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CAPÍTULO V 4 страница



Claro que isto era mais fácil de se dizer do que de se fazer. Patrick Connolly estava longe de ser paciente ou compreensivo e todo mundo sabia o quanto ele era impiedoso quando se tratava de negócios. Em mais de uma ocasião mostrara-se bastante rude com Andréa e não seria nada fácil convence-lo de que ela estava inocente em toda aquela história.

Ao voltar a suíte, encontrou Janete acordada. — Onde é que você foi? Ah, na piscina! Seu joelho não dói quando você nada?

— Não especialmente. Precisava de um pouco de exercício. Você ficou acordada até muito tarde?

— Bem tarde. E por falar nisso. Andréa. Axel trouxe um amigo ontem à noite. Um conde Heinrich von Reicher.

Andréa, que se enxugava no banheiro sentiu os nervos tensos. — Com quem então o barão veio ontem à noite? —- indagou, afetando não se interessar nem um pouco pelo assunto.

— Oh, sim — respondeu Janete muito animada por ter tantas novida­des para contar. — Chegou logo depois que você foi se deitar. Disse-lhe que você estava cansada e ele mostrou-se muito compreensivo.

— Que bom. . . — Andréa tentou não demonstrar muito sarcasmo na voz, mas Janete parecia não perceber nada,

— Mas como ia dizendo, ele trouxe um amigo, o Conde Heinrich von Reicher. Chegaram mais ou menos às dez e quinze. O conde está passando alguns dias em Grossfeld. Ele e Axel freqüentaram a mesma escola ou qualquer coisa no gênero. É alemão e extremamente gentil.

Andréa saiu do banheiro e começou a vestir-se. — Ele tem a mesma idade do barão? — perguntou, obrigada a demonstrar algum interesse pelo assunto.

-— Sim, mas eles não se parecem nem um pouco, Axel é alto e Heinrich tem mais ou menos um metro e setenta, cabelos e barba mais para o ruivo.

— E... O barão combinou... Vir ao hotel hoje? — indagou Andréa, tentando parecer o mais casual possível.

— Não. Por quê? Você queria vê-lo?

— E por que haveria de querer vê-lo?

— Talvez você quisesse agradecer novamente tudo o que ele fez. Você teve sorte de ele ser quem é, não é mesmo? Imagine se o dono do chalé fosse uma outra pessoa, com más intenções. Acho que você não estaria em condições de repeli-lo, não?

— Não. — As palavras de Janete haviam mexido com ela. Fora por isso que ele achara tão fácil humilhá-la? Porque ela se encontrava fraca e cansada, sem torças para resistir? A coisa até chegava a fazer sentido. Mas. . . — Vamos indo? — sugeriu.

Durante a manhã Andréa tentou escrever a seu pai, sem o menor su­cesso. Era impossível transportar para o papel tudo o que sentia. Além do mais estava convicta de que Axel apareceria de um momento para outro, perguntando por que ela não havia aparecido na noite anterior, o que a deixava enervada.

Ao chegar a hora do almoço, Andréa sentia-se francamente inquieta Janete fora com Roy e Susie até o lago em Seegold. Onde estaria Axel'? Por que ele não aparecia e terminava de uma vez com tudo aquilo?

Foi ao restaurante paro o almoço. Quando estava na metade, Axel entrou acompanhado por um homem corpulento, em que Andréa reco­nheceu o conde descrito por Janete. Para sua grande surpresa ele dirigiu-lhe apenas um leve aceno de cabeça c sentou-se em um lugar bem afas­tado dela.

Que espécie de artimanha Axel estaria usando? O que estaria tentando fazer com ela? Sentiu vontade de ir até a mesa dele perguntar por que ele não se dignava cumprimentar a mulher com quem supostamente ia se casar. Acaso estaria com vergonha dela? Não seria, ela o tipo de esposa que o conde consideraria aceitável para um membro da nobreza austríaca? Nunca na vida estivera em situação tão ambígua e lançou um olhar agressivo sobre Axel.

Ele, pelo visto, ignorava aquela tempestade emocional. Estava displi­centemente recostado na cadeira, fumando um charuto e conversando com seu amigo. Talvez eles nem mesmo percebessem sua presença naquele momento, c Andréa enterrou as unhas nas palmas das mãos. "Que ani­mal, que porco!", pensou. Ele estava fazendo aquilo de propósito para humilhá-la. Recusava-se a ficar sentada e submeter-se a sua indiferença.

Empurrou a cadeira e pôs-se de pé, na expectativa de que Axel se levantasse ao ver que ela se retirava. Ele não o fez, porém. Aliás, nem sequer notou sua partida e ela fez o possível para não mancar demais enquanto se encaminhava rapidamente para a porta.

Ao chegar ao quarto, andou de um lado para o outro, tomada de impaciência. Desejava que Janete ou Roy estivesse no hotel, pelo menos teria com quem falar. Acima de tudo,desejava ter coragem de aproximar-se de Axel von Mahlstrom e dizer-lhe exatamente o que pensava a seu respeito!

Aos poucos seu ressentimento dispersou-se, dando lugar a um sentimento ainda mais perturbador de impotência. Como enfrentaria estas se­manas, até a chegada de seu pai?

 Estava sentada na sala de estar da suíte, tentando ler quando Janete chegou. Estava muito corada e atraente, após passar o dia inteiro ao ar livre.

— Você deveria ter vindo conosco, Andréa. Imagine só, ficar aqui sem ninguém! Não deve ter sido nada divertido.

— De fato! — respondeu Andréa, tentando não pensar no que tinha ocorrido na hora do almoço. — Vocês esquiaram?

— Eu não, somente algumas pessoas do grupo. Nunca tinha visto antes um lago congelado. E você, o que fez?

— Fiquei por aqui, como você notou — replicou Andréa.

— Não conversou com ninguém?

— Não. Exceto com o garçom, na hora do almoço.

— Hum. . . Axel está lá embaixo.

— É mesmo? — Andréa procurou se conter.

— Sim. Com Heinrich. Você não quer ir tomar chá?

— Não, obrigada.

— Como quiser. Só que Roy vai ficar desapontado.

— Achei que você sentia pena de Ruth e desaprovava meus contatos com ele.

— Bem... Ela não é tão agradável como eu imaginava no início. Ontem à noite começou a agredir o conde, só porque ele admirou o colar que ela usava. Era um medalhão de metal e ele disse que lhe lembrava a Cruz de Ferro, uma condecoração ganha por seu pai na última guerra.

— Só que ele lutava do outro lado, imagino — comentou Andréa, divertida com o ciúme óbvio de Janete.

— imagino que sim. Só que agora acabou tudo, não é mesmo? A gente não pode continuar sempre em guerra. Não tenho preconceitos desse tipo. Gente é gente e Heinrich não pode ser responsabilizado pelas opiniões políticas de seus pais,

— Heinrich? — Arqueou as sobrancelhas. — Você também o chama pelo nome de batismo?

— Sim... Janete corou. — Axel apresentou-o como Heinrich. Ele me chama pelo meu nome, também.

— Percebo. E qual é a profissão dele?

— Ele não é um joão-ninguém, se é isto que você está insinuando. Tem um carro esporte italiano e está hospedado no Berghof. E pela roupa que usa, deve ser milionário.

— Muito bem! Pelo menos você lerá o que contar, quando voltar para casa.

— Hmmm. — Janete parecia pensativa. — Você não vai mesmo descer?

— Já, já, não.

— Pois eu acho que você deveria descer. Você não pode passar a noite inteira sentada aqui.

— E por que não?

— O que é que os outros vão pensar?

— Não me importo muito — replicou Andréa, um tanto tenso. Mas não era verdade e ela sabia perfeitamente disso.

 

                            CAPÍTULO IX

 

A seqüência dos acontecimentos determinou que Andréa descesse para o jantar, ao contrário do que havia planejado.

Assim que Janete saiu, foi até seu quarto, despiu-se e encaminhou-se para o banheiro. Estava se enxugando quando bateram a porta da suíte. Pensando que se tratasse de alguma criada, ordenou que entrasse. Ficou pasma no momento em que Axel entrou na suíte.

Imediatamente Andréa semicerrou a porta do quarto, porém ele a vira:

— Seu corpo parcialmente despido para mim não é nenhuma novidade. Andréa. Venha cá e pare de comportar-se como uma virgem pudica. Este papel não lhe cai bem.

Furiosa Andréa abriu a porta e permaneceu na soleira. — O que você deseja?

— Por que você está aí ofegante como uma prima-dona temperamental? — perguntou em tom agressivo. — Você vai cedo para a cama para evitar minha companhia e depois se comporta como uma estrela ultrajada porque eu a ignorei na hora do almoço. . .

— Foi assim que você agiu, é? Pois nem notei.

— Notou, sim. — Havia desprezo em seu olhar. — E saber que você mente com muita desenvoltura não melhora em nada sua imagem.

— Eu dizendo mentiras? Como você ousa me acusar. . .

— Cale-se! Estou afirmando que este é o seu modo de agir.

— Quer fazer o favor de ir embora? — Andréa chegara a ponto de saturação. — Não sou obrigada a ficar em silêncio, vendo-o se compor­tar como um tirano do século passado! Aliás, o que é que você está fazendo aqui? O que faria se Janete entrasse subitamente? Procuraria o primeiro buraco para se abrigar, agindo conforme o rato que você é?

Ele cobriu o espaço que os separava com uma velocidade queela jamais haveria de esperar, mas seus reflexos foram rápidos e ela fechoua porta do quarto antes que ele pudesse tocá-la. A estratégia, no entanto, revelou-se pouco eficaz. Não havia fechadura na porta e ele abriu-a sem precisar de muito esforço. Ela não teve tempo de correr até o banheiro e ficou parada, tremendo no meio do quarto, esperando a reação dele.

A cena, à medida que ele avançava, tomava as proporções de um filme de horror, Andréa apertou a toalha de encontro ao corpo e esperava que a qualquer momento ele a arrancasse, expondo impiedosamente seu corpo.

— Oh... Oh, seu animal! — Lágrimas de frustração vieram-lhe aos olhos enquanto ela se afastava. — Por que não vaiembora e me deixa sozinha? Oh, meu Deus, antes eu nunca tivesse posto os olhos em você!

— É mesmo? Por quê? Só porque eu não me ajusto à sua concepção do que deveria ser um nobre arruinado? Esquece-se, Fràulein de que minha família descende dos hunos. Creio que já ouviu falar deles, de sua vida nômade e de sua grande habilidade como caçadores. . .

—... E do modo como pilharam e arruinaram a Europa — ela o interrompeu. — Claro que já ouvi falar deles.

— Sim, muitas de suas ações não eram assim tão recomendáveis, mas é preciso reconhecer que geralmente eles conseguiam o que queriam.

— Até serem derrotados!

— Foi a cobiça que os derrotou, Liebchen, e desse defeito eu não pa­deço. Contento-me com aquilo que me toca.

— Você tem a moral de um... De um...

Ele parou diante dela e tão perto que quase a tocava. Fitou-a irado e ela oscilou ligeiramente. Sua proximidade a deixava nervosa. A respi­ração ofegante dele era semelhante á dela e seus olhos sentiram-se irresis­tivelmente atraídos por uma veia que pulsava no pescoço dele. Seus olhos detiveram-se sobre o nó da gravata e baixaram até fixar-se na fivela do cinto. Recordava-se com precisão daquela pele macia que cobria os músculos do seu peito e estômago e um calor carregado de sensualidade invadiu-lhe o corpo. Como se não pudesse mais se controlar, inclinou-se para ele, porém Axel segurou-lhe os pulsos e com crueldade deliberada afastou-a.

— Ah, não — disse-lhe com brutalidade. — Agora não, desse jeito não. O que há? Já não pareço mais um rato?

— Estou pensando em palavras menos amáveis.

— Então por que não as emprega?

— Não tenho o hábito de recorrer a elas.

— Bem. . . Vamos falar de coisas mais práticas. Descerá para o jan­tar, ja?

 — Você não pode me obrigar. — Ah, não vamos começar tudo de novo. — Ele agora parecia impa­ciente. — Vai jantar, sim, e vai parar de comportar-se como uma colegial mimada. A futura Baronesa von Mahlstrom deve comportar-se com digni­dade e boas maneiras.

— Não serei a futura Baronesa von Mahlstrom! — exclamou furiosa.Você pensa que tudo vai se passar de acordo com seus planos, não? Naturalmente acha que a gravação e o telefonema para meu pai resolvem a situação. Mas não é verdade. Quando meu pai chegar, eu lhe contarei tudo, está me ouvindo? Tudo! E então veremos em quem de acredita.

Axel permitiu-lhe aquele momento de triunfo, mas logo em seguida segurou seus ombros nus; acariciando sua pele macia com perturbadora insistência.

— Deixe-me dizer-lhe algo. Andréa. Conheço um bocado a seu respeito e a respeito de seu pai, o suficiente para saber que ao mesmo tempo em que você assume uma certa independência em relação a ele, nada faria para magoá-lo. Você pode imaginar como ele se sentiria se você o enga­nasse? O que aconteceria, se você me denunciasse como um chantagista imediatamente após seu pai anunciar nosso noivado? Pois fique sabendo que eu negaria tudo. E então o que seria de você, incapaz de provar o que quer que fosse? Talvez eu a processasse por calúnia e difamação.

— Como você é baixo!

— Por favor, não suporto ouvir palavras desse tipo nos lábios de uma mulher, especialmente quando elas me dizem respeito.

Ela retirou a mão de Axel de seu rosto, mas ele sentou-se na cama e enlaçou com as pernas o corpo dela. Mantendo-a segura, levou a mão dela aos lábios e abrindo-a depositou um beijo na palma.

Andréa estremeceu. Aquele contato era tremendamente sensual e enfraquecia todas as suas resistências. Sentia desejos de enterrar as mãos nos cabelos finos e macios de Axel. Ele então ergueu a cabeça e fitou-a bem dentro dos olhos. Seus lábios descerraram-se involuntariamente, sua respiração acelerou-se e ela abandonou-se a seus braços. Os lábios de Axel roçavam os dela, em uma seqüência de caricias inconseqüentes que estimulavam seu desejo, mas nada faziam para saciá-lo. Tentou segurar o rosto de Axel entre as mãos, tentou apoiar seus lábios sobre os dele, mas ele a evitou, procurando a curva de seu pescoço, a pele macia de seus ombros e colo, enquanto os dedos exploravam os orifícios das orelhas.

— Axel. . . Axel. . . Por favor, pare de me atormentar. . .

— Muito bem.

Com um movimento ágil ele se levantou c, antes que ela tivesse tempo de protestar, encaminhou-se para a porta. Andréa fitou-o estarrecido, incapaz de acreditar que ele estava indo embora.

— Nós nos veremos na hora do jantar — disse ele com muita formali­dade e logo em seguida ela ouviu a porta da entrada se fechar.

Somente então compreendeu o que ele lhe fizera e soluçando deitou-se de bruços, deixando as lágrimas correr livremente.

Quando Janete subiu para se trocar para o jantar, Andréa já estava vestida.

— Quer dizer que você afinal decidiu descer para o jantar?

— Achei melhor.

Janete parecia ter ficado irritada.

— Acabo de dizer a todo mundo que você estava com dor de cabeça e que não viria nos encontrar! Sinceramente, Andréa, você é por demais imprevisível!

Andréa fez o possível para controlar a resposta que lhe veio aos lábios. — Sinto muito lhe causar este pequeno aborrecimento, Jan. Explicarei a todos que estou me sentindo muito melhor.

— Mas não é só isso — murmurou Janete com certa relutância, — Eu... Bem, aceitei um convite para jantar com... Com Heinrich.

— É mesmo? — Andréa sentiu uma sensação de alívio. Bem, não tem a menor importância. Vá em frente e jante com Heinrich. — Se Axel esperava que ela jantasse na companhia deles, o fato perdia muito de sua importância. Será que ele planejara as coisas daquela forma? Manipular as pessoas não era nada de novo para ele. Janete encarou a prima com ar de dúvida. — Você não se importa em jantar sozinha?

— Não, não, absolutamente.

— Acho que Roy não se importaria de sentar-se à sua mesa, se você o convidasse — sugeriu ela, porém Andréa nem queria ouvir falar disso.

— Pode deixar que eu mesma resolvo meus problemas — declarou, tentando não parecer muito rude. —Você estava conversando com Hein­rich até agora?

— Sim. Ele me levou para mostrar seu carro e sugeriu que poderia­mos dar uma volta.

— Percebo. — Então era por isso que Axel sentira-se à vontade para vir até a suíte, pois sabia que Janete saíra com seu amigo. Andréa ficou tensa, mas tentou não perder a calma. — Mas você saiu sem agasalho, Jan! — exclamou.

— Heinrich emprestou-me seu casaco. Aliás, um casaco fantástico, Andréa, todo de camurça e forrado com lã. Heinrich foi gentilíssimo.

Andréa desceu com sua prima assim que ela se aprontou. Janete com­binara encontrar Heinrich no bar e Andréa acompanhou-a, preparando-se para enfrentar a expressão de triunfo de Axel quando ele constatasse que ela acabara por obedecê-lo. Roy estava lá, com Susie, Paul e o resto da turma. Seu rosto refletiu alegria ao deparar-se com a aparição inesperada de Andréa. Deixou seus amigos e veio em direção a ela, mas Janete carregou sua prima com ela para ser apresentada ao Conde von Reicher.

Heinrich ínclinou-se, cumprimentando-a com imensa distinção. Certa­mente não a reconhecera e Andréa sentiu-se aliviada.

- Fico muitofeliz em conhecer uma prima de Janete — ele disse com sinceridade. — Está gostando das férias?

— Sim. — Andréa sorriu. — Vai ficar algum tempo em Grossfeld, Sr. conde?

— Somente alguns dias. Tenho que voltar para Munique, pois infeliz­mente alguns negócios dependem de mim-

Andréa olhou de relance para Janete. — Pelo que soube. Osenhor é amigo do Barão von Mahlstrom.

— Axel? Ja, Fràulein, é verdade. A senhorita o conhece?

— Sim. . Fomos apresentados. Na realidade eu. . . Eu pensei que ele estaria com o senhor hoje à noite.

-— Ah, não. Essa noiteAxel está com alguns amigos no Hotel Gasthof. Não virá ter conosco. Janete e eu jantaremos no meu hotel, o Berghof. Conhece? Teria imenso prazer se quisesse vir conosco.

Os joelhos de Andréa haviam ficado tão moles que ela sentiu que eles iriam dobrar-se em dois, se ela não se sentasse imediatamente. Não era possível! Axel devia ter planejado tudo aquilo só para deixa-la decepcio­nada. Como é que ele tinha coragem de fazê-la preparar-se para jantar e em seguida a abandonava? Algo, no entanto, lhe dizia que esta era exatamente a atitude que ele tomaria, só para humilhá-la. A raiva e a frustração apoderaram-se dela. Heinrich olhava-a com certa preocupação.

— Está tão pálida, Fräulein! Não está se sentindobem?

— Não, não é nada. — Andréa falou rapidamente para não despertar a curiosidade de Janete e percebeu com certo alívio que Roy encaminha­va-se em sua direção. Tomou-o pelo braço, sentindo-se feliz por contar com seu apoio. — Eu. . . Obrigada pelo convite, mas vou jantar com Roy. não é mesmo?

Roy não disfarçou a surpresa. — Você é quem sabe! — declarou e ela deu um suspiro de alívio. Foram até o bar.

— Sabe, eu devia adquirir um complexo, por ser usado desta maneira — murmurou Roy, enquanto se aproximavam dos demais. — Você estava falando a sério em relação ao jantar ou vai me abandonar, como fez lá no Hotel Gasthof?

— Sinto muito. Mas eles vão jantar no Berghof.

— É, eu ouvi.

— E não queria que eles se sentissem obrigados a me convidar.

— Então você não estava sendo sincera comigo?

— Não disse nada disso. Gostaria de tomar, algo, por favor.

— Oh, como não, claro! — Agora era a vez de Roy se desculpar. — O que deseja?

Andréa viu com grande alívio que Janete e Heinrich partiam. Axel não viria e era melhor que ela aceitasse o fato. Não fazia o menor sentido aborrecer-se com aquilo. Se ele tentara ridicularizá-la, cabia a ela demons­trar que se sentia muito satisfeita por ele não estar lá naquele momento.

Durante o resto da noite conseguiu comportar-se como se estivesse se divertindo. De vez em quando olhava por cima dos ombros, para ver se alguém chegava, mas ninguém parecia notar. Quando Janete voltou, muito corada e excitada, após seu encontro com o conde, ela pôde ir dormir sem despertar maiores comentários.

Janete, entretanto, não tinha o menor sono. Insistiu em descrever os detalhes do jantar, contou como tinha dançado com Heinrich e confi­denciou que ele a achava bezuubernd.

— Isto quer dizer encantadora — explicou. — Oh, Andréa, acho que ele esta gostando de mim.

Andréa não se sentia disposta a mostrar muito tato. — Pensei que você preferisse o título de baronesa...

— Preferia, sim... Aliás, prefiro. — Agora Janete falava a sério. — Mas Axel não tem dinheiro, não é mesmo? Além do mais, Heinrich é diferente. Axel étão atraente. . . Ele pode ter qualquer mulher a seus pés, Heinrich. Porém, é um homem mais simples.

— É tão simples que possui um castelo na Baviera e um fantástico carro esporte italiano... Ora, Jan! Cresça!

— Você não precisa ser agressiva desse jeito só porque nenhum dos dois se mostrou interessado em sair com você!

Andréa deu-lhe as costas, reagindo violentamente. Ela tinha provocado aquelas palavras com sua mesquinharia. Nada estava dando certo naque­las férias e não via como as coisas poderiam melhorar.

 

                                  CAPÍTULO X

 

Passaram-se três dias antes que Andréa voltasse a ver Axel. Toda manhã lia o jornal The Times e toda manhã sentia-se intrigada por não encontrar o anúncio de seu pai. Por mais estranho que parecesse, não sentia o menor alívio. Apenas um enorme vazio, uma ausência de emoções, que, no entanto tornavam-na impacientes e inquietas. Mas por quê? Estaria desejando que Axel voltasse? Onde estaria ele naquele momento? O que estaria fazendo?

Seu joelho sarou rapidamente e logo ela se pôs a esquiar, recusan­do-se, no entanto, a freqüentar as pistas mais perigosas.

Janete continuava a sair bastante com Heinrich, mas não comentava mais o que diziam e faziam. Heinrich sempre se mostrava muito polido para com Andréa e ela achou que Axel não discutira com ele o que se passara entre ambos.

Axel chegou no momento em que Andréa jantava com sua prima. Janete estava-lhe dizendo que não iria ver Heinrich naquela noite, quando Andréa levantou os olhos e viu Axel parado na entrada do restaurante imedia­tamente o sangue lhe fugiu do rosto e Janete, notando a tensão súbita, olhou à sua volta.

— Oh, é Axel! Por que você ficou tão alarmada? Ele provavelmente não está procurando por nós.

Andréa sentiu-se ligeiramente enjoada. Será que desta vez ele se dirigia a ela ou estaria procurando por alguma outra pessoa? Quando ele alcan­çou sua mesa, Janete foi a primeira a falar.

— Axel! Há quanto tempo! Heinrich disse-me que você tem andado muito ocupado.

— Ocupado demais, Janete. Espero que você esteja aproveitando as férias.

— Muito! — Janete estava entusiasmada. — Acho que você sabe que tenho saído com Heinrich. Ele é extremamente gentil e nunca imaginei que iria me divertir tanto com ele.

Fez-se um silêncio incomodo após tais palavras, porém Andréa não fez o menor esforço para rompê-lo. No entanto levantou os olhos e encarou-o. Sentiu no mesmo instante que o coração lhe batia mais forte.

Guten ABEND, Andrea. Você está bem?

— Sim. Sim, estou bem.

— O joelho não está incomodando?

— Não. Melhorou bastante, obrigada.

— Ótimo. Fiquei preocupado.

Andréa não conseguiu deixar passar estas palavras sem um comentário.

— É mesmo?                                                                 

— Claro. — A expressão divertida de Axel deixava-a furiosa. — Oh, acho que você deve ter reparado eu não ter perguntado por você nestes últimos dias. Entretanto, pensei muito em você. Como está de visita a meu país, naturalmente eu sinto uma certa... Responsabilidade.

— Sua solicitude é inteiramente desnecessária, Herr Barão — ela re­trucou, para grande surpresa de Janete. — Já faz tempo assim que não o vejo? Nem notei.

— Estive em Viena, Fräulein — disse ele com muita ênfase. — Fui há visitar um jornalista meu amigo. Não imaginei que minha ausência pu­desse criar tanta amargura entre nós, principalmente porque sabe muito bem o que me levou a fazer esta viagem.

Janete ficou atônita com o rumo que os acontecimentos estavam toman­do. Andréa estava rubra de indignação. — Não estou interessada em saber os motivos que o levaram a Viena — disse, arrastando a cadeira e levantando-se. — Com licença.

Ignorando o espanto de Janete, Andréa saiu rapidamente do restaurante, mas Axel a alcançou. Assim que saíram, sua polidez desapareceu e ele a segurou brutalmente pelo braço.

— Não pense, Liebchen, que pode escapar assim tão facilmente! Pre­cisamos ter uma conversa a sós.

— Solte-me! Ou quer que eu chame o gerente?

— Nicholas? Chame se quiser. Mas o que lhe dirá? Que eu a estou molestando? Não é o caso. Além do mais, dentro de uns dois dias ele ficará sabendo que você é minha noiva.

— Quando meu pai chegar...

— Sim? O que você fará?

— Eu lhe direi a verdade. Não acredito que ele tenha a menor intenção de anunciar nosso noivado. Tenho lido os jornais todos os dias e não saiu nenhum, comunicado.

— Quem sabe você deixou passar. — perguntou Axcl, muito seguro de si.



  

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