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CAPÍTULO VII



CAPÍTULO VII

 

— Então ela está aqui? — perguntou Constantine Thiarchos, se referindo à esposa do neto. — Conversou com ela?

— Rapidamente.

Alex conhecia muito bem o pai para saber que ele estava realmente preocupado.

— E daí?

O velho homem esperava que Alex lhe contasse tudo o que havia acontecido enquanto estivera fora.

— Daí, nada — respondeu. — Nós quase não conversamos. Elas estavam cansadas da viagem e foram diretamente para seus aposentos.

Elas!? Ah, sim! A mulher que veio com ela. Tinha me esquecido. Qual é o nome dela?

— Elizabeth Haley — Alex disse, calmamente, sabendo que seu pai tinha boa memória para nomes e nunca se esque­ceria do nome da mulher que estava acompanhando a neta. — Beth, para os amigos.

— E meu neto a considerava amiga? Se bem me lembro, ela é professora de Linda, não é?

— Sim.

— E, agora, é amiga de Linda... Muito conveniente, não acha? Principalmente porque isso significa ter todas as despesas pagas nesta viagem.

— Ela não é desse tipo! — disse Alex, rispidamente.

— Como você sabe?

— Eu... eu sei. — Alex ficou irritado por ter titubeado na frente do pai. Se não tivesse cuidado, seu pai poderia começar a suspeitar de que escondia alguma coisa. — Eu a convidei para vir. De outra forma, Linda também não viria.

— Se você acredita nisso, é capaz de acreditar em qualquer coisa. Você não lhe falou sobre a herança?

— E claro que sim!

— E o que ela disse?

— Não quer saber de nada.

— Não acredito.

— Mas é isso o que Linda disse.

— Está bem. Supondo-se que o que você disse é verdade, o que ela quer? Quais são suas ambições?

— Formar-se na Universidade de Yorkshire e ter um di­ploma.

— E depois?

— Quer um emprego. Disse que quer continuar sendo in­dependente.

— Hummm... Mas todo mundo tem seu preço, Alexander. Deveria saber disso, melhor que qualquer um.

Alex sentiu uma raiva crescer dentro de si, mas não iria começar uma discussão estéril. Não naquele lugar. A referência de Constantine ao casamento do filho tinha o poder de per­turbá-lo profundamente. Quando as infidelidades de Lúcia ti­nham começado a manchar a honra da família Thiarchos, o velho Constantine dera um jeito de acabar com tudo. Mas não era isso o que irritava Alex, pois, afinal, nunca amara aquela mulher. Aliás, nunca amara mulher nenhuma, exceto sua mãe. Talvez Lúcia soubesse disso, e por esse motivo agira daquela maneira, Alex pensou. Agora, ela parecia estar realmente feliz com aquele jogador de pólo, que o substituíra. E ele não a condenava por ter escapado da dominação de Constantine Thiarchos. Ele mesmo havia passado metade da vida tentando fazer o mesmo.

— Então, por que pediu para Linda vir até aqui? — Alex perguntou, olhando para o líquido que havia dentro de seu copo. — Se tem essa opinião a respeito da moral dela... Do que tem medo?

Seu pai arqueou a sobrancelha.

— Veja como fala comigo! — Depois, como se tivesse percebido que fora rude demais, continuou: — Você se es­queceu de que sua avó deixou toda a herança para Tony? Acha que quero que ela caia em mãos erradas?

— Seus advogados poderiam muito bem cuidar disso.

— Prefiro cuidar pessoalmente. Além do mais, ela era a esposa de Tony. Eu tenho... responsabilidades.

— Concordo — disse Alex, em tom amargo. — Não sei como consegue conviver com elas.

— O que quer dizer com isso? — o velho indagou, levantando-se, ameaçador.

Você é quem tem de me dizer. Sabia que Tony estava envolvido com drogas e por isso queria deserdá-lo,

— Eu... — Por um momento, Constantine ficou sem res­posta. — Alex, eu já lhe disse que não sabia...

— Eu sei o que você disse — Alex interrompeu o velho. — Mas, a partir da primeira vez em que lhe perguntei sobre isso, fiz algumas investigações por conta própria. E sabe o que descobri? Não acredito que Tony pudesse fazer alguma coisa sem que seus homens ficassem sabendo.

— Alex!

— E sobre aquelas cartas que você mandou? Eu sei tudo, por isso não tente negar.

— E por que eu iria negar? — Constantine indagou, reco­brando a altivez. — Por que não poderia escrever para meu próprio neto? Não há nenhuma lei que pudesse me proibir!

— Você esteve na Inglaterra alguns dias antes de Tony morrer.

— E você sabe por quê. Passei dois dias em Londres, na Conferência Européia de Ecologia, antes de voar para Madri em visita a sua tia Sofia. Alex, por favor, já não tivemos dis­cussões demais nesta família? Por que começarmos mais uma?

Alex virou-se para sair dali.

— Se eu souber que teve alguma coisa a ver com a morte de Tony...

— Eu não tive! — Constantine soltou um longo suspiro.

— Vamos. E hora de nos arrumarmos para o jantar.

Para surpresa e alívio de Elizabeth, não havia ninguém es­perando por elas no salão para o qual um empregado impecavelmente uniformizado as conduziu. Assim teriam chance de se familiarizar com o ambiente e se posicionarem para en­frentar o inimigo, pensou ela, esboçando um sorriso.

Linda estava visivelmente nervosa e tremia muito ao cami­nharem pelo longo corredor frio. Era compreensível que qual­quer um se sentisse intimidado naquele lugar.

O salão onde estavam, por exemplo, não se parecia com nada que tivessem visto antes. Sem móveis, facilmente dariam um maravilhoso salão de baile, como os de antigamente, De­corado, passaria por uma das salas do Museu Britânico.

— Bonito, não? — Elizabeth murmurou ao ouvido de Linda.

— Se gosta deste tipo de coisa... — a garota falou, baixinho.

— Onde acha que eles estão?

— Está se referindo a Alex e o pai?

— Quem mais poderia ser? — Linda disse suavemente, mas Elizabeth sabia que ela não estava se sentindo à vontade para o encontro.

— Bem, talvez o velho Thiarchos ainda não tenha chegado de Atenas.

— Ouvi barulho de carro — Linda declarou, levantando-se para olhar pela janela. — Quem mais poderia ser? Odeio essas coisas!

— Relaxe, Linda.

— Oh, Deus, por que eles não chegam logo e acabam de uma vez com isto?

Nesse momento elas ouviram passos pelo corredor e, como por instinto, uma se aproximou da outra, protegendo-se mu­tuamente sem saber de quê.

Constantine Thiarchos entrou, altivo. Era um homem não muito alto, e mais novo do que Elizabeth pensara, mas seus traços eram fortes e marcantes.

— Ei-la aqui! — disse o avô de Tony, caminhando na di­reção delas com um sorriso franco e aberto nos lábios. — Você deve ser Linda — disse, estendendo a mão. — Bem-vinda à Grécia.

— Obrigada.

— Sinto muito que tenha vindo aqui nestas circunstâncias — ele acrescentou, segurando por mais tempo a mão de Linda.

— Aceite meus pêsames.

A garota não se deixou envolver por aquele sorriso, Eliza­beth percebeu, com um certo friozinho no estômago. Sentia que aquela encenação toda tinha um outro propósito e, surpresa, viu Alex parado, observando a cena.

— O senhor está sendo muito amável. — A voz de Linda soou trêmula e seu nervosismo era óbvio.

— E você... deve ser a sra. Haley. — Ninguém poderia acusá-lo de não ter boas maneiras, mas Elizabeth sentiu-se incomodada por aquela constatação. Não podia se esquecer de que o bebê que carregava no ventre era neto de Constantine Thiarchos. — Foi muita bondade de sua parte acompanhar minha neta até aqui. Tenho certeza de que ela apreciou esse se u gesto, tanto quanto eu.

Mas Elizabeth sabia que não era verdade, assim como per­cebera que ele não aprovara sua presença naquela casa. Ele a olhava com frieza e desdém, sem se preocupar que ela pudesse perceber seus verdadeiros sentimentos. Mas... o que ele espe­rava? Que ela se virasse e fosse embora?

— Foi idéia de seu filho — Elizabeth declarou, não querendo que aquele homem pensasse, nem por um segundo, que tinha desejado estar ali. — Eu não tinha a mínima intenção de vir à Grécia, sr. Thiarchos. E muito quente para mim, nesta época do ano. Mas como podia recusar?

— Mas é claro que uma oportunidade desta é irrecusável.

— Não diria que é irrecusável... Para mim se trata de um pequeno inconveniente — Elizabeth declarou, fitando-o seria­mente. — Tenho certeza de que me entende, sr. Thiarchos — completou, lembrando-se deque ele não havia comparecido ao enterro do neto. — Nós não podemos sempre fazer o que queremos, não é mesmo?

— Evidente que não — ele concordou. E, virando-se para Linda, disse: — Vamos, vou oferecer-lhe um aperitivo, querida. Você já experimentou o vinho típico da Grécia? Tenho certeza de que vai gostar.

Linda acompanhou o velho Constantine, com evidente receio de que Elizabeth pudesse dizer alguma coisa que constrangesse a todos. Assim que ficou para trás, Alex apressou o passo e alcançou-a:

— Bravo! — ele disse, passando o dedo pelo pescoço de Elizabeth. — Não é sempre que meu pai é obrigado a recuar.

— Ele não recuou. Simplesmente decidiu não prosseguir com isso. Com certeza está considerando o estado de Linda.

— Meu pai não considera os sentimentos de ninguém, só os dele mesmo! Não se subestime. O velho grego nunca gostou que alguém questionasse suas opiniões.

— Então, seria melhor que eu não tivesse agido dessa ma­neira — ela disse, olhando Linda sorrir ao tomar um gole de vinho. — Não é problema meu. Seu pai está certo, eu não deveria estar aqui.

Eu quis que você viesse. — Alex olhou-a de cima a baixo. — Eu já lhe disse que está muito bonita? Agora que engordou um pouquinho, está maravilhosa.

Elizabeth prendeu a respiração.

— Por favor...

— Você tem idéia do que faz comigo? Quando estou a seu ludo, me sinto um adolescente, vibrante...

— Quer provar o nosso vinho, sita. Haley?

Elizabeth não poderia acreditar que se sentiria tão aliviada por ouvir a voz de Constantine Thiarchos. Apressada, cami­nhou na direção de onde estavam Linda e o velho grego.

— Só um pouquinho, por favor — disse, sentindo um ligeiro calafrio quando Alex se aproximou dela novamente. — Este lugar é maravilhoso, sr. Thiarchos. Fica aqui durante todo o ano?

Constantine olhou-a, como se estivesse surpreso pelo tom amigável com que ela se dirigia a ele.

— Sempre que desejo — o velho respondeu, estendendo-lhe um copo. — Tenho uma casa em Atenas, é claro, e em todas as principais capitais do mundo onde tenha qualquer espécie de negócio. Mas a Villa Vouliari é minha casa... meu recanto espiritual, se assim o preferir. Nasci lá, srta. Haley, assim como meu pai e meus filhos... e os filhos de meus filhos, também, li uma tradição.

— Entendo...

— Não aprova isso, srta. Haley? — perguntou Alex. Elizabeth dizia intimamente que iria quebrar aquela tradição, e ao ouvir a voz de Alex mais uma vez, percebeu que ele real­mente adivinhava seus pensamentos ou a conhecia muito bem.

— Ao contrário — ela respondeu — Parece-me uma coisa meio... feudal.

— E é. Meu pai acha que tem o direito de cuidar da vida de todos os membros da família. Não é, papai?

Constantine respirou fundo antes de responder:

— Não creio que Linda esteja interessada em ouvir sua opinião a respeito, Alexander. — Virou-se para Linda e com­pletou: — Meu filho adora me irritar, querida.

— Eu não diria isso — Alex voltou a enfrentar o pai. — Eu simplesmente, adverti minha nora da sua tendência de querer controlar a vida das pessoas, papai. — Fitando Linda profun­damente, acrescentou: — Assim como todos os predadores, ele é mais perigoso quando está sendo amável e delicado. Uma vez encontrada a vítima...

Era claro que Linda não tinha resposta e Elizabeth decidiu intervir:

— Acho que está exagerando, sr. Thiarchos — declarou. — Tenho certeza de que seu pai não é nem a metade do que quer nos fazer crer. Ao contrário, ele me parece muito simpático.

Como para aliviar a tensão crescente, Constantine indicou a sala de jantar e todos caminharam para lá, num completo silêncio constrangedor.

A mesa era longa e havia vinte cadeiras dispostas ao redor. Constantine sentou-se à cabeceira, tendo do lado direito o filho e a neta e, do lado esquerdo, de frente para Alex, Elizabeth.

A refeição estava deliciosa é, apesar de Elizabeth sentir fome, chegou a pensar que não. conseguiria comer direito. No entanto, viu seu prato completamente vazio.

— Comeu muito? — Alex perguntou, tirando-a de seus pensamentos.

— O quê?

— Pensei que estivesse se sentindo mal. A comida grega pode ser muito pesada para os padrões britânicos.

— Oh, não.

Ela sentiu o rosto ruborizar intensamente, mas Linda e o pai de Alex pareciam não ter percebido nada, pois estavam envolvidos numa discussão sobre a fabricação de vinho e a enorme plantação de uvas dos Thiarchos Por alguma razão que não conseguia compreender, Constantine estava se empenhando por conquistar a confiança de Linda e, pelo pouco que ouvira, ele já estava obtendo sucesso.

— Já havia experimentado a comida grega antes? — Alex indagou, com os olhos fixos no copo que segurava. — Ou melhor, você já tinha estado na Grécia?

— Só uma vez.

— Quando? Onde ficou hospedada?

— Foi há muitos anos — ela respondeu, vagamente. — Eu ainda era criança e ficamos em Tebas.

Ficamos? — repetiu ele, curioso.

— Meu pai, minha irmã e eu.

— Você tem uma irmã?

— Tive, sim. Mas ela morreu.

— Acidente?

— Sim, acidente — confirmou, hesitante, e a hesitação foi ncu erro.

— Tem certeza de que foi um acidente? Ela estava doente?

— Se quer mesmo saber, ela morreu de overdose.

— Entendo...

— Ela sofreu muito antes de morrer.

— Sinto muito.

— Isso foi há muito tempo.

— Mas ela era sua irmã!

— Só por parte de pai. Joy era doze anos mais velha que eu.

— Quantos anos tinha quando ela morreu?

— Quinze.

— Então, sente falta dela, não é? Inesperadamente, Elizabeth sentiu as lágrimas aflorarem a seus olhos. Fazia tanto tempo que não falava sobre Joy... Seu pai passara os últimos anos de vida completamente voltado paia a própria dor e nem se importara com o sofrimento da filha caçula.

— De vez em quando — ela respondeu, fitando-o profun­damente.



  

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