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O caminho da esperança 9 страница



Abby sobressaltou-se.

- A senhora é uma mulher diabólica!

- Sou uma mulher decidida, que sabe o que quer. E agora, quero que suma da vida de meu filho para sempre!

Abby ainda estava paralisada, branca como um lençol, pelo efeito daquelas palavras, quando Matthew assomou à porta. O menino pareceu perceber o clima de guerra, e seu primeiro olhar foi para o rosto lívido da mãe. Mas a sra. Roth tomou logo a iniciativa de distrair-lhe a atenção, começando a fazer-lhe mil perguntas sobre a aula de equitação.

Matthew sorriu amarelo e respondeu educadamente, mas de vez em quando, relanceava um olhar para a mãe,

- O que houve com você, mamãe?- perguntou por fim, vendo lágrimasbrilharem nos olhos verdes de Abby.

A sra. Roth fitou a nora ameaçadoramente. De fato, aquela mulher seria capaz de tudo.

- Nada, nada... Quer dizer que você se divertiu bastante? O que Jerrold achou dessa primeira aula?

- Ele disse que me saí muito bem, por ser a primeira vez que monto a cavalo.

- Que ótimo!

Estava sendo difícil para Abby sustentar aquela conversa oca com o garoto, e chegou a ficar grata à Sra. Roth quando ela interferiu.

- Você precisa voltar mais vezes, Matt. Aliás, sua mãe e eu estivemos conversando a esse respeito, e ela não se opõe a que você venha passar uns tempos aqui. Você gostaria? - perguntou, enviando um olhar vitorioso para Abby.

- Ficar aqui. na mansão? - Matt voltou a perscrutar a fisionomia da mãe, que estava ainda mais pálida e conturbada do que antes. - Quer dizer que eu e mamãe poderíamos ficar aqui, junto com a senhora e papai?

- Sua avó está falando sobre você, Matt,  não sobre mim - esclareceu Abby debilmente. Você sabe... bem, você sabe que seu pai e eu estamos nos divorciando. Minha presença aqui não teria cabimento.

Matthew mordeu os lábios.

Vendo a indecisão do menino, a sra. Roth começou a bajulá-lo, ilustrando, muito falante, todas as vantagens e comodidades que ele teria se fosse morar na mansão. Mesmo assim, Matthew não se deixou enredar.

- Sei que a casa é muito linda, que eu teria um quarto com banheiro particular, uma sala de jogos, televisão a cores... mas, bem... Eu virei muitas vezes visitá-la, vovó. A senhora e papai têm sido muito bonzínhos comigo, mas eu não vou deixar mamãe sozinha. Ela não tem mais ninguém no mundo.

- Tem a tia, revidou a sra. Roth, já azeda, pois não estava acostumada a ser contrariada, e esperara por tudo, menos pela oposição do menino. Matthew, sua mãe ainda é uma mulher jovem. Nunca lhe ocorreu que ela talvez queira viver sua própria vida, sem as restrições que um menino de sua idade pode criar? Quem sabe ela até queira se casar de novo!

Abby abriu a boca para negar, mas tornou a fechá-la diante do olhar malévolo da sogra. Mas quando o filho a fitou, consternado, ela sentiu-se impelida a tranquilizá-lo da melhor forma que a situação permitia.

- Não é bem assim, Matt, começou a dizer, ignorando a cara de desaprovação da Sra. Roth. Nunca o considerei como um estorvo, e nem tenho intenções de me casar de novo.

- Mas você não se importaria se eu viesse morar aqui?

Abby umedeceu os lábios.

- Se... se é isso que você quer...

Matthew apertou os olhos, desconfiado.

- Você não está querendo se ver iivre de mim?

- Claro que não! - assegurou com veemência, horrorizada com aquela suposição.

- O que sua mãe esta querendo dizer é que ela não vai se opor caso você prefira morar na mansão em lugar de Ivy Cottage. Explicou a avó, impaciente. Matthew, você é meu neto, filho de meu filho. Não percebe que quando eu e seu pai morrermos. Rothside Manor vai lhe pertencer?

Aquela era uma forma vil de subornar uma criança. Abby teve vontade de esbofetear aquela velha corrupta.

- Sua mãe pode não querer ficar morando em Rothside - confinou a megera, sem dar-se por satisfeita. Ela poderia arrumar um bom emprego em Londres, se não tivesse você para preocupar-se.

- E tia HannahMatthew chegou a fechar os punhos de revolta. Mamãe, você não pode deixar tia Hannah sozinha! Você sabe que ela não vai querer ir para um asilo!

Abby não estava mais aguentando tanta pressão.

- Sugiro deixar esse assunto para outra oportunidade, declarou, resoluta. É uma decisão que não pode ser tomada assim, de repente. E, virando-se para o filho: Vá trocar de roupa. Matt. Precisamos ir embora. Você poderá vir qualquer outro dia para tomar chá com sua avó.

A Sra. Roth ficou lívida, mas não deixou de dar mais uma flechada.

- Não é preciso trocar de roupa, Malthew. Esse traje é seu. Se quiser, vá buscar suas roupinhas. Mas da próxima vez apresente-se vestido como se deve para a aula de equitação.

Depois que Matthew saiu, a Sra, Roth terminou de destilar a última dose de veneno,

- Você tem quarenta e oito horas para decidir sobre o futuro de seu filho! foi o terrível ultimato. Depois desse prazo, lavo as minhas mãos, e não vou mais querer saber dele. Só que direi a Matthew o porquê do meu afastamento. Entendeu?

Quando Abby e Matthew sentaram no banco traseiro do carro, isolados do motorista pelo vidro divisório, o menino quis saber o que tinha acontecido durante sua ausência.

- Por que a vovó perguntou se eu queria ir morar na mansão? O que você andou dizendo a ela? Quem teve essa ideia?

Exaurida, Abby encostou a cabeça no espaldar do assento.

- Foi sugestão da sua avó. Eu não tive nada a ver com isso. Pode ser que ela queira salvaguardar os seus interesses. Ela sabe que eu nunca poderia lhe dar o padrão de vida que eles têm.

Mas Matt não ficou satisfeito e levantou uma porção de questões, irrespondíveis por causa da situação.

- Não estou entendendo mais nada - disse ele, inconformado. - O que tia Hannahvai dizer de tudo isso?

- Só perguntando a ela, não acha? retrucou Abby, irritada, pois estavam num beco sem saída, e a Sra. Roth tinha acabado com seu estoque de paciência.

Hannah foi recebê-los no portão, com cara de poucos amigos. Com sua costumeira agudeza de espírito, logo percebeu que algo não ia bem.

Quando Matthew subiu para ir trocar de roupa, Abby abriu os braços, num gesto de rendição.

- Você estava certa. A Sra. Roth tinha realmente um motivo escuso quando me convidou. Só não posso falar disso agora, enquanto Matihew esíiver por perto. Você vai cair de costas quando souber.

Sean Wíllís apareceu na hora do chã. Vinha pedir a Abby para servir de babá enquanto ele estivesse fora de casa, atendendo a um parto.

- A Sra. Davíson está de folga e eu não posso deixar Miranda sozinha, explicou ele. É só por uma ou duas horas. No máximo, às oito estarei de volta.

- Vá com ele, assentiu tia Hannah, começando a tirar a mesa. Matt me ajudará a lavar a louça.

Já passava das dez quando Sean voltou, e Miranda fora dormir há mais de duas horas.

- Desculpe, disse ele. Não esperava demorar tanto. É que tive que fazer uma cesariana.

- Não precisa se preocupar, assegurou Abby, sorrindo, tentando disfarçar suas próprias preocupações. Por mim. tudo bem. E Miranda se comportou como um anjo.

- Ela é uma boa menina.

Abby notou que Sean parecia esgotado.

- Antes de ir embora, vou lhe preparar uma xícara de chá. Sente e descanse. Você trabalhou demais.

- Aceito só se me fizer companhia. Faz tempo que não sei mais o que é ter uma bela e atenciosa mulher esperando por mim depois de um dia de trabalho.

Tomaram o chá juntos, e Sean notou que Abby estava taciturna e abatida.

- Ouvi dizer que você esteve hoje à tarde na mansão. Como é? A Sra. Roth andou disparando suas setas venenosas?

- E a minha cabeça foi o alvo, disse Abby, suspirando. Mas como soube?

- O mundo é pequeno, e a nossa aldeia menor ainda. Por coincidência, a parturiente é irmã da Sra. James, e as novidades correm depressa em Rofhside.

- Mas isso não é novidade! Todo mundo sabe que a Sra. Roth não me suporta. Fico imaginando o que a Sra. James andou comentando. Não há nada que aconteça naquela casa que ela não saiba.

Sean abaixou a xícara e a olhou afentamente.

- Você parece amargurada. Não pretendia lhe causar aborrecimentos.

- Não foi você quem me aborreceu, Abby deu um sorriso frouxo. Acho que você está sabendo da nossa história. Sendo médico, as pessoas lhe fazem muitas confidências. Agora é melhor eu ir andando.

Ele segurou-a pela mão.

- Espere. Não vá ainda. Abby... Abby, se eu puder fazer alguma coisa por você, é só pedir.

- Ninguém pode fazer nada por mim - Abby levantou-se, disposta a ir embora. Obrigada pelo chá.

- Não! Espere! Quero realmente ajudá-la. Fez uma pausa. Acho que até sei qual é o seu problema. É Matthew. não é? Os Roth duvidam que o garoto tenha o mesmo sangue deles.

Abby engoliu em seco.

- Como soube?

- Com a prática, um médico aprende a conhecer não somente o físico das pessoas, mas também o íntimo. Muitos boatos correram por aí a esse respeito, principalmente depois daquela sua fuga precipitada. As pessoas faziam suposições, falavam...

- E o que diziam as pessoas?

- Oh, você sabe. Ele é ou não é o pai? Mas a maioria achava que era.

- Não me diga! disse Abby. A maioria... menos Piers.

- Piers? Mas por quê? Não me venha dizer que foi por causa daquela velha história sobre Tristan Oiiver.

Abby abaixou a cabeça, constrangida.

- Se eu lhe contar, promete que não comenta com ninguém?

- Dou-lhe a minha palavra de honra. Além do mais, os médicos são obrigados a manter segredos profissionais.

- Quando Piers foi fazer os exames pré-nupciais, foi considerado estéril.

- Estéril? Não é possível!

- Não é?

- Ora, Abby. você sabe melhor do que ninguém que isso é um absurdo. Corto o meu braço direito como Mati é filho de Piers. As características genéticas são evidentes.

- Mesmo assim, Piers não acredita em mim. Ele se baseia num relatório apresentado pelo Dr. Morrison sobre os exames.

- Morrison! Você está dizendo que foi o dr. Morrison quem mandou fazer os exames?

- Sim, é isso.

Sean balançou a cabeça.

-- Bem, talvez não seja ético dizer isso, mas o Dr. Morrison. quando cheguei aqui, já deveria ter-se aposentado há tempos.

- Isso significa que ele... ele cometia erros?

- Não cabe a mim acusá-io, mas existem uns dois ou três de seus pacientes aqui na vila que só por muita sorte ainda estão vivos. O Dr. Morrison já estava meio esclerosado. Esquecia das coisas,  era desorganizado, coitado, estava velho demais. O que eu estranho é que Piers se tenha submetido a esses testes. Na minha opinião, eie é um homem excepcionalmente saudável.

Abby hesitou antes de informar:

- Foi ideia da mãe dele. É que Piers tinha lido caxumba aos dezoito anos, e a Sra. Roth achou mais conveniente, pelas dúvidas, consultar o dr. Morrison.

Sean pareceu irritar-se.

- Mas Abby, milhares de homens já tiveram caxumba, inclusive eu, .sem que surjam efeitos colaterais.

- Eu sei. Mas naquela época eu não sabia. até... até...

- ... a!é que ficou grávida. - Sean terminou a frase por ela - Pobre Abby! Então foi por isso que você fugiu? Mas, agora que voltou, tudo recomeçou. - Franziu a testa. - O que não compreendo é por que a Sra. Roth está fazendo tanta onda com Matt, já que acha que ele não é seu neto. Pelo que andei sabendo, ela está ficando muito apegada a ele,

- Está mesmo - Abby fechou as pálpebras, expulsando as lágrimas. - Oh, a Sra Roth sabe que Matt é filho de Piers! Foi o que ela própria me afirmou. Mas como nunca gostou de mim. nunca aprovou o meu casamenio... bem... ela está querendo tirar-me Matt.

Sean estava abismado.

- Ela não pode fazer uma coisa dessas!

- Não. Legalmente não pode. Mas eia está me chantageando. Ameaçou-me que contaria a Matt que Piers não é pai dele, que ele é ilegítimo, se eu não ceder à vontade dela. Eslou no mato sem cachorro!

- Essa mulher é um monstro! Foi por isso que a convidou à mansão? Para lhe dar o golpe de misericórdia?

Abby concordou com cabeça.

- Não sei o que fazer...

Sean colocou-lhe as mãos sobre os ombros magros.

- Você precisa lutar, Abby. Não pode permitir que lhe tirem seu filho. Que diabo de homem é esse Piers Roth, que admite que a mãe leve adiante uma baixeza dessas?

- Pode ser que eJe não saiba o que está se passando. - Abby quis justificá-lo, sem muita convicção. - Ele está viajando.

- Foi para a Alemanha, eu sei. Mas não posso acreditar que a Sra. Roth tenha tomado uma iniciativa dessas sem a aprovação do filho.

Abby também tinha chegado àquela conclusão, e a confirmação de sua suspeita não ajudou em nada.

- Agora é melhor que eu vá. É muito tarde, anunciou, mas Sean ainda não encerrara o assunto.

- Tive uma ideia! Quando mudei para cá, herdei os arquivos do dr. Morrison. Você sabe, os fichários médicos de todos os pacientes que passaram por este consultório. Sc eu tiver sorte, talvez possa encontrar o tal relatório que ele fez sobre os exames de Piers. Pode levar algum tempo até achá-lo, mas se você quiser, poderei tentar.

Abby entreabriu os lábios, com uma expressão de ansiosa esperança nos olhos verdes.

- Você faria isso por mim?

- Quando você me olha desse jeito, eu faço qualquer coisa. Posso começar agora mesmo.

Abby pensou que não seria justo que ele varasse a noite consultando os arquivos.

- Não, hoje não. Amanhã eu volto. Afinal, quem esperou doze anos pode esperar mais um dia!

 

Capitulo XI

Na hora em que Abby chegou em casa. constatou, com alívio, que tia Hannab já se recolhera para dormir. Ela devia tê-la esperado até quase onze horas, pois o bule com chocolate que preparara ainda estava morno.

Para Abby, o sono era impossível. Apesar de cansada, aquele turbilhão de pensamentos que envolviam a chantagem da sra. Roth, o comportamento de Matthew, a ajuda de Sean Willis e suas próprias conclusões, mantinham seu cérebro ativo.

Virou-se e revirou-se na cama, tentanto não pensar em Piers e na sua cumplicidade com o plano da mãe, até que exausta, acabou adormecendo. Mas nem assim teve paz. Sonhou com Piers fazendo amor com Valerie Langton. na cama que pertencera ao casal.

Na manhã seguinte, perdeu a hora e desceu ainda de robe, pensando encontrar Matthew e tia Hannah já tomando o desjejum. Mas a cozinha estava vazia, e ela tornou a subir as escadas.

Primeiro foi para o quarto da tia. e a encontrou já desperta, mas prostrada. Abby tomou-lhe o pulso ansiosamente, fitando-acom preocupação.

- Como se sente? - perguntou, interrompendo uma tentativa da tia para comentar o assunto que ficara em suspenso. Acho melhor você ficar descansando mais um pouco.

- Mas são quase nove horas! Por que não me acordou mais cedo?

- É que eu também acordei tarde, acrescentou, carinhosa. Fique tranquila e repouse mais um pouco. Vou preparar-ihe o chá.

- Você chegou tardíssiino onten à noite. Esperei o máximo que pude para termos aquela conversa, mas depois desisti. Matthew também ficou aflito.                                 

- Matt? H por quê?

- Bem. Matt ainda alimenta esperanças de que você e Piers se reconciliem, e ele não gosta que você saia com outros homens.

- Sair? - protestou Abby. - Desde quando servir de babá é um programa?                        

Diante daquela admoestação velada. Abby sentiu-se na obrigação de contar-lhe sobre o imprevisto que retivera Sean por mais tempo do que o esperado.

- Hum.. - resmungou a tia. - Mas você ainda não me contou o que aconfeceu na mansão.

- Deixe-me antes preparar um chá. Eu não saberia falar, sem tomar antes algo estimulante.

Antes de voltar para a cozinha, Abby foi dar uma espiada no quartinho de Matthew. Era estranho que todos naquela casa tivessem dormido demais. Só pedia a Deus que Matthew não estivesse zangado por causa de sua saída notuma.

Mas quando abriu a porta, viu que a cama estava desfeita, porém vazia. Aonde eie teria ido? Por que não a chamara para dar-!he o desjejum? Normalmente, ele era de bom apetite.

Não querendo afligir tia Hannah, desceu logo as escadas para ir à procura do menino.

Revirou a casa, o jardim e o quintal, mas não o encontrou. A capa de chuva, que estava pendurada no cabide do hall também sumira.

Não era hábito de Matthew fazer uma coisa dessas, pensou, ao colocar a chaleira no fogo. Será que ficara ressentido diante de sua tolerância em permitir que fosse morar com a avó, achando realmente que ela queria iivrar-se deie? Ou se aborrecera com a amizade dela por Sean Willis? Colocando os dois fatos juntos, eíe bem que poderia ter-se sentido Sobrando.

Quando a água começou a ferver, seu cérebro também estava em ebulição. Onde teria se metido Matthew? Diante das circunstâncias, só poderia estar num lugar: Rothskie Manor!

Se ao menos já estivesse vestida, poderia ir até o telefone público, ligar para a mansão. Assim saberia da verdade, por mais dura que fosse.

Foi um martírio tomar o chã com tia Hannah, sem saber onde Matthew linha se metido e sem poder se abrir com ela. A ideia de que o filho optara por ir morar com os Roth era tão traumatizante que Abby não pôde reprimir um soluço.

- Você não deve deixar-se abalar tanto pelo que a Sra. Roth possa ter-lhe dito - disse a tia, querendo confortá-la. Matthew é um menino sensato, e mesmo que no momento esteja um pouco deslumbrado com as atenções da avó, logo que ele encontrar outro divertimento, as coisas entrarão nos eixos.

Se o problema fosse só esse!, pensou Abby com amargura, não querendo acrescentar maiores explicações. Aquele assunto deixaria tia Hannah ainda mais arrasada do que já estava.

Antes de mais anda. precisava encontrar Matthew.

Depois de tomar o chá, a tia recostou-se novamente nos travesseiros, com a fisionomia pálida e abatida.

- Não vou querer comer nada - disse ela, quando Abby sugeriu trazer-lhe uma torradas. Só preciso de mais um pouco de sono. Vá... vá dar o desjejum a Matthew. Ele está em fase de crescimento e precisa se alimentar bem.

Obviamente, em vez disso, Abby foi se aprontar rapidamente para sair e dar um telefonema.

Foi Malton quem atendeu à chamada, e, com um nó na garganta, Abby perguntou por Matthew.

- Matthew, sra. Piers? Por que acha que ele está aqui? - O mordomo parecia supreendido. Ninguém me avisou de que ele tinha sido convidado para pernoitar na mansão.

- E não foi. Oh, não faz mal. Deixe estar.

Abby saiu da cabine telefónica pior do que quando entrara.

Matthew fugira, e, exceção feita à casa da avó, não havia outro lugar para onde ele pudesse ter ido.

Num estalo, lembrou-se de Sean. Por que não pensara nele antes? O médico já ajudara uma vez, e sabia da verdade sobre Matthew.

A Sra. Davison atendeu à porta, olhando-a com aquela costumeira expressão de desconfiança.

- O Dr. Willis está fazendo uma cirurgia, disse ela. bloqueando-lhe a entrada. Se quiser, pode deixar um recado. Direi a ele para comunicar-se com a senhora mais tarde.

- Mas é muito urgente!

- Essa cirurgia também é, sra. Roth - retrucou a sra. Davison e, dessa vez, não parecia estar blefando. Já lhe disse, tão logo ele termine, direi para que entre em contato com a senhora.

- Oh. está bem e Abby virou-lhe as costas.

- Não quer deixar recado? Abby voltou a olhar para trás.

- Não. Só diga que o procurei.

Ao atravessar o gramado. Abby sentiu uma sensação crescente de solidão e desamparo. Nunca fora uma mulher fraca e dependente, mas naquele momento tinha chegado ao máximo de sua vulnerabilidade.

O que iria fazer? O que poderia fazer? Como Matthew podia ter feito aquilo com ela, sem dar-lhe uma chance de defender-se?

Ao chegar ao portão de Ivy Cottage, um carro freou às suas costas. Ao vírar-se. reconheceu a perua Mercedes e viu Piers ao volante. Mas o que a fez sentir um arrepio na espinha foi a figura muito tensa de Matthew, sentado ao lado do pai.

O menino abriu logo a porta e foi saltando, muito vermelho e sem graça, os olhos no chão, as mãos enfiadas nos bolsos do jeans.

- Desculpe, mamãe - disse baixinho, e Abby ergueu os ombros, sem saber o que responder.

- Vá para dentro - ordenou o pai, descendo do carro. Falo com você mais tarde. Agora, preciso ter uma conversa com sua mãe.

.- Oh. mas... - O olhar de Matthew saltava de um para o outro. Você vai lhe contar por que fiz isso. não vai? Eu não tinha intenção de aborrecê-ia.

- Está certo, mas vá andando, insistiu Piers, carrancudo, esperando que o menino entrasse.

Mas Abby teve que meter-se.

- Aonde você foi, Matt? - gritou, indo no seu encalço.

- Papai lhe conta. Posso fazer um sanduíche? Não comi nada até agora e estou morto de tome!

- Oh. claro que pode, disse ela. atordoada. entendendo cada vez menos.

- Agora, vá entrando no carro,disse-lhe Piers autoritário, mas Abby sacudiu a cabeça com veemência.

- Não. Qualquer coisa que tenha a me dizer pode ser dita aqui, na frente de iodos. Já estou cheia de tantas fofocas e não quero que levem mais histórias aos ouvidos de sua mãe principalmente depois do que ela andou me dizendo.

- Eu não ligo para o que os outros dizem.

- Mas eu preciso ligar. Oh, fale logo. Estou me congelando com esse frio!

Piers não gostou muito da idéia, mas começou as explicações.

- Matthew estava a caminho da mansão...

- Logo imaginei, interrompeu ela. A caminho? Então ele não chegou até lá?

- Não. Apanhei-o no meio da estrada. Sei que deveria tê-lo trazido mais cedo, mas é que andamos conversando. Era preciso que ele entendesse a situação.

- Que situação? Deu um branco na cabeça de Abby. Sobre voeê e a srta. Langton? Ele já está cansado de saber, e...

- Nada disso - Piers cortou-lhe a palavra, zangado. Estou falando sobre a situação a respeito dele. Quis explicar-lhe por que participei tão pouco da vida dele até agora.

Abby precisou segurar-se nas grades do portão.

- Não me diga que você lhe contou sobre... sobre...

- ... sobre a minha crença de que eu era estéril? Sim, contei - Piers pôs-lhe a mão saber. Foimelhor assim. Pobre criança! Se eu não o esclarecesse, ele poderia ter mil razões para me detestar.

Abby tremia tantoque mal se sustentava em pé, mas ainda teve forças para revidar.

- Então você fez isso! - gritou, aos soluços. - Você fez! Você contou! Sua mãe me disse que eu teria quarenta e oito horas de prazo! Oh, meu Deus. Você merecia ser morto! Como pôde fazer uma coisa dessas? Bateu-lhe furiosamente no peito com os punhos fechados, em total desespero. Vocês, os Roth, pensam que são os donos do mundo! E, chorando convulsivãmente, continuou a massacrando-o com .seus socos. Oh. Deus! Oh. Matthew!Quem me dera nunca ter nascido!

Piers deixou que ela desabafasse mais um pouco, mas depois segurou-lhe os pulsos e a puxou para dentro do carro.

- Entre! - disse com os dentes cerrados. Você não vai querer que a metade de Ruthside assista a uma cena de pugilato!

- Largue-me!

Abby ainda se debateu, tentando livrar-se dele. mas não conseguiu, e acabou caindo estatelada no banco da frente. Piers trancou a porta para que ela não escapasse e foi sentar-se a seu lado.

- Agora você vai me dizer por que todo esse escândalo! Ou prefere ir até a mansão para que eu possa saber da verdade pela boca de minha mãe?

Abby ficou tensa e endireitou-se no assento.

- Não se faça de desentendido, murmurou roucamente. Você sabia muito bem o que ela estava fazendo comigo. Aliás, deve até ter sido o autor da ideia!

Piers segurou-a pelo queixo brutalmente, obrigando-a a encará-lo.

- De que diabo você está falando'? Eu já a avisei, Abby! Não me faça perder a paciência!

Abby quis ler a mensagem daqueles olhos que a fitavam, rnas não conseguiu.

- Ora. você sabe! insistiu. Sua mãe deixou tudo bem claro. Parece que, afinal, você se compenetrou de que Matthew é seu filho, e agora quer que eu me curve à sua vontade soberana!

- O quê?

Se Abby não estivesse tão fora de si, possivelmente teria visto um autêntico assombro nos olhos de Piers. Mas assim, cabisbaixa, esgotada pelo desespero, tudo o que fez foi continuar a lamentar-se.

- Ela tinha me dado um prazo de quarenta e oito horas. Mas agora é tarde demais. Já é um fato consumado. Matthew vai me condenar pelo resto da vida!

- Santo Cristo! Você achou que ele estava com cara de condenação'? perguntou, furioso. Eu o trouxe de volta porque é aqui que ele deve estar, ao lado da mãe. Matt tem consciência disso, e sabe que eu nunca quis disputá-lo com você.

- Você nunca o disputou porque não acredita, ou melhor, não acreditava que ele fosse seu filho.

- Ok, um a zero pra você. Mas pode crer que não tive nenhuma intenção de tirá-lo de você. Mesmo que eu tivesse. Matt não concordaria.



  

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