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O caminho da esperança 7 страница



Sob seus pés havia um tapete de relva; Piers a fez deitar e começou a desabotoar-lhe a blusa e a saia.

Abby não tentara detê-lo. Ao contrário, ela própria começou a livrá-lo da camisa, numa ansiedade incontida. Quando os corpos nus de ambos se encontraram, ele sugou-lhe a língua rosada e ela gemeu de prazer.

- Pode chegar alguém, Abby sussurrara languidamente, quando aquele corpo moreno, agora inteiramente nu, se estendera sobre o dela.

- Deixe-os, dissera ele, saboreando-lhe a boca úmida. Só não peça para eu parar, Abby. Não vou poder.

- Não, não pare... - murmurou, mesmo sentindo aquela penetração palpitante em seu corpo.

- Relaxe... deixe que aconteça, disse ele, olhos nos olhos, e o grito que estava por escapar de seus lábios foi sufocado por mais um beijo.

Por um instante. Abby só sentiu dor, uma dor lancinante que nem mesmo as carícias daquelas mãos amorosas conseguiram suavizar. Foi então que ele começou a mexer-se, e ela pensou que Piers fosse se afastar. Para prendê-lo, circundou-lhe os quadris com as pernas, trazendo-o para mais perto.

- Abby... ele gemeu quando, enlouquecido pela paixão, começou a fazer movimentos convulsos, com o rosto soterrado em seus cabelos revoltos, até chegar ao êxtase.

Abby permaneceu ali deitada, contente por saber que o tinha satisfeito.

Só quando ele ergueu o corpo, apoiando-se sobre o cotovelo, é que ele teve consciência do que acontecera. O sangue subiu-ihe ao rosto, ao ver aqueles olhos que a fitavam, embranquecidos de prazer.

Com um suspiro, ele a beijou novamente, e ela passou-lhe os braços carinhosamenle pelo pescoço.

- Tudo bem com você? ela sussurrou ao seu ouvido, enquanto aquela boca úmida molhava-lhe o pescoço.

- Oh, Abby! ele murmurou, voltando a acariciar-lhe os seios desnudos. Abby, foi tão bom! Tão lindo! Mas da próxima vez será ainda melhor.

- Da próxima vez? Abby susteve o fôlego ao sentir-lhe uma nova ereção.

- Vai ser agora, disse ele, segurando-a possessivamente pelos quadris.

- Oh. não! Abby sacudiu a cabeça. Não assim, em seguida!

- Pois vai ser assim, disse ele, louco de desejo. Eu posso, e desta vez vai ser diferente. Prometo.

E fora. Tudo recomeçou, só que ela não ficou mais passiva, a espera do gozo dele. Acompanhou seus movimentos, num ritmo uníssono, e ambos alcançaram o clímax ao mesmo tempo.

Abby mal reconheceu sua própria voz, quando soltou um grito de prazer supremo...

 

Capítulo VIII

- Abby...

Só quando Piers a chamou foi que ela se deu conta de que já estavam estacionados no pátio interno da mansão. Teve a impressão de que ele estivera olhando, todo aquele tempo, como se estivesse vendo, numa tela de cinema, o desenrolar de seus pensamentos. Ficou rubra de vergonha.

- Eu... eu não vou descer, disse ela. Leve-me de volta, Piers. Além do mais. o que diria sua mãe se nos encontrasse aqui? Já imaginou a reação que ela teria?

- Estou pouco me incomodando com as reações de minha mãe. Tenho trinta e sete anos. Abby. É idade suficiente para tomar as minhas próprias decisões, como por exempio, convidar quem eu quiser para almoçar comigo. Rothside Manor agora me pertence, sabia disso? Santo Deus! É pedir muito que almoce comigo? Quero me separar de você como gente civilizada, apesar de não termos nos comportado assim durante o nosso casamento. .

Abby soltou um suspiro, olhando para Malton, o mordomo, que já estava no pórtico de entrada, com o guarda-chuva em riste.

- O que os empregados irão dizer?

- Provavelmente vão contar à minha mãe, retrucou, lacónico. E você se importa? Vamos lá, Abby. Umas duas horas juntos, é tudo o que eu peço, e acrescentou, com ironia: Ou será que você prefere ir tomar chá com o dr. Willis?

- Por falar nisso, você foi muito rude com ele!   - retrucou, indignada.

- Abby!

- Ora, esqueça, desistiu de argumentar. Só que não vou poder ficar muito tempo. Matthew deve estar doido para saber o que foi decidido sobre a escola.

- Matthew pode esperar.

Fez sinal para que o mordomo abrisse o guarda-chuva, e ajudou Abby a sair do carro.

Se Malton, ou a sra. James, que era governanta na casa há mais de vime anos, ou Jerrold, o encarregado das cocheiras, estranharam que Píers trouxesse a esposa desaparecida para almoçar na mansão, ao menos se abstiveram de fazer quaíquer comentário.

Aliás, a sra. James foi de uma polidez exagerada quando fez questão de acompanhá-la para lavar as mãos num dos banheiros do andar superior.

- É uma satisfação vê-lanovamente aqui, Sra. Piers, disse ela, esperando que Abby penteasse o cabelo.

A governanta sempre a tratara como Sra. Piers, para diferenciá-la da velha Sra. Roth.

- A satisfação é toda minha, sra. James, respondeu Abby, sem a menor sinceridade.

Estar aii, naquela casa que íhe trazia tantas recordações amargas, não era prazer nenhum. Fora uma idiota em deixar-se convencer por Piers a almoçar com ele.

O almoço foi servido na sala de jantar da família, assim chamada por ser bem menor do que a sala de jantar formal, onde eram recebidos os convidados. Mesmo sendo um ambiente mais íntimo, era tão luxuosamente mobiliado que chegava a intimidar, principalmente alguém habituado a fazer as refeições na cozinha de lvy Cotagge. Abby lembrou de como ficara nervosa ao entrar ali, nas primeiras semanas de seu casamento.

Foram servidos por uma copeira jovem e graciosa, chamada Susan, que Abby nunca vira antes. A moça desmanchava-se em sorrisos e atenções com Piers e Abby imaginou que aquela devia ser mais uma das "aldeãs do vilarejo" a sentir-se atraída pelo charme do dono da casa, tal como acontecera com ela própria, há muitos anos.

O almoço estava delicioso, mas Abby tinha perdido o apetite e mal tocou na comida. Piers pareceu apreciar o vinho, mas também devolveu o prato quase intato.

Pouco conversaram à mesa, pois sempre havia testemunhas por perto. Primeiro Susan, e depois a sra. James, que se incumbia de retirar os pratos ao final do almoço.

- O senhor não comeu quase nada, Sr. Roth, observou, com a familiaridade que os anos de serviço lhe credenciavam. Quem sabe a galinha não estava temperada a seu gosto?

-- A galinha estava excelente, Sra. James - afirmou Piers, levantando-se e dando a volta à mesa, a fim de puxar a cadeira para Abby. Acho que é esse tempo chuvoso que me tirou o apetite. Jerrold já foi levar o recado a sra. Caldwell, de que a Sra. Roth vai demorar-se?

- Sim senhor. Ele já voltou faz tempo. Quer que eu chame o motorista para levar a Sra... Sra. Roth para casa?

- Nao vai ser necessário. Eu mesmo vou acompanhá-la, obrigado.

O pequeno refeitório comunicava-se com um grande salão de estar, mas Abby teria preferido usar a porta da saída, em vez de acompanhar Piers para dentro daquele comodo.

Mas a Sra. James estava por perto, e ela não se atreveu a desobedecê-lo, quando a convidou para o café.

Logo que fecharam a porta. Abby pronunciou-se.

- Prefiro ir embora já.

Piers limitou-se a indicar-lhe a bandeja com o bule de café e as xícaras, que estava sobre uma mesinha:

- Sirva-se.

Ele próprio serviu-se de café e foi sentar-se no sofá ao lado dela.

- Diga-me uma coisa, começou Piers. Quando Matthew nasceu, como você fez para sustentar a ambos? Você não quis aceitar a minha ajuda financeira, portanto gostaria de saber como se arrumou.

Abby hesitou.

- Você está querendo perguntar se eu recorri ao supremo sacrifício de me prostituir? disse, ironica. E ele chegou a ficar roxo.

- Não foi isso que eu quis dizer. Simplesmente queria saber como vocês viviam.

- Por uns tempos recorri à Previdência Social, auxílio-maternidade. Você deve conhecer como funciona. Nem imagina como uma pessoa tem iniciativas quando está na pior.

- Você não precisava ter ficado na pior, retrucou ele. furioso. Pelo amor de Deus, Abby! O dinheiro estava lá, à sua disposição! Por que não o usou?

- Usá-lo para o filho de outro homem? Abby sabia ser cruel e sarcástica quando queria. Ora, Píers, eu tinha conservado um restinho de amor-próprio. Você não ia me despojar também disso, como de tudo o mais!

Piers levantou-se e começou a caminhar pela sala, inquieto.

- Quando o bebé era maiorzinho, você conseguiu um emprego, não foi mesmo? E quem tomava conta da criança enquanto você ia trabalhar?

- De início, arrumei uma mocinha como pajem. E quando ele tinha idade suficiente, deixava-o numa escolinha maternal.

- E nunca escreveu a Oliver? Não o viu mais depois que você foi embora de Rothsíde?

- E por que deveria?

Abby não estava a fim de dar tantas explicações. Piers se desinteressara dela durante dozes anos. Por que haveria agora de satisfazer-lhe aquela curiosidade tardia?

- Está na hora de eu ir andando - declarou, tomando o último gole de café. - Agradeço pelo almoço. Estava ótimo. Se eu não tiver oportunidade de ver a Sra. James, cumprimente-a por mim...

- Abby! A voz angustiada de Piers a deteve, e ele veio postar-se à sua frente, as mãos nos bolsos do paletó. Abby, não vá ainda.

Ela empertigou-se.

- Porque não?

- Ainda não terminamos de falar.

- Eu já terminei.

-- A nossa conversa está com onze anos de atraso!

- Oh, essa não, Piers! Pode até ser que o seu recente envolvimento com Matthew o autorize a querer conquistar a confiança e a amizade dele. Mas comigo é diferente. O fato de você estar ajudando Matt não lhe dá o direito de fazer um interrogatório policial sobre a minha vida.

- Mas Abby...

- Nossas vidas são separadas, Piers! Separadas, ouviu? Eu não espero nada de você e você não deve esperar nada de mim.

Piers estreitou os olhos. Sempre poderei interrogar Matthew, e você sabe disso.

Abby sacudiu os ombros.

- Fica a seu critério.

- Não se incomoda do que eu possa dizer a ele sobre você?

- Oh. Piers! Abby o encarou com a boca tremula. Afinal, o que você quer de mim? Por que me trouxe aqui? O que realmente espera ganhar com isso?

- Já lhe disse, retrucou ele de maus modos. Queria que conversássemos como duas pessoas civilizadas e, se possível, que nos tornássemos amigos.

- Amigos! exclamou ela, em tom de mofa. Não faz nem um mês que você me disse que não queria me ver nunca mais!

- Eu sei.

- E então?

- Pois bem. Taivez eu tenha falado sem pensar, numa hora de raiva. Talvez não fosse bem isso o que eu queria dizer. Talvez eu tenha me revoltado por reconhecer que ainda não tinha conseguido me libertar do fascínio que você exerce sobre mim.

Abby abriu a boca, mas não conseguiu falar. A muito custo, balbuciou:

- O... o quê?

- Você me ouviu bem. E continuou, como se sentisse menosprezo por si mesmo. É patético, não é? Depois de todo esse tempo, descobrir que ainda a quero.

- Você está maluco!

Em seguida, correu para a porta, querendo sair dali o mais rápido possível. Mas ele foi mais ágil e interceptou-lhe a passagem.

- Calma! Não precisa ficar desse jeito! Tudo o que eu disse é que ainda me sinto atraído por você. Abby, mas... Afastou-se, deixando-lhe o caminho livre. Mas não tenho a intenção de repetir os erros passados.

Abby chegou a suspender a respiração pelo impacto daquela declaração posterior. Por um instante, chegou a acreditar que Piers a trouxera ali para fazer amor com ela. E, apesar da sua primeira reação ter sido de pânico, reconheceu que a razão de seu medo estava nela própria. Não teria resistido à tentação, essa é que era a verdade.

Olhou-o de forma ausente, para não dar mostras de seu conflito íntimo.

- Pode me ievar para casa agora? perguntou, gélida.

- Se você insiste.

Mas antes que a porta fosse aberta, ouviu-se uma batida, e o rosto redondo da Sra. James apareceu peia abertura, com uma expressão de quem pede desculpas.

- Sinto muito incomodá-lo, senhor, mas Partridge está aqui. Parece que houve uma inundação lá na várzea, e ele queria dizer-lhe duas palavrinhas.

Piers olhou hesitante para Abby, e ela apressou-se em propor:

- O motorista não poderia me levar para casa? Assim, evitaria causar-lhe transtornos. Só não vou a pé por causa da chuva.

- Não há problema, senhor. Posso mandar chamá-lo já, concordou a Sra. James, muito afoita, como se estivesse doida para se iivrar daquela visita indesejada.

- Eu acompanharei a Sra. Roth tão logo tenha atendido a Partridge, Piers asseverou secamente. Só sinto que você tenha que esperar uns minutinhos, acrescentou, amável, dirigindo-se a Abby, que ficou sem ação.

Depois que Piers saiu da sala. a sra. James sentiu-se na obrigação de fazer as honras da casa.

- Gostaria de tomar mais um cafezinho, Sra. Piers? Esse já deve ter esfriado, e não me custa nada...

- Não, obrigada. Só gostaria de ir ao banheiro novamente, declarou Abby, já senhora de si.

E a governanta dispôs-se a acompanhá-la, como da primeira vez. Mas Abby é que não estava disposta a tê-la atrás dos calcanhares como um cão de guarda.

A governanta não gostou muito, mas não teve alternativa, senão retirar-se.

Abby subiu por aquelas escadas tão suas conhecidas, e, ao chegar ao primeiro lance, uma curiosidade irresistível apossou-se dela. Em vez de ir para orbanheiro, resolveu entrar no quarto de Piers.

Não era o mesmo quarto que eles haviam compartilhado durante o breve período do casamento. Era um quarto de solteiro, austero e impessoal, e a única evidência de que tinha um ocupante eram os objetos de toalete que estavam sobre a comoda e um porta-retratos colocado na mesinha de cabeceira:

A fotografia era de Valerie Langton. Abby reconheceu-a num só relance. Mas, sem poder reprimir-se, atravessou o quarto e pegou no porta-retratos para examiná-lo mais de perto.

- Essa foto foi tirada em Badminton, quando Vai competiu num campeonato de esqui.

A voz inexpressiva vinha da porta, e Abby levou tamanho susto que largou o porta-retratos, deixando-o cair e espatifar-se no chão. Os cacos de vidro se espalharam pelo carpete.

- Sinto muito, desculpou-se, olhando para o estrago. Se não se importa, vou levá-lo comigo para mandar trocar o vidro. Não era minha intenção quebrá-lo, mas você me assustou.

- O que está fazendo aqui? perguntou Piers, em vez de responder, A Sra. James me disse que você pediu para ir ao banheiro. Ou seria só um pretexto?

- Não! Eu queria mesmo ir ao banheiro. Entrei aqui só por curiosidade.

- Curiosidade? Piers encostou-se ao batente da porta. De quê? Ele não estava ajudando em nada, e Abby preferiu cortar o assunto.

- Vamos esquecer tudo isso? Levo o porta-retratos para consertar e pronto! Abaixou-se e começou a catar os cacos, sem saber o que estava fazendo, e uma das lascas feriu-lhe o dedo.

- Maldição! - gritou ela, chupando o sangue.

- Largue isso aí! - gritou Piers, ainda mais alto. E agora, quero saber o que veio fazer no meu quarto. O que esperava encontrar aqui? Alguma calcinha sua, esquecida em outras épocas?

O sangue, dessa vez, subiu à cabeça de Abby.

- Seu sujo! E agora saia da minha frente, que eu quero ir lavar este dedo e retocar a maquilagem.

- Vai mesmo? Será que não terá também curiosidade em saber como foi redecorado o quarto de casal, para quando Vai vier morar aqui comigo? Por que não vai dar uma espiada? É na porta pegada, você sabe.

- Não estou nem um pouco interessada nas mudanças que a srta. Langton possa ter feito.

- Não mesmo? E se eu lhe disser que ela tirou aquele tapete lindo de Aubussone que removeu a escrivaninha francesa de que você tan!o gostava?

Abby recusou-se a ser provocada.

- Não interessa! E agora, quer sair do meu caminho, ou prefere que eu chame a Sra. James?

- Você faria isso? Piers afastou-se da porta. Pois muito bem. Vá chamá-la, se é isso que você quer. Direi a Va! que você não aprovou as alterações. Está bem assim?

- Seu... seu cachorro! - explodiu Abby. OK, mostre-me as modificações que essa sua noivmha fez no quarto de dormir. Você vai ver o quanto isso me atinge! - disse, desdenhosa.

Piers levou-a até o quarto do casal, e ela surpreendeu-se com o que viu. Tudo estava exatamente iguai aos velhos tempos.

- Você não pensou que Val ia querer usar o nosso amigo quarto, pensou? - perguntou ele, zombeteiro. As acomodações que minha mãe reservou para nós sequer estão nesta ala da casa. Eu estou dormindo no meu antigo quarto de solteiro só até a data do casamento.

Abby recuou, como se tivesse levado uma punhalada no coração. Piers dissera aquilo deliberadamente. só para feri-la. Será que sabia o que ela ainda sentia por ele? Queria espezinhá-la, crucificá-la? Por que haveria de permitir tal coisa? Se ainda sentia algo por ela haveria de valer-se dessa fraqueza para vingar-se.

- Lembra-se de quando vínhamos até aqui nas tardes chuvosas? começou a dizer Abby acariciando o acolchoado da cama.

Piers ficou rígido.

- Estou de acordo com a sua sugestão. Por que não vamos andando?

- Só mais um minuto!   

- Abby!

- Lembra-sc? eia continuou, insinuante. Costumávamos vir até aqui nas tardes de chuva, como a de hoje. e...

Piers a segurou pelos ombros e a sacudiu.

- O que você está querendo fazer comigo? Perguntou, jogando-a sobre a cama. Estamos nos divorciando, !embra-se? Você estava certa. Foi um erro tê-la trazido, aqui em casa. Eu não estava no meu juízo perfeito!

Abby sorriu-lhe, contente por ter conseguido tanto com tão pouco esforço.

- O que há com você, Piers? instigou-o. Você está fingindo indiferença, ou a proximidade do meu corpo já não o excita mais? Será que sua mãe conseguiu convencê-io de que, além de estéril. você é também impotente?

Aquilo foi a gota d'água. Piers subjugou-a com toda a força de seu corpo vigoroso e Abby deu-st conta de que o tiro saíra pela culatra.

- Piers, pare! Você vai se odiar por fazer isso... Vai se desprezar...

- Eu me desprezarei ainda mais se não for até o fim. Não, me rejeite, Abby. Não vou machucá-la. Não vai ser como da primeira vez.

Mas foi. Não que ele a tivesse machucado, mas reviveram todos aqueles momentos de paixão com ânsia redobrada pelos longos anos de separação.

Enfim saciados, perceberam o que tinham feito. Abby pulou da cama e começou a catar suas roupas esparsas pelo chão. Não suportando a vergonha de vestir-se na presença de Piers, levou tudo para o banheiro.

Antes de tornar a vestir-se, tomou um chuveiro rápido para livrar-se do odor dele, que emanava por todos os seus poros. Mas as marcas dos seus beijos tinham ficado impressas por todo o corpo.

Pouco depois, voltou para o quarto e o encontrou já pronto, esperando por ela.

- Tudo bem? - perguntou Piers, sem emoção. Então, vamos indo?

Ao descerem, encontraram a Sra. James no hall. A governante olhou-os intrigada. O que estaria da imaginando? O que diria ã mãe de Piers? E como reagiria a velha senhora ao descobrir que Abby estivera a sós com Piers por tanto tempo?

- A Sra. Roth já está de saída - disse-lhe Piers, muito seco.

Ao empurrarem a porta basculante que dava para o pátio de estacionamento, ouviram o ruído de pneus rangendo no cascalho.

- Sua mãe chegou mais cedo do que o esperado, comentou a Sra., James, com evidente satisfação, quando Malton apareceu para levar-lhe o guarda-chuva. A chuva estragou-lhe o passeio. Ela vai ficar admirada em vê-la aqui, Sra. Piers.

Piers lirou o guarda-chuva das mãos do mordomo e empurrou Abby em direção ao Daimler.

- Entre! ordenou ele. abrindo-lhe a porta. Abby obedeceu prontamente, para evitar o inevitável confronto com a Sra. Roth.

- Piers!

O chamado da mãe impediu que Piers entrasse tambem no carro. Resignadamente. ele voltou para o portão.

- O que está havendo por aqui? Abby ouviu a sra. Roth perguntar, lançando um olhar malévolo em sua direção.

Não chegou a ouvir a resposta de Piers, pois ele impeliu a mãe para den­tro de casa. Pouco depois, já estava de volta e acomodava-se ao volante. Abby não ficou admirada por tanta rapidez e eficiência. Mas certamente Piers não fizera aquilo por ela. Desejara apenas evitar uma cena.

- Eu... eu te odeio! - Balbuciou ela convulsivamente.

- Não foi essa a minha impressão - disse ele, calmamente, entrando na estrada para Rothside. Não diga nada, Abby. Não vamos começar com recriminações. O que aconteceu, aconteceu. Ninguém precisa se arrepender. Digamos que foi o encerramento de uma era. Olhou-a de soslaio, quem sabe, agora cada um de nós poderá recomeçar novamente a viver.

Abby estava à beira das lágrimas quando chegaram em frente ao portão de Ivy Cottage. Nenhum dos dois se mexeu, e ficaram em silêncio por um longo tempo, até que Piers sussurrou:

-- Meu Deus! Por que ainda te quero tanto? Por que você entrou novamente na minha vida, justamente quando pensei que estivesse tudo acabado?

- Piers!

- Eu sei. Você me odeia e me despreza. Mas acredite-me: não tanto quanto eu mesmo me odeio e me desprezo!

 

Capítulo IX

Se tia Hannah achou estranho que Abby não tivesse convidado Piers a entrar, não fez qualquer comentário, e Matthew estava por demais ansioso; em saber detalhes sobre a nova escola para dar atenção àquela partida rápida do pai.

- Como é o prédio? Você viu as safas de aula? Eles têm campo de futebol? - perguntou o menino, sucessivamente, e Abby teve que explicar que, à parte a entrevista com o diretor, ela pouco vira das instalações do educandário.

- Você poderá vê-las pessoalmente na próximasemana. Se tudo der certo, seu pai e eu vamos íevá-lo para dar uma olhada.

- Oba! - exclamou o garoto, entusiasmado. E Abby ficou aliviada pelo futuro do filho não ter sido prejudicado por seu ato impensado.

Mas a tia não era do mesmo parecer, tão logo Matthew subiu para ir dormir, ela fez a pergunta que estava atravessada na garganta, desde a tarde.

- Você achou ajuizado ter ido à mansão para se meter em novas confusões com a Sra. Roth?

- Não houve confusão alguma - assegurou Abhy, precavida. - Ela não estava em casa. Piers e eu almoçamos sozinhos. Pelo menos tão sozinhos quanto seria possível, com aquele vaivém de empregados.

- Ainda bem. É que você demorou tanto que pensei, tolamente, que já tinha acontecido algum problema com a mãe de Piers.

- Oh, não, Abby ficou contente pelas labaredas de fogo da lareira disfarçarem o rubor de suas faces. A sra. Roth não voltou até a hora em que já estávamos de saída. Nem cheguei a falar com ela. Estava chovendo, sabe, e eu já tinha entrado no carro.

- Hum...

Hannah parecia suspeitosa, mas não insistiu no assunto, e começaram a falar sobre Matthew e Abbotsford. Nos dias que se sucederam, nada de importante aconteceu. Abby soube, através de conhecidos, que Piers e Valerie tinham partido para a Alemanha, e remoeu-se com a ideia de ele ir para a cama com a moça. Chegou a ter insonia por causa disso.

O tempo melhorou, e Matíhew ofereceu-se para cuidar do jardim e da horta de tia Hannah. Abby sentiu-se orgulhosa em ver que o filho estava disposto a colaborar na manutenção da casa.

O único aconíecimentp fora da rotina foi a visita do Dr. Sean Wilíis à tia e o convite que fizera a Abhy para que fosse jantar com ele, que foi aceito sem hesitação.

Mas. para surpresa da sobrinha, a tia não se mostrou muito entusiasmada.

- Você acha prudente sair com outro homem, quando Matthew acaba de descobrir quem é o próprio pai?

Colocado daqueia forma, até Abby teve restrições ao convite.

- Não pensei nisso. Dificilmente aceito convites para sair a noite. Mas é que Sean tem sido tão bondoso, tão amigo...

- Não é de admirar, lhe disse muitas vezes que você é uma moça bonita e atraente. Quai o homem que não se sentiria orgulhoso em sair com você?

Abby sorriu, condescendente.

- Vou consultar Maít decidiu. Explicarei a ele que, assim como Piers tem essa... essa Srta. Langton, eu também tenho o direito de ter os meus amigos.

Hannah meneou a cabeça.

- Não se surpreenda se ele for contra. As regras sempre foram mais liberais para os homens do que para as mulheres, e Matthew pertence ao sexo masculino, lembre-se disso.

Conforme o previsto, Matthew emburrou quando Abby foi dizer-lhe o que planejava fazer.

- E se papai voitar? Ele deve estar de volta hoje ou amanhã. O que a gente diz para ele?

- A verdade e nada mais, retrucou Abby pacientemente. Matt, seu pai e eu estamos nos divorciando, você está cansado de saber. O que eu faço da minha vida só a mim compete. Não tem nada a ver com seu pai.

Matthew fez um muxoxo.

- Não há chance de vocês dois ficarem juntos novamente?

- Não.

Ele deu um suspiro sentido.

- Você voltaria, se ele lhe pedisse.?

- Não, Abby foi ríspida. Matt, isso é pura perda de tempo. Nós dois não temos nada em comum.

- Têm a mim! - insistiu Matt.

- Sim, está bem. Agora preciso ir me arrumar. O Dr. Wiliis ficou de me apanhar às sete.

Apesar dessa conversa com Matthew. Abby apreciou a noitada. Jantaram no restaurante de um hotel, em AInbury. A comida estava ólima e Sean era uma exceiente companhia. Ele chegou a fazer confidências sobre sua vida, contando como fora difícil ser aceito em Rothside, no início de sua carreira.



  

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