mesmo.

Alex levantou os ombros. O que deveria fazer agora? Em outras circunstâncias, se juntaria à nora e a levaria para sua casa.

Mas... que diabos?, pensou, confuso. Como deveria reagir ao saber que seu filho de vinte anos havia se casado já havia seis meses? Tony agira errado, pois deveria ter comunicado o fato, pelo menos ao pai. E agora Tony estava morto, não havia nenhuma chance de reconciliação.

Dando um suspiro profundo, ele se preparou para enfrentar não só Linda, mas a estranha mulher que havia tomado conta de seus sonhos dez semanas antes. Mas... elas haviam sumido!

Linda... e Elizabeth Ryan. Enquanto ele recebia os cumpri­mentos, elas haviam desaparecido. Alex sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha.

— Está se sentindo bem, tio Alex?

Era Nick, e Alex olhou para o sobrinho, sem conseguir focalizá-lo direito. Por um momento sentiu-se incapacitado para dizer uma palavra sequer. Mas, em seguida, deu um longo suspiro.

— Eu... Linda... parece que já foi embora — Alex murmu­rou. — Talvez tenha visto para onde elas foram... quero dizer... para onde ela foi. Preciso falar com Linda.

Nick colocou as mãos nos bolsos da jaqueta.

— E muito importante? — perguntou. — Talvez seja melhor esperar que ela venha até você, quando sentir que está pronta para conversar. — Fez uma pequena pausa, depois acrescentou: — Papai acha que você foi mais do que generoso ao permitir que ela viesse até aqui.

— É mesmo? — Alex indagou, com sarcasmo. Não tinha o menor interesse no que George pensava. — Bem, nós tro­camos algumas palavras ásperas na semana passada. Creio que ambos dissemos muitas coisas que não deveríamos ter dito. E se ela é a esposa de Tony... quero dizer... a viúva...

— Papai diz que a certidão é verdadeira.

— Então acho que preciso saber o que ela pretende fazer, não é? — Alex continuou, sem dar ouvidos ao que o sobrinho dizia.

— Acho que sim — Nick concordou.

— E... se ela tiver alguma idéia do motivo que levou Tony a...

— Acha que ela lhe contaria, se soubesse?

— Ela vai precisar falar com alguém. Por favor, Nico, você sabe onde ela está ou não?

Eles devem saber — Nick respondeu, apontando um grupo de pessoas que caminhava na direção dos carros. — São alunos da universidade. Vieram todos de Yorkshire esta manhã.

Alex estacionou o carro e, mesmo após desligá-lo, não fez menção de descer. Estava cansado, com o corpo dolorido e sem a menor disposição de conversar com quem quer que fosse. Mas tinha de fazê-lo.

Pelo que ficara sabendo, Linda pretendia voltar à universi­dade em poucos dias, para os exames finais. Se o que os es­tudantes haviam dito fosse verdade, Alex tinha pouco tempo. O que não conseguia compreender era como Linda tinha cabeça para pensar em exames quando acabara de ficar viúva.

Mas se era aquilo que ela planejava fazer, quanto mais cedo conversasse com ela, melhor.

Assim pensando, saiu do carro. Aquele não fora o único motivo que o levara até ali, Não deixara o irmão recebendo as condolências só para ir conversar com a nora. Era com a mulher que a acompanhava que ele precisava conversar.

Perdoe-me, Tony, pediu em pensamento, mas esse confronto é muito importante para mim.

Alex deu uma rápida olhada no relógio. Eram quase seis e meia e ele assustou-se, pois pensava que era bem mais tarde. Parecia já fazer um século que tinha visto Elizabeth no cemi­tério, naquele mesmo dia. Desde então, tivera só- um objetivo: vê-la e dizer-lhe o que pensava dela.

Desde o momento em que soubera da morte de Tony, tinha vivido como um autômato. Nem mesmo se lembrava de ter tomado todas as providências necessárias para a ocasião. Até o encontro com a polícia e o inquérito que tinha sido aberto pareciam mais um terrível pesadelo.

Mas agora sua mente estava ativa novamente. Desde que vira Elizabeth ao lado de Linda tinha um novo objetivo. Pelo menos por um bom tempo poderia canalizar sua dor, a fim de diminuir o sofrimento pela perda do filho. Pensar nela poderia ajudar sua mente a recobrar o equilíbrio, pois estaria envolvido em outro tipo de sentimento, que até aquele momento não sabia explicar.

Alex começou a caminhar, pesadamente, em direção à casa. O começo da noite também estava quente e ele sentiu-se des­confortável usando camisa de manga comprida e gravata.

Ao chegar ao número dezessete, percebeu que não havia o menor movimento, mas o carro estava na garagem. Com ex­ceção de uma janela aberta na parte superior, a casa parecia totalmente deserta.

Provavelmente, Linda, seus parentes e... Elizabeth Ryan es­tão na parte de trás, ele pensou, aproximando-se.

Não havia campainha, por isso bateu à porta. Esperou alguns segundos e, como não obtivesse resposta, bateu novamente.

Após o que pareceu uma eternidade, ouviu um barulho dentro da casa.

A porta se abriu e Linda apareceu, com o rosto marcado pelo choro.

— Sr. Thiarchos?! — ela exclamou, tentando limpar o rosto.

— O que deseja?

— Eu... nós... precisamos conversar. Posso entrar?

— Por quê?

— Porque eu não costumo conversar sobre assuntos parti­culares na porta — declarou Alex, olhando por sobre os ombros de Linda.

— Não... eu não quis dizer isso. Eu., eu... acho que não temos nada para conversar.

— Você não tem? Bem... acho que temos, sim. Linda deu um longo suspiro.

— Se veio até aqui para dizer que não devo esperar nada da família Thiarchos, não precisa perder tempo. Eu não quero nada de vocês...

— Não foi por isso que vim até aqui — Alex interrompeu-a.

— Olhe, sei que não tem sido fácil para você e eu... eu não tenho facilitado muito as coisas, também. Mas precisa me dar uma chance de poder me explicar. Por vezes dizemos coisas que não gostaríamos de dizer.

Linda lançou-lhe um olhar desconfiado.

— Então, não veio até aqui para me causar problemas?

— Não.

Ela hesitou ainda um momento, e então afastou-se, fazendo-lhe sinal para que entrasse.

— Vamos lá para o fundo. Quero apresentar-lhe Kathie. Kathie? Quem, diabos, era Kathie? Não era a mãe dela, claro. Sua irmã, talvez? Ou a mulher que conhecera como sendo Elizabeth Ryan?

Ao entrarem numa sala muito aconchegante que havia na parte de trás da casa, Alex viu uma mulher sentada no sofá, de costas. Ela tinha cabelos loiros e, por um instante, chegou a pensar que ali estava Elizabeth Ryan.

Mas, ao se aproximar, notou que os cabelos eram totalmente grisalhos em vez de loiros.

— Esta é minha mãe de criação, Kathie Adams — Linda disse. — Kathie, este é o pai de Tony.

Pai de Tony?! — a mulher exclamou, verdadeiramente surpresa. — Eu... como vai, sr. Thiarchos? Sinto muito por nos encontrarmos neste momento tão doloroso.

— Sinto muito, também. Espero que me perdoe por ter vindo sem avisar.

— Não tem nenhum problema. Quer se sentar, por favor? Vou providenciar alguma coisa para bebermos. Que tal um chá?

— Para mim, está ótimo — Alex respondeu, mas no fundo sentindo vontade de tomar algo mais forte. — Obrigado.

— Está bem. Vou deixá-los, para que possam conversar em paz — disse Kathie, se retirando.

Alex olhou para Linda e, pela primeira vez desde que sou­bera que o filho havia se casado, sentiu simpatia por ela.

— Por que saiu assim que o funeral terminou? — perguntou. — Deveria ter voltado para casa.

Sua casa? Oh, sim! Tenho certeza de que seria muito bem-vinda lá.

— Talvez eu realmente mereça isso. Talvez eu não tenha sido compreensivo quando...

— Você foi grosseiro e rude! — ela retrucou. — Veio a Yorkshire precisando de alguém em quem despejar toda sua ira e, infelizmente, eu estava lá! Como acha que me senti? — indagou, com lágrimas nos olhos.

— Talvez... talvez eu... Você sabe o que estavam dizendo... e ainda estão... Que Tony jogou o carro deliberadamente contra aquela árvore... — Alex interrompeu o que estava dizendo, sentindo um nó na garganta. Quando soubera como o filho havia morrido, desesperado fora até a casa deles e falara uma porção de grosserias a Linda, que ela tinha sido a responsável. Agora, sentia-se confuso. — Sinto muito. Sei que não foi edu­cado de minha parte. Perdoe-me. Bem... o que quero dizer é que... você sabe de alguma coisa que o tenha levado a fazer isso? — Ele balançou a cabeça, incrédulo com tudo. — Meu Deus, ele estava para se formar! Pensei que estivesse feliz!

— Quando foi a última vez em que pensou em Tony? — Linda indagou, enxugando uma lágrima.

— O que quer dizer com isso?

— Bem... quantas vezes viu seu filho no ano passado? Quan­tas vezes foi até nossa casa em Sullem Cross?

— Eu... eu o vi... algumas vezes — Alex respondeu, es­condendo seu ressentimento. Não gostava que ninguém ques­tionasse suas ações.

— Em Londres.

— E daí? Eu tenho muito trabalho, Linda. Tony entendia isso.

Entendia? — ela repetiu, enfática.

— Eu pensei que sim. Dei tudo o que ele queria. Um lugar decente para morar, roupas, carro!

— Presentes! — Linda disse, se alterando. — Você deu a ele presentes. Você o tratava como se ainda fosse uma criança. Ele nunca teve seu próprio dinheiro.

— Mas tinha acesso ao fundo que instituí para ele.

— Através de cartões de crédito! — ela retrucou. — Você não conhecia seu filho muito bem, sr. Thiarchos. Tony não poderia sobreviver com o que dava a ele.

— Quer dizer que ele não conseguiu sustentar uma esposa com o dinheiro que eu lhe dava? Pois muito bem, eu lhe darei!

— Não quero seu dinheiro! — A voz de Linda soou fria. — Não quero nada de vocês!

— Não?

— Não.

Ambos haviam se levantando e se olhavam como inimigos. De repente o barulho de uma porta se abrindo interrompeu aquele momento. Por uma fração de segundo, Alex não se deu conta de quem havia entrado, pois queria descobrir a ver­dade sobre a morte do filho. Tinha até conseguido esquecer a outra razão que o levara até ali.

— E espera que eu acredite nisso? — Alex questionou, alterando o tom de voz.

— Pelo amor de Deus, Linda, o que está acontecendo aqui? — uma voz soou cortante, da porta de vidro. — Não poderiam conversar como duas pessoas civilizadas? Afinal, acabamos de chegar do funeral de Tony e...

A princípio, Alex sentiu um ligeiro tremor nas pernas. Deus, era ela! De onde estava, Elizabeth não podia vê-lo, por isso ele teve tempo de olhá-la demoradamente.

Sim, era ela mesma. O mesmo porte altivo, a mesma pre­sença marcante... o mesmo perfume. Seus cabelos estavam um pouco mais compridos, mas ainda eram da mesma cor.

Elizabeth se aproximou dos dois e olhou-o rapidamente, sabendo que era o pai de Tony que estava ali, pois Kathie já lhe contara. Não parecia tê-lo reconhecido.

Ela pegou nas mãos de Linda e, dizendo palavras de carinho, conseguiu acalmá-la, fazendo-a se sentar.

— Estou bem, Beth.

Beth? Então seu nome era realmente Elizabeth.

— O sr. Thiarchos já estava de saída — disse Linda, cho­ramingando.

Alex ficou confuso. Deveria sair ou forçar para que Linda os apresentasse?

— Não acha que a sra. Adams acharia muito estranho se eu fizesse isso? Afinal, ela está preparando um chá — disse Alex polidamente e teve a satisfação de perceber um tremor intenso percorrer o corpo de Elizabeth. isso significava que o havia reconhecido. Então, deliberadamente, estendeu a mão. — Olá, sou Alex Thiarchos. E você deve ser... a srta...?

— Haley — ela respondeu, rápido.

— Haley — Alex repetiu, não tirando os olhos dela. — Você também era amiga de meu filho?

Elizabeth mordeu o lábio inferior, lembrando-se daquela úni­ca vez em que haviam se encontrado. Lembranças que certa­mente Alex não possuía.

— Talvez — respondeu, e Alex notou que ela teve dificul­dade para responder.

— A srta. Haley é professora da Universidade de Yorkshire — Linda interveio. — Ela foi muito gentil em se oferecer para vir comigo para cá. Não como... representante da univer­sidade, mas... como amiga.

 

 



  

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